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1 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Sistemas de Avalição da Qualidade Aula 5 Professor Ricardo Lucena de Souza 2 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Conversa Inicial Nesta aula vamos avaliar as metodologias utilizadas no controle de processos, definindo métricas para meios e medições de processo. Contextualizando Nas avaliações da qualidade temos que buscar o conhecimento das ferramentas para quando tomarmos ações sermos efetivos e preventivos, a estatística é um dos grandes ferramentais preventivos com a aplicação de cartas de controle e estudos sobre sistemas de medição, que nos levam a um patamar de diminuição de variáveis e variabilidade no sistema. Estudaremos as possibilidades de diagnósticos de problemas, como também as necessidades prévias de informações em coletas de dados, que resultam em informações importantes na tomada de decisão na operação. Os gráficos de controle nos auxiliam a observar e agir sobre a variabilidade dos processos e uma linha diferenciada e preventiva que é a da análise de Limites de Controle, em vez de somente avaliar Limites de Especificação. Precisamos compreender também as necessidades metrológicas, para poder avaliar um relatório dimensional de maneira correta. Precisamos ter conhecimento sobre as terminologias, unidade e padrões utilizados. Conhecer os EIMEs (Equipamentos de Inspeção, Medição e Ensaio) e algumas de suas características nos auxilia em uma melhor escolha para um sistema de medição, que deve também seguir calibrado e aprovado com frequências que vamos estudar. Por fim precisamos observar o conjunto de processos que regem o sistema de medição, um conjunto de ferramentas utilizadas nas indústrias e chamada de MSA (traduzindo do inglês - Análise do Sistema de Medição). 3 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Tema 1: Introdução Estatística Aplicada à Qualidade Dentro da qualidade verificamos que é importante delimitar as faixas de aceitação de qualquer processo produtivo, uma vez que sempre, em algum nível, existem variações que devem ser ou não aceitas pelo processo produtivo. Podemos considerar dois momentos em uma avaliação de qualidade. O primeiro deles é aquele que consideramos como avaliação subjetiva, a qual depende dos critérios específicos e individuais do avaliador; o segundo é a avaliação objetiva, que demanda o estabelecimento geral de padrões de aceitação que deverão ser obedecidos. Dessa forma, o processo produtivo deve ser controlado não somente na resolução de problemas e no estabelecimento de causas e efeitos, mas também na manutenção dos padrões a serem seguidos. Para isso, devemos diagnosticar os problemas que se apresentam e até mesmo nos antecipar a eles. Podemos realizar diagnósticos de quatro modos diferentes: Pela intuição, que é subjetiva e, portanto, depende de cada um. Sua principal característica reside no fato de não ser necessária sua comprovação ou confirmação. É o mesmo que pedirmos a uma cartomante que "leia" nossa mão e nos diga o que acontecerá no futuro. Pela experiência, que é algo mais aceitável, uma vez que se traduz pela soma das ocorrências vivenciadas por aquele que se diz experiente, podendo ser explicada e, na maioria das vezes, passível de ser reproduzida. Pela pesquisa experimental, que é realizada em ambiente totalmente controlado e permite que as ocorrências sejam avaliadas na prática. Baseia-se na realidade e em fatos apresentados. Pela análise estatística, que é baseada em dados, como a realização da análise pela identificação e pela obtenção de dados por meio de uma base amostral. Com a obtenção de dados anteriores, é possível projetar o futuro com a utilização de técnicas estatísticas. Podemos, portanto, realizar a previsão de uma ocorrência, como a quebra de uma ferramenta ou a execução de um processo não conforme, antes mesmo que isso aconteça. 4 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Inicialmente, devemos diagnosticar as situações existentes e os problemas e, então, resolvê-los. Para a realização do diagnóstico, é necessário obter dados, o que deve ser realizado dentro dos propósitos e dos parâmetros de qualidade estabelecidos. Existem quatro perguntas fundamentais para uma correta forma na obtenção de dados, conforme a seguir: 1. Há objetivos de qualidade bem definidos? a. Os objetivos podem ser: controle e acompanhamento do processo de produção; análise de não conformidade; inspeção da qualidade. 2. Qual é o propósito da coleta de dados para a qualidade? 3. As medições realizadas são confiáveis, estão supridas por equipamentos e medidas adequadas? 4. A maneira de registrar os dados para a qualidade é a correta? Uma vez estabelecidos os objetivos referentes à primeira pergunta, a definição do propósito da coleta de dados é a consequência lógica. Se queremos identificar uma não conformidade de produtos, o propósito da coleta de dados é localizar a variação além das especificações. Para a realização das medições, devemos calibrar adequadamente os equipamentos de forma que permitam a confiabilidade da medição desse processo. Finalmente, após a realização da estratificação, o processo de medição é registrado em documentos apropriados ─ as folhas de verificação ─ que são de diversos tipos e servem de base para a construção das folhas de frequência e, consequentemente, do histograma, permitindo, juntamente com gráficos de controle, a realização de análises do processo. O modelo representado na figura 1 destina-se ao acompanhamento do processo produtivo, com vistas a avaliar se as peças fabricadas estão dentro do padrão e qual a frequência com que ocorrem as não conformidades. Essas informações servem de base para outras ferramentas, tais como o histograma e a confecção da curva representativa do processo. Sua utilização é bastante simples, uma vez que, a partir do modelo apresentado, já parametrizado 5 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (ou seja, com o padrão especificado), o apontador somente registra as ocorrências conforme elas se apresentam. Figura 1: Folha de verificação para processo de produção. Fonte: Seleme e Stadler, 2009. 6 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Dessa maneira simples, podemos chegar à confecção do histograma deste processo, conforme Figura 2. Figura 2: Histograma de processo Fonte: Seleme e Stadler, 2009. Tema 2: CEP – Controle Estatístico do Processo Os gráficos de controle foram idealizados por Shewhart com a finalidade de separar as chamadas causas assinaláveis ─ aquelas passíveis de serem identificadas e acompanhadas ─ das causas aleatórias ─ aquelas cuja ocorrência não pode ser prevista. Para tanto, Shewhart idealizou os gráficos de controle, que podem ser de tipos diferentes, em função do controle que queremos executar. Esses tipos são apresentados no quadro a seguir, juntamente com uma descrição dos usos desenvolvidos. 7 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Quadro 1: Tipos de gráficos de controle. Fonte: Seleme e Stadler, 2009. Ou seja, na avaliação da qualidade temos distintos gráficos de controle. Relembrando alguns dos conceitos, é importante revisar como temos a sua representação gráfica como, por exemplo, na Figura 3. Figura 3: Modelo de representação de gráficos de controle. Fonte: Seleme e Stadler, 2009.8 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Como podemos verificar no gráfico, o eixo vertical indica as amostras e o eixo horizontal é reservado à representação dos valores médios (LC), dos limites superiores de controle (LSC) e dos limites inferiores de controle (LIC); esses de controle são determinados pela variabilidade do processo estudado. De forma geral, somente realizamos a aceitação dos valores se estes estiverem entre os limites superiores e inferiores representados no gráfico. Se os pontos estiverem fora dessa faixa, podemos afirmar que o processo está fora de controle e, portanto, devemos revisá-lo. Uma das cartas mais utilizadas no CEP (Controle Estatístico de Processo) é a “X/R”, em que “X” representa as médias e “R” as amplitudes de amostragens em um processo produtivo, tendo assim uma medida de posição ─ média ─ e uma medida de dispersão ─ amplitude ─ podendo realizar uma leitura mais acurada do processo conforme sua variabilidade. Abaixo um exemplo de uma avaliação da carta X/R voltada às médias: Figura 4: Exemplo de carta de médias. Fonte: Seleme e Stadler, 2009. 9 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Na mesma carta de controle, um exemplo de avaliação voltada à Amplitude, conforme Figura 5. Figura 5: Exemplo de carta de amplitudes Fonte: Seleme e Stadler, 2009. Tema 3: Terminologia, Unidades e Padrões Alguns termos são frequentemente utilizados na avaliação e na análise de sistemas de medição e devem ser compreendidos para que se tenha uma visão homogênea entre os profissionais envolvidos no sistema. De modo geral, as definições desses termos estão baseadas no Vocabulário Internacional de Metrologia, doravante VIM. • Grandeza ─ Propriedade de um fenômeno, corpo ou substância, que pode ser expressa quantitativamente sob a forma de um número e de uma referência. • Mensurando ─ Grandeza específica submetida à medição. • Medição ─ "Processo de obtenção experimental de um ou mais valores que podem ser, razoavelmente, atribuídos a uma grandeza" (VIM), no qual não são observadas as propriedades qualitativas. A medição pode ser por comparação direta, quando se compara o objeto que está sendo medido com uma escala conveniente, obtendo-se, então, um resultado em valor absoluto e 10 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico uma unidade coerente (por exemplo, a medição da largura de uma peça utilizando-se um paquímetro). Porém, algumas vezes pode se dar por comparação indireta. Nesse caso, compara-se o objeto que está sendo medido com um padrão de mesma natureza ou propriedade. Com base nesses dados, é possível inferir se as características medidas estão ou não de acordo com o padrão (por exemplo, o controle de peças mecânicas por meio de calibradores PNP (passa não passa). • Resultado de medição ─ Conjunto de valores atribuídos a um mensurando juntamente com toda informação importante disponível. Esse resultado geralmente é expresso por um único valor medido e uma incerteza de medição associada. • Incerteza de medição ─ De acordo com o VIM (2012), “incerteza é o parâmetro associado ao resultado de uma medição que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser fundamentalmente atribuídos a um mensurando". A incerteza de uma medição é uma evidência da diferença que pode existir entre o verdadeiro valor da grandeza medida e o resultado obtido com a medição. Assim, o resultado de uma medição deve ser acompanhado de sua incerteza. Sem a informação sobre a incerteza, pode-se considerar que o resultado de uma medição não está completo. • Erro ─ Resultado de uma medição menos o valor verdadeiro do mensurando. Uma vez que o valor verdadeiro não pode ser determinado, utiliza-se, na prática, um valor verdadeiro convencional. • Dimensão nominal (D) - Dimensão básica da peça, indicada no projeto. Na prática, basta que a dimensão real da peça esteja dentro dos limites dados pelo valor nominal, mais ou menos os afastamentos permitidos por projeto. O afastamento é a diferença entre as dimensões limite e nominal. • Dispositivo de medição — Aparatos (instrumentos físicos envolvendo hardware e software) utilizados para realizar medições, tais como paquímetros e micrômetros, incluindo-se, também, os dispositivos usados nas medições por atributos, por exemplo, o uso de calibrador passa/não passa para classificação de um produto conforme ou não conforme. 11 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico • Sistema de medição ─ Conjunto de elementos e recursos que permite a execução das medições e a obtenção dos resultados. Esse conjunto inclui: instrumentos, dispositivos, padrões, métodos, software, pessoal e ambiente. • Procedimento de medição ─ Descrição detalhada de como realizar uma medição de acordo com um ou mais princípios e um dado método, fundamentado em um modelo, e que inclui todos os cálculos para obter um resultado de medição. É geralmente documentado com detalhes suficientes para que um operador possa executar a atividade. • Padrão ─ Valor de referência utilizado como base para comparar os resultados obtidos com o sistema de medição. • Resolução ─ Menor unidade de leitura do dispositivo de medição, que limita o processo de detecção de variação entre os objetos medidos. Uma regra básica é usar uma relação de 10 para 1. Divide-se a tolerância da especificação de projeto do item/produto em dez partes para estabelecer a resolução de medição do equipamento a ser utilizado. Por exemplo: quando o Limite Superior de Especificação (LSE) do diâmetro de um eixo mecânico é 10,05 mm, e o Limite Inferior de Especificação (LIE) é 9,95 mm. Nesse caso, a tolerância de especificação é 10,05 mm -9,95 mm = 0,10 mm. Então, a resolução do dispositivo de medição do diâmetro da peça deveria ser de pelo menos 0,01 mm. • Rastreabilidade ─ Propriedade do resultado de uma medição ou do valor de um padrão estão relacionados a referências estabelecidas, geralmente padrões nacionais ou internacionais, por meio de uma cadeia contínua de comparações. Todas essas referências devem ter suas incertezas estabelecidas e serem confiáveis. • Conformidade ─ Ocorre quando uma característica do produto ou do objeto atende às especificações de projeto. Esse seria o conceito de conformidade, por exemplo, para um produto já manufaturado. 12 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Unidades e padrões de medida No Quadro 2, encontram-se alguns exemplos de unidades de medidas, básicas e clássicas, adotadas pelo Sistema Internacional de Unidades (SI) e definidas pelo Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), para as grandezas (também chamadas de abstrações) de uso mais comum. O BIPM, localizado em Paris, tem a responsabilidade de: a) estabelecer os padrões das grandezas fundamentais e as escalas das principais grandezas físicas e conservar os padrões internacionais; b) efetuar a comparação de padrões nacionais e internacionais; c) assegurar a coordenação das técnicas de medição correspondentes; e d) efetuar e coordenar as determinações relativas às constantes físicas que intervêm nas atividades supracitadas (condições de temperatura, umidade, etc.). Quadro 2: Exemplo de medições Sistema Internacional (SI). Fonte: Toledo, 2014. 13 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Padrões Os padrões estão organizados em uma hierarquia de precisão e de exatidão na seguinte sequência (da hierarquia superior para a de uso mais prático): • Padrões internacionais;• Padrões primários ou nacionais; • Padrões secundários ou padrões de referência dos laboratórios de calibração e ensaios; • Padrões de trabalho. A armazenagem adequada e o uso desses padrões de diferentes classes estão associados a uma hierarquia de laboratórios de metrologia, representados na Figura 6. Figura 6: Hierarquização metrológica padrões. Fonte: Toledo, 2014. Tema 4: EIME e Calibração Os instrumentos de medição são equipamentos de precisão adequada, que auxiliam, por exemplo, na fabricação de peças usinadas. Existem diversos tipos de instrumentos de medição, cada qual com sua adequação funcional e precisão, aplicados no ambiente da manufatura industrial. Para medir as peças processadas em tornos mecânicos, são empregados diversos tipos de instrumentos de medição, como paquímetros, micrômetros internos e externos, 14 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico relógios comparadores, traçadores de altura, calibradores de boca, tipo tampão passa/não passa, etc. Considerando que a maioria desses instrumentos de trabalho é de elevado custo, deve-se prestar especial atenção no seu manejo e na sua conservação. A seguir, alguns exemplos de EIMEs, Equipamentos de Inspeção, Medição e Ensaio mais comuns nas operações atuais. Calibradores Os calibradores são instrumentos utilizados em empresas industriais para se inspecionar características de qualidade de produtos a fim de classificá-los em conforme ou não conforme as especificações. Deve-se frisar que, com a inspeção de uma peça por meio de um calibrador, não se mede a característica de qualidade da peça (por exemplo, o seu diâmetro), mas apenas é constatado se a característica está conforme ou não com os limites de especificação da peça. Paquímetro O paquímetro é fabricado nos mais variados modelos e graus de precisão e é utilizado para medir dimensões lineares internas e externas e de profundidade de uma peça, bem como ressaltos. Ele consiste basicamente em uma régua graduada com encosto fixo, sobre a qual desliza um cursor. Alguns modelos mais sofisticados possuem relógio, por meio do qual é feita a leitura das frações de medidas. Outros possuem um nônio que tem a mesma função do relógio, isto é, determinar as frações das medidas. E paquímetros de leitura digital comumente têm resolução de 0,01 mm. Micrômetro O micrômetro funciona por meio de um parafuso micrométrico para deslizamento de uma haste e permite a leitura, por exemplo, de uma espessura por meio de um nônio ou de um mecanismo semelhante ao de um relógio analógico. 15 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Relógios apalpadores e comparadores São utilizados para diversos fins, como a medição da excentricidade de peças, o alinhamento e a centrarem de peças nas máquinas, o paralelismo entre faces e medições internas e de detalhes de uma peça de difícil acesso. O funcionamento desses relógios consiste basicamente em um mecanismo que transforma o deslocamento radial de uma ponta de contato em movimento axial transmitido a um relógio comparador, no qual é possível obter a leitura da dimensão. Máquina de medir tridimensional A possibilidade de aplicação do sistema de medição tridimensional trouxe um grande avanço na medição linear, além de benefícios como o aumento da exatidão, a economia de tempo e a facilidade de operação, contemplando sistemas de processamento de dados. O tempo de medição pode ser significativamente reduzido em relação ao sistema de medição linear tradicional com a utilização de uma máquina de medir por coordenadas tridimensionais (de modo manual, sem a utilização de computador), podendo ser reduzido ainda mais com a incorporação do computador. Com esse equipamento de medir, por meio de um dispositivo chamado de localizados ou apalpador, é possível identificar o posicionamento (em termos dos eixos X, Y e Z) de um ponto acessível qualquer de uma peça. Esse apalpador relaciona o ponto em que ele está tendo contato com a peça com outro ponto de referência, do sistema de eixos coordenado, permitindo a medição de distâncias na peça, considerando o espaço (eixos X, Y e Z). Calibração A calibração é definida como o conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação entre os valores indicados por um instrumento de medir ou sistema de medição, os valores representados por uma medida materializada ou um material de referência e os correspondentes valores de grandezas estabelecidas por padrões. Essa informação pode ser 16 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico utilizada para estabelecer uma relação a fim de obter um resultado de medição com base em uma indicação. Já o ajuste representa a intervenção ou correção executada no instrumento de medição para restabelecer a sua capacidade de medir, de acordo com o padrão de referência. Frequência de calibração A determinação da frequência com a qual os instrumentos devem ser calibrados é dependente de uma série de fatores e da experiência do responsável pelas calibrações, podem ser destacados os seguintes fatores: • Tipo de instrumento e recomendações do fabricante; • Dados históricos de tendências obtidos com base nos registros de calibrações anteriores e registros de manutenção e utilização; • Aplicação do instrumento (severidade e extensão de uso) e condições ambientais durante a utilização e o impacto de um valor medido incorretamente, sendo aceito como correto em função de o equipamento de medição apresentar uma falha; • Exatidão e precisão requeridas para o equipamento. Tema 5: MSA – Análise de Sistemas de Medição A qualidade de um sistema de medição é determinada por propriedades estatísticas associadas a esse sistema. Outras características desejáveis em um Sistema de Medição são a facilidade de seu uso e o seu custo operacional, ou seja, um adequado sistema de medição também deve ser de operação fácil e ágil e ter baixo custo operacional. Como em um processo genérico de produção (fabricação, montagem etc.), os SMs são afetados por causas aleatórias, também chamadas de causas comuns, inerentes ao processo de medição, e por causas identificáveis ou especiais, que surgem e atuam esporadicamente no sistema de medição. O estado de controle ideal de um processo (de manufatura, de medição etc.) é aquele em que as causas especiais estão sob controle, atuando no 17 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico processo somente as causas aleatórias, as quais, dada uma determinada situação, não são possíveis de se controlar. Os principais termos e conceitos que se aplicam à análise de um sistema de medição, seja na quantificação da variação do SM, seja na sua interpretação ou no planejamento de melhorias desses sistemas, estes estudos montam o dentro das empresas os conhecidos estudos de MSA (Measurement Systems Analysis – traduzindo Análise do Sistema de Medição). • Tendência (ou erro sistemático) — É a diferença entre a média observada das medições realizadas e o valor de referência. Este pode ser um padrão ou um valor determinado com base nas medidas obtidas por instrumento de maior precisão que aquele que está sendo avaliado. Um termo usado com frequência para designar a tendência é exatidão. Figura 7: Exemplo de estudo de tendência. Fonte: Toledo, 2014. R&R – Reprodutibilidade e Repetitividade Reprodutibilidade — Representa a diferença entre a média das medições realizadas por diferentes operadores/inspetores/avaliadores, utilizando o mesmo dispositivo de medição para a mesmacaracterística de qualidade. A reprodutibilidade representa a diferença entre as médias das medições dos operadores. Quanto menor for a diferença entre os dois valores médios, significa que o sistema de medição utilizado é capaz de reproduzir os mesmos valores quando utilizado por diferentes pessoas com o mesmo grau de qualificação. Repetitividade — É a variação das medições realizadas por um mesmo operador, utilizando o mesmo dispositivo de medição e medindo a mesma característica de qualidade de uma mesma peça. Em princípio, quanto menor o 18 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico valor da amplitude das medições, melhor é a repetitividade do sistema de medição. Estabilidade — É a variação das medições obtidas com um dispositivo de medição medindo a mesma característica de uma mesma peça ou padrão ao longo do tempo. Uma menor variação entre as medições significa maior estabilidade do dispositivo de medição — uma característica desejada dos instrumentos e dos sistemas de medição. Linearidade — É a diferença nos valores de tendência ao longo do campo de medição do dispositivo utilizado. É possível medir o comportamento da tendência de um paquímetro quando este estiver sendo utilizado para medir dimensões ao longo do campo de medição. O ideal é que o paquímetro apresente a mesma tendência, independente da faixa de valores que ele está medindo, dentro de sua capacidade de medição. Dentro dos estudos de MSA, temos como mais praticado entre clientes e fornecedores a utilização do R&R, que vai resultar no percentual de variação dos sistemas de medição em relação às variações do sistema ou tolerâncias descritas em projeto. Para tal, o MSA recomenda para a aplicação a seguinte tabela de avaliação apresentada no quadro 3 a seguir: 19 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Quadro 3: Critérios para aceitação de sistema de medição. Fonte: Toledo, 2014. Síntese Nesta aula apreendemos vários conceitos voltados à avaliação de sistemas com a utilização de técnicas estatísticas voltadas à qualidade, principalmente sobre a necessidade de termos sistemas cada vez mais preventivos e corretivos. Ainda, vimos técnicas de coletas de dados e sua estratificação em histograma; como também a utilização de cartas de controle como meios de avaliação do processo. Também, aprendemos que os meios de controle devem ter um papel fundamental para o processo como um todo, afinal os dados devem ter sua idoneidade comprovada por meio de estudos e ações diretamente nos sistemas de medição. 20 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Referências SELEME, R.; STADLER, H. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais. Curitiba: Editora InterSaberes, 2009. TOLEDO, J. C. Sistemas de medição e metrologia. Editora InterSaberes, 2014.
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