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05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/22 MÓDULO 6: DO USUFRUTO. CONCEITO: Usufruto é direito real de gozo, conferido a uma pessoa, durante certo tempo, que a autoriza a retirar da coisa alheia os seus frutos e utilidades. Deve o usufrutuário conservar a substância; e extingue-se pela morte do usufrutuário necessariamente. · Enquanto ao usufrutuário se transfere o direito temporário de usar e gozar da coisa alheia, impõe-se a ele o dever de preservar a substância. · Por ser transitório, o direito de usufruto se diferencia da enfiteuse. Ainda, a enfiteuse atribui ao titular do direito real sobre coisa alheia (o foreiro), a prerrogativa da disposição, o que não ocorre no usufruto. E por ser de natureza real, o usufruto se diferencia da locação. · O USUFRUTO COMPREENDE TODOS OS ACESSÓRIOS E ACRESCIDOS DA COISA. · No usufruto o domínio se desmembra: de um lado fica o nu-proprietário com o direito à substância da coisa, a prerrogativa de dispor da coisa e a expectativa de mais tarde ver consolidada a propriedade, porque o usufruto é sempre temporário. De outro lado há o usufrutuário, com os direitos de uso e gozo, dos quais se torna titular por certo tempo (de forma então transitória). ** Como em todos os outros direitos reais sobre coisas alheias, há simultaneamente 2 titulares de direitos diversos recaintes sobre a mesma coisa. O nu-proprietário é dono; e o usufrutuário tem o direito de uso e gozo. · o usufruto é direito real muito abrangente (ainda que menos que a enfiteuse), porque alcança todo o valor econômico da coisa, compatível com a conservação da propriedade. ____________//_______ Características: Trata-se de direito real sobre coisa alheia, de uso e gozo, temporário e (no sistema brasileiro) inalienável. Então as características são: 1. Direito real. Tem todos os elementos deste tipo de direito (real). Recai sobre a coisa; o seu titular não precisa de prestação positiva de ninguém para exercer o seu direito. Há o direito de sequela (de retirar a coisa das mãos de outrem) e é oponível erga omnes. E sua defesa se faz através de ação real (reivindicatória). 2. É direito real sobre coisa alheia. Se fosse sobre coisa própria iria se confundir com o domínio. No usufruto os direitos de uso e gozo se incorporam ao patrimônio do usufrutuário. 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 2/22 3. Direitos de uso e gozo. São do usufrutuário. Uso é a utilização da coisa pelo usufrutuário ou seus representantes; gozo é o direito de retirar e se apropriar dos frutos naturais e civis (rendimentos) da coisa. Então o usufrutuário pode consumir ou vender os frutos naturais, e também dar a coisa em locação, recebendo os alugueres. Assim, o usufruto é diferente do direito real de uso, em que o usuário pode se utilizar mas não pode ceder o exercício de seu direito. 4. Temporário. Termina obrigatoriamente com a morte ou renúncia do usufrutuário – art. 1.410, I do CC. Ou com o fim do prazo de 30 anos se o usufrutuário for pessoa jurídica (art. 1.410, II, CC). ** Vimos no início desta aula que é diferente então da enfiteuse, que é perpétua. É que a finalidade da enfiteuse é proteger o enfiteuta, que produz na terra, e o interesse da sociedade, que se interessa pela melhor exploração dos imóveis. No usufruto é o contrário – apenas se quer proteger o usufrutuário, então só há usufruto enquanto o usufrutuário viver (por isso o usufruto é transitório). O usufruto é um direito real em benefício de um indivíduo. Por isso antigamente chamavam o usufruto, o uso e a habitação de servidões pessoais. 5. Inalienável. Só se pode alienar o usufruto para o nu-proprietário, para consolidar a propriedade. Art. 1.393 do CC/02 – o exercício do usufruto pode ceder-se por título gratuito ou oneroso (enquanto a transferência do usufruto por alienação só pode ser feita ao proprietário da coisa). · O exercício do usufruto pode ser cedido. Ex.: o usufrutuário pode arrendar propriedade agrícola que lhe foi deixada em usufruto, recebendo o arrendamento, em vez de ser obrigado, ele mesmo, a colher os frutos e assumir os riscos do empreendimento. O art. 1.399 do CC/02 completa a regra do art. 1.393, ao conferir ao usufrutuário o direito de usufruir em pessoa, ou mediante arrendamento do prédio, sendo-lhe, entretanto, vedado mudar o gênero de cultura, sem licença do proprietário ou autorização expressa do título. A inalienabilidade é boa porque beneficia o usufrutuário, dando meios para a sua subsistência. Se fosse alienável o usufruto não iria cumprir com a sua função. ** Muitos Códigos alienígenas admitem, no entanto, a alienação (ex.: Portugal, França, Itália, México, Espanha). ________________//____________________ Finalidades do usufruto: Surge no Direito Romano em época avançada da República, estando plenamente desenvolvido ao tempo de Cícero. Desenvolve-se o usufruto para assegurar a 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 3/22 subsistência de determinadas pessoas (ex.: viúva), sem que os bens saíssem do patrimônio da família. A finalidade é, portanto, assistencial. O intuito é desmembrar o domínio e colocar nas mãos do usufrutuário os direitos de uso e gozo, para assegurar-lhe os meios de prover a sua subsistência. Daí o fato de o usufruto resultar via de regra de negócio gratuito. · Também é comum que o usufruto advenha de testamento. O testador transfere o domínio a um sucessor, beneficiando com o uso e gozo vitalício da coisa pessoa mais idosa, almejando garantir-lhe determinada renda. Ou pode surgir de doação com reserva de usufruto, em que os doadores, querendo fazer liberalidade, mas receando futuro “aperto”, guardam o direito de desfrutar a coisa, embora transfiram o domínio dela com a doação. __________//_________ Distinção entre usufruto e fideicomisso: O fideicomisso é uma espécie de substituição em que o testador deixa bens a uma pessoa (fiduciário), para que esta os transmita, por sua morte, a certo tempo ou sob certa condição, a outra, o fideicomissário. Este fideicomissário é necessariamente prole eventual. O intuito é beneficiar ambos. · O fiduciário tem a propriedade dos bens, mas de forma restrita e resolúvel. A diferença é que: 1. O usufruto é direito real sobre coisa alheia, o usufrutuário não pode alienar o bem, não é dono; enquanto o fideicomisso estabelece para o fiduciário o direito ainda que resolúvel de propriedade, que pode inclusive ser alienado (o adquirente adquire uma propriedade resolúvel). 2. No fideicomisso há 2 beneficiários sucessivos. O fiduciário, que recebe a propriedade (uso, gozo e disponibilidade) e depois findo o termo deve transferi-la para o fideicomissário; e este último. No usufruto os 2 beneficiários são simultâneos: um (usufrutuário) recebe o uso e o gozo da coisa ao mesmo tempo em que o outro (nu-proprietário), que recebe o domínio limitado daquela. 3. No fideicomisso o fideicomissário é a prole eventual de alguém (o filho se vier a existir). Já no usufruto, como os beneficiários o são simultaneamente, devem eles existir no momento da constituição do usufruto. Não pode ser usufrutuária ou nu-proprietária a prole eventual de alguém; deve haver a existência atual dos dois beneficiários, pois não há direito sem sujeito. * A jurisprudência confirma a distinção, afirmando que se o testador utilizou a expressão “passagem de bens de um para outro beneficiário”, ou seja, domínios sucessivos, trata-se de fideicomisso. Mesmo que por engano o testador tenha se utilizado da palavra usufruto. __________//_________ Do objeto dousufruto: 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 4/22 Art. 1.390, CC – o usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades. A única hipótese de doação lícita de todos os bens é aquela feita com reserva de usufruto em benefício do doador. Então o usufruto tem campo de incidência bem maior que a enfiteuse e as servidões, que recaem somente sobre bens imóveis. É possível então constituir usufruto sobre bem determinado ou sobre uma universalidade de bens. Ex.: uma empresa ou determinado patrimônio. A lei ainda trata de casos especiais de usufruto, como o de rebanhos, de bens incorpóreos, como os direitos autorais, os títulos de crédito, as apólices e ações. · E a lei disciplina o usufruto sobre coisas que não dão frutos, mas produtos, como no caso de florestas e minas; e ainda permite o usufruto de coisas consumíveis, o que teoricamente é ilógico. Veremos mais adiante estes casos especiais de usufruto. ________//_______ Modos de constituição: O usufruto decorre de negócio jurídico (contrato ou testamento) ou da lei. E pode ocorrer por usucapião – ex.: quando quem faz o testamento ou concede o usufruto por contrato não é na verdade o dono (depois o possuidor do usufruto pode adquiri-lo por usucapião). * Ocorre que, aquele que exerce a posse não vai adquirir apenas o usufruto, por usucapião, e sim a propriedade inteira. Por isso é raro o usufruto por usucapião. Se decorre de negócio jurídico, este pode ser oneroso ou gratuito, inter vivos ou causa mortis. · O usufruto que se estabelece a título oneroso é raro mas é possível. O mais comum é surgir a título gratuito, já que sua finalidade é beneficente, na doação com reserva de usufruto, ou na doação da nua-propriedade a um beneficiário, e na do usufruto a outro. · Obs.: o negócio jurídico não basta para constituir usufruto. Se o usufruto tiver por objeto um imóvel, deve haver o registro, conforme art. 1.227 e 1.391, CC (no Registro de Imóveis). E cf. a Lei nº 6.015, de 31.12.73, art. 167, I, n. 7, V. · O registro é regra genérica para todos os direitos reais. E no usufruto de bens móveis a tradição é indispensável para aperfeiçoá-lo. ** O usufruto decorrente da lei: Ex.: art. 1.689, I do CC/2002 – os pais são usufrutuários dos bens dos filhos durante o exercício do poder familiar; e usufruto da Lei nº. 8.971/94, que foi concedido para proteger a companheira ou companheiro de homem ou mulher solteira (concubinato puro), divorciada o viúva, que se encontrar na situação descrita na lei. Tal benefício se extingue se o beneficiário se casar ou participar de outra união estável. __________//_____________ 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 5/22 Direitos do usufrutuário: Posse, uso, administração e percepção dos frutos (direitos gerais), cf. art. 1.394, CC. Obs.: Adiante veremos os direitos e deveres peculiares aos usufrutos especiais. - Posse: a posse justa e direta é protegida pelos interditos. Para alcançar tal posse, pode o usufrutuário mover ação de imissão contra o proprietário da coisa ou em face do instituidor do usufruto, caso estes se recusem a entregá-la. - Uso: o uso pode ser pessoal e pode ser cedido a título oneroso ou gratuito. Aqui o usufruto se distingue do direito real de uso, em que o usuário apenas pode fruir pessoalmente a utilidade da coisa, quando o exigirem as necessidades pessoais, suas e de sua família. - Administração: pode se dar sem a ingerência do proprietário. Sua administração é direta e só lhe é subtraída se, através dela e por causa dela, a coisa se deteriora. Ainda, o usufrutuário perde a administração se não puder ou não quiser dar caução. - Frutos naturais: o usufrutuário é dono dos pendentes ao começar o usufruto, sem encargo de pagar as despesas de produção. Mas perde os frutos pendentes (em compensação) ao tempo em que cessar o usufruto, sem ter então direito ao reembolso das despesas efetuadas para produzi-los (CC, art. 1.396, CC). - Frutos civis: ao proprietário pertencem os vencidos na data inicial do usufruto; e ao usufrutuário, os vencidos na data em que cessa o usufruto. - * Questão: a locação estabelecida pelo usufrutuário se rescinde com a extinção do usufruto? Uns dizem que sim, porque a locação gera só direito pessoal entre as partes, não podendo então vincular o nu-proprietário, que não é sucessor do usufrutuário, não podendo ficar vinculado a negócio do qual não participou. Outros dizem que a locação não se rescinde por causa da Lei do Inquilinato, que é de ordem pública, e que tem a finalidade de proteger o inquilino, só permitindo o seu despejo naqueles casos nela contemplados. A primeira tese é a correta. _______________//_____________ Casos especiais de usufruto: 1. Usufruto dos títulos de crédito. Art. 1.395, caput do CC/02 (art. 719 do CC/1916). “É um quase usufruto porque seu objeto são coisas que se consomem pelo uso”. O usufrutuário faz seus os títulos, ficando com o direito de receber as dívidas e de reempregar as importâncias recebidas. Apenas, esta aplicação corre por conta e risco do usufrutuário. Isto porque, cessado o usufruto, o nu-proprietário pode recusar os novos títulos, exigindo a importância. 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 6/22 A caução, dada na instituição do usufruto, garante a devolução desse dinheiro. Tal usufruto é muito raro. 2. Usufruto de um rebanho. Art. 1.397 do CC/02. É usufruto de universalidade. O usufrutuário desfruta de tudo o que é produzido pelo rebanho (as crias dos animais são frutos naturais). Dos frutos que ficam com o usufrutuário são deduzidos apenas os que bastem para inteirar as cabeças de gado existentes ao começar o usufruto. 3. Usufruto sobre florestas e minas. É outro caso de usufruto impróprio, porque o usufrutuário percebe produtos e não frutos. O corte da mata ou a exploração da mina exaurem o manancial, pois a coisa assim obtida não se reproduz periodicamente. Art. 1.392, §2º do CC: possibilita a existência do usufruto supra e diz que o usufrutuário e o dono devem prefixar a extensão do gozo e a maneira de exploração. Obs.: o problema que surge é o da extensão do usufruto, quando silente o título. Não se pode adotar soluções extremas. Ex.: não pode o usufrutuário exaurir a mina ou a floresta abusivamente, pois assim destruiria a substância da coisa (isto é proibido). E por outro lado não se pode impedir a retirada do produto, uma vez que neste caso o usufruto perderia o seu sentido. O meio-termo é a permissão de uma utilização razoável da coisa, em ritmo idêntico ao que se vinha fazendo anteriormente; caso não haja elementos para tal julgamento, a extensão do usufruto deve ser fixada pelo juiz, de acordo com a necessidade. Ex.: usufruto constituído por testamento sobre fazenda onde há uma serraria, que é o principal meio de exploração do imóvel – o usufrutuário tem o direito de cortar madeiras de lei para alimentar a serraria (RT 55/276). 4. Usufruto de coisas consumíveis. Art. 1.392, §1º do CC/2002. É o chamado quase usufruto, porque sua natureza não se acomoda à ideia do instituto, Ora, se o usufrutuário não pode dispor da substância da coisa que fica pertencendo a outro, não pode haver usufruto de coisa fungível. No usufruto de coisas fungíveis o usufrutuário restitui outras tantas em quantidade e valor. Aqui as coisas dadas em usufruto passam ao domínio do usufrutuário, que deve restituir, findo o usufruto, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade. Não sendopossível a restituição da coisa, deve o usufrutuário devolver o seu valor, pelo preço corrente ao tempo da restituição, ou pelo preço da avaliação se, no momento de se constituir o usufruto, ela foi avaliada. _____________//_________ Obrigações do usufrutuário: 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 7/22 a) decorrentes da natureza do usufruto; são elementares ao usufruto. São elas: a de gozar da coisa com moderação, poupando-lhe a substância, como bom pai de família. Antigamente, o usufrutuário não estava ligado por qualquer obrigação para com o nu-proprietário, de modo que se modificava a substância da coisa ou se dela se apropriava ou se a destruía, praticava um delito como qualquer terceiro, respondendo por responsabilidade aquiliana (extracontratual). Usufrutuário e nu-proprietário eram como vizinhos cujas propriedades se tocavam, mas com direitos reais independentes. O usufrutuário, por exemplo, não tinha a responsabilidade de apagar um incêndio acidental no imóvel objeto do usufruto. Hoje o usufrutuário se compromete a resguardar, oferecendo inclusive caução, a coisa objeto do usufruto, obrigando-se a: gozar da coisa como bom pai de família (sem abusos); e restituí-la ao fim do usufruto. Então tais obrigações do usufrutuário passaram do campo delitual para o contratual, podendo o usufrutuário ser responsabilizado pelas omissões ocorridas em sua administração. O usufrutuário então deve conservar a coisa, reparar os estragos, devolvê-la a final no estado em que a recebeu, salvo deteriorações decorrentes do exercício regular do usufruto. Ainda, o usufrutuário deve dar ao imóvel o seu destino natural, sem alterar o meio de cultura ou destruir-lhe a substância. Ex.: não pode cortar árvores frutíferas; não pode exaurir a terra, deixando de adubá-la conforme as regras elementares de agricultura e costumes locais. · A sanção pela desobediência culposa desse princípio é a extinção do usufruto, conf. art. 1.410, VII do CC. ________//_______ b) decorrentes da lei; Não são elementares ao usufruto, são de menor importância, mas visam a melhor garantir o nu-proprietário. Art. 1.400, CC: 1. Inventariar os bens recebidos; O inventário é feito a expensas do usufrutuário e consiste no levantamento pormenorizado dos bens objeto do usufruto, bem como do estado em que se encontram. A finalidade é dizer o que deve a final ser devolvido e o estado em que deve ser devolvido. 2. Dar caução. A caução é real ou fidejussória e visa garantir o nu-proprietário dos prejuízos resultantes da deterioração da coisa, bem como assegurá-lo da sua tempestiva devolução. 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 8/22 Obs.: o usufrutuário que não quiser ou não puder dar caução suficiente perde o direito de administração no usufruto. Porque o nu-proprietário fica privado de garantia. O usufruto não se perde, apenas os bens serão administrados pelo proprietário, que fica obrigado também mediante caução a entregar ao usufrutuário o rendimento dos mesmos bens, deduzidas as despesas de administração, entre as quais se inclui a quantia taxada pelo juiz, para remuneração do administrador (art. 1.401, CC). Obs.: o nu-proprietário pode dispensar o usufrutuário da caução. Além disso, não estão obrigados à caução: I. O doador que se reserva o usufruto da coisa doada (porque é autor da liberalidade e a lei presume irrefragavelmente a cláusula de dispensa, que desse modo limita o benefício). II. Os pais, usufrutuários dos bens dos filhos menores (porque este usufruto é inerente ao poder familiar e se justifica na ideia de que sua finalidade é compensar os gastos que o pai faz com a criação e educação do filho, e de que ninguém melhor que o pai zelará pelas coisas de sua prole). Para a garantia desta havia a hipoteca legal do art. 827, II do CC/1916, que o novo CC não repete. ______//______ 3. cuidar da sua conservação e devolução. O usufrutuário ainda tem obrigação importante com relação às despesas da coisa dada em usufruto. As despesas de conservação se dividem em ordinária e extraordinária. As primeiras competem ao usufrutuário; as outras ao nu-proprietário. A lei também atribui ao nu-proprietário as despesas ordinárias, quando não forem módicas (CC, art. 1.404). Isto porque o proprietário da coisa é que em longo prazo vai se aproveitar do resultado de tais despesas. Mas a regra pode levar à injustiça por forçar o proprietário, que nada tira de seu prédio, a um gasto que talvez não consiga ver reembolsado em vida. ** Pelas despesas extraordinárias ou ordinárias não módicas o proprietário em compensação pode cobrar juros do usufrutuário. Porque por meio de tais despesas Incorporou novos recursos ao capital original. · não são módicas as despesas superiores a 2/3 do líquido rendimento de um ano (art. 1.404, §1º, CC). ____________//__________ Da destruição e do seguro: Regras: · Destruição sem culpa do proprietário: o usufruto se extingue e o proprietário não é obrigado a empreender a reconstrução. E se o proprietário ás suas expensas o reconstruir o usufruto não se restabelece. 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 9/22 · Destruição por culpa de terceiro: o terceiro é obrigado a indenizar – o usufruto se sub-roga na importância da indenização. De modo que os frutos civis, por esta produzidos, caberão ao usufrutuário. · O mesmo ocorre se o prédio destruído está no seguro, ou se é desapropriado: o direito do usufrutuário fica sub-rogado no valor do seguro, ou na indenização recebida do expropriante. · Não é obrigatório por lei assegurar a coisa tida em usufruto. Mas o seguro é bom para ambas as partes. Se a coisa estiver segura, deve ser mantida assim, e o usufrutuário deve pagar, durante o usufruto, os prêmios devidos. Mas se não estiver no seguro, não é ele obrigado a segurá-la (pode contudo fazê-lo). · O nu proprietário não pode colocar coisa no seguro, se antes não estava, e obrigar o usufrutuário a pagar os prêmios. Art. 1.407, CC – determina que o usufrutuário só é obrigado a pagar as contribuições do seguro se a coisa estiver segurada. E as regras que impõem obrigações devem ser interpretadas estritamente. Então, se a coisa não estiver no seguro e o usufrutuário não a quiser segurar, pode o nu-proprietário fazê-lo à sua custa. Mas, neste caso, se houver sinistro, o usufrutuário não se beneficia com a indenização. · Se o usufrutuário fizer seguro, ao proprietário cabe o direito dele resultante contra o segurador (art. 1.407, §1º). Mas (vimos) o usufruto se sub-roga na indenização. _________//_________ Da extinção do usufruto: Há várias causas – algumas recaem sobre a pessoa do usufrutuário; outras sobre a coisa em que recai o usufruto; e há causas que se referem à própria relação jurídica. I. Causas de extinção do usufruto relativas à pessoa do usufrutuário. a) O usufruto se extingue pela morte do usufrutuário. Isto para que não haja usufrutos sucessivos, capazes de afastar do comércio, indefinidamente, determinado bem. · Para assegurar a temporariedade do usufruto, o legislador determina sua extinção com a morte do usufrutuário e limita sua duração, quando o usufrutuário for pessoa jurídica, a 30 anos. · Art. 1.411, CC – exceção à regra: constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, a parte da pessoa que falecer se extingue salvo se por estipulação expressa o quinhão do pré-morto couber ao sobrevivente. Então a morte não extingue o usufruto se este for instituído em favor de vários, e tiver havido ajuste em que se convencionou o direito de acrescer entre ossobreviventes. ** problema grave é o conflito desta regra com o preceito que assegura aos herdeiros necessários direito à legítima. O caso é o seguinte: o casal doa os bens aos filhos reservando-se o usufruto e estipulando, no instrumento, que por morte de um dos usufrutuários seu direito acrescerá ao do outro. A cláusula restringe a legítima do herdeiro, porque o este tem direito de receber a legítima sem qualquer restrição (salvo as restrições - ônus do art. 1.848, caput do 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 10/22 CC/02). Portanto, a cláusula que determina o acrescimento do usufruto em favor do consorte sobrevivente é ineficaz quando prejudica a reserva dos herdeiros necessários. Cancela-se então neste caso o usufruto na parte relativa ao doador falecido. Obs.: se a doação não é de todos os bens, ou melhor, se não atinge a legítima, valerá o direito de acrescer em favor dos pais usufrutuários. b) O usufruto se extingue pelo termo de sua duração (art. 1.410, II). c) o usufruto se extingue por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação (art. 1.410, VII). ________//_______ II – Causas de extinção do usufruto relativas ao seu objeto. O usufruto se extingue pela destruição da coisa. Se a destruição da coisa se deu por culpa de terceiro, que foi condenado a reparar o prejuízo, se a coisa estava no seguro, ou se foi desapropriada, o direito do usufrutuário se sub-roga na indenização recebida, da maneira como foi dito (supra). ________//_______ III – Causas de extinção do usufruto que incidem sobre a relação jurídica. O usufruto se extingue pela consolidação, fenômeno que se apresenta quando na mesma pessoa se encontram as qualidades de usufrutuário e de nu-proprietário (art. 1.410, VI). Extingue-se também pela cessação da causa que o origina. Ex.: usufruto do pai sobre os bens do filho menor sob poder familiar. Se o filho se torna maior, ou se o pai perde o (decai do) poder familiar, o usufruto termina, consolidando-se a propriedade (art. 1.410, IV). A prescrição extintiva também extingue o usufruto. Ela resulta do não uso do usufruto, durante o lapso de tempo do art. 205 do CC/02 - 10 anos. · O CPC, entre os procedimentos de jurisdição voluntária, determina que a extinção do usufruto, quando não decorrer da morte do usufrutuário, do termo da sua duração ou da consolidação, processar-se-á na forma ali estabelecida (art. 725, VI, CPC/2015 e art. 1.112, VI, CPC/1973). ______________________//__________ DO USO: É espécie de usufruto de abrangência mais restrita – não pode ser objeto de cessão e é limitado pelas necessidades do usuário e de sua família. Só inclui o jus utendi – direito de usar coisa alheia. Historicamente, o uso era direito que recaía sobre coisa que não rendia frutos, sem a possibilidade de se auferir os frutos civis. Tal direito se constituía sobre uma biblioteca, ou sobre um escravo, por exemplo. Se recaísse sobre imóvel, não abrangia o jus fruendi. 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 11/22 Conceito – direito real sobre coisa alheia em que o usuário pode se utilizar da coisa, mas não tem direito aos frutos[1]. O uso é próprio ou de sua família. Para calcular quais as necessidades do usuário (art. 1.412, §1º do CC) deve-se verificar sua condição social e o local onde vive. Pode recair sobre bem móvel ou imóvel, mas não sobre coisas consumíveis, pois neste caso estaria transferida a propriedade. Art. 1.412, §2º, CC – determina que as necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, as dos filhos solteiros e as das pessoas de seu serviço doméstico. Assim, o uso familiar pode ser feito: - pelo próprio usuário; - pelo cônjuge ou convivente do usuário; - pelos filhos solteiros; - pelos membros da entidade familiar monoparental; - pelas pessoas que prestam serviço doméstico ao usuário. _______________//___________ DA CONSTITUIÇÃO: Quando se tratar de direito real sobre imóvel, só se inicia do registro junto ao registro imobiliário respectivo. __________//____________ Das regras: 1. o usuário não pode ceder o direito de uso ou locar a coisa – só pode usar, pessoalmente ou por membros de sua família (verificar a abrangência do uso familiar, descrito acima); 2. o usuário não tem direito aos frutos, salvo aqueles que servirem às suas necessidades pessoais e às de sua família; 3. as condições pessoais do usuário são avaliadas conforme sua condição social e o local onde vive; 4. aplicam-se ao uso as regras do usufruto, no que couber. ________________//______________ Ações relacionadas ao uso (ações usuárias): 1. ação confessória: visa o reconhecimento do direito de uso; 2. ação negatória: tem o escopo de impedir o uso; 3. ação possessória: para defender a posse da coisa sobre a qual recai o uso; 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 12/22 4. ação restituitória do uso: ajuizada pelo proprietário ou seus herdeiros, em face do usuário, para a restituição da coisa, ante a extinção do direito real de uso. ____________//_______________ Obs.: O direito real de uso se extingue pelas mesmas causas de extinção do usufruto . _______________________//________________ DA HABITAÇÃO. Art. 1414 e s. do CC. Do Conceito: O direito real de habitação, ainda mais restrito que o de uso, consiste na faculdade de residir gratuitamente num prédio, com sua família. O que caracteriza este direito real é que o seu titular deve residir ele próprio, com sua família, no prédio em causa, não o podendo ceder, a título gratuito ou oneroso. Assim, não pode o habitante, titular do direito real de habitação, locar o imóvel a terceiro, ou empresta-lo (art. 1414, CC). ________________________//____________________ Da pluralidade de habitantes: Conforme art. 1415 do CC, no caso de serem vários titulares do direito, qualquer deles, que habite sozinho a casa, não terá de pagar o aluguel aos outros, mas não os pode impedir de exercer, querendo, o direito que lhes compete de habitá-la. ________________________//_______________ Das regras: Ao uso e à habitação se aplicam, naquilo que não contrariarem suas naturezas, as disposições concernentes ao usufruto (art. 1416, CC). _______________//__________________ Da instituição: Somente se constitui com o registro junto ao Registro Imobiliário do foro de circunscrição do imóvel. _____________//___________ DA PROMESSA IRRETRATÁVEL DE VENDA (o direito real do compromissário comprador do imóvel - art. 1.225, VII do CC). · Art. 1.417 e 1.418 do CC. Introdução: 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 13/22 A promessa irretratável de venda de um bem imóvel (desde que não haja cláusula de arrependimento e registrada no Registro de Imóveis) confere ao promissário comprador direito real sobre a coisa. As consequências de ser direito real o do compromissário comprador são: oponibilidade erga omnes e possibilidade de alcançar a adjudicação compulsória. * A regra tem origem no art. 22 do Dec.-lei n. 58, de 10.12.1937, com a redação dada pela Lei n. 649, de 11.3.1949. Assim a Lei inseriu no rol taxativo do art. 674 do CC/1916 mais este direito real. ** A Lei n. 4.380, de 21.8.1964, art. 69, estendeu referido direito real ao promitente cessionário de compromissos de venda e compra, de imóveis não loteados e sem cláusula de arrependimento. A irretratabilidade do negócioé condição de surgimento do direito real, e não consequência de sua existência. ________________________//_________________ DA NATUREZA JURÍDICA: É direito real sobre coisa alheia, pois a coisa ainda pertence ao promitente vendedor. Os direitos reais sobre coisa alheia, como dissemos, podem ser de gozo ou de garantia. A promessa irretratável de venda tem o caráter de direito real de gozo, pois o legislador não quis afetar a coisa ao pagamento preferencial do credor, mas sim conferir ao promissário comprador prerrogativas sobre a coisa vendida: a) a de gozá-la e de fruí-la; b) a de impedir sua válida alienação a outrem; c) a de obter sua adjudicação compulsória, em caso de recusa do promitente em outorgar ao promissário a escritura definitiva de venda e compra. Para Roberto Senise Lisboa, no entanto, o direito real do compromissário comprador não é nem de gozo e nem de garantia, mas direito real de aquisição, que possibilita a titularidade sobre determinada coisa – não confere direito de fruição e nem de garantia ao seu titular[2]. ________________//____________ Modos de constituição e requisitos. O CC/2002 não distingue imóvel loteado e não loteado e deixa ser a promessa (sem cláusula de arrependimento e registrada no cartório de Registro de Imóveis) por instrumento pública ou particular. Assim se adquire direito real à aquisição do imóvel – art. 1.417, CC. A inexistência de cláusula de arrependimento importa irretratabilidade, de modo que o contrato só se rescinde por distrato ou por descumprimento de obrigação assumida. Além da irretratabilidade (inexistência de direito de arrependimento), o contrato deve ainda ser irrevogável, insuscetível de modificação. _________//__________ Esboço histórico: 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 14/22 A promessa bilateral de compra e venda é contrato preliminar e tem por finalidade (como todo contrato preliminar) gerar para as partes a obrigação de fazer um contrato definitivo. Mediante convenção, as partes ajustam de levar a efeito, em momento oportuno, um contrato definitivo de venda e compra. Já dissemos porque é importante o compromisso de venda e compra (às vezes o incorporador ainda não é dono do terreno em que vai construir, e precisa, no entanto, vender futuras unidades autônomas do prédio que não existe ainda, que ainda será construído. Então sem objeto as partes firmam compromisso de venda e compra). E a promessa bilateral de venda e compra surge como garantia do vendedor, pois este, nas vendas de imóveis a prazo adia o pagamento do preço, a transferência do domínio. O crescimento das populações urbanas provocou a exploração e a venda de consideráveis áreas de terrenos, para as construções residenciais. Para facilitar tal venda, recorreram os interessados ao remédio de parcelar o preço; e, para garantir o vendedor, usou-se o contrato preliminar de promessa de venda. A lei quis proteger os adquirentes. Em busca de terrenos loteados vendidos a prestação, o comprador se deparava com situações como áreas litigiosas ou alheias, ou áreas sem documentação suficiente. E a valorização das terras levou ao inadimplemento das obrigações por parte dos promitentes vendedores. Estes recebiam o preço pelo qual prometiam vender lotes de terrenos, percebiam que os terrenos valiam mais e, desistindo do contrato preliminar, pagavam perdas e danos e desistiam da venda. A desistência em fase de contrato preliminar ensejava apenas perdas e danos. Hoje, quando se desiste de obrigação de fazer que envolve declaração de vontade, como a outorga de escritura pública, cabe a execução especificada. Tal arrependimento lícito era meio de enriquecimento para os promitentes vendedores – a indenização a que eram condenados era inferior ao proveito auferido. O arrependimento era prejuízo para o promissário comprador – este pagava o preço e o vendedor se recusava em outorgar a escritura definitiva, tendo o comprador que recorrer à via judicial para pleitear perdas e danos. O comprador não quer perdas e danos, mas o terreno que comprou, cujo preço pagou e que agora lhe é recusado. Como solução surge o Dec.-lei n. 58, de 10.12.1937, que dispõe sobre loteamento e venda de terrenos a prestação, e INSTALA NOVO REGIME DA PROMESSA DE COMPRA E VENDA A PRESTAÇÃO DE IMÓVEIS LOTEADOS – CRIA PARA O PROMISSÁRIO COMPRADOR O DIREITO REAL COM OPONIBILIDADE A TERCEIROS E A PRERROGATIVA DE OBTER ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA. Obs.: A lei não abrangia genericamente as promessas de imóveis não loteados, ou com pagamento a vista. A Lei n. 649, de 11.3.1949, deu nova redação ao art. 22 do Dec.-lei n. 58, estendendo as mesmas vantagens ao negócio de promessa de venda e compra de imóveis não loteados, com pagamento a vista ou a prazo. Basta que a promessa de venda seja sem cláusula de arrependimento e inscrita no Registro de Imóveis. Confere-se assim direito real ao promissário comprador. O mesmo ocorre para as unidades autônomas dos condomínios em edificações – art. 35, §4º da Lei nº 4.591, de 16.12.1964. 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 15/22 O que se queria era garantir a seriedade da oferta ao público. Impunha-se ao vendedor a prestação, de terrenos loteados, a obrigação de apresentar, na circunscrição imobiliária competente, a prova do domínio do imóvel, plano de loteamento, certidão negativa de impostos e ônus reais, e um exemplar do contrato-tipo de vendas. O registro desses documentos, que devia preceder ao início das vendas, feito depois da convocação dos interessados para o impugnarem, e sob fiscalização do oficial público e mesmo de juiz, representava segurança para que não acessassem o mercado imobiliário aventureiros inescrupulosos. Para não correr o risco de não receber a escritura pública, por recusa do vendedor, a Lei (art. 16) determinou o direito à adjudicação do lote. A regra está também no art. 501 do CPC/2015 (art. 466-A do CPC/1973). * A regra mais importante do Dec.-lei n. 58 era o art. 5º, que conforme art. 676 do CC/1916 atribuía ao compromissário comprador direito real oponível a terceiro, quanto à alienação e oneração posterior, desde que averbasse o contrato no Registro de Imóveis. __________//__________ Conteúdo do direito real. Antes o contrato preliminar de venda e compra de bem imóvel gerava para o vendedor obrigação de fazer consistente em prestar declaração de vontade - outorgar escritura pública de venda e compra. O comprador pelo contrato preliminar tinha direito pessoal, apenas, de reclamar a execução do ajuste, e o vendedor então em caso de recusa era obrigado a pagar perdas e danos. Como era direito pessoal, não havia como vincular terceiros ao negócio original – se o promitente vendedor alienasse a coisa prometida, o promissário ficava sem ação contra o adquirente, só lhe restando o direito de reclamar, do contratante inadimplente, o ressarcimento das perdas e danos. Com o status de direito real, o contrato levado a registro confere ao compromissário comprador oponibilidade erga omnes, para que o comprador obtenha adjudicação compulsória. A oponibilidade a terceiros significa que, com o registro, qualquer alienação que o dono faça é anulável por colidir com um direito preexistente do promissário. Por ser oponível o seu direito a terceiro, há a prerrogativa da sequela – o promissário comprador pode buscar a coisa nas mãos de quem quer que a detenha, para sobre ela exercer o seu direito real. ________________________________//____________________ Adjudicação compulsória: é outra prerrogativa que constitui conteúdo de direito real – é a possibilidade de obter declaração judicial ordenando a incorporação do bem (objeto do negócio) ao patrimônio do adquirente.Se o alienante se recusa a outorgar escritura pública, o comprador tem meio compulsório para se sobrepor a tal recusa. Proposta a adjudicação, o compromitente vendedor é notificado para em 10 (dez) dias oferecer resposta, justificando a sua recusa em outorgar a escritura pública ao compromissário comprador. 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 16/22 A adjudicação compulsória é cabível ainda quando o imóvel tiver sido alienado a terceiro indevidamente. Obs.: O direito de posse e de ceder os seus direitos, que tem o promissário comprador, não decorrem da realidade de seu direito, são acessórios da convenção – se não houver disposição em sentido contrário. Orlando Gomes acha o contrário: que isto decorre de direito real. Obs.: A constituição em mora do promissário comprador depende de prévia interpelação (judicial ou por cartório de Registro de Títulos e Documentos), com 15 dias de antecedência. Isto representa mais vantagem para o promissário comprador. · Há neste sentido julgado aceitando a consignação em pagamento cinco anos após o atraso, pelo comprador – porque o devedor não foi constituído em mora. _______________________________//___________ [1] Salvo aqueles que servirem às suas necessidades pessoais e às de sua família. [2] Manual de Direito Civil. Vol. 4. 3ª edição. Editora Revista dos Tribunais. P. 477. Exercício 1: O exercício do usufruto pode ser cedido. O usufrutuário pode arrendar a propriedade agrícola que lhe foi deixada em usufruto, recebendo o arrendamento, em vez de ser obrigado, ele mesmo, a colher os frutos e assumir os riscos do empreendimento. É certo afirmar que o usufruto: A) É direito real inalienável, posto que personalíssimo, salvo o direito de alienação ao nu-proprietário. B) Pode ser alienado a terceiro, a título oneroso ou gratuito, respeitando-se o direito de preferência do nu-proprietário. C) Não pode ser alienado ao nu-proprietário. D) 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 17/22 Assim como o direito de superfície, transfere-se aos herdeiros com a morte do usufrutuário. E) É menos amplo que o direito real de habitação. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A) Comentários: A) O usufruto é inalienável, porem pode alienar o usufruto para o nu-proprietário, para consolidar a propriedade. Conforme o Art. 1.393 do Código Civil, diz que o exercício do usufruto pode ceder-se por título gratuito ou oneroso, enquanto a transferência do usufruto por alienação, só pode ser feita ao proprietário da coisa Exercício 2: Examine as seguintes proposições e assinale a alternativa correta: I. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades. II. A única hipótese de doação lícita de todos os bens é aquela feita com reserva de usufruto em benefício do doador. III. O usufruto tem campo de incidência bem maior que a enfiteuse e as servidões, que recaem somente sobre bens imóveis. IV. A lei permite casos especiais de usufruto, como o de rebanhos, de bens incorpóreos, como os direitos autorais, os títulos de crédito, as apólices e ações. São corretas: A) Somente as afirmativas I e II. B) Somente as proposições III e IV. C) Somente as proposições I, II e IV. D) 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 18/22 Somente as proposições I e III. E) Todas as proposições. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E) Comentários: E) Todas as proposições estão corretas. Segundo o que está previsto no artigo 1.390 do Código Civil, dita que "O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades." Exercício 3: Analise as proposições abaixo a assinale a alternativa correta: Não há usufruto sobre coisas que não dão frutos, como florestas e minas PORQUE O propósito do usufruto é permitir ao usufrutuário que recolha frutos civis e naturais do bem imóvel. Pode-se afirmar que: A) As duas proposições são corretas e a segunda justifica a primeira. B) As duas proposições são corretas, mas a segunda não justifica a primeira. C) Somente a primeira proposição é correta. D) Somente a segunda proposição é correta. E) As duas proposições são incorretas. 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 19/22 O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E) Comentários: E) O usufruto é Direito Real de gozo, conferido a uma pessoa, durante certo tempo, que a autoriza a retirar da coisa alheia os seus frutos e utilidades. Exercício 4: A promessa irretratável de venda de um bem imóvel, desde que não haja cláusula de arrependimento e registrada no Registro de Imóveis, confere ao promissário comprador direito real sobre a coisa. Trata-se de direito real: A) Oponível apenas em face do compromitente vendedor. B) Não previsto no Código Civil de 2002. C) Que decorre do contrato, ainda que não haja o registro imobiliário. D) De garantia, como a hipoteca, o penhor e a anticrese. E) Não previsto no rol de direitos reais do revogado Código Civil de 1916. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E) Comentários: A) As consequências de ser direito real o do compromissário comprador são: oponibilidade erga omnes e possibilidade de alcançar a adjudicação compulsória. E) A promessa irretratável de venda de um bem imóvel (desde que não haja cláusula de arrependimento e registrada no Registro de Imóveis) confere ao promissário comprador direito real sobre a coisa. As consequências de ser direito real o do compromissário comprador são: oponibilidade erga omnes e possibilidade de alcançar a adjudicação compulsória. * A regra tem origem no art. 22 do Dec.-lei n. 58, de 10.12.1937, com a redação dada pela Lei n. 649, de 11.3.1949. Assim a Lei inseriu no rol taxativo do art. 674 do CC/1916 mais este 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 20/22 direito real. ** A Lei n. 4.380, de 21.8.1964, art. 69, estendeu referido direito real ao promitente cessionário de compromissos de venda e compra, de imóveis não loteados e sem cláusula de arrependimento. A irretratabilidade do negócio é condição de surgimento do direito real, e não consequência de sua existência Exercício 5: Quanto ao usufruto, analise as afirmativas abaixo: I. Termina obrigatoriamente com a morte ou renúncia do usufrutuário. II. Extingue-se ao fim do prazo de 10 anos se o usufrutuário for pessoa jurídica. III. Extingue-se com a morte do nu-proprietário. IV. Não se extingue com a alienação do bem objeto do usufruto pelo nu- proprietário. São corretas somente: A) I e II. B) I e III. C) II e III. D) II e IV. E) I e IV. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E) Comentários: B) Termina obrigatoriamente com a morte ou renúncia do usufrutuário – art. 1.410, I do CC. Ou com o fim do prazo de 30 anos se o usufrutuário for pessoa jurídica (art. 1.410, II, CC). Só se pode alienar o usufruto para o nu-proprietário, 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista :DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 21/22 para consolidar a propriedade. Art. 1.393 do CC/02 – o exercício do usufruto pode ceder-se por título gratuito ou oneroso (enquanto a transferência do usufruto por alienação só pode ser feita ao proprietário da coisa). A) Termina obrigatoriamente com a morte ou renúncia do usufrutuário – art. 1.410, I do CC. Ou com o fim do prazo de 30 anos se o usufrutuário for pessoa jurídica (art. 1.410, II, CC). Só se pode alienar o usufruto para o nu-proprietário, para consolidar a propriedade. Art. 1.393 do CC/02 – o exercício do usufruto pode ceder-se por título gratuito ou oneroso (enquanto a transferência do usufruto por alienação só pode ser feita ao proprietário da coisa). E) Termina obrigatoriamente com a morte ou renúncia do usufrutuário – art. 1.410, I do CC. Ou com o fim do prazo de 30 anos se o usufrutuário for pessoa jurídica (art. 1.410, II, CC). Só se pode alienar o usufruto para o nu-proprietário, para consolidar a propriedade. Art. 1.393 do CC/02 – o exercício do usufruto pode ceder-se por título gratuito ou oneroso (enquanto a transferência do usufruto por alienação só pode ser feita ao proprietário da coisa). Exercício 6: Sobre o direito real de habitação, examine as afirmativas a seguir: I. O direito real de habitação, ainda mais restrito que o de uso, consiste na faculdade de residir gratuitamente num prédio, com sua família. II. O que caracteriza o direito real de habitação é que o seu titular deve residir ele próprio, com sua família, no prédio em causa, não o podendo ceder, a título gratuito ou oneroso. III. Não pode o habitante, titular do direito real de habitação, locar o imóvel a terceiro, ou empresta-lo. Pode-se afirmar que: A) Somente I e II são corretas. B) Somente I e III são corretas. C) Somente II e III são corretas. D) Todas são corretas. E) 05/09/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 22/22 Todas são incorretas. O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D) Comentários: D) Art. 1414 e s. do CC. Do Conceito: O direito real de habitação, ainda mais restrito que o de uso, consiste na faculdade de residir gratuitamente num prédio, com sua família. O que caracteriza este direito real é que o seu titular deve residir ele próprio, com sua família, no prédio em causa, não o podendo ceder, a título gratuito ou oneroso. Assim, não pode o habitante, titular do direito real de habitação, locar o imóvel a terceiro, ou empresta-lo (art. 1414, CC).
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