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Teoria Estruturalista da Administração

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Teoria Estruturalista da Administração:
A teoria estruturalista surgiu a fim de ser uma espécie de síntese entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas, que se inspirou na abordagem de Max Weber e, até certo ponto, nos trabalhos de Karl Marx. Os autores dessa teoria se concentram no estudo das organizações sociais. 									 Com o estruturalismo ocorreu à preocupação exclusiva com as “estruturas”, em prejuízo da função ou de outros modos de compreender a realidade. O estruturalismo também se preocupou com o todo e com o relacionamento das partes na constituição do todo. A totalidade, a interdependência das partes e o fato de que o todo é maior do que a simples soma das partes são características básicas do estruturalismo. 
A estrutura é o conjunto formal de dois ou mais elementos e que subsiste inalterado na mudança, isto é, a estrutura mantém-se mesmo com a alteração de um dos seus elementos ou relações. A compreensão das estruturas fundamentais em alguns campos de atividade permite o reconhecimento das mesmas estruturas em outros campos. 
A sociedade de organizações, segundo os estruturalistas, é uma sociedade moderna e industrializada da qual o homem passa a depender para nascer, viver e morrer. Essas organizações são diferenciadas e requerem dos seus participantes determinadas características de personalidade. Essas características permitem a participação simultânea das pessoas em várias organizações, nas quais os papéis variam, podendo até chegar à inversão.	O estruturalismo ampliou o estudo das interações entre os grupos sociais, iniciado pela Teoria das Relações Humanas, para as interações entre as organizações sociais. E para os estruturalistas, a Teoria das Organizações é um campo definido dentro da Administração, derivado de várias fontes, especialmente dos trabalhos de Taylor e Fayol, da psicologia e da sociologia, da Escola das Relações Humanas, tendo desenvolvido a partir da chamada Sociologia da Burocracia. As organizações sofreram um longo desenvolvimento, através de quatro etapas: a etapa da natureza, a etapa do trabalho, a etapa do capital e a etapa da organização.
As organizações constituem a forma dominante de instituição em nossa sociedade: são a manifestação de uma sociedade altamente especializada e interdependente, que se caracteriza por um crescente padrão de vida. As organizações permeiam todos os aspectos da vida moderna e envolvem atenção, tempo e energia de numerosas pessoas. Cada organização é restringida por recursos limitados e, por isso, não pode tirar vantagens de todas as oportunidades que surgem: daí o problema de determinar a melhor alocação de recursos. A eficiência é obtida quando a organização aplica seus recursos na alternativa que produz o maior resultado. A teoria estruturalista concentra-se no estudo das organizações, na sua estrutura interna e na sua interação com outras organizações. As organizações são concebidas como “unidades sociais (ou agrupamentos humanos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir objetivos específicos”. As organizações são caracterizadas por um “conjunto de relações sociais estáveis deliberadamente criadas, com a explícita intenção de alcançar objetivos ou propósitos”.
As burocracias constituem um tipo específico de organização: as chamadas organizações formais. As organizações formais constituem uma forma de agrupamento social, que é estabelecido de maneira deliberada ou proposital para alcançar um objetivo específico. Este tipo de organização é caracterizada por regras, regulamentos e estrutura hierárquica que ordenam as relações entre seus membros. Ela é formalmente estabelecida para atingir objetivos explícitos e constituí um sistema preestabelecido de relações impessoais, resultando daí um relacionamento formal entre as pessoas, o que permite reduzir a ambigüidade e a espontaneidade e aumentar a previsibilidade do comportamento. 
Já nas organizações complexas, a estrutura e os processos apresentam elevado grau de complexidade devido ao grande tamanho ou à natureza complicada das operações. Nesse tipo de organização, a convergência dos esforços entre as partes componentes é mais difícil, pois existem variáveis que complicam o seu funcionamento.
Enquanto a Teoria Clássica caracteriza o “homo economicus”, e a Teoria das Relações Humanas, o “homem social”, a Teoria Estruturalista caracteriza o “homem organizacional”, ou seja, o homem que desempenha papéis em diferentes organizações. Na sociedade de organizações, moderna e industrializada, avulta a figura do “homem organizacional”: ao participar de várias organizações, o homem moderno, ou seja, o homem organizacional, para ser bem-sucedido em todas elas precisa ter as seguintes características: flexibilidade, tolerância às frustrações, capacidade de adiar as recompensas e permanente desejo de realização.
Essas características de personalidade não são exigidas ao nível máximo pelas organizações, mas a partir de combinações que variam de acordo com a organização e com o cargo ocupado. Assim, o “homem organizacional” reflete uma personalidade cooperativa e coletivista, que destoa das características da ética protestante – eminentemente individualista – definidas por Max Weber.
Os estruturalistas estudam as organizações através de uma análise organizacional mais ampla. Neste sentido, a Teoria Estruturalista pretende conciliar a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas, baseando-se também na Teoria da Burocracia. Assim, a análise das organizações, do ponto de vista estruturalista, é feita a partir de uma abordagem múltipla que leva em conta os fundamentos da Teoria Clássica, da Teoria das Relações Humanas e da teoria da Burocracia. Essa abordagem múltipla envolve: a organização formal e a organização informal; as recompensas salariais e materiais e as recompensas sociais e simbólicas; os diferentes níveis hierárquicos de uma organização; os diferentes tipos de organização; a análise intra-organizacional como a análise interorganizacional.
As organizações caracterizam-se pela diferenciação de poder, isto é, por uma hierarquia da autoridade. Parsons sugere que todas as organizações possuem três níveis organizacionais: 
Nível Institucional: é o nível organizacional mais elevado. É denominado nível estratégico, pois define os objetivos e estratégias da organização, lida com assuntos relacionados com o longo prazo e com a totalidade da organização. É o nível que se relaciona com o ambiente externo da organização;
Nível Gerencial: é nível intermediário situado entre o nível institucional e o nível técnico, cuidando do relacionamento e da integração desses dois níveis. Tomadas as decisões no nível institucional, o nível gerencial as transforma em planos e programas para que o nível técnico os execute. O nível gerencial trata do detalhamento dos problemas, da captação dos recursos necessários, alocando-os dentro das partes da organização.
Nível Técnico: é o nível mais baixo da organização. Também denominado nível operacional, é o nível em que as tarefas são executadas, os programas são desenvolvidos, as técnicas são aplicadas. É o nível que cuida da execução das operações e tarefas, é voltado ao curto prazo e segue os programas e rotinas desenvolvidos no nível gerencial.
A tipologia de Etzioni apresenta as seguintes características: 
Divisão de trabalho e atribuição de poder e responsabilidades: de acordo com um planejamento intencional, a fim de intensificar a realização de objetivos específicos. 
Centros de poder: controlam os esforços combinados da organização e os dirigem para seus objetivos. Esses centros do poder reexaminam a realização da organização e, reordenam sua estrutura, a fim de aumentar sua eficiência.
Substituição do pessoal: as pessoas com desempenho pouco satisfatório são substituídas por outras e a organização recombina seu pessoal, através de transferências e promoções.
Blau e Scott apresentam uma tipologia das organizações baseada no beneficiário principal que a organização visa
atender, existem quatro tipos básicos, ou seja, de quem se beneficia com a organização. Os benefícios para a parte principal constituem a essência para a existência da organização. 
	Os objetivos organizacionais constituem um campo de estudos explorado pelos autores neoclássicos (APO) e estruturalistas. Um objetivo organizacional é uma situação a ser desejada que a organização tenta atingir. A eficiência de uma organização é determinada pela medida em que esta atinge seus objetivos. E a competência de uma organização é medida pela quantidade de recursos utilizados para fazer uma unidade de produção.
Os objetivos são unidades simbólicas, são idéias que a organização pretende atingir e transformar em realidade. O estabelecimento de objetivos é intencional, mas não é necessariamente racional, pois é um processo de interação entre a organização e o ambiente: consiste em determinar as relações da organização com a sociedade mais ampla e com o que a sociedade deseja. 
	A Teoria Estruturalista inaugura os estudos a respeito dos ambientes dentro do conceito de que as organizações são sistemas abertos em interação com seu meio. Até então, a teoria administrativa havia se confinado aos aspectos internos da organização dentro de uma concepção de sistema fechado. Os estratos do ambiente são traçados; o ambiente geral e o ambiente operacional.
A definição de conflito significa a existência de idéias, sentimentos, atitudes ou interesses antagônicos e colidentes que podem se chocar. Sempre que se fala em acordo, aprovação, coordenação, resolução, unidade, consentimento, consistência, harmonia, deve-se lembrar que essas palavras pressupõem a existência ou a iminência de seus opostos, como desacordo, desaprovação, dissenção, desentendimento, incongruência, discordância, inconsistência, oposição – o que significa conflito. O conflito é uma condição geral do mundo animal.
O dilema por sua vez, representa uma situação que se deseja atender a dois interesses inconciliáveis entre si: o atendimento de um dos interesses impede o atendimento do outro. Todas as organizações se confrontam com dilemas, isto é, com escolhas entre alternativas nas quais um objetivo importante e valioso terá de ser sacrificado no interesse de outro. O conceito de conflito e dilema permite uma compreensão dos processos de mudança gerados em uma organização.
A Teoria Estruturalista pode ser denominada “teoria de crise”, pois tem mais a dizer sobre os problemas e patologias das organizações complexas do que propriamente acerca de sua normalidade. Os estruturalistas são profundamente críticos, preocupando-se em localizar nas organizações o cerne de suas problemáticas. Além disso, é uma teoria de transição e mudança. 
Na verdade o Estruturalismo não é propriamente uma teoria, mas um método que Lévy-Strauss trouxe da linguística e introduziu nas ciências sociais. No fundo, a ideia de integração dos elementos numa totalidade, é a mesma ideia básica que sustenta a Teoria dos Sistemas: a compreensão da interdependência recíproca de todas as organizações e da necessidade de integração. A palavra sistema dá ideia de plano, método, ordem, organização. 
Em resumo, a tentativa de conciliação e integração dos conceitos clássicos e humanísticos, a visão crítica do modelo burocrático e seu desenvolvimento teórico, a ampliação no estudo das organizações envolvendo o ambiente e as relações interorganizacionais, além de um redimensionamento das variáveis organizacionais internas e o avanço rumo à abordagem sistêmica, são aspectos que marcaram a teoria administrativa. O estruturalismo representa uma trajetória à abordagem sistêmica.

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