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DIREITO DAS COISAS (Aula 06/02/18) I. Introdução A. Fluxograma 1. Direito das coisas: a) Posse: Não há a existência de um vinculo jurídico, é uma situação de fato. Tem seus próprios princípios, fundamentos e estrutura jurídica. b) Direitos reais (1) Propriedade: É uma relação jurídica, não somente uma situação de fato. Tem seus próprios princípios, fundamentos e estrutura jurídica. Pode o proprietário: Usar, fruir, dispor, reaver. (2) Direitos reais sobre coisas alheias: Algum dos poderes do proprietário é conce- dido a outra pessoa (ex. Doação com direito do usufruto) (a) Servidão (b) Usufruto (c) Alienação fiduciária (3) Diferença entre direito real e direito pessoal (a) Direito real: Sujeito, coisa e domínio (b) Direito pessoal: Sujeito ativo, passivo e prestação/obrigação II. DIREITO DAS COISAS A. Conceito de direito das coisas: Norma complexa, pois não está somente no código civil, mas em normas estaduais, municipais… Coisa é gênero do qual bem é espécie. Bens são suscetíveis de apropriação e contem valor econômico. Somente interessam ao direito coisas suscetíveis de apropriação exclusiva pelo homem, so- bre as quais possa existir um vínculo jurídico, que é o domínio. O direito das coisas resume-se em regular o poder dos homens, no aspecto jurídico, so- bre a natureza física, nas suas variadas manifestações, mais precisamente sobre os bens e os mo- dos de sua utilização econômica. B. Diferenças entre direito real e direito pessoal: O primeiro é o vínculo com a posse (Três elementos: sujeito, coisa e domínio); o segundo é vínculo com outra pessoa (relação jurídi- ca). - Teoria clássica ou dualista: O direito real pode ser definido como o poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. Portanto, tem como elementos: o sujeito ativo, a coisa e o poder do sujeito ativo sobre a coisa, que é chamada de domínio. Não depende da colabo- ração de nenhum sujeito passivo; coisa deve ser determinada. Já o direito pessoal, consiste na relação jurídica pelo qual o sujeito ativo pode exi- gir do sujeito passivo uma determinada prestação/obrigação. Portanto, trata-se de uma relação de pessoa a pessoa e tem como elementos: o sujeito ativo, o sujeito passivo e a prestação. Coisa pode ser determinável, ou seja, pode ter como objeto coisa genérica. ! de !1 13 Posse Direitos rea Propriedade: Direitos reais sobre coisas alheia Diferença entre direito real e direito pessoal real pessoal O direito das coisas resume-se O direito real direito pessoal relação jurídica ituação de fato Algum dos poderes do proprietário é conce- dido a outra pessoa Sujeito, coisa e domínio ujeito ativo, passivo e prestação/obrigação regular o poder dos homens, no aspecto jurídico, so- bre a natureza física, sobre os bens e os mo- dos de sua utilização econômica. poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos elementos: o sujeito ativo, a coisa e o domínio relação jurídica o sujeito ativo pode exi- gir do sujeito passivo uma determinada prestação/obrigação elementos: o sujeito ativo, o sujeito passivo e a prestação Estes dois conceitos são dados pela teoria dualista (clássica) — Majoritária. A mino- ritária é a teoria unitária (personalista — Relação jurídica somente entre pessoas e não com coisas — e realista — direito das coisas e das obrigações fazem parte de uma realidade mais amola, a do direito patrimonial). DIREITOS REAIS I. Princípios: A. Princípio da aderência, especialização ou inerência: 1. Estabelece um vínculo, uma relação de senhoria entre sujeito e coisa, não dependendo da colaboração de nenhum sujeito passivo para existir; gera, assim, uma relação direta e imediata entre pessoa e coisa. — Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injusta- mente a possua ou detenha. Desta forma, o titular do direito real pode perseguir a coi- sa, onde quer que ela se encontre, seja quem for o devedor. B. Princípio do absolutismo: 1. Os direitos reais se exercem erga omnes, contra todos, que devem abster-se de molestar o titular. Surge daí o direito de sequela, de perseguir a coisa e reivindicá-la em poder de quem quer esteja. C. Princípio da publicidade: 1. Os direitos reais sobre imóveis só se adquirem com o registro no cartório (art. 1227, CC); os móveis, só depois de tradição (art. 1226 e 1267, CC). Por ser erga omnes, é ne- cessário que todos tenham conhecimento para não molestá-los. D. Princípio da taxatividade: 1. A lei enumera de forma taxativa, não ensejando a aplicação analógica da lei. E. Princípio da tipicidade: 1. Somente os direitos constituídos e configurados à luz dos tipos rígidos consagrados no texto positivo é que poderão ser tidos como reais. F. Princípio da perpetuidade: 1. Propriedade não se perde pelo uso, mas pelos meios e formas legais. G. Princípio da exclusividade: 1. Não pode haver dois direitos reais de igual conteúdo sobre a mesma coisa. H. Princípio do desmembramento: 1. Ainda que mais estáveis que os direitos obrigacionais, os direitos real são também tran- sitórios, pois se desmembram no direito-matriz, que é a propriedade. DA POSSE (Aula 07/02/18) É uma situação de fato, não há um vínculo jurídico, não há um documento que comprova a propriedade. I. Fundamentos da posse: Nosso direito protege a “posse”, analisando este instituto sobre três aspectos: A. Propriedade: A posse correspondente ao direito de propriedade (jus possidendi); Quando a pessoa é proprietária de um imóvel, ele também é possuidor. Tem o vínculo jurídico com o imóvel. (Posse jurídica) ! de !2 13 A. Princípio da aderência, especialização ou inerência: B. Princípio do absolutismo: C. Princípio da publicidade: D. Princípio da taxatividade: E. Princípio da tipicidade: F. Princípio da perpetuidade: G. Princípio da exclusividade: H. Princípio do desmembramento: Propriedade Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injusta- mente a possua ou detenha direitos reais se exercem erga omnes Surge daí o direito de sequel Os direitos reais sobre imóveis só se adquirem com o registro no cartório (art. 1227, CC); os móveis, só depois de tradição forma taxativa, não ensejando a aplicação analógica Somente os direitos constituídos e configurados à luz dos tipos rígidos consagrados no texto positivo é que poderão ser tidos como reais Propriedade não se perde pelo uso Não pode haver dois direitos reais de igual conteúdo sobre a mesma coisa. se desmembram no direito-matriz, que é a propriedade. I. Princípios: A. Princípio da aderência, especialização ou inerência: 1. Estabelece um vínculo, uma relação de senhoria entre sujeito e coisa, não dependendo da colaboração de nenhum sujeito passivo para existir; gera, assim, uma relação direta e imediata entre pessoa e coisa. — Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injusta- mente a possua ou detenha. Desta forma, o titular do direito real pode perseguir a coi- sa, onde quer que ela se encontre, seja quem for o devedor. B. Princípio do absolutismo: 1. Os direitos reais se exercem erga omnes, contra todos, que devem abster-se de molestar o titular. Surge daí o direito de sequela, de perseguir a coisa e reivindicá-la em poder de quem quer esteja. C. Princípio da publicidade: 1. Os direitos reais sobre imóveis só se adquirem com o registro no cartório (art. 1227, CC); os móveis, só depois de tradição (art. 1226 e 1267,CC). Por ser erga omnes, é ne- cessário que todos tenham conhecimento para não molestá-los. D. Princípio da taxatividade: 1. A lei enumera de forma taxativa, não ensejando a aplicação analógica da lei. E. Princípio da tipicidade: 1. Somente os direitos constituídos e configurados à luz dos tipos rígidos consagrados no texto positivo é que poderão ser tidos como reais. F. Princípio da perpetuidade: 1. Propriedade não se perde pelo uso, mas pelos meios e formas legais. G. Princípio da exclusividade: 1. Não pode haver dois direitos reais de igual conteúdo sobre a mesma coisa. H. Princípio do desmembramento: 1. Ainda que mais estáveis que os direitos obrigacionais, os direitos real são também tran- sitórios, pois se desmembram no direito-matriz, que é a propriedade. I. Princípios: A. Princípio da aderência, especialização ou inerência: 1. Estabelece um vínculo, uma relação de senhoria entre sujeito e coisa, não dependendo da colaboração de nenhum sujeito passivo para existir; gera, assim, uma relação direta e imediata entre pessoa e coisa. — Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injusta- mente a possua ou detenha. Desta forma, o titular do direito real pode perseguir a coi- sa, onde quer que ela se encontre, seja quem for o devedor. B. Princípio do absolutismo: 1. Os direitos reais se exercem erga omnes, contra todos, que devem abster-se de molestar o titular. Surge daí o direito de sequela, de perseguir a coisa e reivindicá-la em poder de quem quer esteja. C. Princípio da publicidade: 1. Os direitos reais sobre imóveis só se adquirem com o registro no cartório (art. 1227, CC); os móveis, só depois de tradição (art. 1226 e 1267, CC). Por ser erga omnes, é ne- cessário que todos tenham conhecimento para não molestá-los. D. Princípio da taxatividade: 1. A lei enumera de forma taxativa, não ensejando a aplicação analógica da lei. E. Princípio da tipicidade: 1. Somente os direitos constituídos e configurados à luz dos tipos rígidos consagrados no texto positivo é que poderão ser tidos como reais. F. Princípio da perpetuidade: 1. Propriedade não se perde pelo uso, mas pelos meios e formas legais. G. Princípio da exclusividade: 1. Não pode haver dois direitos reais de igual conteúdo sobre a mesma coisa. H. Princípio do desmembramento: 1. Ainda que mais estáveis que os direitos obrigacionais, os direitos real são também tran- sitórios, pois se desmembram no direito-matriz, que é a propriedade. I. Princípios: A. Princípio da aderência, especialização ou inerência: 1. Estabelece um vínculo, uma relação de senhoria entre sujeito e coisa, não dependendo da colaboração de nenhum sujeito passivo para existir; gera, assim, uma relação direta e imediata entre pessoa e coisa. — Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injusta- mente a possua ou detenha. Desta forma, o titular do direito real pode perseguir a coi- sa, onde quer que ela se encontre, seja quem for o devedor. B. Princípio do absolutismo: 1. Os direitos reais se exercem erga omnes, contra todos, que devem abster-se de molestar o titular. Surge daí o direito de sequela, de perseguir a coisa e reivindicá-la em poder de quem quer esteja. C. Princípio da publicidade: 1. Os direitos reais sobre imóveis só se adquirem com o registro no cartório (art. 1227, CC); os móveis, só depois de tradição (art. 1226 e 1267, CC). Por ser erga omnes, é ne- cessário que todos tenham conhecimento para não molestá-los. D. Princípio da taxatividade: 1. A lei enumera de forma taxativa, não ensejando a aplicação analógica da lei. E. Princípio da tipicidade: 1. Somente os direitos constituídos e configurados à luz dos tipos rígidos consagrados no texto positivo é que poderão ser tidos como reais. F. Princípio da perpetuidade: 1. Propriedade não se perde pelo uso, mas pelos meios e formas legais. G. Princípio da exclusividade: 1. Não pode haver dois direitos reais de igual conteúdo sobre a mesma coisa. H. Princípio do desmembramento: 1. Ainda que mais estáveis que os direitos obrigacionais, os direitos real são também tran- sitórios, pois se desmembram no direito-matriz, que é a propriedade. DIREITOS REAIS B. Direitos reais sobre coisas alheias: A posse correspondente aos direitos reais sobre coisas alheias; "Considera-se como possuidor aquele que exerce de fato todos ou alguns dos direi- tos inerentes à propriedade.” — Art. 1196, CC. C. Posse propriamente dita (posse de fato): Posse como figura autônoma e independente da existência de título, que é a posse de fato (jus possessores). - Essa interessa ao estudo da posse. D. Em suma, no jus possidendi se perquire o direito, ou qual o fato em que se estriba o direito que se argúi; e no jus possessionis não se atende senão à posse; somente essa situação de fato é que se considera, para que logre os efeitos jurídicos que a lei lhe confere. Não se in- daga então da correspondência da expressão externa com a substância, isto é, com a exis- tência do direito. A lei socorre a posse enquanto o direito do proprietário não desfizer esse estado de coisas e se sobreleve como dominante. O jus possessionis persevera até que o jus possidendi o extinga. II. Teorias sobre a posse: O estudo da posse é repleto de teorias, que procuram explicar o seu conceito, ou como se justifica esta situação da posse, que aparentemente soa irregular. Entretan- to, estas teorias podem ser reduzidas em dois grupos: A. Teoria subjetiva: Criada por Savigny, esta teoria define que a posse é caracterizada pela conjugação de 2 elementos: corpus, que é o elemento objetivo, que consiste na detenção fí- sica da coisa; e animus, que é o elemento subjetivo, o qual se encontra na intenção de exer- cer sobre a coisa um poder em interesse próprio e de defende-la de terceiros. Observação: por esta teoria, não haveria relação possessória nos casos em que as pessoas não tem a coisa em seu poder, ainda que com fundamento jurídico. Exemplos: locação, co- modato, penhor… Se faltar o corpus, inexiste posse, e, se faltar o animus, não existe posse, mas mera detenção. Não é aceita, pois assim não protegeria os locatários, arrendatários e usufrutuários. B. Teoria objetiva: Criada por Ihering, para esta teoria, não importa a intenção (animus), pois ela já está incluída no corpus. Esta teoria dá ênfase à exteriorização da propriedade, que se revela na maneira como o sujeito age em face da coisa, o que não significa contato físico com a coisa, mas sim a conduta de ser dono. Observação: O novo CPC, adotou esta teoria, que assim considera possuidor aquele que se comporta como proprietário, exercendo alguns dos poderes que lhes são inerentes — art. 1196, CC. Para IHERING, portanto, basta o corpus para a caracterização da posse. Tal expres- são, porém, não significa contato físico com a coisa, mas sim conduta de dono. Ela se revela na ma- neira como o proprietário age em face da coisa, tendo em vista sua função econômica (função soci- al). A posse, é a exteriorização da propriedade, e não o poder físico, a visibilidade do domínio, o uso econômico da coisa. Ela é protegida, em resumo, porque representa a forma como o domínio se manifesta. O proprietário da coisa deve ser visível: omnia ut dominum fecisse oportet. Chamar a posse de exterioridade ou visibilidade do domínio é resumir, numa frase, toda a teoria possessória. ! de !3 13 Direitos reais sobre coisas alheias: Posse propriamente dita Teoria subjetiva Teoria objetiva Observação A posse, é a exteriorização da propriedade, e não o poder físico, a visibilidade do domínio, o uso econômico da coisa Em suma, no jus possidendi se perquire o direito, ou qual o fatoem que se estriba o direito que se argúi; e no jus possessionis não se atende senão à posse; somente essa situação de fato é que se considera, para que logre os efeitos jurídicos que a lei lhe confere. Não se in- daga então da correspondência da expressão externa com a substância, isto é, com a exis- tência do direito. A lei socorre a posse enquanto o direito do proprietário não desfizer esse estado de coisas e se sobreleve como dominante. O jus possessionis persevera até que o jus possidendi o extinga. posse conjugação de 2 elementos: corpus, e animus, que é o elemento subjetivo, o qual se encontra na intenção de exer- cer sobre a coisa um poder não haveria relação possessória nos casos em que as pessoas não tem a coisa em seu poder, ainda que com fundamento jurídico. para esta teoria, não importa a intenção (animus), pois ela já está incluída no corpus. Esta teoria dá ênfase à exteriorização da propriedade, que se revela na maneira como o sujeito age em face da coisa a conduta de ser dono. considera possuidor aquele que se comporta como proprietário, exercendo alguns dos poderes que lhes são inerentes Ela se revela na ma- neira como o proprietário age em face da coisa, tendo em vista sua função econômica Chamar a posse de exterioridade ou visibilidade do domínio é resumir, numa frase, toda a teoria possessória. Em suma, no jus possidendi se perquire o direito, ou qual o fato em que se estriba o direito que se argúi; e no jus possessionis não se atende senão à posse; somente essa situação de fato é que se considera, para que logre os efeitos jurídicos que a lei lhe confere. Não se in- daga então da correspondência da expressão externa com a substância, isto é, com a exis- tência do direito. A lei socorre a posse enquanto o direito do proprietário não desfizer esse estado de coisas e se sobreleve como dominante. O jus possessionis persevera até que o jus possidendi o extinga A diferença substancial entre as duas escolas, de SAVIGNY e IHERING: “para a primeira, o corpus aliado à affectio tenendi gera detenção, que somente se converte em posse quan- do se lhes adiciona o animus domini (Savigny); para a segunda, o corpus mais a affectio tenendi geram posse, que se desfigura em mera detenção apenas na hipótese de um impedimento legal (Ihe- ring). III. Posse e detenção (Fâmulos da posse): Há situações em que uma pessoa não é considerada possuidora, mesmo exercendo os poderes de fato sobre a coisa. Isto ocorre quando a lei desqua- lifica nesta relação para a mera detenção (art. 1198, CC — Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.). Assim, não será considerado possuidor aquele que conserva a coisa em nome de outro ou em cumprimento de ordens ou instruções daquele em cuja dependência se encontre. Desta forma, o possuidor exerce o poder de fato em razão de interesse próprio. Já o deten- tor exerce a posse, porém em nome de outra pessoa, em razão de interesse alheio (ex. caseiros, guarda noturnos, soldado em relação à arma). 1. Posse = age como proprietário, exceto quando a lei diz que não o é; detenção = age em nome ou sob ordens de alguém, achando-se em relação de dependência. 2. A detenção não gera vínculo jurídico com a coisa. Detentor não posse se valer das ações processarias para proteger a coisa; mas pode se valer de ações em razão do víncu- lo trabalhista e não em relação ao vínculo possessório. a) Se tiver vínculo empregatício deixa de ser direito real e passa a ser considerado como direito pessoal. 3. Ao que sobreleva é a falta de independência da vontade do detentor, que age como lhe determina o possuidor. Há uma relação de ordem, obediência e autoridade. Tais servidores não têm posse e não lhes assiste o direito de invocar, em nome próprio, a pro- teção possessória. Embora não tenham o direito de invocar, em seu nome, a proteção possessória, não se lhes recusa, contudo, o direito de exercer a autoproteção do pos- suidor, quanto as coisas confiadas a seu cuidado, consequência natural de seu dever de vigilância. 4. Outro exemplo de detenção: Art. 1.208 proclama que “não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância, os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”. Assim, os aludidos atos impedem o surgi- mento da posse, sendo aquele que os pratica considerado mero detentor, sem qualquer relação de dependência com o possuidor […] denominada detenção independente. Cessada a violência ou a clandestinidade, continuam os mencionados atos a produzir o efeito de qualificar, como injusta e com os efeitos daí resultantes, a posse que a partir de então surge. IV. Conceito de posse: A posse é a conduta de dono. Ou seja, sempre que houver o exercício dos poderes atribuídos ao proprietário haverá posse. Exceto se alguma norma demonstrar que esse exercício configura a detenção e não a posse. ! de !4 13 possuidor deten detenção Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Posse detenção A posse é a conduta de dono situações em que uma pessoa não é considerada possuidora não será considerado possuidor aquele que conserva a coisa em nome de outro ou em cumprimento de ordens ou instruções daquele em cuja dependência se encontre. interesse próprio exerce a posse, porém em nome de outra pessoa, em razão de interesse alheio não gera vínculo jurídico com a cois exemplo de detenção permissão ou tolerância os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade Desta forma, a posse é exteriorização da propriedade, a visibilidade do domínio e o uso econômico e social da coisa. Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. V. Natureza Jurídica da posse: A posse é um fator ou um direito? Há grande divergência doutri- nária, porém a posição majoritária é no sentido de que a posse não é um simples fato e também não é somente um direito, mas sim um direito especial. CLÓVIS BEVILÁQUA relutou em reconhecer a natureza real da posse, dizendo: “Aceita a noção que Ihering nos dá, a posse é, por certo, direito; mas reconheçamos que um direito de natureza especial. Antes, conviria dizer, é a manifestação de um direito real”. É pertencente a uma categoria especial, típica e autônoma, cuja base é o fato, a po- testade, a ingerência socioeconômica do sujeito sobre um determinado bem da vida destinado à sa- tisfação de suas necessidades, e não o direito É sui generis, tendo, desta forma, uma natureza mista, uma natureza jurídica especi- al, híbrida, sendo de fato e de direito. VI. Espécies de posse: A. Posse direta e Posse indireta: 1. Explicação: “O proprietário ou titular de outro direito real pode usar e gozar a coisa objeto de seu direito, mediante o exercício os poderes que informam o seu direito e, nes- se caso, nele se confundem as posses direta e indireta”. Pode acontecer, no entanto, “que, por negócio jurídico, transfira a outrem o direito de usar a coisa: pode ele dá-la em usufruto, em comodato, em penhor, em enfiteuse, etc. Nestes casos, a posse se dis- socia: o titular do direito real fica com a posse indireta (ou mediata), enquanto que o terceiro fica com a posse direta (ou imediata, também chamada derivada, confiada, irregular ou imprópria)”. a) Art. 1.197: “A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporaria- mente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defendera sua posse contra o indireto”. b) Assim: Se ambos são possuidores, ambos podem se valer das ações possessórias. O proprietário exerce a posse indireta, como consequência de seu domínio. O locatário, por exemplo, exerce a posse direta por concessão do locador. Uma não anula a outra. Ambas coexistem no tempo e no espaço e são posses jurídicas (jus possidendi), não autônomas, pois implicam o exercício de efetivo direito sobre a coisa. 2. Resumo: É possível distinguir entre as espécies de posse a posse direta da posse indireta (Art. 1197, CC). A posse direta é aquela em que a pessoa tem a posse, temporariamente em virtude de um direito real ou pessoal, a qual não anula a posse indireta, de quem aquela foi havida, podendo inclusive o possuidor direto defender sua posse contra o in- direto. Neste caso há um desdobramento da relação possessória. a) Observação 1: A vantagem desta divisão é que ambos podem invocar a proteção possessória. ! de !5 13 direito especial. posse direta ariamente em virtude de um direito real ou pessoal, a qual não anula a Uma não anula a outra. Assim Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade É sui generis, tendo, desta forma, uma natureza mista, uma natureza jurídica especi- al, híbrida, sendo de fato e de direito. Pode acontecer proprietário transfira a outrem o direito de usar a coisa Nestes casos, a posse se dis- socia: o titular do direito real fica com a posse indireta enquanto que o terceiro fica com a posse direta Se ambos são possuidores, ambos podem se valer das ações possessória O proprietário exerce a posse indireta, como consequência de seu domínio. O locatário, por exemplo, exerce a posse direta por concessão do locador b) Observação 2: O possuidor direto jamais poderá adquirir a propriedade por meio da ação de usucapião, uma vez que essa posse é precária e lhe falta o ânimo de dono. B. Posse nova e Pose Velha: 1. Posse nova: menos de um ano e um dia, ou seja, simplesmente um ano, que é o prazo necessário para que seja proposta uma ação de força nova, com caráter liminar (urgen- te). Até um ano e dia pode ser concedido a liminar (posse nova = pode ter liminar). 2. Posse velha: mais de um ano e um dia, ou seja, mais de um ano, razão pela qual não resta outra opção senão propor uma ação de força velha, de natureza ordinária e sem os benefícios de uma liminar. Depois de ano e dia, não pode ser concedido liminar (posse velha = não pode ter liminar). C. Posse natural e posse civil: 1. Posse civil (jurídica): Além de ter um artigo na lei que a define, só se materializa com um título. Se adquire por força da lei. Posse civil ou jurídica é, portanto, a que se trans- mite ou se adquire pelo título. Adquire-se a posse por qualquer dos modos de aquisição em geral, desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade a) É aquela que assim se considera por força de lei, sem a necessidade de atos físicos ou materiais. Portanto é aquela adquirida ou que se transmite em razão de um título. 2. Posse natural: é a que se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a coisa, ou, a que se assenta na detenção material e efetiva da coisa. É a posse sem título, autônoma, que se constitui pelo exercício dos poderes de fato sobre a coisa (não há vínculo jurídico com a coisa). D. Posse justa e posse injusta: 1. Os vícios que maculam a posse são ligados ao momento da sua aquisição — se a posse é injusta a pessoa que está com a coisa não a adquire e o prazo para ações possessórias como usucapião não conta, senão depois de cessada a violência. 2. Posse justa, destarte, é aquela isenta de vícios, aquela que não repugna ao direito, por ter sido adquirida por algum dos modos previstos na lei, ou, segundo a técnica romana, a posse adquirida legitimamente, sem vício jurídico externo. a) Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. b) Posse justa: não violenta, não clandestina e não precária. É aquela adquirida legiti- mamente, sem vício jurídico externo. 3. Posse injusta: é violenta (física ou moral), clandestina (furtivamente/às escondidas) e precária (se recusa a devolver a coisa, findo o contrato). a) Injusta, portanto, por oposição, é a posse que foi adquirida viciosamente, por violên- cia ou clandestinidade ou por abuso do precário b) Os três vícios mencionados correspondem às figuras definidas no Código Penal como roubo (violência — toma o objeto de alguém com uso da força/ expulsa do imóvel por meios violentos o anterior possuidor), furto (clandestinidade — sem violência subtrai objeto) e apropriação indébita (precariedade — sujeito se ela a ! de !6 13 nova velha civil natural justa injusta violência clandestinidade precariedade menos de um ano e um dia Até um ano e dia pode ser concedido a liminar (posse nova = pode ter liminar) mais de um ano e um dia, Depois de ano e dia, não pode ser concedido liminar (posse velha = não pode ter liminar). e adquire por força da lei. Posse civil ou jurídica é, portanto, a que se trans- mite ou se adquire pelo título. se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a coisa, ou, a que se assenta na detenção material e efetiva da coisa. é aquela isenta de vício adquirida por algum dos modos previstos na lei legitimamente sem vício jurídico externo a) Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. violenta clandestina precária Injusta, portanto, por oposição, é a posse que foi adquirida viciosamente, por violên- cia ou clandestinidade ou por abuso do precário física moral furtivamente se recusa a devolver a coisa, findo o contrato). devolver a coisa ao fim do contrato, ocorrendo a quebra de confiança nas relações contratuais). 4. Proteção legal: Ocorre que, ainda que viciada, a posse injusta não deixa de ser posse, visto que a sua qualificação é feita em face de determinada pessoa, sendo, portanto, rela- tiva. Será injusta em face do legítimo possuidor. Mesmo viciada, porém, será justa, suscetível de proteção em relação às demais pessoas estranhas ao fato. Art. 1.208 — […] assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandes- tinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade E. Posse de boa-fé e Posse de má-fé: 1. Boa-fé: Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. a) A posse de boa-fé é aquela em que o possuidor ignora o vício ou obstáculo que im- pede a aquisição da coisa (art. 1.201, CC). Para caracterizá-la, é importante a crença do possuidor de que ele se encontra em uma situação legítima. O seu conceito fun- damenta-se em dados subjetivos (psicológicos). 2. Má-fé: Já a má-fé é aquela em que o vício é de conhecimento do possuidor. Pessoa que conhece o vício e ainda sim adquire o bem, prejudicando o atual proprietário. 3. Importância do tema: Esse tema tem importância no uso das ações possessórias, na responsabilidade pela aquisição a coisa (indenizações), assim como na disputa dos fru- tos e bem-feitorias da coisa possuída. 4. Obs. Pode ser que uma posse seja justa e de má-fé ou injusta e de boa-fé. VII. Princípio da Continuidade do caráter possessório: A. Possibilidade de transmissão da posse. A posse, mesmo sem vínculo jurídico pode ser transmitida e, para efeitos de usucapião, o tempo que o de cujos ficou soma-se ao tempo do novo adquirente. B. A posse, que é uma situação de fato e regulamentada pelo direito, tem efeitos patrimoniais, sendo, portanto, possível a sua transmissão, independente do direito de propriedade (art. 1203,CC — Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo ca- ráter com que foi adquirida). C. Assim, pelo princípio da continuidade do caráter possessório, a sua posterior transmissão não tem poder de sanar os vícios com que era exercida pelo transmitente (ex. Posse injusta). Portanto, se a posse começou de forma violenta, clandestina ou precária, ela mantém as mesmas características quando transmitida a novos adquirentes, ainda que eles desconhe- çam o vício, ou seja, mesmo que estejam de boa-fé. VIII. Acessão da posse: A. Possibilidade de junção do tempo da posse do possuidor anterior com o posterior. Na práti- ca serve para ações de usucapião. B. Como consequência da possibilidade de transmissão da posse, seja por ato inter vivos ou causa mortis, surge a possibilidade de junção das posses, ou seja, somar a possesso anteces- sor com a do sucessor (art. 1.207, CC — O sucessor universal continua de direito a posse do ! de !7 13 Proteção legal Boa-fé: Má-fé: Possibilidade de transmissão da posse. Possibilidadedejunçãodotemp Será injusta em face do legítimo possuidor. Mesmo viciada, porém, será justa, suscetível de proteção em relação às demais pessoas estranhas ao fato ainda que viciada, a posse injusta não deixa de ser posse, É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. possuidor ignora o vício ou obstáculo que im- pede a aquisição da coisa . Para caracterizá-la, é importante a crença do possuidor de que ele se encontra em uma situação legítim é aquela em que o vício é de conhecimento do possuidor. mesmo sem vínculo jurídico pode ser transmitida A posse tem efeitos patrimoniais, sendo, portanto, possível a sua transmissão, independente do direito de propriedade Assim, pelo princípio da continuidade do caráter possessório, a sua posterior transmissão não tem poder de sanar os vícios com que era exercida pelo transmitent dapossedopossuidoranteriorcomoposterior. transmissão da posse, seja por ato inter vivos Transmissão causa mortis Transmissão por ato inter vivos seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais). IX. Obstáculos à aquisição: Existem situações que, segundo a legislação brasileira, são obstáculos que impedem a aqui- sição da posse embora fique constatada a apreensão física da coisa (art. 1.208, CC). A. Possibilidade de permissão ou tolerância — Diz respeito ao contato físico com a coisa, porém mantido por mera permissão ou tolerância do proprietário ou do verdadeiro possui- dor. Este casos são hipóteses de mera detenção e não de posse (Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância […]). Trata-se se situação precária, uma vez que não há o desfrute econômico por parte daquele que detém a coisa nestas circunstâncias. 1. Permissão: Pessoa manifesta sua vontade expressamente; 2. Tolerância: é subjetiva, tácita. B. Violência ou clandestinidade: Diz respeito aos atos violentos ou clandestinos. Desta for- ma, entende-se adquirida efetivamente a “posse justa”, somente após cessados os atos de violência ou clandestinidade. 1. Art. 1.208 — […] assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. a) Apenas violência e clandestinidade pois estes são vícios sanáveis. (1) Só começa a ser posse depois que cessa a violência ou a clandestinidade, visto que a posse deixa de ser injusta, passa a ser justa e assim passa a contar o prazo. Aula 26/02/18 DA AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE É importante destacar a pouca utilidade de tentar enumerar os modos de aquisição da posse, como tentou fazer o código civil de 16. Uma vez acolhida a teoria de Ihering (art. 1196, CC), pelo qual a posse é a situação de fato correspondente ao exercício da propriedade ou seus desdobramen- tos, basta a lei indicar que haverá posse sempre que esta situação for verificada nas relações jurídi- cas. Neste caso, o que importa é a fixação da data da aquisição para que possa ser fixada o início do prazo da usucapião e também o prazo que irá distinguir a posse nova da posse velha. Aula 27/03/2018 I. Modos de aquisição A. Pelo que foi mencionado, adotando-se a teoria objetiva (Ihering), que não fez a enumeração dos modos de aquisição, nosso código civil se limitou apenas em esclarecer que “adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qual- quer dos poderes do proprietário” (Art. 1.204, CC). Entretanto a doutrina traz alguns exem- plos: 1. Apreensão da coisa (art. 1.196, CC) - de forma unilateral, “sem dono”. A coisa será sem dono quando tiver sido abandonada (Res derelicta) ou quando a coisa não for de ninguém (res nullius). ! de !8 13 Possibilidade de permissão ou tolerância Violência ou clandestinidade o que importa é a fixação da data da aquisição para que possa ser fixada o início do prazo da usucapião e também o prazo que irá distinguir a posse nova da posse velha exem plos Apreensão da coisa Existem situações que, são obstáculos que impedem a aqui- sição da posse embora fique constatada a apreensão física da cois 1. Permissão: Pessoa manifesta sua vontade expressamente; 2. Tolerância: é subjetiva, tácita assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade a) Apenas violência e clandestinidade pois estes são vícios sanáveis. A coisa será sem dono quando tiver sido abandonada ou quando a coisa não for de ninguém “sem dono”. 2. Tradição - Pressupõe um acordo de vontades, um negócio jurídico de alienação, seja a título gratuito ou oneroso. A tradição pode ser classificada em a) Tradição real: que é a entrega efetiva da coisa b) Tradição simbólica: quando for representada por um ato que traduz a alienação (ex. Entrega das chaves de um imóvel que ainda não foi concluído). c) Tradição ficta (presumida): Sempre ocorrerá nos casos de Constituto Possessório (esta cláusula contratual tem a finalidade de evitar complicações decorrentes duas entregas sucessivas; ela não se presume, devendo constar expressamente no título — Ex. Quando vendedor, transferindo a propriedade para alguém, conserva a posse em seu poder, mas agora na qualidade de locatário/arrendatário). II. Quem pode adquirir a posse A. Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: 1. pela própria pessoa (maiores e capazes) que a pretende ou por seu representante, caso seja incapaz (e caso seja relativamente incapaz, deve estar assistido) — O represen- tante é o representante legal, não pode ser feito por meio de procuração, visto que, por ser uma situação de fato, a própria pessoa deve exercê-lo; 2. por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação (gestor de negócios); O CC não admite a posse por procurador, porém admite que terceiro, tratando-se de um gestor de negócios, mesmo sem mandato adquira a posse, dependendo de ratificação do bene- ficiário. III. Perda da posse A. Geralmente quanto tem alguém adquirindo a posse, alguém está perdendo (exceto nos casos de coisa de ninguém, destruição da coisa, coloca fora do comercio) — Tradição, abando- no… B. Assim como na aquisição, é inócua a tentativa de enumerar os meios pelos quais ocorre a perda da posse. Se a posse é a exteriorização do domínio, se o possuidor é aquele que se corta em relação a coisa como se fosse dono, desde o momento em que deixa de se com- portar como dono, a posse estará perdida. C. É por esta razão que o art. 1.223, CC simplesmente esclarece que “perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refereo art. 1.196, CC”. Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbu- lho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido. D. No entanto, apenas para exemplificar, de acordo com a doutrina, podemos mencionar: 1. Abandono, que ocorre quando o sujeito renuncia a posse: A configuração do abandono (derelictio) depende, além do não uso da coisa, do ânimo de renunciar o direito, reali- zando-se, concomitantemente, o perecimento dos elementos corpus e animus. 2. Tradição: Quando envolve a intenção definitiva de transferir a oura pessoa (A entrega da coisa, como o ânimo de efetuar a tradição, gera a demissão da posse e sua consequen- te perda). Ex. Compra e venda, doação… 3. Destruição ou perecimento da coisa: perecendo o objeto, extingue-se o direito. ! de !9 13 Tradição real simbólica ficta pela própria pessoa por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação (gestor de negócios) desde o momento em que deixa de se com- portar como dono, a posse estará perdida. exemplificar Abandono Tradição Destruição ou perecimento da coisa Pressupõe um acordo de vontades, entrega efetiva da coisanull representada por um ato que traduz a alienação (ex. Sempre ocorrerá nos casos de Constituto Possessório finalidade de evitar complicações decorrentes duas entregas sucessivas art. 1.223, CC simplesmente esclarece que “perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196, CC”. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbu- lho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido. sujeito renuncia a posse: o envolve a intenção definitiva de transferir a oura pesso perecendo o objeto, extingue-se o direito Aula 28/03/2018 EFEITOS DA POSSE Fluxograma - Efeitos da posse - Proteção possessória - Autodefesa - Interditos possessórios (Ações Possessórias) - Ação reintegração de posse — efeito processual (no caso de esbulho) - Manutenção de pose — efeito processual (no caso de turbação) - Ação de interdito probatório — efeito processual (no caso de ameaça) - Efeitos Materiais - Percepção dos frutos - Indenização - Responsabilidade pela perda - Usucapião I. EFEITOS MATERIAIS DA POSSE A. Direito a percepção dos frutos e produtos 1. Se ao proprietário pertence a coisa principal, dele também terão que ser as coisas aces- sórias, segundo o princípio accessorium sequitur suum principale (CC, art. 92). a) Efeitos em relação ao possuidor de boa-fé: (1) Essa regra (art. 92), não prevalece quando o possuidor está possuindo de boa-fé, isto é, com a convicção de que é seu o bem possuído (deve ser indenizado pelas benfeitorias). (2) Terá direito a colher todos os frutos durante o período que estava de boa-fé. Terá a obrigação de não colher os frutos pendentes, tendo direito de ser indenizado por todas as despesas de conservação, manutenção e custeio. (3) Já o possuidor de má-fé: terá a obrigação de restituir/indenizar todos os frutos/ produtos colhidos durante a ocupação; obrigação de não colher frutos pendentes e o direito de ser indenizado pelas despesas de produção, conservação e custeio. (a) Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. (b) Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. 2. Frutos: São todos os bens acessórios que o bem principal produz periodicamente e, cuja retirada não gera o perecimento ou desgaste da coisa. Bem principal não se perece/ desgaste na medida que se retira os frutos, e é periódico (ex. Macieira). a) Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte, como as frutas das árvo- ! de !10 13 a) Efeitos em relação ao possuidor de boa-fé: Frutos Exceção: Essa regra , não prevalece quando o possuidor está possuindo de boa-fé, Se ao proprietário pertence a coisa principal, dele também terão que ser as coisas aces- sória Terá direito a colher todos os frutos durante o período que estava de boa-fé tendo direito de ser indenizado por todas as despesas de conservação, manutenção e custeio. Já o possuidor de má-fé: obrigação de restituir/indenizar todos os frutos/ produtos colhidos durante a ocupação; obrigação de não colher frutos pendentes e o direito de ser indenizado pelas despesas de produção, conservação e custeio Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. (b) Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. bens acessórios que o bem principal produz periodicamente e, cuja retirada não gera o perecimento ou desgaste da coisa Nascem e renascem da coisa sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte, Efeitos processuais Efeitos materiais Legitima defesa ou desforço imediato pelas benfeitorias res, o leite, os cereais, as crias dos animais etc. O Art. 1.215 esclarece que frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia. (1) Naturais: decorre da natureza, não depende do homem. (2) Industriais: decorrentes da atividade humana (máquinas — produção industrial) (3) Civil: Decorrentes da lei — a lei determina que determinada coisa será fruto. Civis são as rendas produzidas pela coisa, em virtude de sua utilização por ou- trem que não o proprietário (ex. juros). 3. Produtos: São todos os acessórios que o bem principal produz, não se repondo tão fre- quentemente (ou coma mesma periodicidade) e cuja retirada gera o perecimento ou des- gaste da coisa. (ex. Extrativismo vegetal - Diamante ou petróleo) Aula 05/03/18 B. Indenização pelas benfeitorias 1. Conceito Benfeitoria Benfeitoria é toda obra realizada pelo homem na estrutura de uma coisa com o propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la, sem acréscimo em conteúdo, ou seja, não tem a intenção de aumentar propriedade, mas de melhorá-la. O Código Civil brasileiro divide as benfeitorias em três espécies, considerando como necessárias as benfeitorias que têm por fim conservar o bem ou evitar que ele se deteriore; úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem; e voluptuárias as de mero deleite ou recreio. Benfeitorias são todos os acessórios da coisa provenientes da mão humana, tanto em bens móveis quanto em bens imóveis, com a finalidade de conservação, melhoramento ou embelezamen- to, e que geram a sua valorização, porém, sem haver um acréscimo considerável em volume. Essas podem ser de três espécies: necessárias (imprescindíveis para a conservação e cuja finalidade é justamente evitar o perecimento ou deterioração da coisa — art. 96. §3º, CC); úteis (ampliam ou facilitam o uso da coisa, atribuindo um melhoramento ao bem — art. 96, §2º); volup- tuárias (obras ou despesasde mero embelezamento do móvel/imóvel, visando apenas tornar mais agradável o uso da coisa — art. 96, §1º). 2. Indenização pelas benfeitorias a) Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. b) Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. c) Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. d) Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual. 3. Efeitos jurídicos: a) Possuidor de boa-fé (1) Caso o possuidor direto esteja de boa-fé, ocorrerá os seguintes efeitos jurídicos: (a) Poderá exercer o direito de retenção pelas benfeitorias necessárias e úteis, assim como ser indenizado por elas. ! de !11 13 Naturais Industriais Civil Produtos 1. Conceito Benfeitoria Indenização pelas benfeitorias Efeitos jurídicos: a) Possuidor de boa-fé decorre da natureza, decorrentes da atividade human Decorrentes da lei — a lei determina que determinada coisa será fruto. ão todos os acessórios que o bem principal produz, não se repondo tão fre- quentemente e cuja retirada gera o perecimento ou des-nullgaste da coisa. toda obra realizada pelo homem na estrutura de uma coisa com o propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la, sem acréscimo em conteúdo, necessárias as benfeitorias que têm por fim conservar o bem ou evitar que ele se deteriore; úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem; e voluptuárias as de mero deleite ou recreio. necessárias úteis voluptuárias possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-la Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessária e poderá exercer o direito de retenção efeitos jurídicos: boa-fé Poderá exercer o direito de retenção pelas benfeitorias necessárias e úteis, assim como ser indenizado por elas. i) Direito de retenção (art. 1.219, CC): É o poder do possuidor de permane- cer na coisa até ser indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis a que tem direito, mesmo contra a vontade do retomante, que é obrigado a efe- tuar o pagamento para ser investido na posse direta da coisa. (b) Terá também o direito de levantar as benfeitorias voluptuárias, caso o re- tomante não exerça a preferência de indenizá-las. b) Possuidor de má-fé: (1) Caso o possuidor direto esteja de má-fé, ocorrerão os efeitos jurídicos: (a) Direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias, em razão da adoção pelo nosso ordenamento jurídico da adoção do princípio da vedação do enri- quecimento sem causa, já que o próprio titular teria que efetuar essas obras caso estivesse no imóvel, para evitar a deterioração do mesmo. (b) Sofrerá a perda das benfeitorias úteis e voluptuárias. (c) Não poderá exercer o direito de retenção pelas benfeitorias úteis nem neces- sárias. (d) Impossibilidade de levantamento das benfeitorias voluptuárias. C. Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa 1. Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa. 2. Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, sal- vo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. A. D. Usucapião: A usucapião e suas modalidades serão analisadas em outro momento por uma questão didática, quando do estudo das formas de aquisição de propriedades. Aula 06/03/18 II. PROTEÇÃO POSSESSÓRIA A. Legitima defesa ou desforço Imediato (Autotutela/defesa direta/Autoproteção) 1. Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituí- do no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molesta- do. § 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. § 2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. 2. A legitima defesa e o desforço imediato são aquelas situações em que o possuidor pode se manter ou ser reestabelecido na situação de fato, pelos seus próprios recursos ou por suas próprias forças (art. 1.210, §1º, CC). Deve-se limitar ao indispensável à retomada da posse. Os meios empregados devem ser proporcionais à agressão. ! de !12 13 Possuidor de má-fé: O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força Direito de retenção (a É o poder do possuidor de permane- cer na coisa até ser indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis Terá também o direito de levantar as benfeitorias voluptuárias, Direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias, Sofrerá a perda das benfeitorias úteis e voluptuárias. Não poderá exercer o direito de retenção (d) Impossibilidade de levantamento das benfeitorias voluptuárias. Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituí- do no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molesta- do. A legitima defesa e o desforço imediato são aquelas situações em que o possuidor pode se manter ou ser reestabelecido na situação de fato, pelos seus próprios recursos ou por suas próprias forças a) Observação. A expressão “por suas próprias forças”, significa sem apelar para a au- toridade, para a policia ou para a justiça. Porém, em ambos os casos, poderá ser au- xiliado por amigos, parentes, empregados, podendo inclusive fazer o uso de armas. 3. Legítima defesa da posse: ela surge nos casos de turbação, ou seja, há um incomodo na posse. Assim, achando-se turbado no exercício da sua posse, poderá reagir, fazendo uso da defesa direta, enquanto durar o incomodo. a) Turbação é a perturbação. É todo ato que causa um efetivo embaraço ao livre exer- cício da posse, sendo que este embaraço somente deverá ser real, concreta, efetiva e consistente em fatos. Neste caso caberá ação de manutenção de posse. é preciso que a reação se faça logo, imediatamente após a agressão. b) A turbação pode ser: (1) Direta: Quando própria pessoa atua no bem (embaraça o uso do bem com conta- to com o objeto); (2) Indireta: Prática externa (mesmo sem ter contado com o objeto) que repercute sobre a coisa, impedindo o livre exercício da posse (Ex. Atrapalhar a locação de um bem com som alto) (3) Positiva: Pessoa age; (4) Negativa: Pessoa deixa de agir. 4. Desforço imediato: Ocorre nos casos de esbulho, ou seja, ocorre a perda da posse. Essa situação surge quando o possuidor, já tendo perdido a posse, consegue reagir em seguida, retomando a coisa. Portanto, é praticado diante do fato já consumado, mas logo após, no calor dos acontecimentos. a) Esbulho é a perda da posse contra vontade do possuidor. Pode ocorrer por atos vici- osos (clandestinidade, violência, precariedade). Nestes casos, caberá ação de reinte- gração de posse. ! de !13 13 Legítima defesa da posse: Turbação Direta Indireta Positiva Negativa Desforço imediatoEsbulho surge nos casos de turbaçã há um incomodo na posse. perturbação todo ato que causa um efetivo embaraço ao livre exer- cício da posse, sendo que este embaraço somente deverá ser real, concreta, efetiva e consistente em fatos. corre nos casos de esbulho, ou seja, ocorre a perda da posse. perda da posse contra vontade do possuidor. My Bookmarks
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