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Curso de Especialização em Ortodontia FAMOSP Análise Cefalométrica Padrão USP Histórico A cefalometria radiográfica tem seu marco inicial após a descoberta dos raios X, por Wilhelm Conrad Roetgen, em 1895. Ao nascer, herdava das artes e da craniometria um valioso acervo de conhecimentos. As primeiras tentativas de se empregarem radiografias faciais com fins ortodônticos devem ser atribuídas a Carrea (1924) que empregava arame de chumbo e um sal de bário para o delineamento tegumentar. Broadbent (1931) pregou que a anatomia deveria ser estudada fora dos necrotérios, ou seja, em pessoas vivas através das radiografias. Assim, ele idealizou seus próprios métodos e aparelhos, criando seu cefalostato que possuía excelente qualidade e precisão. Hofrath (1931) em seu trabalho utilizou o cefalostato de Korkhaus com modificações. Ele descreveu a técnica radiográfica e análises cefalométricas utilizando o plano de Frankfurt. Brodie e colaboradores em 1938 fizeram a primeira análise cefalométrica, à custa de telerradiografias de casos ortodônticos terminados, e chegaram às seguintes conclusões: As modificações ósseas durante o tratamento ortodôntico pareciam estar restrita aos alvéolos. Havia uma correlação positiva entre sucesso de tratamento ortodôntico e o fator de crescimento. Outros pesquisadores como Tweed (1946), Downs (1948), Steiner (1953), Ricketts (1960) ampliaram e aperfeiçoaram os estudos de seus antecessores, dando seqüência à trajetória da cefalometria radiográfica. A cefalometria radiográfica é a mensuração de grandezas lineares e angulares em radiografia da cabeça. A cefalometria, juntamente com o exame clínico, radiografias intra-orais e modelos, é uma técnica complementar para o diagnóstico e de fundamental importância para o planejamento. Ela é indicada na ortodontia para: Avaliação do crescimento e desenvolvimento dos ossos maxilares e faciais Diagnosticar anomalias e alterações encontradas nas várias regiões do crânio Observar as alterações que estão se processando tanto pelo crescimento quanto pela mecânica empregada. Avaliar os resultados obtidos e verificar se as metas propostas foram atingidas Visar a salvaguarda do ortodontista no aspecto profissional como documentação legal. Entre as técnicas mais utilizadas a telerradiografia lateral deve ser vista com o perfil voltado para a direita do observador, e o traçado deve ter uma área mínima que deve se estender entre a linha S – N e o Plano Mandibular. O Cefalograma é dividido em duas partes: o desenho anatômico, que é constituído pelo desenho dos detalhes anatômicos ao negatoscópio, e os traçados de orientação, que constituem as linhas e planos que permitirão ao operador efetuar as medições lineares e angulares de interesse. Desenho Anatômico: - Sela Turca: Uma única linha deve exibir o contorno anterior, inferior e posterior da sela. - Perfil da Glabela e Ossos Nasais: esta linha mostra a metade inferior do perfil da glabela e o limite anterior dos ossos do nariz. - Fissura Pterigomaxilar: traça-se o limite anterior à apófise pterigóide do osso esfenóide e o limite posterior do tuber maxilar. Esboça-se o desenho de uma gota invertida. - Bordas inferiores das órbitas: Contorna-se a linha inferior das duas órbitas, prolongando-se o desenho em sentido anterior e posterior, enquanto forem observados os limites orbitários. - Meato acústico externo: é de difícil visualização por ser mascarada pela porção petrosa do osso temporal. Sendo assim, antigamente, as olivas auriculares do cefalostato eram de base metálica, a qual a escolha da imagem do pório seria na borda superior da imagem das olivas metálicas. - Maxila: para traçado da maxila devemos observar: A faixa radiopaca horizontalizada que vai da Espinha Nasal Posterior à Espinha Nasal Anterior. O limite inferior do palato duro que se mostra como uma linha radiopaca. Esta linha é traçada no seu limite inferior. O perfil alveolar que normalmente se inicia no ponto espinhal e desce numa concavidade anterior, até as proximidades do limite amelodentinário da imagem do incisivo central superior. - Mandíbula: as imagens das corticais labial e lingual, na altura da sínfise mentual, são traçadas nos seus limites anterior e posterior. As bordas inferiores do corpo da mandíbula são traçadas em uma ou duas linhas, segundo os dois lados estejam sobrepostos ou não. As linhas continuam-se para cima e para trás, sendo traçadas da mesma forma, coincidentes com as bordas posteriores dos ramos. As cabeças da mandíbula devem ser traçadas nos seus limites externos, tanto quanto permita a visualização radiográfica. - Dentes: as imagens mais anteriores dos incisivos superiores e inferiores são desenhadas. Traçam-se os limites da coroa e das raízes quando visíveis. São desenhados todos os contornos dos primeiros molares permanentes, bem como os dos segundos molares, se estes já estiverem em oclusão. Quando as imagens esquerda e direita não coincidirem, são feitos os traçados médios de ambas. - Perfil Tegumentar: inicia-se ao nível superior da glabela e se prolonga inferiormente até complementar o contorno do mento. DESENHO ANATÔMICO Pontos, Planos e Linhas Cefalométricos S – Sela Turca: situado na região central da sela turca. N – Násio: Situado na região de união do osso frontal com os ossos nasais. Po – Pório: situado na região mais superior da imagem do meato acústico externo (pório anatômico), ou caso a visualização do pório não seja possível, será localizado na região mais superior da imagem radiográfica da oliva do cefalostato (pório metálico). Or – Orbitário: situado na região mais inferior da imagem das órbitas. Diante das duas imagens identifica-se o ponto médio. A – Subespinhal: situado na região mais posterior da concavidade subespinhal. É determinado por uma tangente a partir do Násio. B – Supramentoniano: situado na região mais posterior da concavidade da sínfise mandibular. È determinado por uma tangente a partir do Násio. P – Pogônio: situado na região mais anterior do mento ósseo. È determinado por uma tangente a partir do Násio. Gn – Gnátio: Situado na região mais inferior e anterior do contorno do mento ósseo. Localizado pela bissetriz do ângulo formado pelo plano mandibular e linha Násio – Pogônio. M – Mentoniano: situado na região mais inferior da sínfise mentoniana. Go – Gônio: situado na região mais posterior e inferior da curvatura formada pelo corpo e ramo ascendente mandibular, sendo formado pela bissetriz do ângulo formado por esses dois segmentos. Quando identificadas as imagens esquerda e direita, deve-se marcar o ponto médio. D – Ponto D: é o ponto mais central da sínfise mentoniana. Steiner determinou esse ponto para estudar o crescimento da mandíbula na sua porção anterior. Pg’ – Pogônio mole: ponto mais proeminente no pogônio tegumentar. LS – Lábio Superior: ponto mais anterior do lábio superior. E – Eminência: ponto mais anterior da mandíbula, em relação ao plano mandibular. Determinado através de uma perpendicular ao plano mandibular, tangenciando a mandíbula na sua porção anterior. Plano de Frankfurt: Marcado pelos pontos Po e Or, sendo traçado da margem direita à esquerda do papel. Plano Oclusal: marcado pela borda incisal do incisivo inferior e o ponto médio da oclusão entre os primeiros molares superior e inferior. Caso os segundos molares estejam em oclusão, são levados em consideração. O traçado estende- se da incisal do incisivo inferior até o ponto de oclusão entre os molares, sendo interrompido e iniciado novamente após os molares continuando até a margem esquerdado papel. Plano mandibular: no traçado USP é marcado pelos pontos Go e M. O traçado vai da margem esquerda à direita do papel. Tweed e Interlandi se valem dos mesmos pontos, já Steiner e Riedel utilizam os pontos Go e Gn. Linha NP: inicia-se 5mm acima do plano de Frankfurt no ponto N passando por P até o plano mandibular. Linha SN: da margem direita à esquerda do papel passando pelos pontos S e N. Segundo Riedel, esta linha representa a base anterior do crânio. Linha NA: inicia-se 5mm abaixo de N, passando pelo ponto A terminando 5mm abaixo da borda incisal do incisivo superior. Linha NB: Do ponto N (sem tocá-lo), passando pelo ponto B até o plano mandibular. Linha AP: tangenciando os pontos A e P traçar uma linha que se inicia 5mm acima da linha SN, chegando ao ponto A sem tocá-lo. Eixo Y de crescimento: Utiliza-se os pontos S e Gn. O traçado inicia-se 5 mm abaixo de S, chegando até o desenho do molar superior, sem tocá-lo. Longo eixo do incisivo central superior: Como referência temos o ponto médio da borda incisal e o ponto médio do ápice do incisivo central superior. O traçado estende-se da linha SN até 5mm abaixo da borda incisal. Longo eixo do incisivo central inferior: tangenciando o ponto médio da borda incisal ao ponto médio do ápice do incisivo central inferior, estendendo-se do plano de Frankfurt ao plano mandibular. Linha H: do ponto mais saliente do perfil do lábio superior e pogônio mole. Inicia-se na linha SN ao plano mandibular. Linha M: com a régua tangente ao ponto B e perpendicular ao plano mandibular, traçar uma linha de B ao plano sem tocá-los.
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