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TRATADO DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE RESUMO – CAPÍTULO 33 A implementação do Programa de Saúde da Família no Brasil – 1994 – valorizou os princípios básicos do SUS e algumas ferramentas de trabalho na Atenção Primária à Saúde (APS). Depois disso, não foi mais possível ignorar o estudo sobre o trabalho em equipe nos planos de ensino dos diversos cursos de graduação na área da saúde; O trabalho em equipe carrega consigo algumas dificuldades óbvias, considerando que resulta do convívio de pessoas diferentes; “O interdisciplinar não é algo que se ensine ou se aprenda. É algo que se vive. É fundamental uma atitude de espírito. Atitude feita de curiosidade, de abertura, de sentido de aventura, de busca, de intuição das relações existentes entre as coisas e que escapam da observação comum”. (Hilton Japiassu); As diferenças valorizam o produto final de um trabalho em equipe. E trabalhar em equipe é a resposta complexa para os tempos atuais e para uma tecnologia de baixa densidade; TRABALHO EM EQUIPE: um conjunto de pessoas com conhecimentos diversos, mas que se unem em objetivos comuns, negociam entre si e elaboram um plano de ação bem definido, trabalhando em consonância e com comprometimento mútuo, complementando o trabalho com suas habilidades variadas, aumentando a chance de êxito no resultado do trabalho empreendido; É importante entender as diferentes estruturas hierarquizadas de trabalho, o que facilita o relacionamento dos profissionais envolvidos; EQUIPE é uma forma mais aprimorada de GRUPO; O modelo tradicional de trabalho é HIERARQUIZADO e VERTICALMENTE ORGANIZADO, centralizado em algum chefe que comanda todos e todas as tarefas; (essa estrutura não é mais considerada adequada para resultados eficazes) Principais dificuldades para o trabalho em equipe: conflitos, dificuldade de comunicação, considerar a superioridade das opiniões dos outros membros da equipe em relação às suas próprias sugestões; Uma das grandes possibilidades para potencializar a capacidade do trabalho em equipe é a realização de REUNIÕES PARTICIPATIVAS; Tipos de equipe: EQUIPE INTEGRAÇÃO e EQUIPE AGRUPAMENTO EQUIPE INTEGRAÇÃO: sem ordem verticalizada, com submissão ou coação; integração; complementaridade; interdependência; discussões e negociações para a elaboração de um projeto de ação bem definido; trabalho horizontalizado; pessoas com atribuições definidas; EQUIPE AGRUPAMENTO: fragmentação; a comunicação não é intrínseca ao trabalho; não há flexibilidade na divisão do trabalho; a especificidade de cada um é preservada e uma pessoa não influencia a outra; sem sintonia; Agrupamento dos agentes é diferente de interação com os agentes; Para passar de grupo para equipe tem-se que trocar a estrutura verticalizada para horizontalizada; ATENÇÃO: A INTERSETORIALIDADE é identificada como estratégia fundamental para a resolubilidade da atenção à saúde no nível primário e motiva fortemente a necessidade de INTERDISCIPLINARIDADE; TIPOS DE TRABALHO EM EQUIPE: normativo, estratégico e comunicativo - Normativo: quando estão definidas as atribuições de cada componente da equipe, com sua autonomia preservada, ao mesmo tempo em que se preconiza a interdependência entre todos, com uma flexibilidade de poderes que é adequada às competências e habilidades de cada um; - Estratégico: quando se consegue identificar os objetivos para um trabalho, os recursos disponíveis ou que serão gerados, os parceiros e os obstáculos que podem influenciar o alcance do resultado final do que está sendo proposto; - Comunicativo: quando se consegue criar espaços de discussões para todos os componentes da equipe, permitindo que todos externem seus objetivos individuais, e. a partir de acordos, consegue- se criar um projeto assistencial comum; Quando a equipe é composta por profissionais de diferentes áreas a relação entre seus membros pode ser caracterizada por: 1. Multidisciplinaridade: justaposição dos saberes de várias disciplinas diferentes de um mesmo nível, que não estão necessariamente trabalhando em um projeto único, nem de forma integrada ou coordenada; 2. Pluridisciplinaridade: justaposição dos saberes de várias disciplinas diferentes de um mesmo nível, trabalhando com objetivos comuns, que podem cooperar entre si, mas de forma descoordenada; 3. Transdiciplinaridade: indica uma integração das disciplinas de um campo particular para uma premissa geral compartilhada; estruturas em sistemas de vários níveis e com objetivos diversificados, há tendências de horizontalização das relações interdisciplinares. 4. Interdisciplinaridade: várias disciplinas diferentes e de níveis diversos, trocando experiências de forma integrada e coordenada, com um objetivo comum; APS – Atenção Primária à Saúde Desde 1991 já havia na APS o trabalho organizado em equipes com o PROGRAMA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE (PACS), com a implantação do PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF) em 1994, o Ministério da Saúde determinou o trabalho em equipe como um dos princípios básicos para o exercício do processo de trabalho na APS; Quem forma a equipe da unidade? Medico, enfermeiro, técnico de enfermagem, ACS, equipe de saúde bucal (cirurgião dentista e auxiliar de consultório dentário) ATRIBUIÇÕES MÍNIMAS ESPÉCIFICAS DE CADA CATEGORIA PROFISSIONAL DA ESF (recepção, limpeza, segurança, administração e manutenção) Não se pode escrever sobre o trabalho em equipe na ESF sem relatar a grande importância do NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) que vem com a proposta de tornar a equipe mais multiprofissional e com funcionamento pautado na interdisciplinaridade; objetiva aumentar a resolubilidade e ampliar a abrangência da atenção à saúde no nível primário, atuando no apoio das equipes e de sua população adscrita. Pode-se concluir que trabalhar em equipe é um recurso estratégico de organização de trabalho que contribui para o alcance de melhores resultados e para aumentar a satisfação do trabalhador nas tarefas realizadas.
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