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Linhas de transmissão William Geib - 218987 UFRGS – Instituto de Física Professora: Cilaine Veronica Teixeira - Física Experimental IV - A 27 de Agosto de 2018 Resumo Para poder transmitir informações via pulsos elétricos, um dos meios mais utilizados é o cabo coaxial. Neste relatório será visto como a tensão e corrente no cabo obedece a equação diferencial da onda, as- sim como a velocidade da propagação neste meio. Para finalizar será feito uma analise de como a onda de sinal se comporta ao chegar no final do cabo em três situações distintas. 1 Introdução A descoberta da capacidade de enviar informação via ondas eletromagné- ticas fez com que a ciência desenvolve-se meios cada vez mais eficazes para isto. Assim, em 1880 o matemático e engenheiro Oliver Heaviside patentou o cabo coaxial (figura 1), que leva este nome devido ao seus materiais estarem distribuídos de maneria concêntrica. Sendo muito bem construído para evitar interferências elétricas e magnéticas ele é muito utilzado para transmissão de sinais de áudio e televisão, podendo chegar a uma velocidade de transmissão de 20Mb/s(3). Neste relatório será mostrado como a tensão e corrente tem um comporta- mento ondulatório e também a velocidade de propagação desta transmissão. Também será analisado como o pulso da onda se comporta ao chegar no final do cabo quando a sua resistência é nula, infinita e igual a impedância do mesmo. 1 Figura 1: Estrutura do cabo coaxial.(2) 2 Procedimento 2.1 Materiais • Um cabo coaxial de 12,9m; • Osciloscópio de 100 MHz; • Gerador de pulso (50 ns) com 4 saídas; • Multímetro; • Fios curtos (10 cm) com uma saída bnc e 2 jacarés na ponta; • Potenciômetro linear de 100Ω; • T’s com saída bnc; • Paquímetro; • Trena. 2.2 Montagem O primeiro procedimento foi medir o comprimento do cabo coaxial e os raios r1 (fio condutor do cabo) e r2 (o dielétrico). Após, foi utilizado o multímetro para medir a capacitância e indutância do cabo, conectando um bico de jacaré em cada extremidade do cabo. No final, foi conectado o cabo 2 ao osciloscópio para detectar o pulso elétrico em R = ∞, R = 0 colocando ele em curto e R = Z com o potenciômetro e um multímetro. 3 Referencial teórico Ao aplicar um sinal alternado num dos extremos do cabo, ele produz um campo elétrico (por consequência também produz um campo magnético) e uma corrente. Com a existência de energia elétrica e magnética é possível considerar o cabo como uma sucessão de indutores e capacitores. Conside- rando L′ e C ′ como a indutância e capacitância por unidade de comprimento, respectivamente. L′∆x C ′∆x Assim a variação da tensão aplicada no cabo é dada por: ∆V = −L′∆x∆I ∆t Dividindo a equação por ∆x e aplicando o limite (∆x, ∆t)→ (0, 0), temos: δV δx = −L′ δI δt (1) Com a variação da tensão ao longo do cabo a carga acumulada no capa- citor também varia, sendo equacionada por: ∆I∆t = −C ′∆x∆V Assim, também dividindo por ∆x e aplicando (∆x,∆t)→ (0, 0), podemos obter: δI δx = −C ′ δV δt (2) Agora é possível mostrar que as equações 3 e 2 possuem um comporta- mento ondulatório modelado por: δ2y δx2 = 1 v2 δ2y δt2 (3) Para isso derivamos a equação 3 em relação a x, assim temos: 3 δ2V δx2 = −L′ δI δtδx Sabemos δI δx pela equação 2, assim fazendo a substituição, temos: δ2V δx2 = −L′(−C ′ δV δt ) 1 δt δ2V δx2 = L′C ′ δ2V δt2 (4) Para a corrente o processo é análogo. δ2I δx2 = −C ′ δV δtδx ⇒ δ 2I δx2 = −C ′(−L′ δI δt ) 1 δt δ2I δx2 = L′C ′ δ2I δt2 (5) Portanto é possível observar que as equações 4 e 5 obedecem a equação 3. Devido a esse comportamento a velocidade de propagação da onda é dado por: 1 v2 = L′C ′ ⇒ v = 1√ L′C ′ (6) Ao aplicar uma tensão V0 e uma corrente I0 em um dos extremos do cabo, no sentido positivo, será propagado um pulso modelado por: V+(x, t) = V0(t− x v ) (7) I+(x, t) = I0(t− x v ) (8) Substituindo as equações 7 e 8 na equação 3 teremos: V0(t− x v ) = vL′I0(t− x v ) V+(x, t) = vL ′I+(x, t) Como a impedância é uma forma de resistência do cabo ao pulso ela é definda como: Z = V+(x, t) I+(x, t) ⇒ Z = vL′ = L′ 1√ L′C ′ = √ L′ C ′ (9) 4 Para uma onda que percorre o sentido negativo do cabo, temos: V−(x, t) = V0(t+ x v ) I−(x, t) = I0(t+ x v ) Analogamente ao sentido positivo temos a diferença de potencial dado por: V−(x, t) = −vL′I−(x, t) Z = −vL′ Considerando que o cabo termina numa resistência R podemos expressar a tensão como uma soma do pulso incidente e refletido. V (x, t) = V+ + V− = V0(t− x v ) + V0(t+ x v ) (10) Pela impedância da equação 9 temos I(x, t) como: I(x, t) = ( V0(t− xv ) + V0(t+ xv ) Z ) (11) Ao chegar na extremidade do cabo x = l, assim: V (l, t) = RI(l, t) (12) Assim, substituindo as equações 10 e 11 na equação 12 temos: V0(t− x v ) + V0(t+ x v ) = R ( V0(t− xv ) + V0(t+ xv ) Z ) Isolando o V−(x, t) = V0(t + xv ) temos a descrição do pulso refletido ao chegar no extremo do cabo, dado por: V−(x, t) = ( R− Z R + Z ) V+(x, t) (13) Para finalizar, C ′ e L′ podem ser definidos analiticamente por: C ′ = 2pi�r ln( r2 r1 ) (14) L′ = µ0 2pi ln (r2 r1 ) (15) 5 4 Dados experimentais Como só foi utilizado um cabo, com os precedimentos descritos na seção 2, obteve-se os seguintes dados experimentais: l(m) 2r1(mm) 2r2(mm) C(nF ) L(µH) 12, 90± 5.10−4 0, 95± 0, 05 4, 85± 0, 05 1, 27± 0, 031 21, 00 Tabela 1: Medidas do cabo e dados do multímetro A incerteza de l foi dado pela metade da menor divisão da trena. Para 2r1 e 2r2 foi considerado a metade da menor divisão do paquímetro. Para o C foi utilizado 2, 5% do valor obtido com o multímetro, conforme o manual do fabricante. Para L não foi encontrado a incerteza. Ao conectar o cabo no osciloscópio obteve-se os seguintes dados: l(m) tprop(ns) R = Z(Ω) 12, 90 126 64, 4 Tabela 2: Dados do osciloscópio Figura 2: Pulso no cabo para R =∞. Figura 3: Pulso no cabo para R = 0. 6 Figura 4: Pulso no cabo para R = Z. 5 Análise dos dados Como os dados da tabela 1 e as equações da seção 3, obteve-se os seguintes resultados para o cabo estudado: C ′(pF/m) �r(pF/m) L′(µH/m) v(m/s) Z(Ω)) 98, 45± 2, 4 23, 82± 1, 02 0, 30± 0, 01 (1, 82± 0, 03).108 55, 67± 1, 2 Tabela 3: Resultados obtidos pelos dados experimentais Para C ′ foi utilizado sua definição C ′ = C l . Para determinar �r foi uti- lizado a equação 14, onde, considerando a faixa de incerteza chegou-se na permissividade do polietileno. Para o L′ foi descartado a medida do mul- tímetro por ter dado um valor muito a baixo do esperado, sendo assim, foi utilizado o valor dado pela equação 15. A velocidade de transmissão v, obtida pela equação 6, chegou a 60, 66% da velocidade da luz, isso evidência a utili- dade deste tipo de cabo para transmissão dados. A impedância Z foi o dado mais distante em comparação com a impedância da tabela 2, que foi obtida com o potênciometro. As incertezas foram determinadas via propagação de erro por derivadas parciais. Com os dados da tabela 2 pode ser determinado uma segunda velocidade de transmissão, considerando: v = 2l tprop. Assim obteve-se uma segunda velocidade v = 2, 04.108m/s. Sendo este um resultado mais preciso pelo fato do osciloscópio ser um instrumento de melhor precisão. Também é possível analisar como o pulso se comporta ao percorrer todo o cabo. Como foi descrito na seção 3, tanto a tensão quanto a corrente 7 se comportam como uma onda. Sendo assim o pulso elétrico ao chegar no final do cabo ele sofre um reflexão e começa a se propagar no sentido oposto ao emitido. Esse movimento é descrito pela equação 13, ou seja, caso a resistênciano final do cabo ser R = ∞ a onda retornará com a mesma fase correspondente (figura 2). Se a resistência for nula a onda retornará com a fase invertida (figura 3). Por último se R = Z a onda refletida é anulada (figura 4). 6 Conclusão Através dos estudos sobre ondas eletromagnéticas foi possível criar equi- pamentos para grandes transmissões dados. O cabo coaxial mostrou-se ser muito eficiente para esta finalidade, podendo transmitir informações entre 60 − 70% da velocidade da luz, o que faz com que em qualquer lugar da Terra a transmissão seja praticamente instântanea. Como a informação se propaga de maneira ondulatória é possível envia-la alterando a amplitude e frequência da onda. Infelizmente só foi possível estudar um cabo, não podendo ter mais opções a fim de fazer uma análise estatística, porém os resultados obtidos, com excessão da impedância, podem ser considerados satisfatórios. Referências 1 HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamen- tos de física 9a edição. [S.l.]: LTC, 2012. v. 4, p. 1–9. 2 LIVRE, Mercado.Cabo coaxial. [S.l.: s.n.]. Acessado em 21 de Agosto de 2018. Disponível em: <https://produto.mercadolivre.com.br/MLB- 780306680- cabo- coaxialrf- rg6- 60- de- malha- 2- metros- com- conectores-_JM>. 3 POZZEBOM, Rafaela. O que é cabo coaxial ? [S.l.: s.n.]. Acessado em 21 de Agosto de 2018. Disponível em: <https://www.oficinadanet. com.br/post/10155-o-que-e-cabo-coaxial>. 8 Introdução Procedimento Materiais Montagem Referencial teórico Dados experimentais Análise dos dados Conclusão
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