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Montes Claros/MG - 2012
Telma Borges 
Literatura Brasileira - 
Modernidade e Tendências 
Contemporâneas
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089 - Telefone: (38) 3229-8214
www.unimontes.br / editora@unimontes.br 
CATALOGADO PELA DIRETORIA DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES (DDI) - UNIMONTES
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
© - EDITORA UNIMONTES - 2012
Universidade Estadual de Montes Claros
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
Maria Ivete Soares de Almeida
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Huagner Cardoso da Silva 
EDITORA UNIMONTES
Conselho Editorial
Prof. Silvio Guimarães – Medicina. Unimontes.
Prof. Hercílio Mertelli – Odontologia. Unimontes.
Prof. Humberto Guido – Filosofia. UFU.
Profª Maria Geralda Almeida. UFG
Prof. Luis Jobim – UERJ.
Prof. Manuel Sarmento – Minho – Portugal.
Prof. Fernando Verdú Pascoal. Valencia – Espanha.
Prof. Antônio Alvimar Souza - Unimontes
Prof. Fernando Lolas Stepke. – Univ. Chile.
Prof. José Geraldo de Freitas Drumond – Unimontes.
Profª Rita de Cássia Silva Dionísio. Letras – Unimontes.
Profª Maisa Tavares de Souza Leite. Enfermagem – Unimontes.
Profª Siomara A. Silva – Educação Física. UFOP.
REVISÃO LINGUÍSTICA
Ângela Heloiza Buxton
Arlete Ribeiro Nepomuceno
Aurinete Barbosa Tiago
Carla Roselma Athayde Moraes
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor.
Luci Kikuchi Veloso
Maria Cristina Ruas de Abreu Maia
Maria Lêda Clementino Marques
Ubiratan da Silva Meireles
REVISÃO TÉCNICA
Admilson Eustáquio Prates
Cláudia de Jesus Maia
Josiane Santos Brant
Karen Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida
Káthia Silva Gomes
Marcos Henrique de Oliveira
DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE 
PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Andréia Santos Dias
Camilla Maria Silva Rodrigues
Clésio Robert Almeida Caldeira
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Francielly Sousa e Silva
Hugo Daniel Duarte Silva
Marcos Aurélio de Almeida e Maia
Patrícia Fernanda Heliodoro dos Santos
Sanzio Mendonça Henriques
Tatiane Fernandes Pinheiro
Tátylla Ap. Pimenta Faria
Vinícius Antônio Alencar Batista
Wendell Brito Mineiro
Zilmar Santos Cardoso
B732l Borges, Telma.
Literatura brasileira-modernidade e tendências contemporâneas / 
Telma Borges. – Montes Claros : Unimontes, 2012.
72 p. : il. color. ; 21 x 30 cm.
Caderno didático do Curso de Licenciatura em Letras/Português da 
Universidade Aberta do Brasil - UAB/Unimontes.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7739-203-2
1. Ensino superior. 2. Literatura Brasileira – Estudo e ensino. 3. 
Modernismo (Literatura). I. Universidade Aberta do Brasil - UAB. II. 
Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. III. Título.
 CDD 378.007
Chefe do Departamento de Ciências Biológicas
Guilherme Victor Nippes Pereira
Chefe do Departamento de Ciências Sociais
Maria da Luz Alves Ferreira
Chefe do Departamento de Geociências
Guilherme Augusto Guimarães Oliveira
Chefe do Departamento de História
Donizette Lima do Nascimento
Chefe do Departamento de Comunicação e Letras
Ana Cristina Santos Peixoto
Chefe do Departamento de Educação
Andréa Lafetá de Melo Franco
Coordenadora do Curso a Distância de Artes Visuais
Maria Elvira Curty Romero Christoff
Coordenador do Curso a Distância de Ciências Biológicas
Afrânio Farias de Melo Junior
Coordenadora do Curso a Distância de Ciências Sociais
Cláudia Regina Santos de Almeida
Coordenadora do Curso a Distância de Geografia
Janete Aparecida Gomes Zuba
Coordenadora do Curso a Distância de História
Jonice dos Reis Procópio
Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Espanhol
Orlanda Miranda Santos
Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Inglês
Hejaine de Oliveira Fonseca
Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Português
Ana Cristina Santos Peixoto
Coordenadora do Curso a Distância de Pedagogia
Maria Narduce da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Diretor de Educação a Distância da CAPES
João Carlos Teatini de Souza Clímaco
Governador do Estado de Minas Gerais
Antônio Augusto Junho Anastasia
Vice-Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto Coelho Júnior
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Nárcio Rodrigues
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela
Vice-Reitora da Unimontes
Maria Ivete Soares de Almeida
Pró-Reitora de Ensino
Anete Marília Pereira
Diretor do Centro de Educação a Distância
Jânio Marques Dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH
Antônio Wagner Veloso Rocha
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Chefe do Departamento de Artes
Maristela Cardoso Freitas
Autora
Telma Borges 
é doutora em Literatura Comparada pela UFMG e mestre em Teoria da Literatura 
pela mesma universidade. Professora do Programa de Pós-Graduação em Letras 
Estudos Literários e de Literatura Brasileira no Departamento de Comunicação e 
Letras da Universidade Estadual de Montes Claros.
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Modernismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Panorama Mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
1.2 Panorama Brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
1.3 Realização da Semana de Arte Moderna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
1.4 Os Manifestos Brasileiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
Primeira Geração de Modernistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
2.1 Oswald de Andrade - Poesia Pau Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
2.2 Mário de Andrade – Prefácio “A escrava que não é Isaura” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
2.3 Manuel Bandeira - Libertinagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.4 Carlos Drummond de Andrade - Alguma poesia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
Segunda Geração de Modernistas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
3.1 José Lins do Rego - Menino de Engenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.2 Graciliano Ramos - São Bernardo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
3.3 Lúcio Cardoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32
3.4 Érico Veríssimo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
Terceira Geração de Modernistas – literatura em transição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
4.1 João Cabral de Melo Neto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
4.2 Clarice Lispector . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
4.3 João Guimarães Rosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
4.4 Concretismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .52
Unidade 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
Tendências contemporâneas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
5.1 Rubem Fonseca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
5.2 Fernando Bonassi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
5.3 Milton Hatoum. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
5.4 Adriana Lunardi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65
Referências básicas e complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67
Atividades de Aprendizagem - AA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .73
9
Letras Português - Literatura Brasileira - Modernidade e Tendências Contemporâneas
Apresentação 
Caro(a) acadêmico(a),
Neste caderno, você encontrará as informações sobre um pouco da literatura brasileira dos 
séculos 20 e 21 – do Modernismo às tendências contemporâneas. Essas informações são apenas 
para que você empreenda mais uma parte da viagem pela história literária brasileira – agora de 
uma literatura que está cada vez mais perto da sua realidade. Como todo manual, este não esgo-
tará o assunto nem possui essa pretensão. As unidades são básicas, simples e apontam uma pos-
sibilidade de leitura dos textos e alguns autores que contribuíram para a literatura brasileira do 
último século e do atual. Sabemos, claro, da ausência de muitos autores, pois a disciplina é breve 
diante da quantidade de escritores e obras existentes; algumas delas ainda por serem levantadas 
e melhor estudadas, inclusive, mas você encontrará algumas dicas para que possa procurar por si 
mesmo(a) novas entradas nessa história e assim construir seu cânone. Tomamos a liberdade de 
selecionar alguns autores e temas que mais nos interessam e sem os quais um professor de Lite-
ratura Brasileira não pode ir para a sala de aula. 
Bom proveito e bem-vindo(a) a mais esta etapa da literatura brasileira!
A autora
11
Letras Português - Literatura Brasileira - Modernidade e Tendências Contemporâneas
UNIDADE 1 
Modernismo
Introdução
A Semana de Arte Moderna foi realizada 
em São Paulo, em 1922, por um grupo de jo-
vens que desejava revolucionar a literatura e 
a cultura brasileiras de um modo geral. A Se-
mana esteve ancorada em alguns movimentos 
das Vanguardas Europeias, portanto, antes de 
nos enveredarmos pela literatura modernis-
ta, você terá contato, ainda que breve, com 
os Manifestos das Vanguardas Europeias. O 
Dadaísmo teve início em Zurique, em 1915, 
durante a I Guerra Mundial. Liderado por Tris-
tan Tzara, o movimento iniciou-se no Cabaret 
▲
Figura 1: Antropofagia 
– Tarsila do Amaral.
Fonte: http://1.
bp.blogspot.com/_
eTYFCkyN5QY/TDOv6R-
0mTTI/AAAAAAAAAB0/
aXjWU_cBo7M/s1600/
tarsila-do-amaral-antro-
pofagia.jpg. Acesso em 
02.10.2010.
12
UAB/Unimontes - 7º Período
Voltaire. Em torno do seu líder havia poetas e 
artistas plásticos, dois deles desertores do ser-
viço militar alemão: Hugo Ball e Hans Arp.
Embora a palavra dada em francês signi-
fique cavalo de madeira, sua utilização marca 
o nonsense ou a falta de sentido que pode ter 
a linguagem (como na fala de um bebê). Para 
reforçar essa ideia, foi estabelecido o mito 
de que o nome foi escolhido aleatoriamen-
te, abrindo-se uma página de um dicionário e 
inserindo-se um estilete sobre ela. Como você 
pode imaginar, essa história serve para sim-
bolizar o caráter antirracional do movimento, 
claramente contrário à  I Guerra Mundial e aos 
padrões da arte estabelecidos na época. 
A princípio, o movimento não envolveu 
uma estética específica. As formas principais 
da expressão dadá foram o  poema aleató-
rio  e o  ready made. Sua tendência extrava-
gante e baseada no acaso serviu de base para 
o surgimento de inúmeros outros movimentos 
artísticos do século XX, entre eles o Surrealis-
mo, a Arte Conceitual, a Pop Art e o Expres-
sionismo Abstrato.
O Futurismo, por sua vez, foi um movi-
mento lançado pelo poeta italiano Marinetti, 
que pregava a velocidade onipresente, fazia 
apologia à máquina e à velocidade; enfim, ao 
mundo das coisas fabricadas. Seu Manifes-
to foi publicado no jornal francês Le Figaro, 
em 22 de fevereiro de 1909. Em uma das mui-
tas apologias que faz ao mundo da máquina, 
o Manifesto afirma: “o esplendor do mundo 
enriqueceu-se com a nova beleza: a beleza da 
velocidade. Um automóvel de carreira é mais 
belo que a Vitória de Samotrácia.” Na pin-
tura futurista a preocupação maior é captar, 
através da forma plástica, a velocidade dos ob-
jetos dispostos no espaço. No plano literário, 
uma das formas de essas alterações se mani-
festarem foi a partir do rompimento com a sin-
taxeclássica.
O Cubismo foi outra manifestação de 
vanguarda que teve expressividade no moder-
nismo brasileiro, principalmente na pintura de 
Tarsila do Amaral. Um dos objetivos do Cubis-
mo era buscar uma nova forma de expressão, 
tomando a geometria como parâmetro. Na 
poesia, o Cubismo expressava uma realidade 
fracionada, cujo propósito era desorganizar a 
cultura e chocar a sociedade. Um dos mais im-
portantes artistas plásticos desse período foi 
Pablo Picasso, pintor espanhol, autor do céle-
bre quadro “Guernica”.
O Surrealismo, por sua vez, rejeitava a 
ditadura da razão em favor da ilogicidade, da 
espontaneidade, do onírico e do sobrenatural. 
Esse movimento rejeitava a ideia de imitação 
através do fracionamento da realidade. Por 
isso, rompeu com a forma, pregando sua liber-
dade, além de pregar o anti-intelectualismo. 
Politicamente, essa Vanguarda se firma como 
um protesto contra uma civilização que não 
conseguiria evitar a guerra.
O quinto manifesto de vanguarda foi o 
Expressionismo, cuja principal característica 
foi produzir uma arte na qual predominasse o 
instinto. Nessa perspectiva, a dramaticidade, a 
subjetividade eram os conceitos privilegiados, 
uma vez que davam conta de explicitar com 
nitidez o sentimento humano. Sentimentos 
como o amor, o medo, o ciúme, a angústia, 
a solidão, a miséria humana são recorrente-
mente explicitados, no campo da pintura, por 
exemplo, a partir de deformações na figura, 
seja pelo uso de cores irreais, seja pelo uso 
inusitado das pinceladas, tudo com o objetivo 
de deixar em evidência o sentimento humano.
As principais características do Expressio-
nismo são: pesquisa dos estados psicológicos 
humanos; uso de cores vibrantes, resplande-
centes, fundidas ou separadas; dinamismo; 
técnica violenta das pinceladas através do uso 
de pasta grossa; preferência pelo patético, 
sombrio. Dentre os pintores, destacamos Paul 
Gauguin, Toulouse-Lautrec, Paul Cézanne; 
Paul Klee; Vicent Van-Gogh, Edward Munch.
1.1 Panorama Mundial
Todas estas questões, é claro, estão relacionadas a um panorama mundial específico, que 
passamos a enumerar:
GLoSSárIo
Nonsense: termo origi-
nário do inglês, que sig-
nifica algo disparatado, 
sem nexo. Na literatura, 
é utilizado para carac-
terizar determinados 
textos em que o humor 
resulta do rompimento 
com a lógica. Tanto o 
Surrealismo quanto o 
Dadaísmo exploraram o 
nonsense.
Poema aleatório: po-
ema elaborado sem o 
uso de qualquer princí-
pio lógico ou de Manu-
ais de poesia. No caso 
do Dadaímo, uma das 
propostas era produzir 
poesia a partir de frases 
recortadas de jornais e 
depois aleatoriamente 
pregadas no papel. 
ready made: significa 
confeccionado, pronto. 
Expressão criada em 
1913, pelo artista fran-
cês Marcel Duchamp, 
para designar qualquer 
objeto manufaturado 
de consumo popular, 
tratado como objeto 
de arte por opção do 
artista.
Figura 2: Dada matin – 
Theo van Doesburg.
Fonte: http://upload.
wikimedia.org/wiki-
pedia/commons/5/50/
Theo_van_Doesburg_
Dadamatin%C3%A9e.jpg, 
acesso em, 04/09/2011.
►
13
Letras Português - Literatura Brasileira - Modernidade e Tendências Contemporâneas
GLoSSárIo
Expressionismo 
abstrato: primeiro mo-
vimento artístico com 
origens nos EUA que 
teve influência mun-
dial, além de colocar 
Nova Iorque no centro 
do mundo artístico. O 
movimento tem esse 
nome por combinar 
as características do 
Expressionismo alemão 
e da estética antifi-
gurativa das escolas 
abstratas.
Vitória de Samotrácia: 
escultura que represen-
ta uma deusa grega. 
Seus pedaços foram 
descobertos em 1863 
nas ruínas do Santuário 
dos grandes deuses.
Onírico: diz respeito 
a ou tem o caráter a 
natureza do sonho.
Arte Conceitual: 
concepção artística 
que defende que os 
conceitos são a matéria 
da arte, por isso a arte 
passa a ser defendida 
como uma linguagem. 
O termo foi utilizado 
pela primeira vez por 
Henry Flynt, em 1961.
Pop Art: movimento 
estético surgido nos 
aos 30 na Europa e nos 
anos 40 nos EUA, cuja 
proposta era admitir a 
crise da arte do século 
XX. Toda a produção 
pop pretendia demons-
trar o quando a cultura 
popular capitalista 
estava massificada.
•	 1914 – I Guerra Mundial;
•	 1917 – Queda do Czar da Rússia e imposição do stalinismo;
•	 1919 – Mussolini propõe o fascismo com base no Futurismo;
•	 fundação do Partido Nacional Socialista dos Operários Alemães;
•	 o continente americano liberta-se da dominação europeia e torna-se o eixo político do 
mundo;
•	 a América ingressa na corrente capitalista universal.
Esses acontecimentos nos dão uma ideia do quanto o mundo passava por radicais altera-
ções em seu panorama político, econômico e, consequentemente, cultural. Com certeza, essas 
alterações refletem intensamente no modo de se pensar e de se fazer arte.
1.2 Panorama Brasileiro
No caso brasileiro, além de indiretamente sermos atingidos pelas mudanças mundiais, acon-
tecimentos importantes em nosso território dão o tom das mudanças radicais pelas quais passá-
vamos. Listemos algumas delas:
•	 saneamento econômico de Campos Sales;
•	 saneamento público de Oswaldo Cruz;
•	 urbanização de Pereira Passos: docas, portos edifícios;
•	 luz elétrica; radiotelegrafia; ferrovias: adentramento do sertão;
•	 fábricas; usinas; 
•	 desenvolvimento da agricultura: café (82,5%); cacau; açúcar;
•	 Miguel Calmon: em oito anos possibilitou a entrada de quase 1 milhão de imigrantes;
•	 Rio Branco: desenha definitivamente a fisionomia geográfica do Brasil;
•	 difusão do marxismo: operários X oligarquia paulista;
•	 greve dos operários de 1917 (convulsiona o estado e abala os alicerces da aristocracia rural.
Essas mudanças substanciais no plano político e econômico brasileiro convulsionaram a 
nossa realidade; o progresso tornou-se uma realidade visível em grandes centros, como São Pau-
lo. No plano cultural, essas alterações ocorreram na mesma velocidade e foram, paulatinamente, 
contribuindo para o que viria a ser a virada histórica modernista, como você pode perceber pela 
síntese dos acontecimentos listados abaixo:
•	 1913 – Exposição expressionista de Lasar Segall, artista plástico que, em 1923, mudou-se de-
finitivamente para o Brasil. Na ocasião, já era um artista conhecido. Mas foi aqui, segundo o 
autor, que sua arte conheceu o “milagre da luz e da cor”. Foi um dos primeiros artistas mo-
dernos a expor no Brasil.
•	 1914 – Anita Malfatti – Estudos de pintura impressionista em Berlim e do cubismo nos Esta-
dos Unidos; pinta o primeiro nu cubista;
•	 jornais como importantes meios de divulgação da literatura. 
•	 1916 – Carta de Lobato a Godofredo Rangel; Oswald de Andrade publica colaborações futu-
ristas na revista Vida Moderna.
•	 1917 – Oswald de Andrade publica conferência de Mário de Andrade, a partir da qual ele 
inicia a luta pela renovação das letras nacionais; publicação de Há uma gota de sangue em 
cada poema: “Inverno” / De noite tempestuou / Chuva de neve e granizo... / Agora, calma e 
paz. Somente o vento / Continua com seu oou... O exagero da rima é visto por Oswald como 
inovação. A crítica reage ao tom de certos poemas, a despeito da harmonia progressista da 
maioria deles e temas de natureza nacionalista;
•	 Menotti Del Picchia publica Juca Mulato, de teor nacionalista; Manuel Bandeira publica Cinza 
das horas, nitidamente um livro de transição para o modernismo; 
•	 exposição de Anita Malfatti – resultado de anos de investimento, que expressa uma arte 
adiantada para o contexto brasileiro; 
•	 Monteiro Lobato publica o artigo “Paranoia ou mistificação”, cujo título já dá o tom de suas 
críticas ao trabalho de Anita. Como consequência, a artista transforma-se na protomártir do 
Modernismo.
•	 1919 – descoberta de Victor Brecheret – escultor que representaa vitória da causa moder-
nista e do espírito renovador.
14
UAB/Unimontes - 7º Período
•	 1920 – jornais são usados para polemizar e ridicularizar o espírito academicista e conser-
vador.
•	 1921 – intensificam a divulgação das ideias renovadoras – deixam marcada sua posição 
divisionista;
•	 Menotti del Picchia fixa o programa teórico de embasamento da ação modernista. Prin-
cípios publicados no artigo: “A maré das reformas”, de 24 de janeiro de 1921, no Correio 
Paulistano: 
a. rompimento com o passado;
b. independência mental brasileira;
c. nova técnica para representação da vida;
d. outra expressão verbal para a criação literária;
e. combate ao statu quo.
•	 negação à trindade étnica brasileira, com base na vida cosmopolita de São Paulo, afinal ou-
tras etnias já haviam migrado para o país e integravam a realidade da época;
•	 poupam apenas o Simbolismo – Inspirador de muitas atitudes modernistas;
•	 o artigo “Meu poeta futurista”, de Oswald de Andrade a Mário de Andrade projeta este como 
líder do movimento modernista;
•	 7 artigos da série “Mestres do passado”, publicados por Mário de Andrade, reconhecem em 
alguns poetas parnasianos e simbolistas sua importância para a literatura brasileira, mas os 
consideram como poetas de missão cumprida;
•	 uso corriqueiro e excessivo do vocábulo “futurismo”;
•	 o grupo que lidera o movimento parte para o Rio de Janeiro em busca de adeptos; Graça 
Aranha retorna ao Brasil.
Diante desse panorama, parece estar formado o cenário para que ocorra A Semana de Arte 
Moderna.
1.3 Realização da Semana de Arte 
Moderna
A Semana de Arte Moderna não esteve 
apenas preocupada com a literatura, mas com 
as artes de um modo geral, principalmente as 
artes plásticas. Portanto, a literatura em prosa 
e verso, a pintura, a escultura, a arquitetura e 
a música estavam todas presentes durante 
o evento. A livraria e editora “O Livro” seria o 
ponto de encontro para as Conferências e Ex-
posições que, posteriormente, foram para o 
Teatro Municipal. 
Graça Aranha, apesar de fazer parte da 
velha geração, é introduzido nas discussões 
por Menotti del Picchia, tornando-se respon-
sável por uma das conferências. Como padri-
nho do movimento, os jovens tiveram o di-
plomata e membro da Academia Brasileira de 
Letras, Cândido Mota Filho. A Semana aconte-
ceu de 11 a 18 de fevereiro de 1922 e contou 
com a seguinte programação: 
•	 artes plásticas: Anita Malfatti, Ferrignac, 
Almeida Prado, John Graz, Martins Ribei-
ro, Vicente do Rego Monteiro e Zina Aita;
•	 escultura: Victor Brecheret e W. Haerbeg;
•	 arquitetura: Antônio Moya e George Przi-
rembel;
•	 música: Vila Lobos e Guiomar Novais; 
•	 dança: Yvonne Daumerie.
O evento estava organizado em 3 espetá-
culos a serem realizados nos dias 13, 15 e 17 de 
Figura 3: Cartaz da 
Semana de Arte 
Moderna.
Fonte: http://www.
presenteparahomem.
com.br/wp-content/uplo-
ads/2009/12/semana-de-
-arte-moderna-de-1922.
jpg. Acesso 02/10/2010.
►
DICA
1. Para ler o Manifesto 
Cubista na íntegra, 
acesse o site http://
www.artevisualen-
sino.com.br/index.
php?option=com_
docman&task=doc_vie
w&gid=48&tmpl=com
ponent&format=raw&
Itemid=22. Acesso em 
28/08/2010.
2. Leia o manifesto 
Futurista na íntegra 
em http://entrelinhas.
livejournal.com/53219.
html. Acesso em 
28/08/2010.
3. Para ler o Manifesto 
Surrealista, acesse 
http://www.culturabra-
sil.org/zip/breton.pdf. 
Acesso em 30/08/2010.
4. Acesse o site http://
www.portalsaofran-
cisco.com.br/alfa/
expressionismo/expres-
sionismo-4.php, para 
ler sobre o Manifesto 
Expressionista. Acesso 
em 15/09/2011.
5. Vá ao site http://12-
-efe.blogspot.
com/2007/04/manifes-
to-dadasta.htmle leia 
o Manifesto Dadaísta. 
Acesso em 15/09/2011.
15
Letras Português - Literatura Brasileira - Modernidade e Tendências Contemporâneas
fevereiro. No dia 13, aconteceu a conferência de 
Graça Aranha, intitulada “A emoção estética na 
arte moderna”; a poesia de Guilherme de Almei-
da e Ronald de Carvalho; o concerto de Vila Lo-
bos: “Três Danças Africanas”; 3 solos de piano, de 
Ernani Braga, e a conferência de Ronald de Car-
valho: “A pintura e a escultura moderna no Brasil”
No dia 15 aconteceu a conferência de Me-
notti del Picchia: “Arte Moderna”; declamações 
de Mário de Andrade e Ronald de Carvalho; 
a leitura de trechos de “Os condenados”, de 
Oswald de Andrade; a leitura de “Os pássaros 
de aço”, por Agenor Barbosa; a dança ficou por 
conta de Yvonne Daumerie; o concerto musi-
cal a cargo de Guiomar Novais.
No dia 17, considerado o dia mais tranqui-
lo, apresentaram-se Villa Lobos e vários músi-
cos. O público que vaiara intensamente nos 
outros dias, além de reduzido, comportava-se 
de forma mais respeitosa, não fosse Villa Lo-
bos ter entrado de fraque, mas com um pé cal-
çado com um sapato, e outro com chinelo. A 
vestimenta é interpretada como uma atitude 
futurista e desrespeitosa; o artista é, por isso, 
impiedosamente vaiado. Mais tarde, o maestro 
explicaria que não se tratava de modismo e, 
sim, de um calo inflamado.
A reação dos jornais deu o tom do conser-
vadorismo da sociedade da época. Mas, a des-
peito dessas reações, o evento renovou a men-
talidade nacional, pois reivindicava a autonomia 
artística e literária brasileira, além de apresentar 
para o Brasil o século XX. Na opinião de Paulo 
Prado, o evento significou o início de um pro-
cesso de saneamento intelectual para o Brasil.
O movimento foi um divisor de águas na 
história da nossa literatura e um acirrador das 
polêmicas que vieram depois. Os principais 
veículos de divulgação dessas ideias foram os 
jornais, os prefácios (de livros e revistas) e as 
revistas propriamente ditas. A título de exem-
plo, listemos algumas delas: 
•	 Anta – verdeamarelismo, ou seja, nacio-
nalismo exacerbado, síntese racial, defen-
dia o fortalecimento do poder contra as 
ideológicas forasteiras, conjunção da arte 
com o senso econômico-social; análise da 
vida brasileira; 
•	 Estética – Rio de Janeiro: Prudente de Mo-
rais Neto e Sérgio Buarque de Holanda;
•	 revista – Minas Gerais: Carlos Drum-
mond de Andrade, Emílio Moura e Mar-
tins de Almeida;
•	 revista do Brasil – São Paulo: Paulo Pra-
do e Monteiro Lobato atraem a colabora-
ção modernista;
•	 Terra roxa e outras terras – Antônio 
Couto de Barros, Antônio de Alcântara 
Machado;
•	 revista de Antropofagia: Murilo Men-
des, Carlos Drummond de Andrade, Ab-
gar Renault, Pedro Nava, Emílio Moura, 
Aníbal Machado;
•	 Leite Crioulo: João Dornas filho; 
•	 Verde – Cataguases (MG);
•	 Madrugada (RS) – Augusto Meyer e 
outros;
•	 Arco e Flecha (BA) – Carlos Chiachio e 
outros;
•	 Faminaçu (PA) – Abguar Bastos.
Pela listagem acima, percebemos que 
houve uma conquista dos grupos de direito à 
permanente pesquisa estética; atualização da 
inteligência artística brasileira; estabilização de 
uma consciência criadora nacional. 
1.4 Os Manifestos Brasileiros
Assim como fizeram os expoentes da 
vanguarda europeia, os poetas modernistas 
também produziram alguns manifestos, que 
eram uma espécie de palavra de ordem, ou de 
fundamentação teórica do que deveria ser a 
literatura na prática. Oswald de Andrade pro-
duziu dois importantes manifestos; são eles o 
“Manifesto pau-brasil”, de 1924, e o “Manifesto 
antropófago”, de 1928. Para exemplificação, 
vamos analisar o manifesto de 1928.
A palavra-chave do Manifesto antropófa-
go é antropofagia que, literalmente, significa 
devoração humana. Para Oswald de Andrade, 
este seria o meio através do qual nós brasilei-
ros poderíamos subverter o processo coloni-
zador; seria um movimento contra a cateque-
se colonizadora e contra os importadores da 
consciência enlatada.
Para compreensão do Manifesto, você 
precisa percorrer umamplo espaço de tempo, 
aquele que circunscreve a noção do que é a 
história do Brasil oficial e a não oficial. O texto, 
por isso, abarca a existência de personagens 
extra-oficiais, como o Bispo Sardinha, devora-
do pelos indígenas no período da catequese, 
e vai até 1928, exibindo diversos flashes da 
história e do perfil do Brasil: etnia; culinária; 
religiões autóctones e importadas; a sexuali-
dade latente nos trópicos; além da repressão 
ocidental sobre a vida pessoal do brasileiro. 
▲
Figura 4: Capa da 
1ª edição da revista 
Klaxon.
Fonte: http://29.media.
tumblr.com/SjCLXBJF6g-
nvgt07y32W0t3Do1_400.
jpg. Acesso em 
03/03/2010.
GLoSSárIo
Aforismo: máxima ou 
sentença que, em pou-
cas palavras, explicita 
regra ou princípio de 
alcance moral. Tem por 
sinônimo expressões 
como dito popular, 
ditado popular.
16
UAB/Unimontes - 7º Período
Nessa perspectiva, podemos dizer que Oswald 
relê, às avessas, a formação histórica do Brasil. 
De maneira irônica, escolhe começar essa lei-
tura pelo banquete antropofágico do referido 
Bispo, realizado pelos índios em 1556.
A estrutura do texto está organizada de 
forma fragmentada, faz usos da bricolagem, o 
que dá a ideia de uma escrita confusa. Por isso, 
a apreensão do conteúdo ocorre somente de-
pois de todo o texto lido. A linguagem segue o 
estilo dos prólogos e dos prefácios: são textos 
que propõem muitas coisas sem que neces-
sariamente seus autores as tenham realizado. 
Quanto à composição, o texto tem a estrutura 
de aforismos: evidencia uma significação apa-
rentemente desconexa em relação ao todo do 
texto. Os fragmentos aforismáticos se somam 
para fornecer visão mais abrangente, ainda 
que incompleta. Essa linguagem despida de 
recursos grandiloquentes e academicizantes 
resulta em um texto que se oferece sem re-
sistência. Algumas frases lapidares criam um 
humor que se alia à despretensão intelectuali-
zante, que é a tônica geral do Manifesto.
A antropofagia no manifesto resulta num 
procedimento cultural que implica no ato 
conscientizador da brasilidade, devorando do 
outro sua essência. O riso, somado à ironia, 
corrobora o gesto antropofágico de devoração 
do estrangeiro, como faziam os índios ao se 
apropriarem e imolarem o corpo do inimigo, 
para dele extrair a essência.
O riso, somado à crítica, ao sarcasmo e à 
mordacidade de Oswald funcionam como ins-
trumentos desconstrutores de todo um corpo 
socialmente imposto pelo colonizador e que 
não responde às reais necessidades da nação 
brasileira. A título de exemplo, analisemos o 
excerto “Tupy or not tupy”, do Manifesto. A frase 
que origina essa construção de Oswald está em 
William Shakespeare, no Hamlet, cujo original 
é “To be or not to be”. A noção trágica evidente 
no original shakespeariano cede lugar à ironia e 
ao humor, pois, no contexto brasileiro, fica evi-
dente que Oswald propõe assumirmos o “tupy” 
para, em contraposição, negarmos o “not tupy” 
colonizador. Por esse exemplo, percebe-se que 
o objetivo essencial da antropofagia é “a busca 
de uma brasilidade que possa dar conta da nos-
sa multiplicidade” etno-cultural.
A proposta de Oswald de Andrade é, em 
síntese, a de que há um caminho possível que 
nos permita ir ao encontro do que é ser bra-
sileiro, revelando as incoerências e absurdos 
que nos fundaram. Assim, a antropofagia re-
sulta numa forma de aniquilar o complexo bi-
nário de exclusão que nos serviu de base para 
o pensamento crítico, principalmente a partir 
do Romantismo.
A antropofagia desencadeia a consciência 
do diferente e serve, portanto, como metáfo-
ra-chave do Manifesto oswaldiano, que pres-
supõe a incorporação dos atributos positivos 
do outro, não mais a submissão a ele, como foi 
no Romantismo. Nesse sentido, a antropofagia 
conduz a uma espécie de composição, cuja es-
sência é, paradoxalmente, explicitar a diferen-
ça que a compõe: a absorção do inimigo sacro. 
Por fim, o manifesto é um libelo em favor da 
heterogeneidade composicional da cultura 
brasileira, para fazer frente ao panorama cultu-
ral advindo da Europa.
Referências
ANDRADE, Oswald. Poesia Pau-Brasil. São Paulo: Globo, 2000.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1975.
SODRE, Nelson Weneck. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1964.
TELLES, Gilberto Mendonça. Vanguardas europeias e Modernismo brasileiro. Rio de Janeiro: 
José Olympio, 1984.
SODRE, Nelson Werneck. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1964.
RAMOS, Péricles Eugênio da Silva. Do Barroco ao Modernismo. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e 
Científicos, 1979.
Sites Consultados
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cBo7M/s1600/tarsila-do-amaral-antropofagia.jpg. Acesso em 02/10/2010.
DICA
Leia o Manifesto antro-
pófago na íntegra em 
http://www.lumiarte.
com/luardeoutono/
oswald/manifantro-
pof.html. Acesso em 
30/09/2010.
17
Letras Português - Literatura Brasileira - Modernidade e Tendências Contemporâneas
Disponível em: http://www.artevisualensino.com.br/index.php?option=com_
docman&task=doc_view&gid=48&tmpl=component&format=raw&Itemid=22. Acesso em 
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php. Acesso em 15/09/2011.
Disponível em: http://www.presenteparahomem.com.br/wp-content/uploads/2009/12/semana-
-de-arte-moderna-de-1922.jpg. Acesso 02/10/2010.
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aXjWU_cBo7M/s1600/tarsila-do-amaral-antropofagia.jpg. Acesso em 02.10.2010.
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-de-arte-moderna-de-1922.jpg. Acesso 02/10/2010.
Disponível em: http://29.media.tumblr.com/SjCLXBJF6gnvgt07y32W0t3Do1_400.jpg. Acesso em 
03/03/2010.
Disponível em: http://12-efe.blogspot.com/2007/04/manifesto-dadasta.html. Acesso em 
15/09/2011.
Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/50/Theo_van_Doesburg_
Dadamatin%C3%A9e.jpg, acesso em 04/09/2011. 
Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/50/Theo_van_Doesburg_
Dadamatin%C3%A9e.jpg. Acesso em, 04/09/2011. 
19
Letras Português - Literatura Brasileira - Modernidade e Tendências Contemporâneas
UNIDADE 2 
Primeira Geração de Modernistas
Introdução
Nesta unidade, trabalharemos a produção literária de quatro representantes da primei-
ra geração de modernistas, momento de grande efervescência cultural, política e econô-
mica no país. São eles: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Carlos 
Drummond de Andrade. Os dois primeiros lideraram os movimentos que culminaram na 
Semana de Arte Moderna; Bandeira teve seu poema “Os sapos” recitado numa das noites 
do evento. Carlos Drummond de Andrade só estreia em 1930 na literatura, mas com certe-
za, morando em Belo Horizonte, acompanhava o movimento e dele participava publicando 
muitos dos poemas que dão corpo ao seu primeiro livro Alguma poesia.
▲
Figura 5: escritores 
modernistas de 
diferentes gerações.
Fonte:http://1.
bp.blogspot.
com/_71zUUJ2kX6U/
SlTyeg-4UdI/AAAAAAAA-
Aq4/nr1TYXDuucs/s400/
Modernismo.jpg, acesso 
em 01/11/2011
20
UAB/Unimontes - 7º Período
2.1 Oswald de Andrade - Poesia 
Pau Brasil
Antes de começar a ler o texto abaixo, breve exposição sobre um 
poema de Oswaldde Andrade, a proposta é que você visite o site do 
Museu da Língua Portuguesa: http://www.museulinguaportuguesa.
org.br/exposicoes.php e nele localize o ícone que remete à exposição 
em homenagem a Oswald de Andrade, intitulada “Oswald de Andrade: 
o culpado de tudo” e passeie pelo site do museu também. Leia o que 
puder sobre Oswald de Andrade, faça uma síntese do que disser res-
peito à vida do autor e apresente-a no fórum de discussão. Não vale 
queimar etapas. Feito isso, prossiga com a leitura que se segue. 
O poema que você vai ler agora faz parte do livro Poesia Pau 
Brasil, um dos mais engajados de Oswald de Andrade, no que diz 
respeito aos projetos para revolucionar a poesia brasileira e inseri-la 
estética e ideologicamente no século 20. Analisemos o poema “Pobre 
alimária”, da seção “Postes da light”; nele você terá a oportunidade de 
perceber de que maneira Oswald concebeu essa proposta.
PoBrE ALIMárIA 
O cavalo e a carroça 
Estavam atravancados no trilho 
E como o motorneiro se impacientasse 
Porque levava os advogados para os escritórios 
Desatravancaram o veículo 
E o animal disparou 
Mas o lesto carroceiro 
Trepou na boleia 
E castigou o fugitivo atrelado 
Com um grandioso chicote. (ANDRADE, 1925, p. 71).
No texto “A carroça, o bonde e o poeta modernista”, Roberto Schwarz, ao analisar o poema 
“Pobre alimária”, de Oswald de Andrade, afirma que o autor encontrou uma fórmula fácil e eficaz 
para ver o Brasil. Através de matéria-prima obtida mediante duas operações de contiguidade – o 
Brasil colônia (representado pelo cavalo, pela carroça e pelo carroceiro) e o Brasil burguês (repre-
sentado pelo transporte coletivo, pelo motorneiro e pelos profissionais liberais [advogados]) – o 
poeta encontra o fundamento realista à alegoria do “ovo de Colombo”, mencionada por Paulo 
Prado no prefácio ao livro Poesia pau Brasil. 
O ufanismo crítico de Oswald tem uma feição otimista, pois expõe o descompasso histó-
rico da nossa formação, e o faz com liberdade e irreverência, contradizendo e combatendo o 
academicismo de escolas literárias precedentes. Essa postura demonstra a nítida relação com a 
vanguarda europeia, pois combina soluções antitradicionais com a matéria antiga. 
No cenário urbano no qual a cena se desenvolve, a São Paulo dos anos de 1920, duas rea-
lidades distintas convivem entre si: a cidade adiantada, moderna, e a cidade atrasada, antiga. O 
bonde, o motorneiro, os advogados e os escritórios para onde eles se dirigem fazem parte de 
uma sociedade simples, a despeito do progresso que altera sua superfície e entranhas. Chama-
mos de sociedade simples porque não há diversidade de profissões, o que relativiza tal progres-
so, que exigia também engenheiros e outras profissões, mas o bonde está lotado com um bata-
lhão de bacharéis em direito. Não há como negar o deboche de Oswald ao lado doutor.
De outro lado, temos a carroça, o carroceiro e o cavalo, o mundo atrasado a atravancar o 
progresso, do qual o bonde é a expressão. Aqui são, portanto, mundos, tempos e classes sociais 
contrastantes dividindo o mesmo espaço. Há, contudo, certo equilíbrio entre os antagonistas. 
Veja como isso se manifesta. 
Ao se impacientar com a carroça atravessando os trilhos, o motorneiro se identifica com 
aqueles a quem transporta, não com o carroceiro, que a ele se assemelha na estrutura tra-
ATIVIDADE
Depois de ter visitado 
o site do museu, faça 
uma síntese compa-
rativa entre o texto 
que escrevi para você 
neste caderno e as 
informações retiradas 
do passeio virtual que 
você fez pelo site do 
Museu da Língua Portu-
guesa, onde encontrou 
mais informações sobre 
Oswald de Andrade.
▲
Figura 6: Oswald de 
Andrade.
Fonte: http://1.
bp.blogspot.com/_FQTvla-
qpcOo/TFILKeZTOBI/
AAAAAAAAAWs/
zeKVCD_1FNw/s1600/
oswald_de_andrade.
jpghttp://1.bp.blogspot.
com/_FQTvlaqpcOo/TFI-
LKeZTOBI/AAAAAAAAA, 
Ws/zeKVCD_1FNw/s1600/
oswald_de_andrade.jpg. 
Acesso em 03/10/2010.
21
Letras Português - Literatura Brasileira - Modernidade e Tendências Contemporâneas
balhista. Ou seja, pertencem à mesma classe, mas rivalizam entre si, porque não se identifi-
cam; porque o motorneiro expressa o ponto de vista dos advogados, desconta sua raiva no 
carroceiro, que desconta no cavalo. Os advogados, por sua vez, talvez estejam apoiados em 
títulos, prestígios e modos emprestados de sociedade mais ilustre. Ou seja, tanto advogados, 
motorneiro, carroceiro quanto animal suspiram por uma vida melhor.
No que diz respeito à modernidade e à modernização, estão todos integrados ao esquema 
da autoridade tradicional conservadora pessoal, não impessoal. Temos, portanto, uma socieda-
de baseada na cordialidade: relações baseadas no afetivo. No que diz respeito à composição do 
Brasil: carroça, trilhos e escritórios refletem o programa primitivista de vanguarda pregado por 
Oswald no “Manifesto da poesia Pau Brasil”.
Esse poema sugere um “causo” observado, cujo narrador expressa o modo rude e espirituo-
so do interior paulista. Ao observar essas incongruências entre o antigo e o moderno, percebe-
mos a existência de um sujeito vanguardista, que realiza o registro coisista da vida, colocando 
em oposição as aparências, que não enganam, e as aparências inflacionadas de liberdade. Essa é 
a marca modernista do poema. 
Na tentativa de se igualar aos passageiros (advogados) o motorneiro se arrisca a um gesto 
heroico de desatravancar o trilho, mas é sabotado pela linguagem inculta que utiliza. Em síntese, 
pode-se dizer que há uma sobreposição de coordenadas incongruentes: arte de vanguarda e ciu-
meiras da província; carroças e escritórios. 
Em síntese, o poema caçoa de um tipo atrasado de progresso, o qual, para se configurar, 
precisa de outro mais adiantado. Esse desnível pode ser medido através da adoção conservadora 
de alguns melhoramentos e a racionalidade revolucionária do século XX. Há ainda, da parte de 
Oswald de Andrade, a capacidade de explicitar uma condição histórico-prática, sem situar o po-
ema na história. Some-se a isso a ausência de saudosismos e essa fórmula de que fala Schwarz, 
que autorizou o mito do Brasil não oficial.
2.2 Mário de Andrade – Prefácio 
“A escrava que não é Isaura”
Dada a importância que Mário de Andrade tem para as letras e cultura brasileiras de um 
modo geral, ele praticamente dispensa apresentações. Portanto, trago para você uma breve 
curiosidade sobre o início da carreira dele como escritor, ou seja, de como surgiu seu primeiro 
poema, cantado com palavras inventadas. Quem registra o ocorrido é Homero Senna, no livro 
república das Letras: 
O estalo veio num desastre da Central durante um piquenique de subúrbio. Me 
deu de repente vontade de fazer um poema herói-cômico sobre o sucedido, 
e fiz. Gostei, gostaram. Então continuei. Mas isso foi o estralo apenas. Apenas 
já fizera algumas estrofes soltas, assim de dois em três anos; e aos dez, mais 
ou menos, uma poesia cantada, de espírito digamos super realista, que desgos-
tou muito minha mãe. “— Que bobagem é essa, meu filho?” — ela vinha. Mas 
eu não conseguia me conter. Cantava muito aquilo. Até hoje sei essa poesia de 
cor, e a música também. Mas na verdade ninguém se faz escritor. Tenho a cer-
teza de que fui escritor desde que concebido. Ou antes... Meu avô materno foi 
escritor de ficção. Meu pai também. Tenho uma desconfiança vaga de que refi-
nei a raça... (SENNA, 1996, s. p.).
O tom bem humorado com que conta o fato já demonstra parte do talento de Mário de Andra-
de com as artes de um modo geral. Como sua bibliografia é muito extensa, trago para apresentação 
apenas alguns livros, os mais conhecidos por nós, leitores. São eles: Há uma gota de sangue em 
cada poema (1917) livro de estreia, na transição para o modernismo, cenário no qual sua literatura 
iria se firmar. Paulicéia desvairada (1922) é o livro que nascejunto com o modernismo propaga-
do pelo grupo de intelectuais do qual Mário fazia parte. Em 1925 é publicado A escrava que não é 
Isaura, de cujo prefácio trataremos a seguir. Losango cáqui vem a público em 1926; o clã do jabuti 
e Amar, verbo intransitivo, em 1927. 
Em 1928, são publicados Ensaios sobre a música brasileira e Macunaíma, uma de 
suas melhores produções. Macunaíma também foi transformado em filme de grande suces-
GLoSSárIo
Ararat: montanha que 
fica na fronteira entre o 
Irã e a Turquia, que per-
tence a este último. Na 
tradição judaico-cristã, 
o Monte Ararat é o lu-
gar onde supostamente 
estaria localizada a Arca 
de Noé. 
Velocino: segundo a 
mitologia grega, é a 
lã de ouro do carneiro 
alado Crisómalo. Conta-
-se que esse carneiro 
estava pendurado num 
carvalho sagrado na 
Cólquida, e foi retirado 
de lá por Jasão e os 
argonautas.
Coturno: coturno é 
geralmente um bota 
que o soldado utiliza 
para toda e qualquer 
situação.
Peplo: espécie de 
túnica utilizada pelas 
mulheres na Grécia 
Antiga.
Ignara: indivíduo 
ignorante, imprudente, 
parvo.
22
UAB/Unimontes - 7º Período
so em 1969. Compêndio da história da música foi publicado em 
1929, reescrito como Pequena história da música brasileira e pu-
blicado em 1942.
Em 1930, temos a edição de Modinhas imperiais e remate de ma-
les. Música, doce música veio a público em 1933. Belasarte foi publicado 
em 1934; o Aleijadinho de álvares de Azevedo e Lasar Segall, em 1935; 
Música do Brasil e Poesias surgiram em 1941.
Em 1942, publica o movimento modernista, texto onde faz um ba-
lanço da Semana de Arte Moderna de 1922. No ano seguinte, 1943, sai 
Aspectos da literatura brasileira, um de seus mais férteis estudos literá-
rios sobre a literatura brasileira. o empalhador de passarinhos é de 1944; 
Lira paulistana, 1945; o carro da miséria e Contos novos, 1947; o ban-
quete, 1978 e Será o Benedito!, 1992. 
O prefácio “A escrava que não é Isaura” é uma paródia do romance 
romântico A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. No caso de Mário de 
Andrade, a escrava mencionada é a poesia. Portanto, o que o autor faz é 
uma espécie de parábola: narração figurativa que, por meio de compara-
ções, um conjunto de elementos evoca outras realidades, tanto fantásticas 
quanto reais. Qual é, para você, a parábola de Mário de Andrade? Vejamos: 
a poesia é uma mulher nua, a quem os poetas foram floreando, enchendo 
de adereços no decorrer da história da literatura. Arthur Rimbaud, poeta 
do simbolismo francês, tirou-lhe os excessos, deixando-a nua novamente. 
Com esse poeta nasceu, na concepção de Mário de Andrade, a poesia mo-
derna.
A partir do mito bíblico da criação, o de que Deus primeiro fez Adão e de sua costela fez Eva, 
Mário faz a sua própria parábola, qual seja, a de que há a língua; dessa língua, nasceu outro ser: a 
mulher, que ele considera um plágio do homem. Essa mulher é a poesia, a quem Adão, do cume do 
ararat, colocou a folha de parreira; Caim, o velocino; os gregos, o coturno; os romanos, o peplo; os 
indianos, as pérolas; os persas, rosas; os chins, as ventarolas; Rimbaud, o chute. O que representa 
esse chute? Significa o momento no qual a poesia liberta-se dos excessos, da contenção, da forma, 
da retórica e passa a ser uma poesia angustiada, ignara, selvagem, áspera, livre, ingênua, sincera e 
que os poetas passam adorar. Nesse Prefácio, portanto, estão resumidos os fundamentos de sua po-
ética: a poesia = fluxo lírico (lirismo) + reelaboração crítica. 
2.3 Manuel Bandeira - Libertinagem
Manuel Bandeira nasceu em Recife em 1886 e morreu no Rio de Janeiro em 1968. Faz par-
te, como você já percebeu da Movimentada Semana de Arte Moderna de 1922, onde teve seu 
poema “O sapos” recitado numa das noites do evento. Ainda criança, sai de Pernambuco com 
os pais, que vão morar no Rio de Janeiro, onde faz o curso de Humani-
dades. Em seguida, parte para São Paulo, onde inicia o curso de arqui-
tetura, mas não conclui, em função de uma tuberculose, doença que o 
acompanhará para o resto da vida. Depois de peregrinar por várias ci-
dades brasileiras, em busca de clima propício para se curar da doença, a 
família decide enviá-lo para a Suíça onde, além de se tratar, terá contato 
com muitos poetas que serão definitivos na sua formação como escri-
tor. De regresso ao Brasil em 1917, inicia na literatura lançando o livro 
Cinza das horas. Em 1919 publica Carnaval; os Sapos, em 1922; rit-
mo Dissoluto, 1924, livros ainda de tom simbolista. A partir de Liberti-
nagem, 1930, é possível perceber o vínculo definitivo que o poeta esta-
belece com o modernismo, como veremos a seguir. Em seguida, vieram 
Estrela da Manhã, 1936; Lira dos Cinquent’anos, 1940; o Bicho, 1947; 
Belo, Belo, 1948; Mafuá do Malungo, 1948; opus 10, 1952; Estrela da 
tarde, 1960; Estrela da Vida Inteira, 1966, entre outros em prosa, em 
coautoria ou traduções. 
Bandeira é considerado um dos maiores poetas do século 20 não 
só por seu estilo simples, capaz de extrair a poesia de pequenos nadas, 
conforme diz Davi Arrigucci Jr., como um gato a fazer xixi no telhado; 
▲
Figura 7: Mário de 
Andrade.
Fonte: http://www.jornalli-
vre.com.br/images_envia-
das/poemas-de-mario-de-
-andrade-par.jpg. Acesso 
em 02/10/2010.
Figura 8: Manuel 
Bandeira.
Fonte: http://www.justa.
com.mx/wp-content/
uploads/2009/07/manuel-
-bandeira.jpg. Acesso 
10/10/2010.
▼
23
Letras Português - Literatura Brasileira - Modernidade e Tendências Contemporâneas
ou um homem que retira do lixo alimento para matar sua fome; ou mesmo de uma lagartixa na 
parede que o eu-lírico compara à primeira namorada, dentre outras imagens. Feita essa breve 
aprsentação, passemos a Libertinagem.
Conforme dissemos, esse é o quarto livro de Manuel Bandeira, que começou a publicar em 
1917, ainda dentro de uma atmosfera simbolista, mas já anunciando a passagem para o Movi-
mento Modernista. Este livro que você vai ler é considerado um divisor de águas na literatura 
bandeiriana. É tido por Monteiro como o mais rico de todos os livros modernistas. (MONTEIRO, 
1958). Para Ana Elvira Luciano Gebara, representa uma “tomada de posição que resulta em um 
amadurecimento no uso de variadas construções, estruturas e temas e não um simples desloca-
mento do fazer poético.” (GEBARA, 2005, p. 23). 
A partir desse quarto livro, você percebe a liberdade criativa se manifestar não só em termos 
temáticos, mas também nos formais, como no verso livre, polimétrico e nas rimas assimétricas. 
Como afirma Davi Arrigucci Jr., só em Libertinagem encontraremos uma elaboração poética em 
consonância absoluta com o Modernismo (ARRIGUCCI, 1990). Segundo Gebara,
O contexto criado no quarto livro para o verso livre é rompido por um ou outro 
verso regular. Apesar desses resquícios de regularidade, Libertinagem é, como 
o próprio título define, um espaço de desregramento, de licenciosidade. Ban-
deira experimenta a liberdade adquirida no poema manifesto “Poética” e im-
põe versos “Belos, ásperos e intratáveis (“O Cacto”). A regularidade não é mais 
lida como regularidade. Ela é contaminada por versos livres, o que causa mes-
mo equívocos na hora da leitura de versos regulares, tais como induzir o leitor 
a ignorar os acentos da métrica tradicional. (GEBARA, 2005, p. 24).
O leitor deve então ficar atento ao convite que o autor nos faz para ler esses textos com a 
mesma liberdade com que foram escritos, o que nos torna cúmplices desse modernismo expres-
so, evocado e divulgado nos poemas. 
Outro aspecto importante de se observar na literatura de Bandeira, e para o qual nos cha-
ma a atenção é o fato de que a poesia desse autor é constituída de pequenos nadas. A poesia é 
desentranhada do cotidiano a partir de percepções de coisas, objetos, lembranças que, aparen-
temente, poesia não têm. A título de exemplo,fiquemos com o “Poema tirado de uma notícia de 
jornal”.
PoEMA TIrADo DE UMA NoTíCIA DE jorNAL
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão 
sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. 
(http://www.revista.agulha.nom.br/manuelbandeira04.html. Acesso 10/10/2010).
Podemos analisar diversos aspectos desse poema, muitos dos quais são comuns a todos os 
poemas de Libertinagem, como os aspectos fônicos e sintáticos. Observe que a linguagem coti-
diana do jornal é reproduzida no poema, ou seja, o texto reproduz a espontaneidade da linguagem 
brasileira, elevando-a à dimensão literária. Nesse sentido, Bandeira está de acordo com o projeto 
modernista de uma língua que nos fosse própria para registrar a nossa literatura.
O poema é composto apenas de uma estrofe, com versos em diferentes tamanhos, o que de-
monstra a liberdade conquistada pelos modernistas. No nível sintático, as orações coordenadas 
dão um ritmo acelerado ao poema, principalmente quando são enumerados os verbos bebeu, can-
tou e dançou, os quais dão ideia de velocidade e de coisas que acontecem simultaneamente. Em 
termos temáticos, Bandeira reafirma sua postura modernista ao fazer emergir poesia do que poesia 
não tem. Para mais detalhes sobre esse poema, procure o texto a ele referente no livro Paixão, hu-
mildade e morte, de Davi Arrigucci Jr., no qual o autor faz uma análise minuciosa da poética ban-
deiriana e uma análise específica do poema em questão. 
24
UAB/Unimontes - 7º Período
ATIVIDADE
Com base no texto “Libertinagem – espaço e tempo, a ocupação bandeiriana”, de Ana 
Elvira Luciano Gebara, do livro Traços marcantes no percurso poético de Manuel Bandeira, que 
você encontra no seguinte endereço: http://books.google.com.br/books?id=bGs9f_A_JB
MC&printsec=frontcover&dq=%22Tra%C3%A7os+marcantes+no+percurso+po%C3%
A9tico+de+Manuel+Bandeira.%22&source=bl&ots=iktezXVjJa&sig=zDFZs5HXvjtlfUG-
jhytXOHANYkA&hl=pt-BR&ei=HAC6TMXZEsGs8Aa4tvjcBA&sa=X&oi=book_result&ct=result
&resnum=1&ved=0CBgQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false, acesso em 30/09/2010, faça uma 
análise do poema “Poética”, que segue abaixo: 
PoÉTICA 
Estou farto do lirismo comedido 
Do lirismo bem comportado 
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de 
apreço ao sr. diretor. 
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocá-
bulo. 
Abaixo os puristas. 
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais 
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção 
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis 
Estou farto do lirismo namorador 
Político 
Raquítico 
Sifilítico 
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo. 
De resto não é lirismo 
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de 
cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc. 
Quero antes o lirismo dos loucos 
O lirismo dos bêbados 
O lirismo difícil e pungente dos bêbados 
O lirismo dos clowns de Shakespeare. 
- Não quero saber do lirismo que não é libertação.
(http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/poetica.htm. Acesso em 01/10/2010).
2.4 Carlos Drummond de Andrade 
- Alguma poesia
Ao contrário do que fizemos com Oswald de Andrade, poeta anteriormente apresentado, 
queremos agora que você conheça Carlos Drummond de Andrade a partir da última entrevis-
ta que ele concedeu, há menos de uma semana da morte da sua única filha, Julieta. Portanto, 
vá ao site http://www.memoriaviva.com.br/drummond/index2.htm, leia a entrevista e faça uma 
síntese do que pode ser percebido sobre o mineiro de Itabira, Carlos Drummond de Andrade, e 
deposite-a no fórum de debates. Em seguida, leia o texto: 
25
Letras Português - Literatura Brasileira - Modernidade e Tendências Contemporâneas
Carlos Drummond de Andrade estreou 
na literatura brasileira com o livro Alguma po-
esia. Na verdade, muitos dos poemas desse 
livro já haviam sido publicados em jornais ou 
em revistas, veículos importantes de divulga-
ção da literatura modernista. Assim como Ban-
deira, Drummond adotou o verso livre, não 
sujeito à regularidade temática, para a qual 
retornou a partir de Claro enigma. Esse com-
promisso com o verso livre, como você terá a 
oportunidade de observar ao ler o livro, está 
relacionado, como diz Manuel Graña Etche-
verry, à maneira como o poeta modernista 
“desdenha a forma e valoriza o conteúdo poé-
tico.” (ETCHEVERRY, 2000, p. 11). O ritmo outro-
ra alcançado através da regularidade métrica 
acentual passou a ser conseguido através da 
sintaxe ou até mesmo através do aspecto vi-
sual. Em Drummond, é comum o apelo visual, 
o que o leitor repara com mais intensidade na 
disposição do poema. Por vezes, o próprio po-
eta separa silabicamente um termo como es-
tratégia de atrair maior atenção do leitor para 
alguns termos ou ideias. 
A linguagem direta de Alguma poesia dispensa a metáfora. Conforme Etcheverry, Drum-
mond “não nos diz que a moça fantasma tenha consistência vaporosa: ela é vapor. Nem que a pe-
dra no meio do caminho implique uma alusão a algo que obstaculiza nossos propósitos: é uma 
pedra, não uma figura retórica. (ETCHEVERRY, 2000, p. 8).
É com essa linguagem seca, mas poética, que Drummond apresenta seu modernismo ao 
modernismo brasileiro e abre um novo rumo à poesia brasileira de então, a partir de uma manei-
ra e de um estilo particular de ver o mundo. Analisemos o poema a seguir, para melhor explicitar-
mos algumas características da poesia drummondiana.
A rUA DIFErENTE
Na minha rua estão cortando árvores
botando trilhos
construindo casas.
Minha rua acordou mudada.
Os vizinhos não se conformam.
Eles não sabem que a vida
tem dessas exigências brutas.
Só minha filha goza o espetáculo
e se diverte com os andaimes,
a luz da solda autógena
e o cimento escorrendo nas formas. (DRUMMOND, 2005, p. 35).
Há no poema um movimento que altera radicalmente a rua calma, de vizinhança tranquila. 
Os trilhos e a casas substituem as árvores e dão o tom do progresso que toma conta do Brasil a 
partir do século XX. Essas alterações criam uma tensão que se expressa no verso: “Os vizinhos 
não se conformam”. Em seguida, em tom de quem vê também essas alterações irreversíveis, sa-
bendo que nada pode fazer contra o progresso e sua brutalidade, o poeta aceita tal imposição 
e percebe que, solitária, a filha é a única para quem o universo operário que altera a paisagem 
constitui-se um espetáculo digno de gozo. A despeito de concordar com os vizinhos, parece que 
o que há de prazeroso para o poeta é ver que a alegria inocente da filha explicita um porvir cuja 
história não depende mais desses vizinhos, mas da criança, a quem o futuro desenhado em solda 
e cimento pertence. 
◄ Figura 9: Carlos 
Drummond de 
Andrade.
Fonte: http://2.
bp.blogspot.
com/_5IQSWIp745g/TCI-
QzzZjF8I/AAAAAAAABPs/
I3ckaaCJ_q4/s1600/drum-
mond-site2.jpg. Acesso 
em 20/09/2010.
26
UAB/Unimontes - 7º Período
ATIVIDADE
Agora é com você. Analise o “Poema de sete faces” e poste seus comentários no fórum de 
discussão.
Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundomundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo. 
ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 35.
Referências
ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 35.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2007.
ANDRADE, Mário. A escrava que não é Isaura. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
ANDRADE, Oswald de. Poesia Pau Brasil. São Paulo: Globo, 2000.
ARRIGUCCI Jr., Davi. “A beleza humilde e áspera”. In: o cacto e as ruínas. 2. ed. São Paulo: 
Duas Cidades; Editora 34, 2000. p. 11-89.
27
Letras Português - Literatura Brasileira - Modernidade e Tendências Contemporâneas
ARRIGUCCI Jr., Davi. Paixão, humildade e morte – a poesia de Manuel Bandeira. São Paulo: 
Cia das Letras, 2003.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem. In: Antologia poética. 12. ed. Rio de Janeiro: José Olym-
pio, 1981.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1975.
ETCHEVERRY, Manuel Graña. “Re” Apresentação. In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma 
poesia. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 07-11. 
GOLDSTEIN, Norma Seltzer. Traços marcantes no percurso poético de Manuel Bandeira. 
São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2005.
RAMOS, Péricles Eugênio da Silva. Do Barroco ao Modernismo. Rio de Janeiro: Livros Técni-
cos e Científicos, 1979.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Carlos Drummond de Andrade: análise da obra. 2. ed. Rio 
de Janeiro: Editora Documentário, 1977.
SCHWARZ, Roberto. Que horas são? – Ensaios. São Paulo: Companhia da Letras, 1987.
SENNA, Homero. república das Letras. 3. Ed. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 
1996.
Sites consultados
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03/10/2010. 
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CJ_q4/s1600/drummond-site2.jpg. Acesso em 20/09/2010.
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01/10/2010.
Disponível em: http://www.jornallivre.com.br/images_enviadas/poemas-de-mario-de-andra-
de-par.jpg. Acesso em 02/10/2010.
Disponível em: http://www.justa.com.mx/wp-content/uploads/2009/07/manuel-bandeira.jpg. 
Acesso 10/10/2010.
Disponível em: http://www.memoriaviva.com.br/drummond/index2.htm. Acesso em 
03/11/2011.
Disponível em: http://www.museulinguaportuguesa.org.br/exposicoes.php. Acesso em 
03/11/2011.
http://books.google.com.br/books?id=bGs9f_A_JBMC&printsec=frontcover&dq=%22Tra%C
3%A7os+marcantes+no+percurso+po%C3%A9tico+de+Manuel+Bandeira.%22&source=bl&o
ts=iktezXVjJa&sig=zDFZs5HXvjtlfUGjhytXOHANYkA&hl=pt-BR&ei=HAC6TMXZEsGs8Aa4tvjcB
A&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CBgQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false. 
Acesso em 30/09/2010.
29
Letras Português - Literatura Brasileira - Modernidade e Tendências Contemporâneas
UNIDADE 3 
Segunda Geração de Modernistas
Introdução 
Segundo João Luiz Lafetá, o Modernismo 
brasileiro tem dois projetos: um estético e um 
ideológico. No plano estético, as características 
são: renovação dos meios; ruptura com a lin-
guagem tradicional; experimentação radical da 
linguagem; mudança na concepção da obra de 
arte; ruptura com a mimese e com a representa-
ção naturalista; objeto artístico autônomo; des-
mascaramento da estética passadista; rompi-
mento com a linguagem bacharelesca, artificial 
e idealizante (espelhada na ideologia da oligar-
quia rural no poder).
No plano ideológico, existe a consciência da 
situação política e cultural do país e o desejo de 
buscar uma expressão artística nacional, além da 
percepção de que se forma naquele cenário o ca-
ráter de classe, suas atitudes e produções. 
De modo geral, o Modernismo destruiu 
as barreiras da linguagem oficializada, inseriu o 
folclore e a literatura popular, ou seja, os com-
ponentes recalcados da nossa personalidade 
vêm à tona. A concepção de arte com base na 
linguagem; a deformação do natural como fator 
construtivo; o popular e o grotesco contra o fal-
so refinamento academicista; o cotidiano como 
recusa à idealização do real; o fluxo de consci-
ência como processo desmascarador da lingua-
gem tradicional; as vanguardas europeias como 
fonte são características marcantes do empe-
nho modernista de revolucionar a literatura bra-
sileira. Os escritores buscavam ainda o equilíbrio 
entre as artes ameríndia, negra e branca; o canto 
do cotidiano, a espontaneidade da inspiração. 
Por fim, o Modernismo rompeu com a ideologia 
que segregava o popular, ao utilizar uma lingua-
gem conforme o modelo do século.
A primeira geração de modernistas explo-
rou amplamente os aspectos estéticos por ela 
inseridos na literatura brasileira; o aspecto ideo-
lógico foi mais tarde explorado a partir da déca-
da de 30, que viu surgir a Segunda Geração de 
Modernistas. Algumas questões históricas nos 
ajudam a perceber sinais do desejo de mudan-
ça. São elas: o tenentismo, o nascimento do par-
tido comunista, a implantação efetiva do capita-
lismo e a ascensão da burguesia: agrupamento 
pequeno burguês e católico direitista. Nesse 
contexto, inscreve-se a corrente artística renova-
dora do caráter nacional, que ousa denunciar o 
Brasil arcaico.
Tanto a primeira geração de modernistas 
quanto a segunda representam duas fases distin-
tas da consciência do nosso atraso. A peculiarida-
de de cada uma delas, como você pode observar, 
é que, em 1920, os jovens modernistas tomam 
consciência de modo tranquilo e otimista sobre 
o Brasil. As deficiências que eles viam no país se 
ligavam ao fato de o Brasil ser um país novo.
No caso da Geração de 30, a consciência 
pessimista do subdesenvolvimento dá a tônica 
do posicionamento diferente diante da realidade. 
Já são perceptíveis, nesse contexto, as contradi-
ções do modelo burguês. Essa é basicamente a 
diferença entre os dois projetos: agudização da 
consciência política que tem o grupo de 1930.
Enquanto no 1º modernismo o humor, o 
carnaval e o anarquismo ajudam no desmasca-
ramento da realidade mantida pelas oligarquias, 
no 2º modernismo os problemas sociais são 
▲
Figura 10: Retirantes, Cândido Portinari. 
Fonte: http://www.culturabrasil.org/imagens/osretiran-
tesp.gif, acesso em 01/11/11.
30
UAB/Unimontes - 7º Período
discutidos nos ensaios históricos e sociológicos, 
nos romances de denúncia, na poesia militante 
e de combate, com o fim de reformar e de revo-
lucionar a realidade. Sintetizando esses dois mo-
mentos, podemos dizer, a partir de Lafetá, que a 
primeira geração de modernista promoveu uma 
revolução na literatura, ao passo que a segunda 
geração promoveu a literatura na revolução.
De qualquer modo, a década de 1930 
constitui-se um momento de maturidade do 
modernismo. Nesse cenário, destacaram-se 
Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima e 
Murilo Mendes; no romance social, tivemos José 
Lins do Rego, Jorge Amado, Rachel de Queiroz 
e Graciliano Ramos como ponto alto. A título 
de exemplo, fiquemos com José Lins do Rego 
e Graciliano Ramos. Essa segunda fase do Mo-
dernismo foi também denominada de Regiona-
lismo, pelo fato de que houve uma espécie de 
adentramento pelo interior do país e uma preo-
cupação de evidenciar não só caracteres de de-
terminadasregiões, mas também suas mazelas. 
Contrária à concepção de João Luiz Lafetá, 
de que o movimento modernista gestou duas 
vertentes que foram exploradas em momentos 
históricos diferentes, há o movimento regiona-
lista, liderado por José Lins do Rego e Gilberto 
Freyre. Ele nasceu com o propósito de combater 
o Modernismo inaugurado com a Semana de 
Arte Moderna e que teve em Recife como seu 
principal representante Joaquim Inojosa. Contra 
as inovações dos chamados futuristas, o grupo 
regionalista argumentava ser importante valori-
zar as peculiaridades da paisagem e da cultura. 
De acordo com Mariana Chaguri, a Revolução 
de 30 é que favoreceu o Regionalismo, pois um 
de seus propósitos era dar visibilidade à diversi-
dade existente no país. (CHAGURI, 2007, p. 16).
O Regionalismo defendido por Gilberto 
Freyre, além de estudar as características re-
gionais do país, procurou ainda enfatizar tais 
características baseado na concepção de que o 
Brasil deve ser compreendido por regiões; deve-
-se chegar ao todo por meio de suas partes, de 
modo a se revelar o país respeitando sua diver-
sidade. José Lins do Rego é o primeiro a colocar 
em prática as questões defendidas pelo grupo 
do qual fazia parte com seu primeiro romance, 
Menino de engenho, e sobre o qual faremos 
uma breve apresentação.
3.1 José Lins do Rego - Menino de 
Engenho
José Lins do Rego Cavalcanti  nasceu em 
1901 na Paraíba e faleceu em 1957 no Rio de 
Janeiro. É considerado como um dos mais pres-
tigiados escritores regionalistas. Otto Maria Car-
peaux elogia nele a habilidade de contador de 
histórias; Manuel Cavalcanti Proença, repara na 
sua sensibilidade à flor da pele, na sinceridade 
diante da vida, na autenticidade que o carac-
terizavam. Neto de grandes senhores de enge-
nho, sua literatura captará muito desse mundo 
em decadência, o que lhe oferece a oportuni-
dade de relatar criticamente uma parte da his-
tória do Nordeste canavieiro. 
José Lins do Rego escreveu cinco roman-
ces que formaram um conjunto, ao qual no-
meou “Ciclo da cana-de-açúcar. Fazem parte 
desse ciclo Menino de Engenho (1932); Doidi-
nho (1933); Banguê (1934);  o Moleque ricar-
do  (1935) e  Usina  (1936). Destaquemos entre 
esses o romance Menino de Engenho.
O romance conta a história de Carlinhos, 
um garoto que, aos quatro anos de idade, após 
a morte trágica da mãe assassinada pelo pai, é 
levado para o engenho de seu avô, José Pauli-
no, onde vive até os 12 anos de idade, quando 
parte para estudar em um colégio interno. A 
narrativa, em forma de memória, tem como 
pano de fundo a crise do engenho de açúcar 
do avô materno, mas representa metonimica-
Figura 11: José Lins do 
Rego.
Fonte: www.listal.com/
author/jose-lins-do-rego. 
Acesso em 20/09/2010.
►
DICA
Leia o livro Menino 
de Engenho no site: 
http://www.slideshare.
net/Lessandro/jos-lins-
-do-rego-menino-de-
-engenho. Acesso em 
30/09/2010.
Assista também ao fil-
me, baixando-o no site: 
http://www.interfilmes.
com/filme_13886_Me-
nino.de.Engenho-
-(Menino.de.Engenho).
html. Acesso em 
30/09/2010.
SINoPSE
1920, na Paraíba. Após 
a morte da mãe, o me-
nino Carlinhos (Sávio 
Rolim) é enviado para 
o engenho Santa Rosa 
para ser criado pelo 
avô e pelos tios. Lá ele 
testemunha a chegada 
de um novo tempo, 
com o advento das mo-
dernas usinas de açúcar 
e as transformações 
econômicas e sociais 
pelas quais passa a 
produção canavieira, 
mudanças que irão 
afetar a vida de todos. 
Quando ele cresce e vai 
para o colégio, já não é 
mais o garoto ingênuo 
e inocente que chegou 
ao engenho.
31
Letras Português - Literatura Brasileira - Modernidade e Tendências Contemporâneas
mente a crise de todos os engenhos de açúcar 
nordestinos. Essa parece ser, portanto, uma das 
marcas regionais do romance, pois que eviden-
cia uma crise que assolou ao mesmo tempo to-
das as fazendas de açúcar do Nordeste. 
Manuel Cavalcanti Proença viu em José 
Lins uma sensibilidade à flor da pele, na since-
ridade diante da vida e na autenticidade que o 
caracterizavam. Muito bem aceito pela crítica, 
o romance de estreia de Lins do Rego é con-
siderado um texto que se revelou de impor-
tância fundamental para a história do romance 
brasileiro moderno.
O romance pode ser lido em duas verten-
tes: seguindo as memórias não só do meni-
no, mas também a do engenho. Se optarmos 
pela primeira, podemos dizer que o relato é 
uma experiência de formação para Carlinhos 
no final do ciclo açucareiro nordestino. Como 
afirma o próprio autor no prefácio de Usina: 
“Comecei querendo apenas escrever umas 
memórias que fossem as de todos os meni-
nos criados nas casas-grandes dos engenhos 
nordestinos.” Nessa perspectiva, somos convi-
dados a ver de que maneira se dá a educação 
informal das crianças no engenho.
Se você optar por fazer uma leitura ba-
seada no ciclo histórico da cana-de-açúcar, é 
perceptível que a estrutura econômica do en-
genho centra na figura do senhor, no caso do 
romance, na do avô. Em torno dele gira toda 
a vida do engenho; ele é a lei, a ordem e até 
mesmo determina a fé das pessoas, como você 
pode ver nas passagens a seguir: “Herdara o 
Santa Rosa pequeno, e fizera dele um reino, 
rompendo os seus limites pela compra de pro-
priedades anexas” ou “Tinha para mais de qua-
tro mil almas debaixo de sua proteção. Senhor 
feudal ele foi, mas os seus párias não traziam 
a servidão como um ultraje”. (REGO, 2001, p. 
89). Pelo que se observa desses dois trechos é 
que a posse da terra e a submissão de comu-
nidades inteiras fazem do avô de Carlinhos um 
coronel a quem todos obedecem como a um 
deus, senhor absoluto das coisas e das pessoas.
3.2 Graciliano Ramos - São 
Bernardo
Assim como fizemos com Oswald de An-
drade e Carlos Drummond de Andrade, nossa 
proposta agora é fazê-lo (a) visitar o site oficial 
do escritor Graciliano Ramos, onde você co-
nhecerá muitos assuntos importantes ligados 
à carreira, à vida do escritor e à recepção de 
sua obra: http://www.graciliano.com.br/. Fei-
to isso, elabore uma síntese do que você viu e 
percebeu durante a visita. Poste seus comen-
tários no fórum de discussões e retome a leitu-
ra daqui para a frente. 
É quase unânime o juízo crítico de que 
Graciliano Ramos é o ponto alto do Regiona-
lismo brasileiro, a despeito de Alfredo Bosi 
afirmar parecer precário chamar a literatura 
de Graciliano de regionalista, dado o caráter 
universal do drama de suas personagens, 
uma vez que o autor supera “na montagem 
do(s) personagem(s) o estágio no qual se-
guem caminhos opostos o painel da socie-
dade e a sondagem moral” (BOSI, 1994, p. 
402). A natureza, um dos aspectos impor-
tantes no Regionalismo, só interessa a esse 
autor na medida em que colabora para que 
o autor, no caso de São Bernardo, “propõe 
o momento da realidade hostil a que a per-
sonagem (Paulo Honório) responderá como 
lutador (...)” (BOSI, 1994, p. 402).
De modo geral, a literatura de Gracilia-
no Ramos, como você terá a oportunidade 
de observar, cria personagens em confronto 
com o meio. Suas personagens costumam 
expressar, no dizer de Bosi, “a face angulosa 
da opressão e da dor” (BOSI, 1994, p. 401-
402), elas não costumam aceitar nem o mun-
do nem os outros nem a si mesmas, como 
é o caso de Paulo Honório, protagonista de 
São Bernardo. 
◄ Figura 12: Graciliano 
Ramos.
Fonte: http://www.
brasilcultura.com.br/wp-
-content/uploads/2009/05/
graciliano_ramos.bmp. 
Acesso em 20/09/2010.
32
UAB/Unimontes - 7º Período
O romance é a história de Paulo Honório, 
um homem pobre que deseja a todo custo tor-
nar-se rico. Para tanto, usa todos os estratage-
mas possíveis para alcançar seus intentos, como 
roubar, matar, entre outros. Depois de ter tirado 
a fazenda a Luís Padilha, filho de seu antigo pa-
trão,

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