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CASO 3 - Caso_para_discussao-Filosofia_da_empr..

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Caso para discussão: A FILOSOFIA DA EMPRESA 
 
 A organização, tradicionalmente líder no mercado em seu setor, perdeu posição 
para um de seus concorrentes que, há três anos, não constava da lista das 10 maiores 
empresas. E, ainda, via-se ameaçada por uma outra cujos resultados aproximavam-se em 
ímpeto surpreendente. 
 O clima na diretoria era um misto de agitação, pânico, irritação e hostilidade. A 
primeira conseqüência foi um programa severo de restrição de despesas e corte de 
pessoal. 
Um auditor percorreu a empresa entrevistando todas as chefias, colhendo 
sugestões e negociando com as listas de candidatos a demissão. 
O clima era de insegurança e o moral baixíssimo. O auditor ficou conhecido na 
empresa por “carrasco” (“quando vem o carrasco? O carrasco executou?”, etc.). A 
boataria acrescentava aos fatos um colorido de “desenlace”. Numa melancólica reunião 
de diretoria em que monotonamente representavam-se os números críticos da situação, o 
diretor de marketing resolveu intervir com energia: 
- Estávamos acostumados com o sucesso e estamos agora pagando o preço de 
uma euforia imprevidente. E como reagimos quando sobrevém a crise? Com o pânico, 
com a “caça aos culpados” com a fuga. Em vez de enfrentarmos corajosamente os 
problemas, racionalizamos. Dentro desta ótica pessimista estamos aceitando o fracasso. 
Ultimamente não temos feito outra coisa senão acumular erro sobre erro. Os resultados 
eram ruins? Então traumatizamos ainda mais o pessoal com a pesada e prolongada 
atmosfera de cortes. E não fizemos mais nada. Que esperávamos? Que os números 
crescessem por milagre? 
Nosso erro fundamental é que não temos uma filosofia bem definida, daí nossas 
políticas não guardarem certa coerência. Freqüentemente vemo-nos em um impasse ao 
termos que tomar determinadas decisões. Ficamos perdidos por faltarem referências de 
valor. 
De modo consciente ou não, projetamos uma imagem. Nossas crenças, valores e 
princípios podem não estar claramente explícitos, porém existem, pois caso contrário a 
sobrevivência da organização seria impossível. Qual a imagem que desejamos projetar 
junto ao público (clientes, empregados, governo, concorrentes e etc)? 
Em marketing, que é a minha área de competência, onde marcar a diferença é 
essencial, nada verdadeiramente eficaz pode ser tentado, sem que se tenha em vista qual 
a imagem que se deseja sustentar. Em outras palavras: 
Como nossa empresa quer ser vista pelo seu público? 
 Como uma empresa pioneira e inovadora? 
 Como uma empresa líder? 
 Como uma empresa que está presente em todos os grandes 
acontecimentos? 
 Como uma empresa voltada para a grandeza do país? 
 Como uma empresa de excelente ambiente de trabalho? 
 Como uma empresa de projeção internacional? 
 Como uma empresa que atende pronta e cabalmente a clientela? 
 Como uma empresa que apóia a cultura, as artes, os esportes? 
Em qualquer das hipóteses, a idéia impactante que consolida a imagem 
institucional é a que deve ser buscada e reforçada. A partir daí, pode-se buscar a 
originalidade que previne o obsoletismo e garante uma organização renovada. 
 - Muito bem, (aprova o diretor de administração na área de recursos 
humanos). Não é menos verdadeira a necessidade de tornar explícita uma 
filosofia. Por prescindirmos desta, provavelmente agravamos com as últimas 
medidas, o clima de desmotivação que já era precário. É verdade que tínhamos 
que reduzir a folha, mas agimos certo? Não temos condições de responder. 
 - Certo, diz o presidente. No próximo mês festejaremos o aniversário da 
empresa. Penso que será propício um pronunciamento sobre nossa filosofia. Peço 
que vocês me encaminhem algumas idéias a respeito. 
●●● 
No auditório da empresa com toda diretoria e chefias presentes e um número 
representativo de empregados, o presidente leu um longo discurso que intitulou “Carta de 
Princípios da organização XISTO Ltda.” Na parte referente a pessoal, destacou três itens 
relevantes: 
1- Estímulo permanente ao auto-desenvolvimento individual, como forma 
concreta de respeito ao homem. 
2- Valorização humana com aproveitamento dos mais capazes para promoção. 
3- Busca incessante à inovação que previna o absolutismo humano e tecnológico. 
 
A Carta de Princípios, impressa em folheto, foi fartamente distribuída e seus 
conceitos básicos incorporados ao folheto destinado à ambientação dos novos 
empregados. 
 Três meses depois, surge um problema grave no Departamento de contabilidade. 
Um dos funcionários foi demitido e um outro transferido para o almoxarifado. O chefe 
alegou que o primeiro estava incitando os colegas a aderirem a manifestações de caráter 
político-sindical, referentes a reivindicações salariais. O outro por, publicamente, 
exteriorizar sua discordância com a empresa, surgindo um documento de crítica à 
organização, em que a tônica era o flagrante desrespeito aos “fantasiosos princípios 
humanos da empresa” . “ Como respeito ao homem” , dizia o documento enfaticamente e 
completava: “ Se nem foram ouvidos os acusados, não lhes dando o direito universal de 
defesa?”. 
●●● 
 O presidente da empresa ficou possesso ao ler o documento e exigiu que o chefe 
de departamento de Recursos Humanos, procurasse descobrir os autores e os “demitisse 
exemplarmente”. 
O diretor de administração, que estava viajando, ficou muito surpreso com os 
acontecimentos e com o clima explosivo que encontrou ao regressar à empresa. Não 
sabia das ocorrências originais no departamento de contabilidade e censurou seu chefe 
pelas medidas drásticas que tomou. Este ficou seriamente magoado e solicitou ao 
presidente, em caráter irrevogável, sua demissão. O presidente não a aceitou e o 
transferiu para a auditoria que funcionava diretamente subordinada à presidência. 
O diretor de administração recebeu em audiência vários colegas dos empregados 
punidos comunicando-lhes uma versão dos acontecimentos, totalmente diferente da 
oficial que culminou nas penalidades. O diretor aceitou os fatos e argumentos 
apresentados e procurou defender os acusados propondo, na reunião de diretoria, a 
revogação dos atos que, acreditava representar uma “prova de grandeza” da 
administração revendo sua atitude diante da “comprovada injustiça” praticada e mantendo 
a coerência de seus princípios filosóficos. 
A reação foi de resistência formal e agressiva. 
- “Não é possível transigir com a indisciplina. Acresce que a diretoria não pode se 
expor sem ser julgada como leviana, irresponsável,” afirmou o presidente, encerrando a 
reunião. 
Tudo voltou à rotina. O “tempo”, foi mais uma vez utilizado como a clássica 
estratégia de esquecimento de fatos incômodos. Até que surjam as próximas surpresas... 
 
QUESTÕES PARA AVALIAÇÃO: 
 
1- Interpretar o caso considerando: o clima da empresa, atitude dos diretores, 
formação das diretrizes filosóficas, oportunidade estratégia de lançamento da 
filosofia empresarial, gravidade dos problemas surgidos e como foram tratados. 
2- Apresente sugestões quanto à análise da situação, conveniência de explicitação 
da filosofia de empresa e como deveria ser formulada e divulgada. 
3- Estabeleça as estratégias de Gestão de pessoas necessárias à melhoria do 
ambiente organizacional, justificando sua opinião.

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