Buscar

Aprender a Desenhar: Teoria e Prática

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 170 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 170 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 170 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1º PERÍODO 
DESENHO I
Autores
Cinthya Santos Cerqueira
Especialista em Arte-Educação Artística pela Faculdade de Educação São Luiz e graduada em 
Educação Artística pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Atualmente é professora da 
Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes e do Conservatório Estadual de Música 
Lorenzo Fernandes.
Eduardo Júnio Santos Moura
Especialista em História da Arte e graduado em Educação Artística – ênfase em Artes 
Plásticas pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Atualmente é professor 
assistente da Unimontes. 
Heloísa de Lourdes Veloso Dumont
Especialista em Arte-Educação e em História da Arte pela Universidade Estadual de Montes 
Claros – Unimontes, graduada em Educação Artística pela Unimontes. Professora do 
Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez e Unimontes.
Juçara de Souza Nassau
Graduada em Educação Artística – Ênfase em Artes Plásticas e pós-graduada em História da 
Arte pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Atualmente é professora da 
Unimontes.
Maria Generosa Ferreira Souto
Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - 
PUC-SP, mestre em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, especialista 
em Língua Portuguesa, em Literatura Luso-brasileira, em Educação Inclusiva Especial e em 
Psicopedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Pesquisadora do 
Grupo de Estudos Literários do Departamento de Letras. Professora do curso de Letras e do 
Programa de Pós-Graduação em Letras: Literatura Brasileira na Unimontes. 
Mona Lisa Campanha Duarte Colares
Mestre em Desenvolvimento Social e especialista em Comunicação, Estratégias e Linguagens 
pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, graduada em Comunicação 
Social – Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Atualmente é 
professora do Centro Regional de Estudos em Ciências Humanas – Crecih e das Faculdades 
Integtradas Pitágoras de Montes Claros – FipMoc.
Ilustrador
Clésio Robert Almeida Caldeira
Graduando em Publicidade e Propaganda pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes 
Claros – FipMoc.
SUMÁRIO
DA
DISCIPLINA
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
Unidade I: O desenho e seus materiais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
1.1 O desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
1.2 Os materiais de desenho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208
1.3 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
Unidade II: Princípios da geometria e da perspectiva . . . . . . . . . 217
2.1 Elementos da geometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
2.2 Geometria espacial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222
2.3 Perspectiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224
Unidade III: O desenho artístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235
3.1 Introdução ao desenho de observação . . . . . . . . . . . . . . 235
3.2 Esquemas de construção do desenho . . . . . . . . . . . . . . . 236
3.3 Desenho de formas arredondadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
3.4 Proporções e eixos centrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239
Unidade IV: Luz e sombra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242
4.1 Escala de valores tonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242
4.2 Esfumando o desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246
4.3 Criar volumes com tons. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 247
4.4 Desenho de objetos de vidro e metálicos . . . . . . . . . . . . . 247
Unidade V: As técnicas do desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249
5.1 A técnica do carvão no desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249
5.2 A composição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 254
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259
Referências básicas e complementares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263
2.4 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234
3.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241
4.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
5.3 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 258
197
APRESENTAÇÃO
199
Prezados acadêmicos,
em nossa disciplina, vamos mostrar, através de exemplos e de 
textos, como é fácil aprender a desenhar. Não desanimem, e nem digam 
que não conseguem, pois todos nós temos capacidade suficiente para 
conseguir, é preciso ter boa vontade e principalmente muita perseverança e 
treino. Com certeza você conseguirá. 
 A nossa proposta é oferecer subsídios para aprendizado do 
desenho de maneira bem fácil, por isso ofereceremos recursos teóricos e 
práticos, além de textos e atividades de fácil compreensão. Para tanto, 
apresentaremos uma série de atividades facilitadoras da compreensão dos 
conceitos básicos e enfatizamos a necessidade do exercício prático no 
decorrer deste módulo. 
Os assuntos abordados neste módulo foram organizados de modo 
a ressaltar conceitos importantes, necessários à formação de profissionais 
das áreas de Artes, bem como arte-educadores.
 Pedimos a vocês, futuros desenhistas, não se limitem aos 
conhecimentos específicos apresentados neste manual, pelo contrário, 
tentem desenvolver e aprimorar continuamente seus conhecimentos e 
ampliar suas habilidades artísticas, pois assim poderão adquirir o domínio 
das formas e conseqüentemente expressá-las com elegância e 
criatividade.
O desenho é uma técnica de expressão que, desde as pinturas 
rupestres – inscrições feitas pelo homem primitivo em cavernas, lapas, 
paredões calcáreas – revela uma preocupação estética.
 Aprender a desenhar é aprender a olhar a realidade e perceber o 
desenho nela contido; é aprender a compor. Não compomos somente 
quando tiramos idéias de nossa imaginação, mas também quando 
escolhemos um ponto de vista, ou um objeto, e ele a ele para realizar um 
registro gráfico qualquer 
Reforçamos a necessidade de prática constante e muita 
perseverança para se alcançar bons resultados. O treino do desenho e do 
traço deve ser exercitado continuamente. Somente com o treinamento 
constante é possível conquistar um traçado leve e firme ao mesmo tempo. 
Não desistam se, porventura, seus primeiros traços não se assemelharem 
aos exemplos mostrados. Só com o tempo você vai desenvolverá o seu 
próprio estilo e perceberá a evolução gradativa do seu trabalho. Mãos à 
200
obra! Não temos tempo a perder! Pratiquem muito! 
Esta disciplina tem como objetivos:
?Discutir os pressupostos conceituais do desenho e a 
importância do seu aprendizado do mesmo para o artista e para o arte 
educador;
?Proporcionar o desenvolvimento do pensamento analógico e 
concreto, através dos exercícios de desenho;
?Subsidiar o acadêmico para o domínio de todos os elementos 
da linguagem visual; e
?Proporcionar o exercício da criatividade.
Não se esqueçam que esta disciplina é muito importante para sua 
formação artística e de arte-educador. Pensando numa melhor 
compreensão da disciplina e do processo de aprendizado, dividimos o 
conteúdo em cinco unidades, por sua vez divididas em tópicos ou 
subunidades.
Unidade I: O desenho e seus materiais
1.1 O desenho
1.1.1 Educar o olhar para perceber as formas
1.1.2 Organizar o pensamento formal
1.1.3 Desenvolver a capacidade de expressão gráfica1.1.4 A importância do desenho na sala de aula 
1.2 Os materiais de desenho
1.2.1 Os lápis
1.2.2 A borracha
1.2.3 O papel
1.2.4 O carvão
1.2.5 Sanguinea ou sangüínea
1.2.6 Giz pastel
Unidade II: Princípios da geometria e da perspectiva
2.1 Elementos da geometria
2.2 Geometria espacial
2.3 Perspectiva
2.3.1 Perspectiva isométrica
2.3.2 Perspectiva cavaleira
2.3.3 Perspectiva de observação 
Unidade III: O desenho artístico
3.1 Introdução ao desenho de observação
3.2 Esquemas de construção do desenho
 
 
Desenho I UAB/Unimontes
201
3.2.1 Como medir usando o lápis 
3.3 Desenho de formas arredondadas
3.3.1 O enquadramento: processo de centralização
3.3.2 Desenho de formas assimétricas
3.4 Proporções e eixos centrais
Unidade IV: Luz e sombra
4.1 Escala de valores tonais
4.2 Esfumando o desenho
4.3 Criar volumes com tons
4.4 Desenho de objetos de vidro e metálicos
Unidade V: As técnicas do desenho
5.1 A técnica do carvão no desenho
5.1.2 A técnica do crayon
5.2 A composição
5.2.1 Equilíbrio da composição
5.2.2 Composição simétrica
5.2.3 Composição assimétrica
5.2.4 Perspectiva no desenho
5.2.5 Geometrizar os objetos
5.2.6 Pontos de vista da perspectiva no desenho
Explorem tudo, abram espaços para a interação com os colegas, 
para o questionamento, para a leitura crítica do texto, bem como para 
atividades e leituras complementares. É com muito carinho que torcemos 
para que tenha um bom aprendizado.
As autoras.
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
PARA REFLETIR
1UNIDADE 1
203
O DESENHO E SEUS MATÉRIAIS
Nesta primeira unidade, da disciplina de Desenho, o objetivo 
principal é que você possa conhecer um pouco a respeito do desenho e de 
sua importância nas Artes Plásticas e áreas afins. Portanto, mãos à obra. 
Apresentaremos ainda, os materiais existentes no mercado 
especializado, para que tenha uma noção das possibilidades de uso de 
determinada técnica em função dos recursos disponíveis no mercado.
1.1 O DESENHO
O desenho pode nos parecer a princípio, uma brincadeira, que 
desde a infância, através de rabiscos e da evolução gradativa das 
garatujas, a criança utiliza para expressar e se comunicar com o mundo. 
Mas, é necessário compreendermos que o desenho, deve ser encarado 
como um ato consciente que também expressa sentimentos e idéias. Mas é 
necessária certa habilidade, que implica em processos de análise, 
invenção e figuração. Podemos dizer que o desenho se aproxima da 
palavra por sua função de designar coisas, organizar o pensamento e 
expressá-lo. Porém ambos são formas de linguagem específicas, que se 
complementam.
Segundo Hallawell (1995, p. 10), o desenho, antes da escrita, 
forneceu os meios de comunicação e de significação para a humanidade. 
Foi a primeira forma de registro de imagens, conceitos, situações e 
acontecimentos utilizada pelo homem. Foi o primeiro sistema simbólico, 
que permitiu lembrar outras coisas além dele mesmo e, assim, estabelecer 
uma comunicação e união entre os povos. Os hieróglifos, escrita sagrada 
do antigo Egito, são um exemplo do que foi a função mediadora do 
desenho para a escrita, um sinal eficaz de reconhecimento, um símbolo 
gráfico que representa ou recorda uma idéia ou o registro de um 
acontecimento. É um aprendizado indispensável para todo e qualquer 
trabalho artístico, e o domínio desta linguagem requer uma dedicação 
especial. Para Fhilip Hallawel:
(...) O aprendizado do desenho baseia-se em conhecer e 
dominar a gramática e a sintaxe da linguagem visual, 
empregada na representação, ou seja, conhecer e dominar 
os elementos que são utilizados quando se faz um trabalho 
visual. O Desenho é a base de qualquer trabalho visual, bi 
ou tridimensional, e é por isso que seu domínio se torna 
indispensável para o estudante de artes plásticas. 
(HALLAWEL, 1995, p. 9)
Diante de um objeto a ser desenhado, você deve ter, como ponto 
de partida, a necessidade de se fazer uma observação criteriosa da 
O desenho está para o 
artista assim como a fome 
está para o faminto.
204
VISTA CANSADA
Otto Lara Resende
Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada 
coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou 
pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem 
disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de 
deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida 
continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como 
acabou
Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver,disse 
o poeta.
Um poeta é só isso: um certo modo de ver. O diabo é 
que, de tanto que ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. 
Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem 
ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é 
familiar, já não desperta curiosidade. O Campo visual da nossa 
rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se 
alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você 
não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que 
passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu 
escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo. O mesmo porteiro. 
Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma 
correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de 
Desenho I UAB/Unimontes
realidade do ambiente, ou dos elementos a serem registrados 
graficamente. Não se esqueça que, para iniciar o aprendizado do desenho, 
é de fundamental importância aprender a observar. A capacidade de 
observação deve ser constantemente exercitada. Para tanto, visualizar 
mentalmente as proporções dos objetos antes de eles serem desenhados é 
um recurso primordial. Para Hallawel (1995, p.10), o domínio do desenho 
depende de um “pensamento diferente”. 
Pensar diferente do que pensamos no dia-a-dia significa a 
capacidade sensível para encarar o desenho não apenas como uma 
habilidade manual, mas também como um posicionamento diante do 
estético do mundo.
Na crônica de Otto Lara Rezende, que colocamos abaixo, você 
poderá perceber com bastante clareza a importância de aprendermos a 
olhar as coisas. Leia e reflita. É um texto lindo, e nos faz pensar na forma 
superficial como olhamos as coisas à nossa volta.
PARA REFLETIR
DICAS
205
Desenhar significa apontar, indicar, mostrar, marcar, traçar, dar 
um sinal qualquer, representar objetos por meio de linhas, e sombras. O 
desenho é uma arte predominantemente do espaço. Ele fornece a base 
essencial de todas as outras artes que dele se utilizam: a pintura, a 
escultura, a arquitetura, as artes decorativas, as artes gráficas, o estilismo. 
Enfim, todo ofício cujo fundamento se constitui em criação de formas 
visuais, pois o desenho, segundo Hallawell , “(...) desenvolve a 
expressão, a sensibilidade e a intuição”.
Desenhar é acima de tudo a representação gráfica de alguma 
coisa, é produzir uma imagem, é representar por meio de imagens, e 
significa ainda organizar formas num espaço. Você pode concluir, 
portanto, que o desenho realizado sobre um suporte qualquer é uma 
expressão, através de meios manuais, do olhar e do pensamento do 
homem, que tem a capacidade de recriar, e às vezes transformar as formas 
da natureza em outros espaços. Sua importância para o homem e 
principalmente para os Arte-educadores está em: 
1.1.1 Educar o olhar para a percepção das formas
A prática do desenho contribui para o desenvolvimento da 
expressão, da sensibilidade e da intuição. O processo de educação do 
olhar, para a percepção das formas, implica na visualização de 
determinadas características dos objetos e de cenas, através de métodos 
comparativos. Para Hallawell (1995, p.10), o exercício do desenho, e o 
domínio da lógica pode nos levar a ”conclusões totalmente errôneas”, já 
que a pratica do desenhoé por excelência a pratica do pensamento 
(1995, p.10)
Faça o seguinte teste: 
Coloque-se de frente para 
um objeto de uso cotidiano, 
buscando liberar a mente 
de sua experiência de todos 
os dias, Observe-o como se 
o visse pela primeira vez. 
Examine a forma, as cores, 
e as dimensões: você 
descobrirá algo novo e 
passará a admirá-lo de 
uma forma diferente, e 
descobrirá coisas que 
nunca notou antes.
Ingres (1780-1867), 
grande pintor francês, 
comentou certa vez que a 
capacidade de pintar 
dependia da capacidade de 
desenhar.
falecer.
Como era ele? Sua cara? Como se vestia? Não fazia a 
mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o 
porteiro teve de morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma 
girafa, cumprindo o rito, pode ser que também ninguém desse 
por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a 
voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E 
vemos? Não vemos.
Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos 
atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz 
de ver pela primeira vez o que, de tão visto, ninguém vê. Há pai 
que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria 
mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-
a-dia opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da 
indiferença.
Texto publicado no jornal “Folha de S. Paulo”, edição de 23 de fevereiro de 1992.
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
206
analógico, ou seja, comparativo, pois devemos estabelecer comparações o 
tempo todo, de tamanho, dos espaços e das formas, e ainda da luz e 
sombra
O nosso olhar durante o exercício do desenho tem que ser 
totalmente dinâmico, o que significa receber o tempo todo informações 
visuais. Por exemplo, num grupo de três ou mais objetos, é necessário 
observarmos cada um deles individualmente e, ao mesmo tempo, nos 
preocuparmos em estabelecer comparações de um em relação aos outros, 
qual deles é mais alto ou mais baixo? E as cores e formatos? Qual a 
proporção do menor em relação ao maior? E ainda com as luzes e as 
sombras, o que chamamos de claro e escuro. Quando desenhamos 
precisamos pensar concretamente e não, como de costume, simbólica ou 
abstratamente. Devemos perceber as coisas como elas se apresentam ao 
nosso olhar e não o que elas representam. É preciso que aprendamos a ver 
mais concretamente as coisas. Você precisa lembrar sempre, para um 
bom aprendizado do desenho, que ele é feito de contrastes, e é dessa 
forma que decodificamos o mundo tridimensional e o interpretamos de 
forma bidimensional.
 
1.1.2 Organizar o pensamento formal
Para a efetivação do pensamento formal, é necessários o 
conhecimento das formas naturais e suas estruturas geométricas. 
A geometria é um dos fundamentos básicos do desenho. Com o 
tempo e a prática, você perceberá que esboçar um desenho com formas 
geométricas, facilita muito a construção da forma. Na verdade, a 
geometria não é apenas um recurso técnico, ela faz parte da própria 
estrutura do que se quer desenhar. Na Unidade V, iremos abordaremos e 
mostraremos detalhadamente este processo de geometrização.
A geometria está presente na natureza. Devemos, portanto, 
treinar sua percepção e estudá-la. Vendo formas conhecidas do mundo 
natural, imaginamos novas formas baseadas na geometria. Essa 
associação se dá pela nossa percepção de linhas, ritmos e texturas nas 
diferentes formas do mundo, que vamos reorganizando segundo nossos 
objetivos. 
De acordo com Hallawell (1995, p.45), a estrutura dos objetos e 
da composição é que sustenta o desenho, assim como “(...) o alicerce 
sustenta a casa”. O exercício do desenho de observação permite que você 
adquira conhecimento de todos os elementos da linguagem visual, além 
de desenvolver o pensamento analógico e concreto, o senso de proporção 
de espaço de volume da planimetria. Na medida em que a sensibilidade e a 
intuição são aguçadas, torna-se mais fácil apreciar e compreender outros 
elementos da linguagem gráfica, como: a textura, a linha, a cor, a estrutura 
e a composição.
Desenho I UAB/Unimontes
207
1.1.3 Desenvolver a capacidade de expressão gráfica
O desenvolvimento da capacidade de se expressar graficamente 
através da educação da mão para desenhar o que a visão percebe e o 
pensamento cria. É o que podemos chamar de virtuose artística; a forma de 
cada indivíduo se expressar é o que chamamos de Estilo.
O desenho é um gesto realizado em um suporte, revelando através 
deste traço a forma de expressar de cada pessoa. O ato de desenhar não 
implica somente o movimento e a habilidade das mãos, mas também dos 
olhos, que vêem as formas, e mentalmente as reinterpretam. Não nos 
esqueçamos ainda do movimento de várias partes do corpo, que 
influenciam e contribuem para o ato de desenhar. Para tanto, 
aconselhamos manter certa distância do desenho, para que você possa ter 
mais liberdade de movimentos. Sua mão deve estar livre para a realização 
dos traçados, ainda que esteja seguindo modelos.
Um dos grandes desafios, e que acaba sendo uma grande 
dificuldade para o desenhista, é que as realidades a serem representadas, 
ou existentes ou concebidas mentalmente, se apresentam em três 
dimensões: altura, largura e profundidade. Ou seja, apresentam volume e 
quase sempre possuem movimento. No entanto, os suportes são 
bidimensionais, e apresentam apenas duas dimensões: largura e altura, 
que é o caso do papel, comumente utilizado para desenhar. E o grande 
desafio é transpor essa realidade tridimensional, ou seja, com volume, para 
um suporte bidimensional, que tem somente altura e largura. Essa 
dificuldade foi solucionada com a criação dos sistemas de representação 
tridimensional, chamado perspectiva, de que trataremos mais adiante. 
1.1.4 A importância do desenho na sala de aula
Atualmente, os professores de desenho têm encontrado grandes 
dificuldades no ensino. A primeira delas reside na deficiência da própria 
estrutura curricular da escola regular, que não privilegia o ensino do 
desenho artístico. Outra dificuldade é que, desde o final dos anos 
cinqüenta, a arte tem se centrado mais em tendências abstratas, o que 
contribui para a perda da qualidade na formação dos desenhistas.
O professor se depara com alguns métodos de ensino que ora 
enfatizam o adestramento ora o exercício do lúdico, mas não formam o 
aluno para a prática do desenho. É importante sabermos que o desenho 
pressupõe um processo de aprendizagem complexo, que passa, no geral, 
por quatro fases: percepção, registro, memorização e evocação das 
formas.
Nos primeiros exercícios de desenho, é necessário que o aluno 
reflita sobre algumas questões, a saber:
?Observação e percepção da forma a ser representada;
?Estabelecer relações de posição e proporção da forma no 
suporte disponível (papel) para o desenho;
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
?Observar as relações rítmicas que as diversas partes que 
compõem o modelo guardam entre si; e
?Analisar as estruturas fundamentais e os detalhes.
O ideal é que essa prática comece sempre com exercícios que 
reforcem as questões apresentadas anteriormente, e o professor somente 
passe adiante quando o aluno estiver com pleno domínio dessa primeira 
etapa. A partir daí, fica mais fácil avançar para outras fases.
1.2 OS MATERIAIS DE DESENHO
Para iniciar a prática do desenho é necessário que se tenha em 
mãos o material adequado ao seu estudo. Uma das grandes alegrias do 
desenhista é a variedade de materiais que estão disponíveis nas lojas 
especializadas em todo país. No entanto, para iniciarmos o aprendizado 
da técnica de desenhar, precisamos de muito pouco, pois, mais importante 
que a quantidade de material, é a exploração de todas as possibilidades 
criativas possível. Para esse nosso início de aprendizado, trabalharemos 
apenas com os materiaisestritamente necessários: lápis, papéis, 
borrachas e se possível, o fixador, e claro, um bom papel.
1.2.1 O lápis
É o material mais elementar e popular de desenho. Para 
enriquecimento do nosso estudo, é preciso que você saiba que a 
descoberta da primeira grafite data aproximadamente do ano de 1400. 
Porém, somente em 1504 foi encontrada a primeira jazida inglesa de 
grafite puro. Na época, esse mineral foi confundido com o chumbo e, 
devido a isso, foi denominado durante um longo tempo por lápis de 
chumbo. De acordo com Hallawell (1996, p.12), “(...) o lápis é um material 
relativamente novo (...)”; sua invenção popularizou a prática do desenho, 
que até então era praticado com carvão. Ainda de acordo com Hallawell, o 
lápis passou a ser fabricado por volta de 1795. As minas, nome dado à 
parte interna do Lápis, são fabricadas numa mistura de grafite e argila em 
208
Desenho
Figura 1: Tipos de lápis.
Desenho I UAB/Unimontes
209
diferentes proporções, determinando assim o grau de dureza ou maciez de 
um lápis. Os mais macios são os que contêm menos argila.
As minas de grafite têm diversas graduações, que são expressas 
no próprio lápis, em números e letras, conforme listamos abaixo, e 
mostramos através da figura 1:
?
?Médias (2B=1, B, HB=2, F), para uso comum;
?Duras (H=3, 2H, 3H=4, 4H, 5H); e 
?Extra-duras (6H, 7H, 8H, 9H).
Macias (7B, 6B, 5B, 4B, 3B), próprias para o desenho artístico; 
País de origem Nome das fábricas Marcas 
França 
Alemanha 
Alemanha 
República Checa 
Suíça 
Inglaterra 
Conte 
A.W. faber 
J.S. Staedtler 
Koh-i-noor 
Caran D’Ache 
Cumberland 
 
Castell 
Carbonit 
Negro 
 
Tabela1: Fabricantes de lápis
A título de enriquecimento do nosso conteúdo, e para que você 
fique mais inteirado do assunto, inserimos abaixo uma tabela retirada do 
volume 1 da Coleção Desenhe e pinte- p. 4, listando as marcas de lápis que 
possuem qualidade superior, e indicada para uso de profissionais de 
desenho:
Para efeitos e enriquecimento do desenho, pode-se tanto 
trabalhar com as várias graduações, ou explorar ao máximo as 
possibilidades de uma única delas. Recomendamos, para iniciarmos o 
nosso aprendizado, o uso das graduações 6B e/ou 5B, que são macias e 
mais resistentes para o trabalho de luz e sombra. Para execução do esboço 
do desenho, o HB, que corresponde ao lápis nº 2 escolar.
Prezados acadêmicos, voltamos a enfatizar a necessidade de 
Figura 2: Tipos de traçados com pontos diferentes
DICAS
Guarde com cuidado os 
lápis, cuide para que não 
caiam e nem os deixe 
soltos em gavetas, pois 
podem se quebrar. 
Coloque-os em um vidro de 
boca larga e mantenha-os 
sempre com as pontas para 
cima.
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
210
explorarem bem o material, treinando graduações de tons, variando a 
intensidade da pressão de fricção da grafite sobre o papel, segundo suas 
necessidades e efeitos pretendidos: traços leves ou mais fortes, dégradés, 
Figura 3: Demonstração de sombreamento com diferentes 
lápis.
texturas etc.
E ainda, não se esqueçam de que um dos pontos mais importantes 
na arte de desenhar é a educação do olhar e o desenvolvimento das 
possibilidades de nossas mãos.
Não aconselhamos o uso de lapiseiras, que limitam o traçado; 
daremos preferência ao lápis, que deverá ser apontado com estilete e 
moldado com uma lixa, o que permitirá uma maior diversidade de 
traçados. Observem a ilustração (figura 2) abaixo, onde demonstramos os 
efeitos que poderão ser conseguidos com o lápis, somente mudando a 
posição da ponta:
Na ilustração abaixo (figura 3) você poderá perceber alguns 
exemplos de tonalidades conseguidas com grafites 6B, 2B e HB.
1.2.2 A borracha
Figura 4: Tipos de borrachas.
Desenho I UAB/Unimontes
211
 Pode não parecer, mas o uso de uma borracha macia, que 
esfarele bem ao roçar o papel e não faça borrões, faz uma grande 
diferença em um desenho (figura 3). Sugerimos também a alternativa de 
usar miolo de pão ou limpa-tipos, que, por serem maleáveis, permitem que 
sua forma se adapte às necessidades do desenhista, sobretudo na 
graduação de intensidade de cinzas no trabalho do claro/escuro. O uso do 
lápis-borracha também pode ser uma alternativa bastante interessante, 
principalmente quando trabalhamos com detalhes. 
É muito importante, portanto, que o traçado das linhas de 
construção do desenho seja feito com muita leveza. Os excessos só devem 
ser retirados na finalização do desenho. O bom desenhista deixa para o 
final a limpeza do desenho. Isso lhe dá liberdade de apagar somente o 
essencial e permite que os traços leves que ajudaram na construção da 
forma enriqueçam o desenho com o seu dinamismo e incerteza.
Na figura 4, mostramos alguns tipos de borrachas, e de boa 
qualidade, recomendadas para desenhar: 
1.2.3 O papel
De acordo com Pearsall (1995), voltando na História, lembramos 
que os primeiros papéis para escrita ou desenhos foram as pedras e as 
placas de cera ou de argila, da civilização Mesopotâmica. O papel 
propriamente dito teve apenas dois antepassados remotos: o papiro 
Egípcio e o pergaminho. O papel é conseguido através da obtenção de 
uma pasta de matéria fibrosa, (PEARSALL,1995, p.12) de origem vegetal 
refinada e, quando necessário, branqueada.
Mas vale ressaltar, caro acadêmico, que tudo que possa receber o 
traço de uma caneta ou de um lápis poderá ser usado para desenhar.
Podemos classificar o papel de acordo com:
?seu processo de produção: manual ou industrial;
?natureza das fibras empregadas: trapos de algodão ou linho, 
palha etc.;
?acabamento dado à folha: apergaminhado, acetinado, 
couchê etc.;
?destinação: aquarela, desenho, impressão, etc.;
?procedência: Holanda, Índia etc.; e
?fabricante.
O peso do papel nos informa sobre a sua espessura, que também 
recebe o nome de gramatura; é expressa em gramas por metro quadrado.
Os papéis para desenho têm as medidas padrão 35 x 50 cm (um 
quarto de folha), 50 x 70 cm (meia folha) e 70 x 100 cm (folha inteira).
No Brasil, temos os blocos de desenho, utilizado por principiantes, 
nos tamanhos que correspondem às dobraduras e cortes de uma folha de 
papel. Assim denominados: 
DICAS
O bom desenhista deixa 
sempre para o final a 
limpeza do desenho.
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
212
?A1 (840 mm x 594 mm), tamanho de uma folha inteira;
?A2 (594 mm x 420 mm), corresponde à meia folha;
?A3 (420 mm x 297 mm) corresponde ao corte da meia folha 
em duas partes iguais; e
?A4 (210 mm x 297 mm) corresponde ao corte de metade da 
A3.
Neste nosso aprendizado, recomendamos, a princípio, o uso do 
papel sulfite branco, que é fácil de encontrar e tem o custo muito baixo. À 
medida que forem adquirindo mais experiência, poderão optar pela 
compra de um bloco de Canson A3 de cor creme. 
Tomando como referencia o fascículo 1 da coleção Desenhe & 
Pinte, listamos abaixo, para enriquecimento deste conteúdo, os papeis 
disponíveis no mercado e usados por desenhistas profissionais, como 
ilustra a figura 5.
Papéis acetinados: de superfície lisa e lustrosa, são frágeis e não 
possuem granulação. Mais utilizado na impressão de livros e layouts 
publicitários. São também apropriados para desenhar com pena ou lápis, 
permitindo tonalidades acinzentadas e dégradés muito suaves.
Papel aquarela: a pintura com aquarela requer este tipo especial 
de papel, dispendioso por ser de fabricação manual. Extremamente 
áspero, apresenta diferentes texturas: média, grossa e muito grossa. Pode 
também ser utilizado com algumas técnicas de lápis.
Papel de arroz: papel fino, feito de folha não fibrosa, é muito 
utilizado na confecção de luminárias, biombos e gravuras orientais.
Papel canson: devido à sua superfície semi mate, ligeiramente 
granulosa e absorvente, é omais indicado para desenhos a creiom, 
carvão, sanguínea, pastel, lápis de cor ou pintura a guache. O legítimo 
papel canson francês raramente é encontrado no mercado. Dispomos de 
um papel tipo canson, de fabricação nacional, de qualidade razoável.
Papel cartão: feito de várias camadas de papel coladas entre si. O 
cartão mais fino é conhecido como cartolina; o mais grosso, como 
papelão.
Papel cartão Bristol: tipo de cartão de melhor qualidade, 
normalmente é empregado em cartões de visita, convites, etc.
Papel Fabiano: procedente da Itália, muito utilizado pelos artistas 
nos seus desenhos a carvão. Sua superfície é áspera e granulosa.
Papel ingres: o mais barato e também o mais frágil, usado na 
confecção de blocos para rascunho e folhetos volantes. Apresenta 
superfície granulosa e é também utilizado em desenhos a carvão.
Papel jornal calandrado: apresenta as mesmas características do 
papel ingres, porém é liso; serve para publicações baratas.
Papel Kraft: papel pardo muito pesado, próprio para fazer 
embrulhos. Também utilizado em trabalhos gráficos artísticos.
Papel-manteiga: utilizado em anteprojetos e esboços 
DICAS
É bom que prendam o 
papel à mesa, com fita 
adesiva, para evitar que ele 
fique escorregando e saia 
do lugar.
Desenho I UAB/Unimontes
213
arquitetônicos. É rugoso e semitransparente.
Papel Westerpost: mais encorpado que o acetinado é excelente 
para desenhos simples ou aguadas de nanquim. É o papel que se utiliza 
normalmente nas correspondências. Alguns papéis são apresentados em 
bobinas de 10m de comprimento por 2m de largura, outros se apresentam 
em blocos. Os papéis devem ser afixados aos suportes com adesivo ou fita 
gomada, ou ainda com tachas, no caso de pranchas de compensado. No 
caso de se trabalhar com aguadas e aquarela, é indicado o uso de fita 
gomada, pois ela tenciona o papel.
O fixador é utilizado para proteção e permanência do desenho. É 
importante saber que ele altera as cores, dando maior profundidade e 
brilho. Só deve ser utilizado quando o trabalho estiver completamente 
pronto, pois impossibilita os retoques. Para os desenhos, recomendamos 
os atuais fixadores que o mercado oferece.
Papel opaline: papel muito branco, de textura lisa, excelente para 
trabalhos a grafite e bico de pena.
Papel Schoeller: de procedência alemã e tonalidade superbranca, 
é o melhor papel que existe para desenho. A principal característica é sua 
extrema resistência, permitindo que se raspe o desenho à vontade. É 
apresentado em diversas espessuras e em folhas montadas sobre cartão.
Papel scratchboard: de procedência norte americana, é um tipo 
de papel cartão pesado. Vem coberto com uma grossa camada de gesso. 
Muito usado em uma técnica difícil, que imita a xilogravura. Nessa técnica 
espalha-se nanquim na superfície do papel e, depois, com um estilete, ou 
raspadeira, abrem-se os claros.
Papel vegetal: transparente, apropriado para o desenho de 
plantas de engenharia ou projetos arquitetônicos. Por ser seco e duro, 
permite a utilização de benzina para retirar a gordura da superfície, 
facilitando o traçado a nanquim. Permite a reprodução de cópias 
heliográficas.
Papel vergé: papel que apresenta filigranas constituídas de finas 
Figura 5: Tipos de papéis.
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
214
linhas paralelas, podendo ser branco ou colorido. Por sua textura e 
luminosidade, é excelente para desenhar a carvão, sanguínea ou pastel.
1.2.4 O carvão
O carvão é o material mais antigo, sua maior virtude é permitir 
grande variedade de valores tonais. 
Segundo Fundamentos do Desenho Artístico (2007, p.16), o 
carvão é “(...) um pedaço de madeira que permite riscar a superfície do 
papel com um traço forte e preto (...)”.
O carvão é um dos materiais de desenho mais antigos, foi usado 
na pré-história para pintura das cavernas; pelos gregos; romanos, durante 
a Idade Média e o Renascimento. Foi particularmente usado na 
aprendizagem do desenho e nas composições preliminares à pintura 
afresco ou a óleo, dada a facilidade com que se pode apagar, permitindo a 
correção do erro. 
O Carvão pode ser utilizado de diferentes maneiras, dependendo 
inclusive da largura da barra o da ponta em forma de cunha. De acordo 
com Fundamentos do Desenho Artístico , “(...) é possível 
variando a pressão sobre a barra, obter traços fluidos, sejam eles suaves e 
indecisos, ou audazes e vigorosos.” .
Na figura 6, podemos perceber alguns diferentes traços e efeitos 
obtidos com carvão.
1.2.5 Sanguína ou sangüínea
A sanguínea é obtida a partir da hematite, um óxido de ferro 
(2007, p.18)
Figura 6: Diferentes traços e efeitos obtidos com carvão.
Desenho I UAB/Unimontes
Figura 8: Giz pastel.
215
avermelhado, Segundo Fundamentos do Desenho Artístico “(...) Seu 
sucesso deriva da calidez e do fato de ser muito sensível à textura do 
papel.”(2007, p.29).
A sanguinea pode ser comercializada em barras ou embutida em 
lápis, veja na figura 7: 
1.2.6 Giz pastel
Por sua composição simples, o giz pastel oferece ao desenhista a 
pureza total das cores, uma vez que o pigmento é aplicado em seu estado 
Figura 7: Tipos de sanguínea.
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
DESENHE & PINTE: Curso Prático Larousse. Barcelona: Altaya, 1997 vol. 
1.
DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins 
Fontes, 1991.
HALLAWELL, Philip Charles. À mão livre: a linguagem do desenho. São 
Paulo: Melhoramentos, 1996.
________________. À Mão Livre 2 - Técnicas de Desenho. São Paulo: 
Melhoramentos, 1996.
HOLT, Friso Tem; SMITH, Stan. Manual do Artista. Madrid: H. Blume, 
1982.
MEDEIROS, João. Desenho e sua Técnica. São Paulo: Parma,
SENAC (RJ).
Desenho básico. Rio de Janeiro, 1999, (Livro 
eletrônico). 
SOUTIER, Welcy. Técnicas & Materiais de Desenho. Porto Alegre: 
Mercado Aberto, 1991.
________________. 
REFERÊNCIAS
216
Desenho I UAB/Unimontes
2UNIDADE 2PRINCÍPIOS DA GEOMETRIA E DA PERSPECTIVA 
217
Nesta unidade de estudo, nosso objetivo principal é que você 
possa conhecer os princípios básicos da geometria, o aparecimento e o uso 
da perspectiva, além de conhecer e exercitar o desenho através das 
demonstrações que apresentamos.
Para que possa assimilar melhor o aprendizado do desenho, é 
necessário compreender os conceitos básicos da geometria plana e 
espacial. Esses fundamentos auxiliam na visualização da geometria na 
natureza e facilitam a compreensão e a execução do desenho de 
observação. Definimos abaixo os dois tipos de geometria, para que possa 
compreender melhor e diferenciar os dois ramos:
Geometria plana – é aquela que se ocupa dos espaços 
bidimensionais;
Geometria espacial ou sólida – a que investiga as propriedades 
das figuras num espaço tridimensional.
Para estudarmos bem os espaços e sua grandeza, é necessário 
conhecermos um pouco da linguagem geométrica. É preciso observar 
atentamente cada elemento destacado nas figuras e acompanhar com 
atenção suas definições. Veja alguns elementos da geometria plana:
1) Ponto – é uma figura geométrica sem dimensão, ou seja, que 
não tem comprimento, largura ou altura. Um simples contato da ponta do 
lápis no papel define um ponto.
2) Reta – é uma figura formada por uma infinidade de pontos 
alinhados. Mas bastam dois pontos para se determinar uma reta.
2.1 ELEMENTOS DA GEOMETRIA
3) Plano – é qualquer superfície ilimitada do espaço. Três pontos 
não alinhados determinam um plano e, nele, podemos traçar uma 
infinidade de retas.
4) Semi-reta – é a parte de uma reta limitada por um ponto.
5) Segmento de reta – é a parte de uma reta limitada por dois 
pontos.
6) Retas paralelas – são retas que guardam entre si igual distância 
e, portanto, jamais se encontram. 
7) Ângulo – é a região delimitada por duas semi-retas 
convergentes.Os ângulos podem ser de três tipos: reto, agudo e obtuso.
8) Retas secantes – também conhecidas como convergentes, são 
retas que se encontram em um mesmo ponto. Podem ser perpendiculares, 
formando quatro ângulos de 90º cada um, ou oblíquas, formando dois 
ângulos maiores que 90º e dois ângulos menores que 90º.
218
Desenho I UAB/Unimontes
9) Vértice – é o ponto em que se reúnem duas semi-retas 
convergentes. Em perspectiva, é chamado de ponto de fuga.
10) Ângulo reto – é formado por duas semi-retas perpendiculares, 
medindo, portanto, 90º.
11) Ângulo agudo – é formado por duas semi-retas oblíquas e 
mede menos de 90º.
12) Ângulo obtuso – é formado por duas semi-retas oblíquas e 
mede mais de 90º.
13) Linha poligonal – também chamada de linha quebrada, é 
determinada por vários segmentos de reta, que se encontram dois a dois, 
formando vértices. A linha poligonal pode ser aberta ou fechada.
14) Polígono – é a região plana limitada por uma linha poligonal 
fechada.
219
FP. .
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
220
15) Retângulo – é um polígono de quatro lados, que tem os quatro 
ângulos retos. Seus lados, portanto, são de mesmos tamanhos e paralelos 
dois a dois.
16) Quadrado – é um polígono de quatro lados do mesmo 
tamanho, que tem os quatro ângulos retos. Trata-se de um caso especial de 
retângulo.
17) Losango – é um polígono de quatro lados de mesmo 
tamanho, que tem dois ângulos agudos e dois obtusos. Os lados são, 
portanto, paralelos dois a dois
18) Triângulo – é um polígono de três lados, que tem, portanto, 
três ângulos. Os triângulos se classificam quanto aos lados e quanto aos 
ângulos. Quanto aos lados, podem ser eqüilátero, isóscele ou escaleno e 
quanto aos ângulos podem ser acutângulo, retângulo ou obtusângulo.
19) Triângulo equilátero – é aquele que tem os três lados o mesmo 
tamanho.
Desenho I UAB/Unimontes
221
20) Triângulo isósceles – é aquele que tem dois lados de mesmo 
tamanho
21) Triângulo escaleno – é aquele em que possui os três lados e os 
três ângulos diferentes.
22) Triângulo acutângulo – é aquele em que todos os ângulos são 
agudos.
23) Triângulo retângulo – é aquele que tem um ângulo reto.
24) Triângulo obtusângulo – é aquele que tem um ângulo obtuso.
25) Círculo – é a região do plano delimitada por uma 
circunferência. A Circunferência por sua vez é uma linha curva, plana, 
fechada cujos pontos são equidistantes (têm a mesma distância) de um 
ponto chamado centro
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
222
26) Circunferência – é a linha que delimita um círculo. É uma 
linha curva, plana, fechada cujos pontos são equidistantes (têm a mesma 
distância) de um ponto chamado centro.
27) Raio – é a distância de um dos pontos da circunferência até 
seu centro. 
28) Diâmetro – é o segmento de reta que liga dois pontos 
quaisquer da circunferência, passando pelo seu centro. O diâmetro mede, 
portanto, duas vezes a medida do raio.
29) Arco – é a parte da circunferência delimitada por dois raios.
30) Pirâmide – é um poliedro formado geralmente por quatro 
triângulos e um quadrado.
Agora, veja alguns elementos da geometria espacial. Os poliedros 
são sólidos limitados por polígonos planos. Esse nome poliedro é 
comumente dado a todos os corpos com faces planas. Todos possuem 
faces, vértices e arestas. Nas figuras a seguir, podemos observar os vários 
tipos de poliedro. Acompanhe com atenção os desenhos dos sólidos.
2.2 GEOMETRIA ESPACIAL
Desenho I UAB/Unimontes
1) Cubo – é um poliedro formado por seis faces iguais 
(quadradas).
2) Paralelepípedo – é um poliedro em forma de caixa. Tem seis 
faces iguais, duas a duas, e paralelas.
3) Prisma – é um poliedro limitado por dois polígonos iguais e de 
três ou mais lados. Acima de três, os lados têm paralelismos.
4) Pirâmide – é um poliedro formado geralmente por quatro 
triângulos e um quadrado
5) Tronco – é a parte truncada de uma pirâmide, ou de um cone.
223
Aresta
Vértic
e
(A) (B)
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
224
2.3 PERSPECTIVA
A palavra perspectiva vem do 
latim – Perspicere (ver através de). De 
acordo com Hallawell (1996, p. 22), a 
perspectiva Linear “... é um artifício que 
permite ao desenhista criar uma ilusão 
de profundidade numa superfície plana 
(...)”, ou seja, é um artifício que permite 
ao desenhista criar uma ilusão de 
profundidade numa superfície plana, 
ou se ja , mos t ra r um ob je to 
tridimensional numa super fície 
bidimensional, como é o caso do papel 
ou da tela. Esse recurso permite que o 
desenhista represente realisticamente 
uma mesa, um objeto, uma paisagem 
ou objeto cilíndrico.
Quando olhamos para um 
objeto, temos a sensação de 
profundidade e de relevo. As partes que estão mais próximas de nós 
parecem maiores e as partes mais distantes aparentam ser menores, como 
mostramos abaixo, através da pintura de Rafael Sanzio, artista 
renascentista, (figura 09). A fotografia mostra um objeto do mesmo modo 
como ele é visto pelo olho humano, pois transmite a idéia de três 
dimensões: comprimento, largura e altura. O desenho, para transmitir essa 
mesma idéia, precisa recorrer a um modo especial de representação 
gráfica: a perspectiva. Ela representa graficamente as três dimensões de 
um objeto em um único plano, de maneira a transmitir a idéia de 
profundidade de relevo. 
Ainda de acordo com Hallawell (1996, p. 22), a arte da 
representação dos seres ou do mundo que nos cerca, sempre tentou 
buscar uma solução para o problema de se transpor para um plano, o que 
na realidade é um espaço tridimensional. Foi desta busca que surgiu a 
perspectiva – representação num plano, os objetos como se apresentam a 
nossa vista. Vocês poderão fazer uma pequena experiência, olhando por 
uma janela, vocês perceberão que os objetos que estão mais distantes 
parecem menores do que aqueles mais próximos. As coisas podem mudar 
o seu formato e proporções, dependendo do ponto de vista e do espectador 
em relação ao objeto observado.
Segundo Hallawell, para solucionar essas distorções surgiu então 
um sistema cientifico de representação tridimensional, denominado 
perspectiva racional, comumente conhecido como perspectiva de 
observação, que recebeu também outras denominações, como 
perspectiva linear, geométrica ou de projeção cônica. Existem diferentes 
Fonte:Pinacoteca Caras, 1998.
Figura 9: Esponsais de Maria- 
Rafael Sanzio. 
Desenho I UAB/Unimontes
t ipos de perspectiva: 
p e r s p e c t i v a c ô n i c a , 
perspectiva cavaleira e 
perspectiva isométrica.
Segundo Francis 
Ching, antes do surgimen-
to da perspectiva, a escala 
para objetos e persona-
gens, utilizada na pintura e 
no desenho , e s tava 
relacionada ao seu valor 
temático ou espiritual. Em 
uma pintura egípcia, por exemplo, o faraó fatalmente era representado em 
tamanho várias vezes maior do que o de seus súditos. Especialmente na 
arte medieval, a arte era entendida como um conjunto de símbolos, mais 
do que como um conjunto coerente. O único método utilizado para se 
representar a distância entre objetos era pela sobreposição de persona-
gens. Essa sobreposição, apenas, criava desenhos pobres de temas 
arquitetônicos, de tal forma que o desenho de cidades medievais constitu-
ía-se, nessas representações, como um emaranhado de linhas em todas as 
direções e de forma incoerente. Os gregos e os romanos são aqueles que 
mais próximo chegaram da perspectiva: em suas pinturas, eles adotavam 
um método conhecido como escorço (que poderia ser definido como uma 
falsa perspectiva). Os gregos não conheciam o ponto de fuga, mas o 
escorço produzia resultados próximos do da perspectiva e com razoável 
ilusão de profundidade.
A perspectiva foi apenas 
plenamente desenvolvida com os 
estudos do Renascimento. Giottofoi um dos primeiros artistas 
italianos, já em um contexto que se 
aproximava do Renascimento 
naquele país, a utilizar-se de 
m é t o d o s a l g é b r i c o s p a r a 
determinar a distância entre 
linhas. Em meados do século XV 
(no período da história do 
Renascimento, conhecido como 
quatrocento), o arquiteto Filippo 
Brunelleschi apresentou o método 
geométrico de construção da 
perspectiva, usado até hoje e, 
possivelmente descoberto através 
da pintura da silhueta de diversos 
edifícios florentinos em um 
espelho. Brunelleschi percebeu 
225
Fonte: Pinacoteca Caras, 1998.
Figura 10: Afresco de Pietro Perugino - 
Capela Sistina. 
Figura 11: Madona das Rochas 
(1483-1486), Leonardo da Vinci. 
Fonte: Pinacoteca Caras, 1998.
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
226
que todas as linhas naquelas silhuetas convergiam para a linha do 
horizonte.
Leonardo da Vinci, grande gênio da Renascença, não confiava na 
formulação da perspectiva de Brunelleschi, pois ela falhava quando levava 
em conta a aparência de objetos observados em distância muito próxima 
ao olho. Leonardo construiu seu entendimento da perspectiva, não apenas 
através da rígida formulação dos raios de luz, mas pelo que ele diretamente 
observava. Ele acreditava que não apenas o tamanho, mas também a 
aparência dos objetos mudava à medida que a distância entre objeto e 
observador aumentava. Da mesma forma, as linhas que delimitam a 
silhueta do objeto passariam a se tornar menos distintas com aquela 
distância.
A perspectiva pode ser classificada em: 
Perspectiva isométrica é o processo de representação 
tridimensional em que o objeto se situa num sistema de três eixos 
coordenados (Axonometria). Esses eixos, quando perspectivados, fazem 
entre si ângulos de 120º. 
Na perspectiva Isométrica, a figura é representada como na 
realidade, com uma aresta voltada para o observador.
A perspectiva isométrica é uma forma de representação que 
preserva distâncias, ou seja, mantém na representação as mesmas 
medidas e metragens para todas as linhas inclinadas. Essa visualização é 
um dos grandes sistemas de unificação do espaço tridimensional. Ela 
acomoda todo o assunto do desenho em sistemas de linhas paralelas, que 
entram de um lado, atravessam diagonalmente a superfície e a deixam 
novamente de outro lado. Isso provoca a sensação de um mundo que não 
nos defronta com uma localização estável, mas passa por nós como um 
trem. Quase sempre o desenho é assimetricamente orientado para um 
lado e parece destinado a se estender interminavelmente em ambas as 
direções. 
Cada tipo de perspectiva mostra o objeto de um jeito. 
Comparando as três formas de representação, você pode notar que a 
2.3.1 Perspectiva isométrica
Figura 12.1: Perspectiva Isométrica
Desenho I UAB/Unimontes
227
perspectiva isométrica é a que dá a idéia menos deformada do objeto. A 
perspectiva isométrica mantém as mesmas proporções do comprimento, 
da largura e da altura do objeto representado. Além disso, o traçado da 
perspectiva isométrica é relativamente simples. Por essas razões, vocês 
estudarão esse tipo de perspectiva.
Em desenho técnico, é comum representar perspectivas por meio 
de esboços, que são desenhos feitos rapidamente, à mão livre. Os esboços 
são muito úteis quando se deseja transmitir, de imediato, a idéia de um 
objeto.
Para estudarmos a perspectiva isométrica, precisamos saber o que 
é um ângulo e a maneira como ele é representado.
Ângulo é a figura geométrica formada por duas semi-retas de 
mesma origem. A medida do ângulo é dada pela abertura entre seus lados. 
Uma das formas para se medir o ângulo consiste em dividir a 
circunferência em 360 partes iguais. Cada uma dessas partes corresponde 
a 1 grau (1º).
A perspectiva cavaleira é também chamada de perspectiva 
cavalheira, porque os desenhos das praças militares eram, geralmente, 
executados em projeção cilíndrica e o aspecto obtido dava a impressão de 
que o desenho havia sido colhido da cavaleira, obra alta de fortificação, 
sobre a qual assentam baterias. É também conhecida como axonométrica 
oblíqua, pois é uma projeção que pressupõe o observador no infinito e, em 
conseqüência, utiliza os raios paralelos e oblíquos ao plano do quadro. 
Essa perspectiva torna uma das três faces do triedro como plano do 
quadro. Na perspectiva cavaleira, a face da frente conserva a sua forma e 
as suas dimensões, a face de fuga (eixo X) é a única a ser reduzida.
2.3.2 Perspectiva cavaleira
PARA REFLETIR
Lembre-se de que o 
objetivo deste curso não é 
transformá-lo num 
desenhista. Mas, 
exercitando o traçado da 
perspectiva, você estará se 
familiarizando com as 
formas dos objetos, o que é 
uma condição essencial 
para um bom desempenho 
na leitura e interpretação 
de desenhos técnicos.
Figura 12.2: Perspectiva Cavaleira.
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
228
2.3.3 A perspectiva de observação
Agora que já conseguimos perceber alguns dos recursos de 
representação gráfica, que nos dão a ilusão de profundidade, vamos 
conhecer os elementos principais da perspectiva geométrica, que trabalha 
paralelismo e obliqüidade com um e/ou dois pontos de fuga. As formas de 
perspectiva que vimos até aqui foram utilizadas até o século XV. A partir 
daí, surge a perspectiva estudada de forma científica, isto é, ela passa a 
constituir-se num sistema com métodos de aplicação mais sofisticados. 
Desse sistema podemos destacar uma base mínima de princípios que são 
fundamentais para o desenho de observação. É o método mais simples e 
utilizado até os nossos dias. Ele é a base da compreensão da perspectiva. 
Arquitetos e artistas do século XV utilizaram as mais variadas técnicas na 
tentativa de formalizar a perspectiva. A perspectiva central é, sem dúvida, 
bastante sofisticada. Seu desenvolvimento se deve não só a possibilidades 
culturais específicas surgidas nessa época, mas também à contribuição 
das áreas científica (conhecimentos rudimentares sobre a fisiologia do 
olho), tecnológica (fabricação de lentes para instrumentos de navegação, 
invenção da imprensa, com o conseqüente avanço dos meios de 
reprodução de ilustrações para textos) e econômica (povos que foram 
levados ao empreendimento de viagens conquistadoras e exploratórias, 
possibilitando-lhes a descoberta de novos horizontes).
Muito lentamente, artistas e cientistas dessa época deixaram de 
entender a natureza puramente como uma manifestação da inteligência 
divina e passaram a vê-la como algo passível de ser compreendido pelo 
homem. A perspectiva nasceu de um olhar que não é simplesmente visão, 
mas conhecimento pleno, que pretende ver através de, para todas as 
partes e em todas as direções com atenção. Um olhar que pretende 
Figura 13: O olhar do 
observador esta na 
linha do horizonte (L.H.).
Figura 14: Os pontos de fuga (P.F.) ficam na linha 
do horizonte.
Desenho I UAB/Unimontes
229
conhecer perfeitamente. A palavra grega Skópos, 'mirar', ensina que 
vemos e compreendemos as coisas a partir de um certo lugar, olhando para 
uma determinada direção. 
Assim, a perspectiva tem dois sentidos: ver para frente e ver em 
profundidade. Visão conquistada pelo artista, graças ao auxílio da 
geometria, e que faz da perspectiva a ciência geométrica da visão.
As figuras 13 e 14 explicam o esquema geral da perspectiva.
Como vimos anteriormente, a perspectiva de observação pode 
também denominar-se perspectiva linear, geométrica ou de projeção 
cônica, pois com ela é possível traçar um feixe de linhas que converge para 
um ponto no horizonte.
Se traçarmos, a partir de um objeto desenhado, um feixe de linhas 
em direção a um ponto no horizonte, o feixe nos apresentará uma forma 
parecida com um cone, tal como podemos observar na figura abaixo:
2.3.4 Elementos constitutivos da perspectiva de observaçãoPara entendermos o desenvolvimento do estudo da perspectiva de 
Figura 15: Perspectiva com 1 ponto de fuga (P.F)
Figura 16: Linha do Horizonte.
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
observação, é necessário conhecermos cada um dos três elementos que a 
constituem e que estarão sempre presentes em nossos trabalhos.
A Linha do horizonte: é a linha imaginária que representa o 
horizonte ou o nível ocular. Encontra-se sempre à nossa frente, à altura de 
nossa vista. É uma linha que podemos percorrer com os olhos e que cruza o 
plano de lado a lado em sentido horizontal, como mostra a figura 16.
Um exemplo simples, para que possam compreender o que é 
Linha do Horizonte (L.H.), basta que você imagine uma linha dividindo o 
céu e o mar no horizonte. Se ficarmos em pé na praia, temos uma visão 
ampla do oceano; ao contrário, sentados na areia, temos uma visão 
limitada. Isso acontece porque, ao 
ficarmos em pé, ampliamos nosso 
espaço de visão, pois nosso olhar 
fica acima da linha do horizonte. 
B O ponto de vista: 
chamamos de Ponto de Vista a 
posição escolhida pelo desenhista 
para observar o objeto. Ele é o 
centro do ângulo visual do 
espectador e se encontra na linha do horizonte.
Na figura 14, você pode observar que o ponto de vista está 
representado pelo cruzamento da linha do horizonte com a linha vertical 
pontilhada, que representa nossa situação em relação ao horizonte. É 
como se o objeto de desenho estivesse situado exatamente no centro da 
linha pontilhada
C Os pontos de fuga: 
denonima-se ponto de fuga os 
pontos para os quais convergem 
as linhas imaginárias de nosso 
desenho. São os pontos de onde 
saem as linhas de construção do 
objeto. Esses pontos se localizam 
na linha do Horizonte. São eles 
que nos permitem representar as 
dimensões de altura, largura e 
230
Figura 17: Linha do Horizonte vista 
por uma pessoa em pé
Figura 18: Linha do horizonte vista 
por uma pessoa sentada
Figura 19: Ponto de Vista (P.V)
Figura 20: (P.V.) Ponto de Vista – 
(L.H.) Linha do Horizonte, (P.F1) 
Ponto de Fuga 1, (P.F2) Ponto de Fuga 2.
Desenho I UAB/Unimontes
profundidade existentes em todos os corpos. Podemos optar pelo uso de 
um, dois ou três pontos de fuga no desenho; essa opção é determinada 
pela nossa posição em relação ao objeto. 
Na figura 20, se considerarmos que a elipse pontilhada é a nossa 
cabeça dirigindo o olhar para o horizonte, verificamos que nossos olhos 
formam um campo de visão delimitado por um triângulo, que tem duas de 
suas linhas indo em direção à linha do horizonte. No ponto de encontro 
dessas linhas com a linha do horizonte é que se situam nossos pontos de 
fuga.
A-1 Perspectiva com um ponto de fuga - perspectiva paralela: a 
perspectiva com somente um ponto de fuga, deve ser usada quando temos 
o objeto situado de modo perpendicular à linha do horizonte. Podemos 
observar uma de suas faces de maneira completa e sem deformação, isto 
231
Figura 21: Perspectiva com um ponto de fuga ou 
Perspectiva paralela.
Figura 22: Perspectiva Paralela (um ponto de fuga).
DICAS
A coincidência entre o 
ponto de vista e o ponto de 
fuga é uma característica 
exclusiva da perspectiva 
paralela. Quando 
determinamos um, já 
estamos determinando o 
outro.
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
é, colocada frontalmente diante de nós. Essa face se encontra paralela ao 
plano do desenho; e as linhas verticais e horizontais mantêm-se paralelas. 
O efeito de profundidade é conseguido com um único ponto de fuga, para 
o qual convergem as linhas das faces laterais. Se observarmos as figuras 21 
e 22, perceberemos um efeito de volume não muito acentuado; o modelo 
nos parece um tanto estático.
A-2 A Perspectiva com dois pontos de fuga - prspectiva obliqua: 
na perspectiva oblíqua, somente as linhas verticais mantêm-se sem 
deformações e paralelas entre si. As demais formam dois feixes que se 
dirigem à linha do horizonte, cada feixe em direção ao seu ponto de fuga. 
As faces do modelo são oblíquas em relação ao plano do desenho. Temos, 
então, uma forte sensação de volume. Tente observar esse efeito, nas 
figuras 23 e 24.
232
Figura 23: Dois pontos de fuga (P.F1 e P.F2)
Figura 24: Perspectiva com dois pontos de fuga (P.F). 
O olhar fica na linha do horizonte (L.H.).
Figura 25: Dois pontos de fuga
Desenho I UAB/Unimontes
233
A-3 A variação da linha do horizonte: de acordo com a variação 
do Nível do olho do espectador, pode haver variação da Linha do 
Horizonte. Se você estiver, por exemplo, de pé e se sentar, o horizonte irá 
abaixar. Na figura 25, mostramos o espectador como se estivesse entrando 
em um bueiro, e notem que o horizonte parece acompanhá-lo, e os objetos 
parecerão mais altos. 
O que podemos observar na verdade, é que a Linha do Horizonte 
acompanha o deslocamento do espectador, o que num primeiro momento 
pode parecer difícil de assimilar. Mas à medida que você assimilar este 
conceito, terá maior facilidade em lidar com os objetos e também com as 
cenas que requerem um traçado em perspectiva.Na figura 26 você poderá 
observar o desenho de um 
mesmo objeto, no caso de um 
cubo, na linha do horizonte, 
acima e abaixo dela
B Perspectiva com três 
pontos de fuga: perspectiva 
aérea: na perspectiva aérea, 
nem as linhas verticais nem as 
horizontais se mantêm paralelas; 
três feixes de linha convergem 
para os respectivos pontos de 
Figura 26 – A linha do horizonte acompanha 
o deslocamento do olhar do observador.
Figura 27: Perspectiva aérea – 3 pontos 
de fuga (P.F. 1, P.F. 2 e P.F. 3)
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
234
REFERÊNCIAS
CHING, Francis D. K. Dicionário visual de arquitetura; São Paulo: Editora 
Martins Fontes, 2000;
COUTO, Mozart. Curso Básico de Desenho. São Paulo: Escala 1997.
DESENHE E PINTE: Curso Prático Larousse. Barcelona: Altaya, 1997 
vol.2.
DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins 
Fontes, 1991.
HALLAWELL, Philip Charles. À mão livre: a linguagem do desenho. São 
Paulo: Melhoramentos, 1996.
________________. À Mão Livre 2 - Técnicas de Desenho. São Paulo: 
Melhoramentos, 1996.
MARCHESI, Isaías Junior. Desenho Geométrico. São Paulo: Ática.
METZGER, Phil, A Perspectiva sem dificuldade. São Paulo: Taschen, 
1988. 2 vol.
PARRAMON. José M. Como desenhar em perspectiva. Rio de Janeiro: 
Livro Ibero-Americano, 1986.
__________________. A perspectiva na arte. Lisboa: Ed. Presença, 1994.
SENAC (RJ).Desenho básico. Rio de Janeiro,1999, (Livro eletrônico). 
WOODFORD, Susan. A arte de ver a arte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 
1983.
fuga. Dois desses pontos se mantêm na linha do horizonte, e o terceiro se 
localiza abaixo ou acima dessa linha, conforme a nossa posição em 
relação à figura, isto é, se a estivermos olhando de cima ou de baixo. 
Por razões metodológi-cas, a perspectiva aérea deve ser 
trabalhada com os alunos após o pleno domínio das perspectivas com um e 
dois pontos de fuga, que são de mais fácil entendimento e visualização. A 
perspectiva aérea é muito utilizada em desenho comercial, publicitário e de 
histórias em quadrinhos. Como não é essa a formação oferecida neste 
curso, mostraremos um exemplo apenas para compreensão do processo:.
A perspectiva em um desenho deve ser trabalhada através de 
planos. Esses planos podem ser supostamente numerados como: 1º plano 
2º plano, 3º plano e assim por diante. Portanto, aquilo que vemos na frente 
está no primeiro plano e, conforme os objetos vão se afastando desse 
plano, eles estarão posicionados nos planos seguintes e 
conseqüentemente, mais afastados. Essa distribuição dos elementos nos 
planos que definimos é que dará a noção de perspectiva.
Desenho I UAB/Unimontes
Caros acadêmicos, nesta unidade abordaremos algo 
efetivamente mais voltado para o desenhoartístico. Mostraremos como 
segurar no lápis e começar a esboçar os primeiros traçados. Você verá que 
não é difícil, basta treinar muito e se dedicar.
Vamos nessa!
Podemos entender por desenhar a ação de representar 
graficamente os objetos, ou qualquer elemento da natureza sobre uma 
superfície plana, de duas dimensões (altura e largura). 
É necessário conhecermos os elementos que são utilizados na 
linguagem visual para dominarmos a representação gráfica, como: ponto, 
linha, textura, cor e espaços na estrutura e composição.
Para a execução do desenho de observação é necessário. antes de 
iniciar o esboço, compor os elementos observando alguns aspectos, como: 
as proporções dos elementos a serem desenhados, a luz e a sombra, a 
simetria, a distribuição dos elementos no espaço.
De acordo com Hallawell (1996, p. 15), para obtermos um bom 
desenho, antes de iniciarmos a distribuição dos objetos e começarmos o 
esboço, é necessário observarmos alguns pontos importantes: A primeira 
preocupação é com a boa distribuição dos elementos, “é quando se 
arranja as flores num vaso (...)”, é distribuir os elementos e ter um bom 
enquadramento, tomando cuidado com as margens do papel, pois a 
distribuição dos elementos deve ser feita da forma mais equilibrada 
possível. Caso isso não aconteça, teremos como resultado traçados 
desequilibrados, como os que mostramos nas figuras abaixo: 
3.1 INTRODUÇÃO AO DESENHO DE OBSERVAÇÃO
3UNIDADE 3O DESENHO ARTÍSTICO
235
Figura 28: Desenho desequilibrado. Figura 29: Desenho Equilibrado.
3.2 ESQUEMAS DE CONSTRUÇÃO DO DESENHO
3.2.1 Como medir usando o lápis
Os esquemas de construção do desenho têm grande importância 
no aprendizado, uma vez que é através das medidas que determinamos as 
proporções dos objetos. É uma etapa fundamental e requer muita prática, 
portanto, treinem bastante.
Para começarmos esta fase de construção do desenho, 
introduziremos o método de medir com o lápis, para garantirmos 
proporções mais exatas aos elementos.
Para que vocês desenhem um objeto que está sendo observado, o 
primeiro passo é o uso de um lápis ou uma haste. Esse instrumento lhes 
servirá como medidor daquilo que você está vendo. Em seguida, as 
medidas devem ser passadas para o papel.
 Iniciem segurando o lápis com o braço esticado, e levante-o até a 
altura de seus olhos. Mantenha os olhos semicerrados, e em seguida 
posicione o lápis fazendo com que a extremidade dele coincida, 
visualmente, com uma das extremidades do objeto. Coloque o dedo no 
lápis, no local onde você precisa medir (figura 30). O seu dedo servirá 
como seta, ou marcador, definindo o tamanho daquilo que você está 
medindo. Pronto, assim você terá medido a largura ou a altura visual do 
objeto que irá desenhar. (figura 30). Mova o dedo polegar para cima ou 
para baixo, se estiver medindo a altura de um objeto-medida na vertical. Se 
for medir a largura do objeto, mova o 
dedo para direita ou esquerda, 
realizando medidas na horizontal 
(figura 30).
Assim que você for obtendo 
essas medidas, passe-as para o papel, 
até conseguir marcar todo o objeto. 
É importante ressaltar que as 
medidas e distâncias devem ser 
comparadas para que todas estejam 
dentro de suas proporções.
Com esse método é possível 
medir a proporção relativa de cada 
uma das partes do modelo. Dessa 
forma, obtemos medidas comparati-
vas de tamanhos para a realização de 
um desenho proporcional ao modelo. 
Com a prática veremos que os objetos 
possuem medidas diversificadas e que 
ocupam lugares diferentes.
236
Figura 30: Uso do lápis para medir 
objetos ao realizar um desenho.
DICAS
Em substituição ao lápis é 
possível utilizar uma 
pequena vara de madeira 
ou uma régua graduada. 
Trabalha-se da mesma 
maneira, e com a 
possibilidade de verificar 
numericamente o 
comprimento, a largura e a 
altura. 
Desenho I UAB/Unimontes
A partir dessa fase de obtenção das medidas, calculamos as 
medidas do desenho. Nesse momento é comum a tendência de 
representar no papel as linhas obtidas exatamente do mesmo tamanho em 
que foram medidas no lápis. Deve-se evitar isso, lembrando-lhes que o 
modelo pode ser proporcionalmente copiado quanto num tanto em um 
espaço pequeno selo, ou numa parede, isto é, pode ser proporcionado 
para qualquer tamanho de superfície.
Prestem bastante atenção a estas dicas; elas são muito 
importantes para quem está começando a praticar o desenho:
?Braço e mão trabalham juntos e livres, sem, entretanto, 
encostar no papel;
?Não se deve virar o papel; e
?A maneira de pegar no lápis está representada na figura 
abaixo. É a forma que garante maior liberdade e flexibilidade nos mais 
diversos traços.
Como um bom desenho exige leveza e ao mesmo tempo um 
traçado firme, devemos treinar um pouco a nossa coordenação motora. 
Isso poderá ser feito com alguns exercícios simples (figura 32), mas que são 
de fundamental importância para o principiante.
3.3 DESENHO DE FORMAS ARREDONDADAS
Quando observamos um objeto tridimensional é importante 
conhecermos sua posição e sua perspectiva do mesmo. Os objetos de 
formas arredondadas possuem três dimensões (altura, largura e 
profundidade). Podemos encontrar objetos de formas arredondadas nos 
formatos: cilíndrico, esférico e cônico (figura 33). Seus esboços e desenhos 
nos exigem muito treino. 
237
Figura 31: Maneira de segurar o lápis.
DICAS
Antes de começarmos os 
nossos primeiros traçados à 
mão livre, vamos exercitar 
a coordenação motora, 
com alguns exercícios que 
consideramos 
fundamentais para os 
principiantes.
Figura 32: Tipos de traçados: 
exercitando a coordenação motora.
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
238
3.3.1 O enquadramento: processo de centralização
Chama-se de enquadra-mento o processo de centraliza-ção das 
figuras no desenho. Tomem como referência um ponto qualquer, que 
poderá ser o centro, isto é, o encontro das medianas da figura que envolve 
o modelo. Tracem linhas suaves no papel, essas linhas, conhecidas como 
mediatrizes, servem só como ponto de apoio, e devem ser retiradas ao 
final.
Caso tenham dificuldade para centralizá-las, o recurso é traçar as 
diagonais, e a partir do ponto de interseção que determina o centro, traçar 
as mediatrizes. Observe a figura ilustrativa a seguir (figura 34), e veja que o 
conjunto pode ser enquadrado numa forma que o delineia. Perceba, 
t a m b é m , q u e n o s e u 
enquadramento foi deixado um 
espaço vazio, um pouco maior na 
parte superior, evitando a 
impressão de achatamento da 
figura.
Outro recurso de constru-
ção é a visualização da figura 
geométrica que envolve as figuras, 
tais como: pirâmide, cilindro, 
cubo, prisma, cone, troncos de 
cone e de pirâmide etc.
Quando começamos a 
desenhar, é importante passarmos 
por vários exercícios, desenhando 
objetos simples como: caixas de 
sapato, uma garrafa, uma xícara. 
Para depois passarmos a 
d e s e n h a r o b j e t o s m a i s 
Figura 34: Centralizar um desenho.
No caso de uma só 
figura, o aluno deverá 
traçar as linhas de centro e, 
em seguida, estabelecer as 
proporções e grandezas 
relativas do modelo.
DICAS
Figura 33: Exemplos de desenhos. Forma cônica, esférica e cilíndrica.
Desenho I UAB/Unimontes
239
elaborados. Desenhar é você tentar reproduzir aquilo que está vendo. 
Observem os desenhos abaixo:
Uma vez resolvida essa questão, o aluno estará pronto para 
esboçar o desenho com traços leves, usando a técnica das horizontais e 
verticais, até a construção final do modelo, quando então poderá utilizar a 
borracha para apagar linhas indesejáveis.
Importantíssimo! Nesse momento, é necessário que façam 
muitos exercícios de traçado, lembrando que um bom desenho requer 
muita prática. Vamos lá!
Desenhem, por observação, objetos que tenham a formade 
cilindros, cones, esferas, e argolas. Vocês devem ter uma infinidade deles à 
sua volta. Mas é bom que se afastem do modelo 2,5 vezes a altura do dele.
3.3.2 Desenho de formas assimétricas
Quando o motivo a ser desenhado for tratar um objeto de forma 
assimétrica, ou seja, que não tem os dois lados iguais, como é o caso de 
galhos e ramalhetes (observe a figura 36), por exemplo, devemos iniciar 
sempre traçando a linha geral do objeto. Só depois disso começamos a 
esboçar o restante do desenho, conforme explica José Steck. (p. 28). 
3.4 PROPORÇÕES E EIXOS CENTRAIS
 O desenho de observação é um exercício de comparações. O 
primeiro passo na construção de um desenho deve ser a observação do 
modelo e a percepção do tamanho da figura ou das figuras. É preciso, 
portanto, comparar a altura da figura com a sua largura. Em outras 
palavras, é preciso saber sua proporção.
Figura 35: Geometrizando diversos tipos 
de desenhos.
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
240
É importante visualizarmos qualquer objeto dentro de um sólido 
geométrico, que chamamos de geometrizar a figura. Quando vamos 
desenhar um objeto que possui uma forma arredondada, essa 
geometrização nos facilita como uma orientadora da forma no espaço, 
facilitando nosso traçado e domínio da forma. O eixo central é considerado 
a linha de equilíbrio, define o meio da figura e auxilia na projeção da elipse 
em sua simetria, facilitando as comparações e definições do traçado do 
desenho.
A profundidade de uma forma arredondada é definida por sua 
elipse (curva definida), que sugere o efeito tridimensional. A elipse, ao nível 
dos olhos, é sempre menos profunda do que se olhássemos o objeto com a 
abertura circular vista de cima. Vendo um objeto de cima, por exemplo, 
uma xícara, sua abertura superior será vista de forma arredonda. 
Conforme nosso olhar vai se distanciando ou abaixando, essa abertura 
deixa de ser redonda e passa a ter um formato de elipse. 
O grande gênio da Pintura, 
Leonardo Da Vinci, afirmou 
que quando já desenhamos 
repetidas vezes uma 
mesma coisa, podemos 
fazê-la definitivamente sem 
medo. O que significa que 
devemos praticar bastante 
e não ter medo de errar.
PARA REFLETIR
Figura 36: Desenhando formas assimétricas.
 Fonte: Aprenda a Desenhar (1999, p.26)
Figura 37: Eixo central. Figura 38: Elipses. Figura 39: Projeção de
elipses.
Fonte: Curso de Desenho e Pintura, 
1995 p.18
Desenho I UAB/Unimontes
241
 Quando desenhamos formas cônicas ou cilíndricas, é importante 
observarmos o eixo central, ele é o meio da figura e interferirá na projeção 
da elipse (figuras 37, 38 e 39).
Observem que na figura 39 a borda da garrafa, vista de cima, 
possui uma forma de um círculo, ao levantar a garrafa até o nível dos olhos, 
a elipse formada pela borda saliente torna-se cada vez menos profunda. A 
espessura da borda dessa garrafa também diminuirá à medida que 
olhamos esse objeto mais de frente do que de cima.
Figura 40: Acervo particular.
DESENHE & PINTE: Curso Prático Larousse. Barcelona: Altaya, 1997 vol. 
2.
DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins 
Fontes, 1991.
ESCOLA DE ARTE. Aprenda a Desenhar. Desenho, estudo e ensino. Ed. 
Globo, 1999.
HALLAWELL, Philip Charles. À mão livre: a linguagem do desenho. São 
Paulo: Melhoramentos, 1996.
________________. À Mão Livre 2 - Técnicas de Desenho. São Paulo: 
Melhoramentos, 1996.
SENAC (RJ).Desenho básico. Rio de Janeiro,1999,(Livro eletrônico). 
REFERÊNCIAS
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
242
Nesta unidade, mostraremos a você como conseguimos os efeitos 
de claro e escuro no desenho. Através deles conseguimos valorizar e criar 
a sensação de volume e profundidade. Pode parecer difícil no início, mas 
com calma e disciplina você conseguirá. E só treinar!
Depois de dominarem os fundamentos do desenho, e de muito 
treino, acreditamos que vocês conseguirão desenhar linearmente qualquer 
objeto. Podemos então, a partir de agora, iniciar outro tipo de desenho, 
que é o desenho de volume. 
De acordo com Hallawell (1996, p. 38), “(...) O desenho de 
volume é completamente diferente do desenho linear (...)”, pois as linhas 
não indicam qual o plano é o mais escuro, ou seja, onde está mais 
iluminado ou onde há mais sombra, pois na realidade nem existem linhas 
na natureza. Embora o desenho linear seja completamente diferente do 
desenho de volume, sempre iniciamos qualquer trabalho com as linhas. 
Quando se introduz o volume com luz e sombra, as linhas desaparecem. 
O efeito de sombra em um objeto desenhado só poderá existir se 
houver a presença da luz. Cada tipo de luz terá sombras com características 
próprias. A sombra projetada influencia no desenho do objeto, como 
observaremos nos desenhos a seguir.
A figura abaixo, exemplifica uma escala de valores tonais. Nela 
você pode perceber que os tons são classificados de acordo coma 
intensidade da luz, na seguinte ordem: 1 - Luz forte; 2 e 3 - luz 
intermediaria; 4 e 5 - meio tom; 6 e 7 - luz fraca e 8 - penumbra. 
Numa gradação de valores, se você semicerrar os olhos, não 
perceberá interrupções bruscas, mas gradações suaves, que vão do claro 
ao escuro, como numa aguada. Treine bastante, construa uma escala de 
valores tonais, como mostramos.
 E lembre-se, os exercícios com dégradés e texturas deverão ser 
feitos naturalmente quando do estudo de luz e sombra, pois nesse 
4.1 ESCALA DE VALORES TONAIS 
4UNIDADE 4LUZ E SOMBRA
Figura 41: Escala Tonal – classificação conforme a intensidade da luz.
243
momento já existe motivação suficiente para encontrar as soluções de 
sombreados e texturas. Veja os exemplos através das figuras abaixo, tente 
repetir o maior número de vezes possíveis.
Em um desenho, o tratamento do claro-escuro é fundamental 
para representação do volume e da perspectiva. O Curso Prático Larousse 
(1997, p. 25) aponta para três aspectos a serem considerados sobre a luz e 
sombra no desenho: direção da luz, quantidade de luz e qualidade da luz.
Quanto à direção da luz, podemos observar alguns efeitos de sua 
incidência sobre o objeto como mostrado na figura 41, texto e ilustração: 
1) luz natural; 2) luz artificia;, 3) luz difusa; 4) contraluz; 5) luz que vem do 
alto do objeto, e ainda luz que vem de baixo do objeto; 6) luz horizontal; 7) 
luz de frente; 8) luz que vem de trás do objeto e luz que vem do lado do 
objeto. 
Figura 42: Incidência da luz sobre o objeto desenhado.
Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período
244
Sobre a quantidade de luz, podemos observar que, dependendo 
da intensidade da iluminação que atinge um objeto, essa incidência 
poderá provocar maior ou menor contraste, resultando na sombra.
A qualidade da luz é outro fator a ser observado. Devemos 
entender por qualidade da luz as características dela mesma, que 
dependem de sua natureza e das condições a partir das quais ela incide no 
modelo. Por exemplo: luz natural, luz artificial e luz difusa.
Através do contraste claro/escuro, a luz articula uma vibração no 
espaço. Nas áreas onde se vêem simultaneamente valores diferentes, o 
claro dá a ilusão de aproximação e o escuro de afastamento. Quanto 
maior o contraste é mais visível o efeito da vibração. O claro dá a sensação 
de proximidade em relação ao observador; e o escuro ao contrário dá a 
sensação de profundidade e de afastamento em relação ao expectador. 
?Para compreender melhor o efeito do claro escuro, fareis 
abaixo algumas definições:
?luz: raio do foco luminoso;
?meia-tinta: valor de uma cor situada entre a luz e a sombra. No 
desenho em preto e branco, as meias tintas correspondem aos tons cinzas;
?reflexo: Falsa luz enviada por um objeto, que está iluminado, 
em direção a outro objeto; é a reverberação da luz;
?sombra: parte do espaço ou de um corpo sólido colocado

Continue navegando

Outros materiais