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BIGAMIA Bigamia Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena - reclusão, de dois a seis anos. § 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos. § 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime BEM JURÍDICO TUTELADO O código penal protege a monogamia, que é a ordem jurídica matrimonial. SUJEITOS DO CRIME ● Sujeito Ativo Caput = É a pessoa já casada. Obs: O código penal fala expressamente em casamento, então não podemos aumentar o rol para a união estável, pois seria em malem partem. É um crime próprio e de concurso necessário. Parágrafo 1= Sujeito ativo será a pessoa não casada, isto é, solteira, viúva ou divorciada. Obs: testemunhas que sabiam que um dos nubentes era casado responde como partícipes fossem (Prado) ● Sujeito Passivo Primário = Estado Secundário = Cônjuge do primeiro casamento e/ou o cônjuge do segundo casamento, desde que de boa fé. QUESTÃO: Falando-se em sujeitos do crime, o Art 235 admite a participação? Tanto para o caput, quanto para o Parágrafo 1, Sim! Uma pessoa pode auxiliar, instigar e induzir outrem para se casar. OBS: Segundo Delmanto, se a pessoa for partícipe, ela responde pelo parágrafo 1 e não pelo caput, uma vez que a pena do caput é muito maior e o partícipe teria uma pena maior que a pessoa que se casou. CONDUTA Caput = Contrair novo casamento já sendo casado. A lei não exige que o casamento anterior seja válido, mas sim vigente. Logo, se o primeiro casamento for passível de ser nulo ou anulável, até que se declare, não pode se casar novamente. QUESTÃO: Contrair casamento com apenas a separação judicial configura como crime de Bigamia? Sim! Pois com a separação judicial o vínculo matrimonial ainda permanece. O mesmo vale para a declaração de ausência do cônjuge. OBS; Casamento religioso antes ou depois do civil não configura como crime de bigamia, uma vez que não é dotado de respaldo jurídico. No entanto, se o casamento religioso seguir o Art 226, §2, CF, então poderá ser considerado como crime. QUESTÃO: Uma pessoa casada contrai novo casamento com uma pessoa do mesmo sexo. É punível? Sim! Por força do julgamento da ADI 4277 e ADPF 132, o STF editou a Resolução 175/2013, que veda às autoridades competentes a recusa da celebração de casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Dessa forma, aplica-se o Art 235 do CP, uma vez que o casamento civil homoafetivo é equiparado ao casamento civil heterosexual. Conduta do §1 = Contrair casamento com pessoa casada sabendo desta circunstância. É uma exceção à teoria monista, uma vez que as pessoas que concorreram ao crime não responde pelo mesmo crime. AS CAUSAS DE EXTINÇÃO DO § 2 ANULADO OU NULO MEDIANTE SENTENÇA JUDICIAL O 1º CASAMENTO ANULÁVEL OU NULO MEDIANTE SENTENÇA JUDICIAL O 2º CASAMENTO Aqui, o 1º casamento é decretado nulo. Porém, é importante destacar que essa decretação deve ser logo a seguir ao 2º casamento. O efeito é ex tunc (retroage) Se o 2º casamento for passível de anulação, desde que não seja nulo por bigamia, então não há no que se falar do Art 235, uma vez que não há, juridicamente, o 2º casamento. QUESTÃO IMPORTANTE! Sabendo que para a realização do crime de bigamia é necessário que o agente declare falsamente o seu estado civil, é possível afirmar que o crime de falsidade é absorvido pelo de bigamia? Para responder essa pergunta, é imperioso reconhecer que para o agente praticar o crime de bigamia, então é necessário que ele declare, em documento público, que o mesmo é solteiro,viúvo ou divorciado. Isto é, a pessoa declara falsamente o seu estado civil, culminando no Art 239 (Falsidade Ideológica). Há uma parte da doutrina que afirma haver um concurso material, porém é necessário analisar a problemática a partir do critério de consunção. Para realizar a bigamia, é necessário que o sujeito, obviamente, pratique o delito de falsidade ideológica, sendo este então o crime-meio para a realização da contração do casamento (bigamia), que é o crime-fim. Dessa forma, o crime-fim absorve o crime meio, pois este é apenas uma etapa para a sua preparação. Obviamente que se o sujeito pretende realizar a bigamia, mas não começou a fase de execução deste crime, o mesmo responderá pelo Art 239. VOLUNTARIEDADE Caput = Dolo Direto ou Eventual. §1 = Dolo Direto CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consumado = É consumado quando é declarado perfeito o segundo casamento, dispensando a lavratura do termo. Apenas a manifestação das vontades é suficiente para a caracterização do crime. Tentado = A doutrina discorda. + - Mirabete e Fragoso. Diz que pode haver bigamia tentada quando se inicia o ato, mas por circunstâncias alheias à vontade do agente, o mesmo não declara a sua vontade. - Fernando Capez = Diz que os atos praticados para a realização da declaração de vontade são apenas atos preparatórios, não podendo ser já considerado ato de execução. O ato de execução é a manifestação de vontade, que é instantânea em sim ou não. Se surge alguém antes da declaração de vontade, não pode dizer que os atos já praticados eram de execução. AÇÃO PENAL Pública incondicionada Prescrição começa a partir do conhecimento do fato e não a partir do crime.
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