Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Profª Larissa A. Rolim, Ph.D. Droga vegetal: Planta medicinal: Fitofármaco: Fitoterápico: medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. tem atividade farmacológica e estrutura química conhecida, sendo essas substâncias, de origem vegetal. é capaz de aliviar ou curar enfermidades e têm tradição de uso como remédio em uma população ou comunidade. planta medicinal ou suas partes, após processos de coleta, estabilização e secagem, podendo ser íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada Qual a causa dessa confusão? Falta de conhecimento; Dificuldade de se trabalhar com matéria-prima vegetal; Dificuldade da regulamentação desses produtos; Medicina fitoterápica = Bruxaria? É chá, é natural, é saudável? Chá é Remédio? Fitofármaco: matéria-prima advinda do isolamento de substâncias de extratos vegetais; Fitoterápico: medicamento obtido empregando-se exclusivamente matéria-prima vegetal, caracterizado pelo conhecimento de risco e eficácia de seu uso, assim como pela constância e reprodutibilidade de sua qualidade. Eficácia e segurança: validadas através de levantamentos etnofarmacológicos, documentação tecnocientífica e ensaios clínico de fase 3 Desenvolvimento de um medicamento fitoterápico: Fitofármaco: +/- 20 anos Agente citotóxico paclitaxel (Taxol®), a partir de extratos de Taxus brevifolia. Descoberto em 1971, registrado em 1992; Fitomedicamento: +/- 5 anos extrato oleoso de Cordia verbenaceae, antinflamatório Acheflan® (brasileiro). Componentes das espécies vegetais Noções inicias sobre marcadores Material vegetal no meio científico Pesquisa: Extratos Fracionamento (CLAE) Isolamento Testes in vitro; Isolamento Elucidação da estrutura química (UV, RMN, MS); Estima-se que: O processo de descoberta de uma nova droga dure 10 anos; Custa cerca de US$ 800 miilhões; Apenas um entre 5.000 protótipos chegará as prateleiras. (Butler, 2004; Balunas & Kinghorn, 2005; Dickson & Gagnon, 2004) Academia Institutos de Pesquisa Empresa de Biotecnologia Grandes corporações farmacêuticas Caráter multidisciplinar P&D de sintéticos, gasta 40% das despesas industriais (Raskin et al., 2002); Alternativa Utilização de produtos naturais: Mais baratos; Diversidade estrutural; Especificidade bioquímica. Planta medicinal “em voga” Paclitaxel Em 2005, o NAPRALERT – banco de dados digital sobre plantas medicinais – registrou que 8.387 plantas não contem relato de isolamento de substâncias ou avaliação de ensaios biológicos. Alguns exemplo de produtos naturais (derivados de plantas): Nos últimos 25 anos o Brasil lidera a produção científica acerca de produtos naturais na América Latina: Em 2005, 42% das publicações sobre produtos naturais eram brasileiras (Calixto, 2005). Grande biodiversidade (10 a 20% de todas as espécies vegetais); Trabalhar com sintético é mais caro; Em 2001, o mercado nacional apresentou taxa de crescimento de 15% ao ano, em quanto o de medicamentos sintéticos cresce de 3 a 4% (Abifito, 2001); Normatização – ANVISA: Portaria SVS nº 116 RDC nº 17 RDC nº 48 RDC 14, DE 31 DE MARÇO DE 2010 Dispõe sobre marcador químico: componente ou classe de compostos químicos presente no vegetal, idealmente o próprio princípio ativo, e preferencialmente que tenha correlação com o efeito terapêutico, que é utilizado como referência no controle de qualidade da matéria-prima vegetal e dos medicamentos fitoterápicos. Objetivos da pesquisa fitoquímica de marcadores: Planejamento e monitoramento das ações de transformação tecnológicas; Estudos de estabilidade de produto intermediário ou final. Marcadores químicos: Ainda não se dispõe de um grande número de substâncias com grau de pureza necessário para servir como padrão; Obtidos no mercado externo = Alto custo Pode-se desenvolver um método de isolamento e purificação; Considerado o Chemical Fingerprint do fitoterápico (produto final). Alfa-humuleno CLAE Testes in vitro Testes in vivo Estudos pré-clínicos e clínicos “Famigeradas” plantas tóxicas Beladona Jabuticaba Coca Cicuta Disseminação do uso de plantas medicinais: Causas e consequências Estudos de avaliação de segurança e eficácia FDA, EMEA, ANVISA Testes de eficácia (ativ. farmacológica) Testes de segurança (toxicologia pré-clínico) Ensaio clínico e controle de qualidade de produção RDC Nº48/2004: dispõe do registro dos medicamentos fitoterápicos, validação de uso e indicação terapêutica. Conselho Nacional de Saúde – CNS: RE-90: Estudos de toxicidade pré- clinica de fitoterápicos. Preparação dos experimentos 1) Padronização do extrato vegetal: Além disso, há a preocupação com a contaminação e adulteração de drogas vegetais e extratos com metais. Garantir a reprodutibilidade química das amostras analisadas e, consequentemente, a reprodutibilidade dos efeitos biológicos. Arsênio, chumbo e mercúrio, principalmente Extratos vegetais: Padronização do extrato vegetal; Condições de cultivo e coleta; Forma de extração; Idade da planta; Condições de saúde da planta. Testes toxicológicos para extratos vegetais: Toxicidade aguda (DL50); Toxicidade subaguda; Toxicidade subcrônica; Toxicidade crônica Variáveis Mutagenicidade; Embriofetoxicidade; Carcinogênese; Imunotoxicidade Fundamentais Complementares Preparação e Padronização dos Extratos Vegetais Processos extrativos Padronização: Marcadores Extratos vegetais: preparações líquidas, semissólidas ou sólidas, obtidas por extração seletiva dos princípios ativos das drogas vegetais, através do uso de diferentes solventes e meios de extração Meios de extração: Infusão; Maceração; Percolação; Turbólise; Método adequado e validado Depende de: 1. Sustâncias a serem extraídas; 2. Seletividade do solvente; 3. Objetivos final Extrato padronizado é aquele em que o teor de um ou mais constituintes ajustado a valores previamente definidos; O emprego de técnicas analíticas garantem a mesma composição dos extratos obtidos; Padronização por meio de marcadores, utilizado como referência no controle de qualidade da matéria-prima vegetal; Grande importância na reprodutibilidade dos efeitos (segurança e eficácia) na obtenção de fitoterápicos; Pode ser obtida por: Relação droga-extrato; Doseamento químico. Relação droga-extrato (ratio): Quantidade (em peso) de droga vegetal utilizada para obter determinada quantidade de extrato seco (resíduo seco); Extração Filtração Extrato líquido Evaporação e secagem Extrato seco Rendimento: 5 – 50% 30%= proporção de 3:1 p. ex.: 5%= proporção de 20:1 Obs.: Problemas no mercado de extrato, o caso do extrato 2:1 É possível tal confecção desse extrato seco? Nesse aumento de 200%, 30% dó extrato seco se encontra diluído em 170% de uma mistura de adjuvantes (advindo do estudo de pré-formulação) Doseamento químico: Quantificação de substância(s) química(s) que ocorrem na planta de maneira expressiva e específica = marcadores; São utilizadas técnicas como CLAE e CCD, para análise quantitativae qualitativa, respectivamente; Obs.: problemas de “sofisticação”: Caso extratos padronizados de Ginkgo Biloba. Extrato padronizado EGB 761 – Ginkgo biloba Relação droga-extrato Doseamento químico Ratio= 50:1 Lactonas terpênicas= ~6% Flavonóides= ~24% Porque há dificuldades no setor de padronização de extratos? 1. Falta de centros de pesquisas nacionais especializados em produção de padrões primários isolados e puros; 2. Plantas conhecidas, estudadas mas sem pesquisas para isolar e identificar os seus ativos principais; 3. Alto custo dos padrões; 4. Falta de recursos e investimentos em universidades públicas para desenvolvimento de metodologia de extração e síntese química de padrões. 1. Medidas antecedentes Notificação de fabricação de lotes-piloto. "Guia para a notificação de lotes-piloto de medicamentos", publicado pela ANVISA na IN 06, de 18 de abril de 2007 RDC nº14, 31 de março de 2012 2. Documentação Documentação via impressa e digital, contendo o Protocolo de Processo; A empresa deverá protocolar um processo para cada forma farmacêutica 3. Relatório técnico 4. Relatório de produção e controle de qualidade 4. Relatório de produção e controle de qualidade 4. Relatório de produção e controle de qualidade 5. Relatório de eficácia e segurança Diferença entre popular e tradicional Métodos Espectrométricos Espectrofotometria no ultravioveta-visível Vantagens: baixo custo, facilidade operacional, rapidez, reduzido gasto de solvente e ampla disponibilidade de espectrofotômetros UV/VIS nos laboratórios, método de escolha para compêndios oficiais. Ex.: Espectrofotometria no ultravioveta-visível Ex. práticos: Curva de calibração e Varreduras A b so rb ân ci a Espectrometria da Peperoma pelucida Métodos Cromatográficos Cromatografia em camada delgada (CCD) Um dos métodos mais utilizados para a separação e identificação de produtos naturais. Trata-se de uma técnica de adsorção líquido-sólido que promove a separação dos compostos pela diferença de afinidade das substâncias da mistura pela fase móvel e estacionária. Principais finalidades: Caracterização qualitativa Prospecção fitoquímica Cromatografia em camada delgada (CCD) Ex. prático: Prospecção fitoquímica da Baccharis trimera Cromatografia em camada delgada (CCD) Ex. prático: Identificação de flavonóides da B. trimera DV R F JP P DV R F JP P Cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) Apresenta maior sensibilidade, precisão e exatidão em relação aos outros métodos. Tal técnica permite a realização de uma análise química aprofundada de grupos de moléculas de várias classes metabólicas para uma caracterização da forma mais completa possível. Boa resolução: através do uso de sistema gradiente e solventes orgânicos permite a separação de compostos presentes em espécies vegetais. Cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) Ex. prático: Doseamento dos Ác. Cafeicos da B. trimera Cromatografia gasosa (CG) Principal mecanismo de separação se dá pela partição dos componentes da amostra entre uma fase móvel gasosa e a fase estacionária líquida. Possui vários detectores, sendo mais utilizados os detectores por ionização em chama e o de condutividade térmica, acoplados a espectrômetros de massa, o que possibilita a identificação imediata das substâncias presentes na amostra. Técnica bastante utilizada para análise quali-quantitativa da extração de óleos essenciais. Principal mecanismo de separação se dá pela partição dos componentes da amostra entre uma fase móvel gasosa e a fase estacionária líquida. Possui vários detectores, sendo mais utilizados os detectores por ionização em chama e o de condutividade térmica, acoplados a espectrômetros de massa, o que possibilita a identificação imediata das substâncias presentes na amostra. Técnica bastante utilizada para análise quali-quantitativa da extração de óleos essenciais. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) Com um aumento de até 300.000 vezes, a MEV permite obter imagens tridimensionais detalhadas cerca da microestrutura de materiais sólidos, com grande precisão e confiabilidade. Proporciona maior elucidação acerca das características físicas e superficiais dos componentes da amostra. Para extratos vegetais, melhor técnica para avaliar como o resíduo seco se comportar após a secagem. Previsão das características de fluxo e compressibilidade. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) Ex. prático: Análise dos extratos secos de Peperoma pellucida obtidos por diferentes métodos de secagem. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) Rotaevaporado Liófilo Atomizado Técnica: leito-de-jorro Área superficial específica A área superficial das partículas pode estar relacionada às propriedades físico-químicas e farmacológicas de um marcador. Clinicamente, a área da partícula do fármaco pode interferir em sua liberação da forma farmacêutica. Na produção, essa característica reflete-se nas suas propriedades reológicas. Pode ser obtida por adsorção física de nitrogênio sobre o material, pelo método Brunauer-Emmett-Teller (BET). Esse baseia- se na determinação do volume de N2 adsorvido a diversas pressões relativas, na temperatura de nitrogênio líquido (77 K). Área superficial específica Ex. prático: área superficial de extrato liofilizado de B. trim. Mesoporo Determinação do Tamanho de Partícula a Laser Baseia-se em a luz ao interagir com a matéria particulada pode ser espalhada sem sofrer alteração de sua energia (espalhamento Rayleigh). Este espalhamento é função do tamanho da partícula. Portanto, a distribuição do tamanho de partículas pode ser determinada pela análise do espalhamento de luz produzido. O equipamento Microtac®S3500, emprega um sistema de três lasers operando em conjunto com um arranjo de fotodetecção que varre ângulos de espalhamento unificado da luz. Relação com as propriedades reológicas e comportamentais de biodisponibilidade. Determinação do Tamanho de Partícula a Laser Ex. prático: Tamanho de partícula de extrato liofilizado de B. trim. Pó fino Determinação do Tamanho de Partícula (método alternativo) - Tamisador Avaliação da Higroscopicidade A avaliação da higroscopicidade consiste na determinação da estabilidade de pós frente à umidade relativa em temperatura ambiente, sendo um dos parâmetros de seleção das técnicas de secagem dos extratos vegetais líquidos, bem como de suas condições de armazenamento. Um produto extremamente higroscópico tende a entrar em equilíbrio com as condições termodinâmicas do ar ambiente, perdendo ou ganhando água, evento que pode afetar sua estabilidade e conservação. Avaliação da Higroscopicidade Ex. prático: Avaliação da higroscopicidade do liófilo da B. trim. Determinação da umidade residual O alto teor de água propicia a proliferação de fungos e bactérias, além de favorecer a atividade hidrolítica de diversas enzimas presentes nas células vegetais, possibilitando de tal modo a degradação dos princípios ativos pelos processos de hidrólise, mesmo em um curto espaço de tempo. Há também influencia sobre a qualidade farmacotécnica dos materiais sólidos pulverulentos, podendo afetar, em especial, suas características reológicas e a estabilidade físico-química. Umidade residual permitida pelos compêndios oficiais: 8 a 14% = Drogas vegetais Determinação da umidaderesidual Como controle de qualidade, a técnica permite um indicativo de eficiência de secagem, estabilidade e conservação das matérias-primas vegetais. Alguns métodos analíticos são: determinação da perda por dessecação pelo método gravimétrico, balança por infravermelho e ou termogravimetria, e determinação de água pelo método volumétrico (Karl Fisher), todos descritos na Farmacopeia Brasileira (2010). Determinação da umidade residual a) Perda por dessecação por método gravimétrico: tradicionalmente utilizado para avaliação da umidade residual do pó e extratos secos de diversas espécies vegetais, tais como Cynara scolymus L. (alcachofra) e Paullinia cupana K. (guaraná). b) Termogravimetria (TG): técnica de análise térmica em que as variações de massa da amostra são monitoradas em função da temperatura e/ou tempo, enquanto a substância é submetida a uma programação controlada de temperatura. A partir da derivada primeira da curva TG obtém-se a curva termogravimétrica derivada (DTG) com registro de picos relacionados às etapas de perda ou ganho de massa, permitindo assim uma melhor definição de onde se iniciou e finalizou as variações de massa. Determinação da umidade residual Ex. prático: TG do liófilo da B. trim Análise térmica – Calorimetria Exploratória DIferencial (DSC) Ex. prático: Curvas de análise térmica da B. Trim. Duas etapas degradativas uma em 160 a 181°C e a segunda de 254-312°C Controle da temperatura de secagem Problema: “Estudo farmacocinético com extratos vegetais” Marcador 3-o-metilquercetina Pool de substâncias Marcador isolado por técnica validada Se não for o princípio ativo, tem importância? Garantia da qualidade, eficácia e segurança Controle de Qualidade de Drogas Vegetais e Fitotrápicos Finalidade: garantia da qualidade, segurança e eficácia do produto final, e não somente como uma exigência regulatória; Qualidade de um fitoterápico: comprovação da terapêutica através de comparação com placebo, em testes duplo-cego; Eficácia de um fitoterápico: comprovação através da padronização dos extratos; Problemas relacionados à qualidade da matéria-prima: Falsificações; Substituições; Sofisticações; Substâncias estranhas (teor de cinzas sulfatadas) Contaminação microbiológica elevada; Teor de pesticidas residual Baixo teor de componentes ativos Problemas relacionados à qualidade da matéria-prima: Falsificações (semelhança morfológica); Substituições; Pfaffia (“ginseng brasileiro”) Ginseng (Panax ginseng) Sofisticações Adição de rutina: “Mascara o teor de flavonóides totais” Parâmetros para o controle de qualidade Nome botânico completo; Dados sobre a coleta (área de origem, cultivo, modo de coletar); Especificação da parte utilizada; Caracteres macro e microscópicas; Teste de identificação da droga (ensaios químicos e CCD); Ensaios de pureza (substâncias estranhas, teor de umidade entre 8 a 14%); Método para determinação de pesticidas e limites aceitáveis; Teste para detecção de contaminação microbiana; Determinação de óleos vegetais; Dosagem dos ativos e/ou marcadores (titulometria, espectrofotometria UV/visível, CLAE, CG) RDC n° 14 de 31 de março de 2010, Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. Farmacopéia Brasileira 5ª edição, 2010.
Compartilhar