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PONTO_1_Direito_Econômico_e_ Proteção_ao_Consumidor_.

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Direito Econômico e Proteção ao Consumidor (COLOQUEI PARTES DO MATERIAL ATUALIZADO DO PESSOAL DO MPF. NÃO HÁ PREJUÍZO, POIS ESTA PARTE É UNIVERSALIZÁVEL.)
1. Evolução e história do Direito econômico
Segundo Lafayete Josué Petter, o "surgimento do Direito Econômico dá-se, de modo definitivo, quando se inicia o processo de juridicização da política econômica. Neste momento há o reconhecimento do Direito Econômico como disciplina autônoma" (pp. 21-22). O autor destaca como fatos históricos mais marcantes a Primeira Guerra Mundial, a República de Weimar (Constituição de Weimar de 1919), a Constituição Mexicana de 1917, a crise da Bolsa de Nova York (1929) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Após a Segunda Guerra Mundial, as constituições passaram a tratar de assuntos econômicos dedicando parte especifica ao tema.
Como leciona Paula Forgioni, "já no primeiro quartel do século XX, têm lugar alguns acontecimentos que modificam a postura do Estado em face da regulamentação e condução da economia. Em 1914, inicia-se a Primeira Grande Guerra. Os países vão divisando que, como afirmou Comparato, as guerras não se ganham apenas nos campos de batalha. Verifica-se, pois uma atuação no sentido de organizar a economia, direcionando-a para guerra. Surto de regulamentação estatal da atividade econômica se faz presente, não obstante tenha sido julgado por muitos como temporário e eventual". E acrescenta que "muito embora sempre se tenha verificado a atuação do Estado na economia, a partir do início do século XX, a quantidade de normas emanadas aumentou sensivelmente, de forma a fazer ver uma interferência não apenas episódica, mas organizada e sistemática. O Estado passa a dirigir o sistema, com o escopo de evitar as crises". (pp. 79-80).
Neste ambiente fértil os teóricos apontam o nascimento do Direito Econômico que pode ser conceituado como "o conjunto das técnicas jurídicas de que lança mão o Estado contemporâneo na realização de sua política econômica" (Fábio Konder Comparato, O indispensável direito econômico, Ensaios e pareceres de direito empresarial, apud Paula Forgioni).
2. conceito e objeto do direito econômico. Sujeitos econômicos
Direito Econômico é "o ramo do Direito Público que NORMATIZA e DISCIPLINA as formas pelas quais o Estado está autorizado a INTERFERIR no processo de geração de rendas e riquezas da Nação, nos LIMITES e perspectivas determinados na Constituição. Tem por objetivo garantir que o Estado, por meio da intervenção na Ordem Econômica, alcance metas e resultados socialmente exigíveis, previamente estabelecidos num planejamento econômico.
Utiliza-se de três princípios: princípio da economicidade, segundo o qual, na condução de suas políticas públicas macroeconômicas, o Estado deve primar pela defesa e manutenção do crescimento econômico, com o objetivo de transformá-lo em desenvolvimento social. Princípio da eficiência, pelo qual deve ser garantido ao particular que explora de atividade econômica condições para alcançar melhores resultados para o mercado. Princípio da generalidade, que garante a isonomia aos agentes de mercado, afastando privilégios a agentes específicos, assegurando a exploração das atividades econômicas sem interferências externas, a livre competição e a seleção natural dos agentes mais aptos a atenderem os anseios do consumidor.
O Direito Econômico tem por objeto "as normas que disciplinam a intervenção do Estado na economia", ou seja, "compreende os temas relativos à intervenção do Estado na economia, às normas disciplinares de políticas econômicas e ao direito da concorrência (direito econômico concorrencial)" (Lafayette, pp. 28-29). 
A política econômica é uma decorrência da necessidade do Estado e da sociedade de traçarem as diretrizes fundamentais da economia com vistas à realização de certos objetivos, como, por exemplo, a estabilidade econômica, o desenvolvimento ou crescimento econômico. Estes objetivos são traçados pela Constituição, que faz as opções políticas fundamentais. Estes objetivos estão elencados nos princípios do art. 170, onde há um conjunto de escolhas fundamentais relativas à ordem econômica.
Sujeitos que participam da política econômica: Os sujeitos do Direito Econômicos são denominados de agentes econômicos. A idéia de agente econômico vai além dos tradicionais conceitos de sujeito de direito de ramos mais convencionais do Direito, a exemplo do tratamento da Lei n° 8.884/94.
Podemos elencar os sujeitos do Direito Econômico:
1- O Estado: não é agente econômico propriamente. Também é considerado sujeito de direito econômico, porque é responsável pela edição das normas que materializam a política econômica, e porque pode intervir no domínio econômico de diversas maneiras.
2- Os indivíduos, na sua manifestação trabalho e consumidor de bens ou serviços.
3- As empresas, enquanto unidades de produção de bens e serviços e também enquanto consumidoras.
4- A coletividade, que representa sujeitos indetermináveis ou indeterminados de direito, titulares de interesses difusos, coletivo e individuais homogêneos.
5- Órgãos internacionais ou comunitários.
1. Constituição Econômica Brasileira
Leciona Eugênio Rosa de Araújo que a ideia de Constituição Econômica tomou corpo na doutrina alemã do século XX, a partir do que se dispôs na Constituição de Weimar no que se refere à ordem econômica.
Manoel Gonçalves, citado por Eugênio Rosa, conceitua Constituição Econômica como sendo “o conjunto de normas voltadas para a ordenação da economia, inclusive declinando a quem cabe exercê-la”. Ainda segundo o primeiro autor, a Constituição Econômica delimita os seguintes elementos:
- o tipo de organização econômica (capitalismo ou socialismo);
- a delimitação do campo da iniciativa privada;
- a delimitação do campo da iniciativa estatal;
- a definição dos regimes dos fatores de produção; e
- a finalidade e os princípios gerais que devem gerir a ordem econômica.
O constituinte originário dotou nossa Carta Política de um conjunto de disposições que dizem respeito à conformação da ordem fundamental de nossa economia, configurando, assim, nossa Constituição Econômica.
2. Ordem constitucional econômica: princípios gerais da atividade econômica
Princípio constitucional econômico da soberania nacional:
O que se trata no inciso I do art. 170 da Constituição é a soberania nacional econômica, visando estabelecer, no plano externo, a independência, a coordenação e a não-submissão em relação à economia e tecnologia estrangeiras.
Registre-se, outrossim, que a soberania política (art. 1, I, CR 1988) não sobrevive sem a soberania econômica, havendo entre ambas uma relação de complementação. De sorte que a soberania política é assegurada na medida em que o Estado goza e desfruta da soberania econômica.
Princípio da Propriedade Privada:
 	Segundo ensina Eugênio Rosa de Araújo, propriedade e direito de propriedade não se confundem, sendo a propriedade um fato econômico, enquanto que este é, sob o aspecto subjetivo, o poder do proprietário sobre a coisa, o qual é um dos direitos fundamentais da pessoa humana (art. 5, XXII, CR 1988).
Princípio da função social da propriedade:
Introduzido no ordenamento jurídico brasileiro, pela primeira vez, com a CF/34, que assegurou o direito de propriedade com a ressalva de que não poderia ser exercido contra o interesse social ou coletivo.
 A partir de então, com exceção da CR/1937, o valor função social da propriedade incorporou-se de vez à nossa experiência constitucional, figurando em pelo menos quatro dispositivos da CF/88 (art. 5º, XXIII; art. 170, III; art. 182, §2º e no caput d art. 186), a evidenciar a preocupação em construir um Estado de Direito verdadeiramente democrático, no qual possuem a mesma dignidade constitucional tanto os valores sociais do trabalho quanto os da livre iniciativa.
O princípio da função social da propriedade não é derrogatório da propriedade privada. O conteúdo da função social assume papel promocional. A disciplina das formas de propriedade e suas interpretações devem garantire promover os valores sobre os quais se funda o ordenamento.
O princípio econômico da função social da propriedade constitui o fundamento constitucional da função social da empresa e da função social do contrato. Busca-se, por meio da função social, conciliar o benefício individual com o coletivo.
A propriedade é, portanto, um meio para a consecução de um fim comum: a busca do bem-estar social. É um instrumento para a realização dos interesses coletivos.
A propriedade privada cumpre a sua função social quando, além de oportunizar a realização da dignidade da pessoa, contribuir para o desenvolvimento nacional e para a diminuição da pobreza e das desigualdades sociais.
Princípio da livre concorrência:
Este princípio está intrinsecamente associado ao princípio da livre iniciativa.
Gilmar Mendes, Inocêncio M. Coelho e Paulo Gustavo G. branco, citando Miguel Reale, afirmam que a livre iniciativa é a projeção da liberdade individual no plano da produção, circulação e distribuição de riquezas, assegurando não apenas a livre escolha das profissões e das atividades econômicas, mas também a autonomia na eleição dos processos ou meios de produção. Abrange a liberdade de fins e meios. Já o conceito de livre concorrência tem caráter instrumental, significando que a fixação dos preços das mercadorias e serviços não deve resultar de atos cogentes da atividade administrativa. A CF adota o modelo liberal do processo econômico, que só admite a intervenção do Estado para coibir abusos e preservar a livre concorrência de quaisquer interferências, quer do próprio Estado, quer do embate da forças competitivas privadas que podem levar à formação dos monopólios e ao abuso do poder econômico visando ao aumento arbitrário dos lucros.
Princípio da defesa do consumidor:
Segundo ensina Leonardo Vizeu Figueiredo, o princípio da defesa do consumidor é corolário do princípio da livre concorrência, sendo ambos princípios de integração e de defesa do mercado, uma vez que este se compõe de fornecedores e consumidores.
Há, pois, que se buscar equilíbrio entre as empresas que atuam no mercado e entre essas e os consumidores. 
Princípio da defesa do meio ambiente:
Esse princípio diz respeito à utilização racional dos bens e fatores de produção naturais, escassos no meio em que habitamos, o que exige a conjugação equilibrada entre os fatores de produção e o meio ambiente, que é o que se tem designado por desenvolvimento sustentável.
Redução das desigualdades regionais e sociais:
Segundo ensina Leonardo Vizeu Figueiredo, esse princípio fundamenta-se no conceito de justiça distributiva, visto sob uma perspectiva macro, no qual o desenvolvimento da Nação deve ser compartilhado por todos, adotando-se políticas efetivas de repartição de rendas e receitas, com o fito de favorecer regiões e classes econômicas menos favorecidas. Busca, assim, promover uma maior isonomia – no plano material – entre as diversas regiões do País.
Princípio da busca do pleno emprego:
Para Eros Roberto Grau, esse princípio consubstancia uma garantia para o trabalhador, na medida em que está coligado ao princípio da valorização do trabalho humano e reflete efeitos em relação ao direito social do trabalho.
Princípio do tratamento favorecidos para as empresas de pequeno porte constituída sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país:
Cuida-se de princípio constitucional impositivo de caráter conformador.
 O art. 179 determina que todos os entes da Federação dispensarão as M.E.s e E.P.P.s tratamento jurídico diferenciado. Às M.E.s haverá de se outorgar um tratamento mais favorecido do que às E.P.P.s e à essas, um tratamento mais favorecido do que às empresas em geral.
Princípio do livre exercício de qualquer atividade econômica:
A liberdade de iniciativa no campo econômico compreende a liberdade de trabalho e de empreender. Pressupõe o direito de propriedade e a liberdade de contratar. Decorre da livre iniciativa, prevista como fundamento da República (art. 1º, IV, CF). O direito ao livre exercício da atividade econômica é conseqüência do princípio da livre iniciativa.
Limites: O Estado poderá, nos termos da lei, disciplinar o exercício desse direito. Citamos algumas formas de limitação: 
a) autorização para o exercício de determinadas atividades; 
b)intervenção direta na atividade econômica, nas hipóteses de relevante interesse coletivo; 
c) punição de atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular e reprimindo o abuso do poder econômico que visem à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
3. Tipologia dos sistemas econômicos
Pode-se definir meios de produção ou também modos de produção, como o conjunto formado pelos "meios de trabalho" e pelos "objetos de trabalho", além da maneira como a sociedade se organiza economicamente.
A titularidade dos meios de produção é o traço essencial da distinção entre o sistema econômico capitalista e o socialista.
Se os meios de produção de uma sociedade são privados e a força de trabalho é livre, podemos ver essa sociedade como sendo Capitalista. Em sendo esses meios socializados ou não privados poderemos, talvez, então estar olhando para uma sociedade socialista. Isso é uma forma bastante simplificada de buscar entender como se formam sociedades capitalistas ou socialistas.
 I - O CAPITALISMO
O capitalismo é o sistema econômico no qual as relações de produção estão assentadas na propriedade privada dos bens em geral e tem por pressuposto a liberdade de iniciativa e de concorrência.
Para André Ramos Tavares, "o sistema capitalista aponta para a chamada economia de mercado, na medida em que são as próprias condições deste mercado que determinam o funcionamento e equacionamento da economia (liberdade)”.
 Daí a idéia da "mão invisível", a regular e equilibrar as relações econômicas, entre oferta e procura". 
II - O SOCIALISMO
O socialismo, enquanto sistema de organização econômica do Estado, opõe-se frontalmente ao liberalismo, pois o mercado livre é considerado como a origem da desigualdade. Este sistema propõe não somente a intervenção do Estado, mas a supressão da liberdade da iniciativa privada e o comando do Estado na esfera econômica. Inviabiliza-se a apropriação privada dos meios de produção. 
 Segundo André Ramos Tavares, "o socialismo é um modelo econômico baseado na autoridade, pressupondo-a para alcançar sua sistemática própria. Mais claramente, exige-se uma autoridade centralizadora, unificante da economia". 
Leonardo Vizeu Figueiredo assinala que o socialismo é o sistema baseado na autoridade estatal, que centraliza e unifica a economia em torno do Poder Central e tem como principais características o direito de propriedade limitado e, não raro, suprimido; a estatização e controle dos fatores de produção e dos recursos econômicos; a gestão política que visa a redução das desigualdades sociais; e a remuneração do trabalho mediante a repartição do produto econômico por meio de decisão do governo central. 
 	Por fim, vale trazer à colação as noções do fenômeno da globalização e, também, de neoliberalismo. 
 	A globalização, segundo lembra Eugênio Rosa de Araújo, implica, basicamente e de forma simplificada, na eliminação de barreiras comerciais (possibilidade de aquisição de produtos em quaisquer países), liberação dos mercados de capitais (realização de transações financeiras interbancárias a nível planetário) e na possibilidade de produção independente de fronteiras, abolindo a distância e o tempo.
 	Já o neoliberalismo, segundo assevera o mesmo autor, tem por palavras de ordem: menos Estado, fim das fronteiras, desregulação dos mercados, moedas fortes, privatizações, equilíbrio fiscal e competitividade global.
 	
4. Ordem jurídico-econômica. Ordem econômica e regime político
Ordem jurídico-econômica.
Conforme aponta Gilmar Mendes, a regulação da atividade econômica é um acontecimento histórico relativamente recente, associado que está à passagem do Estado Liberalao Estado Social. Isto porque somente ao final da I Guerra Mundial é que surgiu nas constituições escritas um corpo de normas destinado a reger o fato econômico. Compunham estas normas a chamada constituição econômica, que tanto podem estar agrupadas num só conjunto de normas, quanto virem dispersas no corpo da constituição, caso em que será chamada de constituição econômica formal; quanto, ainda, abrangerem, além destes preceitos constitucionais, também outras normas, infraconstitucionais, como leis ou até mesmo atos de menor hierarquia, compondo, então, a constituição econômica material.
	No Brasil, assim como se deu alhures, essa nova postura diante do fato econômico se fez sentir a partir da Constituição de 1934, na qual foi inserido um título autônomo (“Da ordem econômica e social”), que veiculava um discurso intervencionista bastante inovador em todos os sentidos, começando a introduzir os princípios da justiça social e das necessidades da vida nacional, de modo a possibilitar a todos uma existência digna, além de garantir a liberdade econômica dentro de tais limites, como elementos fundamentais para a organização da ordem econômica.
	É justamente essa “Ordem jurídico-econômica” que será nosso objeto de estudo.
	Explicado o sentido de “Ordem”, temos então que Eros Roberto Grau inicialmente definiu a ordem econômica, no mundo do dever-ser, como (...) conjunto de princípios jurídicos de conformação do processo econômico, desde uma visão macrojurídica, conformação que se opera mediante o condicionamento da atividade econômica a determinados fins políticos do Estado. Tais princípios (...) gravitam em torno de um núcleo, que podemos identificar nos regimes jurídicos da propriedade e do contrato para, depois, percebendo que a ordem econômica engloba mais do que apenas os princípios, a descrever como (...) o conjunto de normas que define, institucionalmente, um determinado modo de produção econômica. Assim, a ordem econômica, parcela da ordem jurídica ( mundo do dever-ser), não é senão o conjunto de normas que institucionaliza uma determinada ordem econômica (mundo do ser). 
	Interessante mencionarmos que a Ordem Econômica é composta de um conjunto de normas de conteúdo econômico. Isto é, enquanto ramo do Direito, temos que o Direito Econômico materializa-se em normas jurídicas, destacando-se, além das normas tradicionais, de conteúdo genérico e abstrato, as seguintes normas:
1- Normas-programáticas: mais uma vez evidencia-se a importância das normas programáticas, portadoras de enunciados e de orientações sobre a ordem econômica.
2- Normas-objetivo: a norma jurídica, enquanto instrumento de governo, ultrapassa as funções tradicionais de organização e ordenação para ter em vista a implementação de políticas públicas destinadas a cumprir fins específicos. Exemplo das normas que estabelecem um determinado plano econômico, como a Lei do Plano Real, cuja finalidade, em termos de política econômica, era acabar com a inflação e instituir a estabilidade econômica. 
 3- Norma- premiais: normas jurídicas que aplicam estímulos e incentivos.
Por fim, importante registrar que consta na nossa CF, os fundamentos desta nossa Ordem Jurídico-econômica: a) valorização do trabalho humano; b) livre iniciativa; e c) finalidade de assegurar existência digna a todos.
Ordem econômica e regime político.
	Para José Afonso da Silva, a Ordem econômica consiste na racionalização jurídica da vida econômica, com o fim de se garantir o desenvolvimento sustentável da Nação.
	Surge então o que se chamou de “Juridicização da Política Econômica”, que se insere no campo da economia normativa, uma vez que prescreve formas de comportamento e atitudes que devem ser tomadas pelos agentes econômicos e pelo Estado, tendo em vista a consecução de determinados objetivos. 
	Ora, sabemos que o Estado cumpre sua função através de políticas públicas, ou seja o Estado governa através de mecanismos jurídicos – a lei – que materializa a política econômica. Assim, é o Estado que tem competência para fixar, determinar, estipular políticas econômicas. 
	Cumprem observar quais são as possíveis formas de participação do Estado nas atividades de cunho econômico desenvolvidas em seu respectivo território. Podemos, então, identificar as seguintes formas econômicas de Estado, como uma prévia à análise dos modelos de intervenção do Estado na Economia):
Estado liberal: baseia-se na doutrina filosófica e política do liberalismo, que se assenta no respeito do Estado ao pleno exercício dos direitos e garantias por parte de seus respectivos indivíduos. A principal manifestação econômica do Estado Liberal é a livre-iniciativa (é o direito de qualquer cidadão exercer atividade econômica livre de qualquer restrição, condicionamento ou imposição descabida do estado). Igualmente, tal sistema econômico pautava-se ainda na plena liberdade contratual, devendo o poder público garantir o cumprimento das cláusulas pactuadas. Por fim, o Estado Liberal se assenta ainda na liberdade de mercado (tal postulado se assenta na auto-organização/ auto-regulação da economia. O Estado Liberal, assim, caracteriza-se por uma postura abstencionista, uma vez que atua de forma neutra e imparcial no que tange à atividade econômica.
Estado intervencionista econômico: aqui, o estado atua com o fito de garantir o exercício racional das liberdades individuais. Assim, a política intervencionista não visa ferir os postulados liberais, mas tão somente fazer com que o Estado coíba o exercício abusivo e pernicioso do liberalismo. Este modelo intervencionista é fortemente influenciado pelas doutrinas de John Maynard Keynes. No estado intervencionista não há preocupações sociais no sentido de se estabelecer políticas públicas para tanto, mas sim de mera ordem técnica com a garantia da livre-iniciativa e da liberdade de mercado. O intervencionismo se dá de forma direta, na qual o estado assume a iniciativa da atividade econômica na condição de produtor de bens e serviços ao lado dos particulares; ou, ainda, de forma indireta, na qual o estado atua tributando, incentivando, regulamentando ou normatizando a atividade econômica. No plano jurídico, assenta-se no princípio da defesa do mercado ou proteção à concorrência.
Estado intervencionista social: é a forma estatal de intervenção na atividade econômica que tem por fim garantir que sejam efetivadas políticas de caráter assistencialista na sociedade, para prover os notadamente hipossuficientes em suas necessidades básicas. Aqui, o estado se preocupa com a coletividade e com os interesses transindividuais, ficando mitigado os interesses pessoais de cunho individualista. Daí porque este modelo é também chamado de Estado de bem-estar social (welfare state) ou estado providência, porque é aquele que provê uma série de direitos sociais aos cidadãos de modo a mitigar os efeitos naturalmente excludentes da economia capitalista sobre as classes sociais mais desfavorecidas. No plano jurídico, o intervencionismo social consubstancia-se no princípio da solidariedade, que determina o compartilhamento mútuo dos riscos sociais por todos os membros da sociedade. Atua, portanto, como uma grande entidade de seguridade social, na qual a sinistralidade de eventos, como desemprego, indigência, insalubridade, patologias, epidemias etc, tem seus custos arcados e cobertos por todos, ficando a cargo do estado efetivar as políticas de justiça e inclusão social. Outrossim, neste modelo o Estado assume responsabilidades sociais crescentes, em caráter de prestações positivas, como a previdência, habitação, saúde, educação, assistência social e saneamento, ampliando, cada vez mais, seu leque de atuação como prestador de serviços essenciais. Ademais, o Estado atua ainda como empreendedor substituto em áreas e setores considerados estratégicos para o desenvolvimento da nação.
Estado intervencionista socialista: é a forma intervencionista máxima do Estado, uma vez que este adota uma política econômica planificada, baseada na valorização do coletivo sobre o individual.O Poder Público passa, então, a ser o centro exclusivo para as deliberações referentes à economia. Os bens de produção são apropriados coletivamente pela sociedade por meio do Estado, de modo que este passa a ser o único produtor, vendedor e empregador. A livre-concorrência e a liberdade de mercado são literalmente substituídas pelo planejamento econômico racional e centralizado em torno do Poder Público, rejeitando-se sistematicamente, a autonomia das decisões privadas. No plano jurídico, consubstancia-se no princípio da supremacia do interesse público e da manutenção da ordem revolucionária, mitigando os anseios e expectativas individuais em face da vontade coletiva da sociedade. Preocupa-se, basicamente, com o bem em comum e as necessidades da coletividade, em detrimento do liberalismo individual.
Estado regulador: busca-se com este modelo um retorno comedido aos ideais do liberalismo, sem, contudo, abandonar a necessidade de sociabilidade dos bens essenciais, a fim de se garantir a dignidade da pessoa humana. Caracteriza-se numa nova concepção para a presença do Estado na economia, como ente garantidor e regulador da atividade econômica, que volta a se basear na livre-iniciativa e na liberdade de mercado, bem como na desestatização das atividades econômicas e redução sistemática dos encargos sociais, com o fito de se garantir equilíbrio nas contas públicas, sem, todavia, desviar o Poder Público da contextualização social, garantindo-se, ainda, que este possa focar esforços nos serviços públicos essenciais. No plano jurídico, fundamenta-se no princípio da subsidiariedade, no qual o Poder Público somente irá concentrar seus esforços nas áreas nas quais a iniciativa privada, por si só, não consiga alcançar o atingimento das metas sociais de realização do interesse coletivo. Assim, a iniciativa de exploração das atividades econômicas retorna à iniciativa privada, a qual irá realizá-la dentro de um conjunto de planejamento estatal previamente normatizado para tanto, com o fito de conduzir o mercado à realização e consecução de metas socialmente desejáveis, que irão garantir o desenvolvimento sócio-econômico da Nação.
5. Sujeitos econômicos
Os sujeitos do Direito Econômico são também denominados de agentes econômicos.
Para entender o que vem a ser “sujeitos” do direito econômico, antes, é necessário tratar do OBJETO desse ramo. Nesse sentido, vale a menção a alguns conceitos sobre o DE:
“Direito econômico é o ramo do direito que tem por objeto a ‘juridicização’, ou seja, o tratamento jurídico da política econômica e, por sujeito, o agente que dela participe. Como tal, é o conjunto de normas de conteúdo econômico que assegura a defesa e harmonia dos interesses individuais coletivos, de acordo com a ideologia adotada na ordem jurídica. Para tanto, utiliza-se do ‘princípio da economicidade’.” (Primeiras Linhas de Direito Econômico. Washington Peluso Albino de Souza. 6ª edição. São Paulo: LTr, 2005).
O direito econômico tem como objeto a “possibilidade do Estado interferir na atividade econômica para ordenar o mercado, nos moldes previamente definidos em sua ordem econômica”. (Direito Econômico. Fabiano Del Masso. Elsevier, 2007)
Consoante leciona Washington Albino, os agentes tratados na disciplina do direito econômico dinamizam a vida da sociedade e são, principalmente: 
1- O Estado: Também é considerado sujeito de direito econômico porque é responsável pela edição das normas que materializam a política econômica, e porque pode intervir no domínio econômico de diversas maneiras (como a atuação direta).
2- Os indivíduos: na sua manifestação de seu trabalho, como consumidor de bens ou serviços ou como usuário de serviços públicos.
3- As empresas: enquanto unidades de produção de bens e serviços e também enquanto consumidoras.
4- A coletividade: que representa sujeitos indetermináveis ou indeterminados de direito, titulares de interesses difusos, coletivo ou individuais homogêneos.
5- Órgãos internacionais ou comunitários.

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