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Informativo 907-STF (27/06/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
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 Informativo 907-STF (RESUMIDO) 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
Alteração do parâmetro constitucional não prejudica o conhecimento da ADI 
 
Importante!!! 
A alteração do parâmetro constitucional, quando o processo ainda está em curso, não 
prejudica o conhecimento da ADI. Isso para evitar situações em que uma lei que nasceu 
claramente inconstitucional volte a produzir, em tese, seus efeitos. 
STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 
 
PODER JUDICIÁRIO 
Inconstitucionalidade de norma da Constituição Estadual 
que vincula vencimentos de escrivães aos dos juízes 
 
A Constituição do Estado do Ceará previa que os escrivães de entrância especial teriam seus 
vencimentos fixados de modo a não exceder a 80% do que fosse atribuído aos juízes da 
entrância inferior, aplicando-se o mesmo limite percentual para os escrivães das demais 
entrâncias. 
O STF decidiu que essa regra é inconstitucional por violar o art. 37, XIII, da CF/88, que proíbe a 
vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias de pessoal do serviço público e 
também por violar a iniciativa legislativa do Poder Judiciário (art. 96, II, “b”, da CF/88). 
STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 
 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
O art. 127 da CF/88 assegura ao MP autonomia financeira 
 
É constitucional dispositivo da Constituição Estadual que assegura ao Ministério Público 
autonomia financeira e a iniciativa ao Procurador-Geral de Justiça para propor ao Poder 
Legislativo a criação e a extinção dos cargos e serviços auxiliares e a fixação dos vencimentos 
dos membros e dos servidores de seus órgãos auxiliares. 
Também é constitucional a previsão de que o Ministério Público elaborará a sua proposta 
orçamentária dentro dos limites estabelecidos pela LDO. 
STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 
 
 
 
 
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Informativo 907-STF (27/06/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
DEFENSORIA PÚBLICA 
Equiparação entre Defensoria Pública e MP 
 
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que concede aos Defensores Públicos 
a aplicação do regime de garantias, vencimentos, vantagens e impedimentos do Ministério 
Público e da Procuradoria-Geral do Estado. 
Os estatutos jurídicos das carreiras do Ministério Público e da Defensoria Pública foram 
tratados de forma diversa pelo texto constitucional originário. 
Ademais, a equivalência remuneratória entre as carreiras encontra óbice no art. 37, XIII, da 
CF/88, que veda a equiparação ou vinculação remuneratória. 
STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 
Obs: o tema foi analisado tendo como parâmetro a redação originária da Constituição Federal de 
1988, ou seja, antes das Emendas Constitucionais 45/2004 e 80/2014. 
 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
Inconstitucionalidade da norma de CE que equipara 
remuneração de Delegados a dos Promotores 
 
A Constituição do Estado do Ceará previa que os Delegados de Polícia de classe inicial 
deveriam receber idêntica remuneração a dos Promotores de Justiça de primeira entrância, 
prosseguindo na equivalência entre as demais classes pelo escalonamento das entrâncias 
judiciárias. 
O STF decidiu que essa regra é inconstitucional por violar o art. 37, XIII, da CF/88, que proíbe a 
vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias de pessoal do serviço público. 
STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 
 
ADVOCACIA PÚBLICA 
Inconstitucionalidade da previsão de procuradorias autárquicas para os Estados-membros 
 
Importante!!! 
A Constituição do Estado do Ceará previa que o Governador deveria encaminhar à ALE 
projetos de lei dispondo sobre a organização e o funcionamento da Procuradoria-Geral do 
Estado e das procuradorias autárquicas. 
O STF decidiu que essa regra é inconstitucional. Isso porque a CF/88 determina que a 
representação judicial e a consultoria jurídica do Estado, incluídas suas autarquias e 
fundações, deve ser feita pela PGE, nos termos do art. 132 da CF/88. 
O art. 132 da CF/88 consagra o chamado “princípio” da unicidade da representação judicial e 
da consultoria jurídica dos Estados e do Distrito Federal e, dessa forma, estabelece 
competência funcional exclusiva da Procuradoria-Geral do Estado. 
A exceção prevista no art. 69 do ADCT da CF deixou evidente que, a partir da Constituição de 
1988, não se permite mais a criação de órgãos jurídicos distintos da Procuradoria-Geral do 
Estado, admite-se apenas a manutenção daquelas consultorias jurídicas já existentes quando 
da promulgação da Carta. Trata-se de exceção direcionada a situações concretas e do passado 
e, por essa razão, deve ser interpretada restritivamente, inclusive com atenção à diferenciação 
entre os termos “consultoria jurídica” e “procuradoria jurídica”, uma vez que esta última pode 
englobar as atividades de consultoria e representação judicial. 
STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 
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DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
Inconstitucionalidade de norma que equipara remuneração de servidores públicos 
 
A Constituição do Estado do Ceará previa que deveria ser assegurado “aos servidores da 
administração pública direta, das autarquias e das fundações, isonomia de vencimentos para 
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores dos 
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, ressalvadas as vantagens de caráter individual e 
as relativas à natureza ou ao local de trabalho.” 
O STF decidiu que é inconstitucional a expressão “das autarquias e das fundações”. Isso porque 
a equiparação remuneratória entre servidores, a teor da redação originária do art. 39, § 1º, da 
CF/88, restringiu-se aos servidores da administração direta, não mencionando os entes da 
administração indireta, como o faz a norma impugnada. 
Além disso, o dispositivo estadual não foi recepcionado, em sua integralidade, pela redação 
atual do art. 39 da Constituição Federal, na forma EC 19/1998. 
STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
Constitucionalidade de norma da CE que assegura equiparação salarial para professores com 
igual titulação, respeitando-se o grau de ensino em que estiverem atuando 
 
A Constituição do Estado do Ceará prevê que deverá ser assegurada isonomia salarial para 
docentes em exercício, com titulação idêntica, respeitando-se o grau de ensino em que 
estiverem atuando. 
O STF decidiu que essa regra é constitucional e que não ofende o art. 37, XIII, da CF/88. Isso 
porque não há, no caso, equiparação salarial de carreiras distintas, considerando que se trata 
especificamente da carreira de magistério público e de docentes com titulação idêntica. 
STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
Inconstitucionalidade de normas da Constituição Estadual que tratam sobre remuneração e 
direitos dos servidores públicos sem que existam previsões semelhantes na CF/88 
 
São inconstitucionais os arts. 154, § 2º;167, XII e XIII, §§ 1º e 2º; e 174, da Constituição do 
Estado do Ceará, e os arts. 27 e 28 do seu ADCT. Tais dispositivos tratam de remuneração e 
direitos de servidores públicos, que, por não encontrarem similares na CF/88, somente 
poderiam ser veiculados por meio de lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo. 
São previsões específicas que não tratam da organização e estruturação do Estado-membro 
ou de seus órgãos, mas que versam sobre o regime jurídico de servidores públicos. 
STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 
 
 
 
 
 
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Informativo 907-STF (27/06/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
SERVIDORES PÚBLICOS 
Não é compatível com a CF/88 a norma de CE que estabelece que o servidor público inativo 
deverá receber obrigatoriamente a mais do que percebia na ativa 
 
A Constituição do Estado do Ceará previa que o servidor, ao se aposentar, deveria receber, 
como proventos, o valor pecuniário correspondente ao padrão de vencimento imediatamente 
superior ao da sua classe funcional, e, se já ocupasse o ultimo escalão, faria jus a uma 
gratificação adicional de 20% sobre a sua remuneração. 
O STF decidiu que essa previsão não era considerada materialmente inconstitucional à época 
da edição da Carta, uma vez que a superação da remuneração em atividade era tolerada na 
redação original da CF. Porém, essa regra não foi recepcionada pela EC 20/98 que proibiu a 
superação do patamar remuneratório da atividade e a impossibilidade de incorporação da 
remuneração do cargo em comissão para fins de aposentadoria (art. 40, §§ 2º e 3º, da CF/88). 
STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 
 
APOSENTADORIA ESPECIAL 
Guardas municipais não têm direito à aposentadoria especial 
 
Importante!!! 
Aposentadoria especial é aquela cujos requisitos e critérios exigidos do beneficiário são mais 
favoráveis que os estabelecidos normalmente para as demais pessoas. 
A CF/88 prevê que os servidores que exerçam atividades de risco têm direito à aposentadoria 
especial, segundo requisitos e condições previstas em lei complementar (art. 40, § 4º, II, “b”). 
Diante da ausência de legislação específica, não cabe ao Poder Judiciário garantir 
aposentadoria especial (art. 40, § 4º, II, da CF/88) às guardas municipais. 
A aposentadoria especial não pode ser estendida aos guardas civis, uma vez que suas 
atividades precípuas não são inequivocamente perigosas e, ainda, pelo fato de não integrarem 
o conjunto de órgãos de segurança pública relacionados no art. 144, I a V, da CF/88. 
STF. Plenário. MI 6515/DF, MI 6770/DF, MI 6773/DF, MI 6780/DF, MI 6874/DF, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgados em 20/6/2018 (Info 907). 
 
 
DIREITO ELEITORAL 
 
PROPAGANDA ELEITORAL 
São inconstitucionais dispositivos da Lei das Eleições que vedavam sátira a candidatos 
 
O art. 45, II e III da Lei nº 9.504/97 prevê que, depois do prazo para a realização das 
convenções no ano das eleições, as emissoras de rádio e televisão, em sua programação 
normal e em seu noticiário, não podem: 
a) usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, 
degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação, ou produzir ou veicular programa 
com esse efeito (inciso II) e 
b) difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a seus órgãos ou 
representantes (segunda parte do inciso III). 
Os §§ 4º e 5º explicam o que se entende por trucagem e por montagem. 
O STF decidiu que tais dispositivos são INCONSTITUCIONAIS porque representam censura prévia. 
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Informativo 907-STF (27/06/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
A liberdade de expressão autoriza que os meios de comunicação optem por determinados 
posicionamentos e exteriorizem seu juízo de valor, bem como autoriza programas 
humorísticos, “charges” e sátiras realizados a partir de trucagem, montagem ou outro recurso 
de áudio e vídeo, como costumeiramente se realiza, não havendo nenhuma justificativa 
constitucional razoável para a interrupção durante o período eleitoral. 
Vale ressaltar que, posteriormente, é possível a responsabilização dos meios de comunicação 
e de seus agentes por eventuais informações mentirosas, injuriosas, difamantes. O que não se 
pode é fazer uma censura prévia. 
São inconstitucionais quaisquer leis ou atos normativos tendentes a constranger ou inibir a 
liberdade de expressão a partir de mecanismos de censura prévia. 
STF. Plenário. ADI 4451/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20 e 21/6/2018 (Info 907). 
 
 
DIREITO NOTARIAL E 
REGISTRAL 
 
JUIZ DE PAZ E REMUNERAÇÃO 
Modulação dos efeitos em ADI que julgou inconstitucional lei estadual 
que destinava custas da habilitação do casamento para os juízes de paz 
 
Em 1990, o Estado de Minas Gerais editou uma lei, de iniciativa do Governador, determinando que 
as custas cobradas nos processos de habilitação de casamento fossem destinadas ao juiz de paz. 
Em 2011, o STF julgou essa lei inconstitucional por violar a iniciativa privativa do art. 96, II, 
“b” e a vedação contida no art. 95, parágrafo único, II, da CF/88. 
Em 2018, estes embargos foram julgados e parcialmente acolhidos. 
O STF decidiu que o referido acórdão embargado só produz efeitos a partir de 26 de maio de 
2011, data em que foi publicado no Diário de Justiça. 
Assim, a declaração de inconstitucionalidade não afeta as situações em que os juízes de paz 
tenham exercido suas atribuições até 26/05/2011. Dito de outra forma, os valores que eles 
receberam até esta data foram considerados legítimos. 
STF. Plenário. ADI 954 ED/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/6/2018 (Info 907). 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
COLABORAÇÃO PREMIADA 
Possibilidade de acordo de colaboração premiada ser celebrado por Delegado de Polícia 
 
Importante!!! 
O delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de inquérito 
policial, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se manifestar, sem 
caráter vinculante, previamente à decisão judicial. 
Os §§ 2º e 6º do art. 4º da Lei nº 12.850/2013, que preveem essa possibilidade, são 
constitucionais e não ofendem a titularidade da ação penal pública conferida ao Ministério 
Público pela Constituição (art. 129, I). 
STF. Plenário. ADI 5508/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 20/6/2018 (Info 907).

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