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Carl Jung e a Psicologia Analítica
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Antecedentes culturais
Freud: As teorias de Freud foram uma forte influência no pensamento de Jung. A Interpretação de Sonhos, de Freud, inspirou Jung em seu próprio enfoque para o sonho e análise de símbolos. Também foi importante a teoria freudiana sobre os processos inconscientes porque o fizeram vislumbrar a possibilidade de analisar sistematicamente a dinâmica do funcionamento mental. A concepção de Jung sobre o inconsciente pessoal é semelhante a de Freud. Este inconsciente pessoal é formado de memórias esquecidas, experiências reprimidas e percepções subliminares . Jung foi além e formulou o conceito de inconsciente coletivo (impessoal ou transpessoal), formado por conteúdos universais e não estabelecidos em nossa experiência pessoal. Esta é talvez a maior contribuição de Jung à Psicologia.
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Literatura
Alquimia: pesquisou as tradições ocidentais que lidavam com o desenvolvimento da consciência, estando particularmente interessado nos símbolos e conceitos usados para descrever este processo. Analisou tratados alquímicos como representações da mudança interna e da purificação, dissimuladas em metamorfoses químicas e mágicas a transformação de metais básicos em ouro, pode ser vista como metáfora para a mudança da personalidade e consciência no processo de individuação 
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Pensamento oriental: Jung descobriu que as descrições orientais do crescimento espiritual, do desenvolvimento psíquico interno e da integração, correspondiam ao processo de individuação que ele observou em seus pacientes ocidentais. Jung também se preocupou em apontar as diferenças entre os caminhos de individuação oriental e ocidental.. Argumentou que os procedimentos orientais para a individuação são geralmente inadequados para os ocidentais (os contextos e as atitudes culturais relacionados a essas práticas são estranhos aos ocidentais)
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2- Conceitos principais:
2.1- As Atitudes: Introversão e Extroversão
Cada indivíduo pode ser caracterizado como sendo primeiramente orientado ou para seu interior ou para o exterior. A energia do introvertido é voltada naturalmente para seu interior, enquanto a do extrovertido é mais focalizada no mundo externo. Ninguém é puramente introvertido ou extrovertido, existe alternância nessas atitudes, mas não se pode manter as duas ao mesmo tempo. O ideal é a flexibilidade que torna a pessoa capaz de adotar qualquer uma dessas atitudes quando é apropriado.
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Os interesses primários dos introvertidos concentram-se em seus próprios pensamentos e sentimentos. Tendem a ser muito introspectivos.
Perigo da introversão perda de contato com o ambiente.
Os extrovertidos envolvem-se com o mundo externo das pessoas e coisas. Necessitam proteger-se para não serem dominados pelas exterioridades e alienarem-se de seus próprios processos internos 
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2.2-As quatro funções psicológicas fundamentais: Pensamento, Sentimento, Sensação, Intuição.
Cada função pode ser experienciada tanto de uma maneira introvertida quanto extrovertida.
Para Jung pensamento e sentimento levam à maneiras alternativas de tomar decisões.:
Pensamento relacionado com a verdade, com julgamentos derivados de impulsos impessoais, lógicos e objetivos. A consistência e princípios abstratos são valorizados.
Sentir é tomar decisões de acordo com julgamentos de valores próprios (bom ou mau, certo ou errado, ao invés de julgar com a lógica). Tipos sentimentais são orientados para o aspecto emocional da experiência.
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Sensação e Intuição: são forma de apreender informações, ao contrário das formas de tomar decisões.
Sensação refere-se a um enfoque na experiência direta, na percepção de detalhes, de fatos concretos- o que uma pessoa pode ver, tocar, cheirar . A experiência concreta, tangível tem prioridade sobre a discussão ou análise da experiência.
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Intuição: é uma forma de processar informações em termos de experiência passada, objetivos futuros e processo inconsciente. Pessoas muito intuitivas dão significado às suas percepções, processam informação muito depressa e relacionam, de forma automática, a experiência passada e as informações relevantes à experiência imediata. Para elas as implicações da experiência (o que poderia acontecer, o que é possível) são mais importantes do que a experiência real por si mesma.
 
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Observação: ninguém desenvolve igualmente bem todas as quatro funções, tendo cada pessoa uma forma dominante, e uma função auxiliar parcialmente desenvolvida.
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2.4- Inconsciente Coletivo: Para Jung o homem nasce com uma herança psicológica que se soma à herança biológica. Ambos são determinantes essenciais do comportamento e da experiência. “Nossa mente jamais poderia ser um produto sem história, em situação oposta ao corpo, no qual a história existe” (Jung, cit. In Fadiman). Jung postula que a mente da criança já possui uma estrutura que molda e canaliza todo desenvolvimento posterior e interação com o ambiente. (ver pág.50)
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Arquétipo: 
Dentro do inconsciente coletivo há “estruturas” psíquicas ou arquétipos. Tais arquétipos são forma sem conteúdo próprio que servem para organizar ou canalizar o material psicológico. Para Jung os arquétipos são imagens primordiais, porque eles correspondem freqüentemente a temas mitológicos que reaparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes. Os mesmos temas podem ser encontrados em sonhos e fantasias de muitos indivíduos. Para Jung os arquétipos dão origem tanto às fantasias individuais como às mitologias de uma povo.
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Tendem a aparecer com certa regularidade- tipos recorrentes de situações e figuras: “ a busca do herói”, “ a luta para se libertar da mãe”, o velho sábio. Uma ampla variedade de símbolos podem estar ligados a um único arquétipo, como, por exemplo, figuras de mãe (Vênus, Virgem Maria, Mãe Natureza etc)
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“O termo ‘arquétipo’ é frequentemente mal compreendido, julgando-se que expressa imagens ou motivos mitológicos definidos. O arquétipo é uma tendência a formar tais representações de um motivo- representações que podem variar muito em detalhes sem perder sua configuração original ..” (Jung, cit. In Fadiman) Por exemplo: o arquétipo materno.
 - “ Cada uma das principais estruturas da personalidade são arquétipos..” (Fadiman, 1979)
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2.6- Símbolos:
 O inconsciente se expressa principalmente através de símbolos. Jung estava interessado nos símbolos ‘naturais’ que são produtos espontâneos da psique individual, mais do que imagens ou esquemas criados deliberadamente por um artista.
-Para Jung, um signo representa alguma coisa; um símbolo é alguma coisa em si mesma- uma coisa dinâmica, viva. 
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“ Aquilo a que nós chamamos de símbolo pode ser um termo, um nome ou até uma imagem que nos pode ser familiar na vida diária, embora possua conotações específicas além de seu significado convencional e óbvio. Implica algo vago, desconhecido para nós.... Assim uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além de seu significado manifesto e imediato. Esta palavra ou imagem tem um aspecto ‘inconsciente’ mais amplo que não é nunca precisamente definido e plenamente explicado” (Jung, ci. In Fadiman, 1979) 
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2.7- Sonhos: 
São pontes importantes entre processos conscientes e inconscientes. Para Jung os sonhos desempenham na psique um importante papel complementar ou compensatório. 
 “ A função geral dos sonhos é tentar estabelecer a nossa balança psicológica pela produção de um material onírico que reconstitui, de maneira útil, o equilíbrio psíquico total” (Jung, cit. In Fadiman)
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Ele tentou descobrir os significados simbólicos dos sonhos, mantendo a atenção sobre a forma e o conteúdo dos mesmos. Para ele a associação livre praticada por Freud pode trazer à tona os nossos complexos mas dificilmente o significado de um sonho, pois para se entender o significado destes devemos agarrar-nos ao máximo às suasimagens. As interpretações de sonhos feitas pelo analista é apenas experimental até que sejam aceitas e sentidas como válidas pelo analisando. Experienciar o material onírico e levá-lo à sério é muito importante para Jung e devemos encarar este material como comunicações dos contínuos processos inconscientes.
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2.8- Ego:
É o centro da consciência e um dos maiores arquétipos da personalidade. Ele fornece um sentido de consistência e direção em nossas vidas conscientes. Contrapõe-se a qualquer coisa que ameace a frágil consistência. Para Jung o ego emerge do inconsciente e reúne experiências e memórias, desenvolvendo a divisão entre consciente e inconsciente. Não há elementos inconscientes no ego, só conteúdos conscientes.
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2.9- A Persona (ou arquétipo da conformidade): Forma pela qual nos apresentamos ao mundo, caráter que assumimos; através dela nos relacionamos com os outros.
 A persona tem aspectos positivos e negativos . Uma persona dominante pode abafar o indivíduo . Pessoas que se identificam com sua persona tendem a se ver apenas nos termos superficiais de seus papéis sociais e de sua fachada. 
Observação: A persona não é totalmente negativa, pois serve para proteger o ego e a psique das diversas forças e atitudes sociais que nos invadem.
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2.10- A Sombra: Centro do inconsciente pessoal, o núcleo do material que foi reprimido da consciência. A sombra inclui tendências, desejos, memórias e experiências que são rejeitadas pelo indivíduo como incompatíveis com a persona e contrárias aos padrões e ideais sociais. Em sonhos é vivida como uma figura escura, primitiva, hostil ou repelente, porque seus conteúdos foram retirados da consciência e aparecem como antagônicos ao consciente. Quanto mais o material da sombra tornar-se consciente, menos ele pode dominar. Mas não podemos esquecer que a sombra é uma parte integral de nossa natureza e nunca pode ser simplesmente eliminada.
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2.11- Anima ou Animus:: estrutura inconsciente que representa a parte sexual oposta de cada indivíduo anima, no homem e animus, na mulher. “Esta estrutura psíquica básica funciona como um ponto de convergência para todo material psíquico que não se adapta à auto-imagem consciente de um indivíduo como homem ou mulher” (Fadiman,1979).
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Para Jung “ todo homem carrega dentro de si a eterna imagem da mulher, não a imagem desta ou daquela mulher em particular, mas uma imagem feminina definitiva...” . A anima é o arquétipo de todas as experiências ancestrais do feminino. Para Jung, o pai do sexo oposto ao da criança é uma importante influência no desenvolvimento deste arquétipo e todas as relações com o sexo oposto são influenciadas por ele.
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2.12-Self:: 
Para Jung o self é o arquétipo central da ordem e totalidade da personalidade. No self consciente e inconsciente complementam-se mutuamente para formar uma totalidade. Aparece com freqüência em sonhos ou imagens de forma impessoal, como círculo, mandala, cristal, pedra ou pessoal como uma casa real, ou na forma de um símbolo de divindade. 
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