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Aula 02 – Língua, Linguagem e Cultura COMPLETA

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Conteúdo, Metodologia e Prática do Ensino da Língua Portuguesa
Aula 2 – Língua, Linguagem e Cultura.
Objetivos da aula: 1- Compreender o conceito de Língua, Linguagem e Cultura; 2- Perceber que a língua é representação da unidade de um povo, assim como constitui-se de atribuição de sentidos que as pessoas se definem a si mesmas, ao mundo e às coisas que circundam o mundo de cada pessoa 33- Entender que a cultura de um povo se faz através das representações simbólicas e concretas que a linguagem produz por meio do discurso.
Nesta aula, vamos chamar a atenção para o conceito de língua, linguagem e cultura. E de como a construção da identidade de um povo se constrói através do aprendizado sistemático e cultural de uma língua. Também perceberemos que a linguagem é de grande importância para a construção de sentidos.
Desde os primórdios da existência humana, podemos vislumbrar os primeiros passos do ser humano na tentativa de estabelecer a comunicação de modo único, uniforme e especial a fim de que o diálogo e a interação entre os seres humanos fossem capazes de produzir sentido e entendimento. Na necessidade de o ser humano se fazer entender e transmitir uma ideia, a busca pela organização das palavras em frases estruturadas ocorre inicialmente com muito esforço e exercício de entendimento. Primeiramente, o ser humano, para se comunicar, fez uso de: Gestos, expressões faciais e corporais, sons, desenhos, até que conseguisse produzir a palavra que dá sentido, que interage e estabelece um melhor e maior contato com o outro. Nesse sentido, a esse conjunto de representações que a atividade humana construiu através de uma organização de símbolos verbais ou não verbais, resultado do seu contato com o outro e de suas experiências com o objeto, dá-se o nome de Linguagem. A linguagem se constrói através de símbolos e de signos que, ao longo de aspectos históricos, sociais e culturais, se organizaram dando sentido à comunicação humana. Segundo Irandé (2009): “A troca dos bens simbólicos, que constituem o patrimônio cultural dos grupos humanos, passa irremediavelmente pela mão dupla da interação verbal. Quer dizer, a linguagem é o suporte, a mediação pela qual tudo passa de um indivíduo a outro, de um grupo a outro, de uma geração a outra. E é também o meio pelo qual se criam e se instauram os valores que dão sentido a todas as coisas, inclusive ao próprio homem.” (p22). Você sabia? Assim, o homem foi distanciando-se dos animais por ser capaz de se comunicar, de expressar sensações, emoções, sentimentos e ideias de modo organizado e, cada vez mais, coerente na interação com o outro. Mas anterior ao conceito, à ideia de linguagem e de língua, devemos pensar na palavra, na palavra primeira que dá nome às coisas e a tudo aquilo que o homem confronta. É pela palavra que iniciamos os princípios da língua e pela palavra ainda livre, leve e solta é que a linguagem começa a se organizar e fazer sentido. Segundo o escritor e poeta Bartolomeu Campos de Queirós, em sua obra, Para ler em silêncio, “... A palavra realizou o que anunciava e transformou a desordem em beleza e movimento.” (p.11) E é a partir da palavra que o ser humano nomeia e constrói signos que são representações das coisas, dos objetos, da natureza que circunda a experiência e o cotidiano das pessoas. Essa necessidade de estabelecer uma unidade de sentido para o que se pretendia falar se constitui na Língua em que cada membro de um determinado grupo busca se expressar de modo semelhante através de um conjunto de palavras que transmite uma ideia, uma organização, da expressão dos sentidos que o homem atribui às coisas. Cabe ressaltar que a Língua não existe como uma unidade concreta. Na verdade, ela existe em razão da fala, da comunicação, da expressão que os seres humanos realizam através da interação entre uns com os outros. Assim, também, devemos compreender que a Língua não é uma unidade única e particular dentro de uma mesma comunidade. Pensar em sua variedade, em sua transformação e diferenças em razão de processos sociais, culturais e históricos, torna-se relevante para entender que a língua, mesmo dando sentido a um determinado grupo, possui níveis de “falares” dos seus diversos contextos de uso. Segundo Saussure (p.22): Considerando os aspectos iniciais, percebe-se que a língua é uma criação social, parte social da linguagem, “... exterior ao indivíduo, que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade.” Assim, pode-se entender por: Linguagem - é a capacidade do ser humano de se comunicar, isto é, processo comunicativo pelo qual ocorre a interação social e depende da existência de pessoas para que se estabeleça. Língua - é um conjunto de sinais (palavras) e de um sistema convencional organizado e  estabelecido pelo grupo social que se comunica e interage dentro de uma uniformidade de sentido e contexto. 
Segundo os PCN’s (2000): “Dessa perspectiva, a língua é um sistema de signos histórico e social que possibilita ao homem significar o mundo e a realidade. Assim, aprendê-la é aprender não só as palavras, mas também os seus significados culturais e, com eles, os modos pelos quais as pessoas do seu meio social entendem e interpretam a realidade e a si mesmas.” (p.24) Imaginar um povo sem língua, ou seja, sem uma unidade de signos e símbolos, é pensar na ausência de identidade, na desestruturação de ideias e regras sociais que possibilitam a organização de algum modo dos atributos que se impõem ao homem. Desde que o homem se organizou em grupo, transformando-se numa sociedade para se preservar e construir um sentido para o grupamento de seres humanos, a língua passou a ser o meio de trajetória coletiva, um meio de interagir com o mundo e as coisas em torno dessa comunidade. Perini (2006) afirma que, “Cada língua é um retrato do mundo, tomado de um ponto de vista diferente, que revela algo não tanto sobre o próprio mundo, mas sobre a mente do ser humano. Cada língua ilustra uma das infinitas maneiras que o homem pode encontrar de entender a realidade.” (p. 52) É através da língua, desse sistema particular de representações de signos de um mesmo espaço social e cultural que nós, seres humanos, selamos nossa adesão a um determinado grupo. Nesse sentido, ao dominar a língua do ambiente no qual se está inserido social e culturalmente, o indivíduo se encontra, se percebe, atua e modifica os espaços que circula. Ao dominar os sistemas de signos de uma mesma língua, o ser humano constrói a sua identidade, o seu sentido de pertencimento e permanência na comunidade linguística. Isso garante a qualquer pessoa o seu acesso à informação, à produção também de conhecimento e ao exercício da cidadania. Ao ressaltarmos tal aspecto do indivíduo em relação à sua língua e à sua interação com o meio, lembramos de uma das mais importantes obras da literatura brasileira: Vidas secas, obra do fantástico Graciliano Ramos. A obra foi publicada em 1938 e trata da trajetória de retirantes de uma mesma família, fugindo da seca e buscando um local para viver. Seus personagens são brutos, rudes, quase animalizados pelas condições mínimas de sobrevivência no sertão nordestino. O domínio da palavra, nessa obra, demonstra uma posição de poder, de ser parte de uma sociedade mais privilegiada das condições sociais, políticas e culturais de um grupo. Em contrapartida, a ausência da palavra, a inabilidade de fazer uso da sua própria língua constitui-se como alguém ausente, sem identidade, sem o caráter de pertencimento da sociedade e de suas atribuições nos níveis sociais, culturais e políticos. 
Você Sabia? Fabiano era familiarizado com a comunicação gestual e sabia interagir com os indivíduos dentro do mesmo espaço social. Mas quando se tratava de se comunicar com palavras, de estruturar frases, de transmitir a sua discordância de algo, o seu posicionamento crítico com estranhos, Fabiano ficava confuso, inseguro, “monomudo”. Guimaraes Rosa, outro autor da literaturabrasileira, gostava de falar sobre as pessoas que tinham dificuldades de expressar adequadamente a língua que falava. Percebe-se, assim, que o domínio da linguagem, da palavra, é sinônimo de poder, de liberdade, de não ser excluído e nem oprimido por saber que a palavra é força, é a arte de construir ideias, conceitos e posições sobre si mesmo, a vida e o mundo. Não se é escravo, não se é miserável quando sabemos os sentidos das palavras, quando conhecemos os signos e símbolos que cada língua estabelece para as coisas e as pessoas. Na obra em questão, Fabiano conhecia o seu mundo, conhecia as pessoas, mas não sabia articular o seu pensamento em palavras, não sabia externalizar conceitos sobre sua condição, muito embora, tinha noção de sua adversidade. Saiba mais: ...Fabiano queria berrar para a cidade inteira, afirmar ao doutor juiz de direito, ao delegado, a seu vigário e aos cobradores da prefeitura que ali dentro ninguém prestava para nada. Ele, os homens acocorados, o bêbado, a mulher das pulgas, tudo era uma lástima, só servia para aguentar facão. Era o que ele queria dizer.” (p.36) Atenção! Com esta breve reflexão sobre o domínio da palavra e da língua a partir de um olhar da obra Vidas secas, nós, professores, devemos ter consciência de quanto é de fundamental importância o ensino da língua portuguesa nas escolas. E também de como a produção e o desenvolvimento de competências e habilidades da língua se fazem necessários na formação do indivíduo.
Segundo os PCNs (2000), “O domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de plena participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento. Assim, um projeto educativo comprometido com a democratização social e cultural atribui à escola a função e a responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos.” (p.23) Dessa forma, cabe ao professor assumir que a língua possui um caráter político, histórico e sociocultural. Perceber que a língua movimenta-se continuamente, fazendo-se, construindo-se em novos e diferentes sentidos conforme o tempo e o espaço. Ensinar língua portuguesa é muito mais do que regras gramaticais, do que formalização de frases e períodos é com a exploração dos sentidos, dos símbolos diversos e dos espaços socioculturais que o indivíduo faz uso da língua. Ensinar língua portuguesa é confrontar-se com a realidade social e cultural do país, perceber que a língua é um sistema que sofre constantes mutações e, conforme as necessidades do falante, ela se modifica para que a interação ocorra efetivamente. Segue abaixo as palavras de Guedes (2006) com relação ao papel do professor no desenvolvimento das competências e habilidades em língua portuguesa: “Do mesmo modo, não se propõe que a aula de português se transforme numa grande oficina de criação literária; pelo contrário, a aula de português vai  transformar-se no lugar em que todos assumirão sua palavra para dizer de si e de todos nós, vai transformar-se num lugar onde o reconhecimento de algum artista pelos artesãos seus leitores vai comprometer o reconhecido com o crescente nível de exigência dos artesãos-leitores que se aperfeiçoam com ele e, principalmente, em vez de dividir a turma entre a casta dos que têm misteriosos dons e, por isso, direito à fala, e dos que calam ante sua voz, vai atribuir ao artista o compromisso de na sua voz ecoar a voz de todos.” (p.56)
Síntese da aula:
Nesta aula, você: compreendeu o conceito de língua, linguagem e cultura.  Além de aprender que a língua como identidade de um povo forma-se através da atribuição de sentidos e das relações que o homem estabelece com as diversas situações da vida.
Aprendeu também que as representações simbólicas e concretas que a linguagem é capaz de produzir estabelecem a interação do indivíduo com o outro e o mundo que o circunda.
Assimilou também que o ensino da língua portuguesa é condição essencial para garantir ao indivíduo o contato privilegiado com o meio social diverso, pois somente com o desenvolvimento das competências e habilidades da língua que fala, é que podemos conquistar a inserção em espaços sociais, culturais e políticos diversos com os quais o falante está acostumado a interagir.
Resumo da Tele transmitida – Rosaura Baião
Linguagem – Especificidade da espécie humana, capacidade de entender a realidade, capacidade de dinamismo, da criatividade. Capacidade de emitirmos juízo de valor sobre essa realidade, por exemplo, nos comunicar com um amigo quando ele vem a nós desabafar. Isso é possível através da língua, e o que é isso? É um código comum, utilizados pelos membros de uma comunidade. Possibilidade de comunicação. Já a fala é a materialidade da língua concretização da elaboração do pensamento. Mas apesar de cada nação ter sua língua, existem as variações heterogêneas. 
Variação Geográfica: A língua varia de acordo com a região, o sotaque torna-se um traço característico.
Variações Sociais: Variam de acordo com o nível de escolaridade. Varia de acordo com a idade. Varia de acordo com a classe social em que vive e etc. 
Variações Situacionais: Variam de acordo com a situação em que a pessoa se encontra – reuniões formais, reuniões intimas, entrevista pra emprego, conferencias, aula e etc. 
Variações de fala para a escrita: Uma mesma língua comporta-se diferentemente num ambiente de fala (em que é mais veloz, suprime algumas sílabas) e num ambiente de escrita (em que há necessidade de obediência ás regras ortográfica, entre outros aspectos) 
Contextos da fala:
Formais: Utilizada em ocasiões em que não há intimidade, como em jantares de apresentações, consultas médicas, entrevistas de emprego, etc... 
Semiformais: Aulas, entrevistas, algumas comunicações, palestras e etc... 
Informais: Ambiente familiar, rodas de amigos e etc... 
Constata-se que essa heterogeneidade das línguas naturais, o uso da língua materna também necessita estar adequado a uma realidade, a funcionalidade da língua e não somente aos fatos gramaticais descontextualizados.

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