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1º PERÍODO DESENHO I Autores Cinthya Santos Cerqueira Especialista em Arte-Educação Artística pela Faculdade de Educação São Luiz e graduada em Educação Artística pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Atualmente é professora da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes e do Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandes. Eduardo Júnio Santos Moura Especialista em História da Arte e graduado em Educação Artística – ênfase em Artes Plásticas pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Atualmente é professor assistente da Unimontes. Heloísa de Lourdes Veloso Dumont Especialista em Arte-Educação e em História da Arte pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, graduada em Educação Artística pela Unimontes. Professora do Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez e Unimontes. Juçara de Souza Nassau Graduada em Educação Artística – Ênfase em Artes Plásticas e pós-graduada em História da Arte pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Atualmente é professora da Unimontes. Maria Generosa Ferreira Souto Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP, mestre em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, especialista em Língua Portuguesa, em Literatura Luso-brasileira, em Educação Inclusiva Especial e em Psicopedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Pesquisadora do Grupo de Estudos Literários do Departamento de Letras. Professora do curso de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras: Literatura Brasileira na Unimontes. Mona Lisa Campanha Duarte Colares Mestre em Desenvolvimento Social e especialista em Comunicação, Estratégias e Linguagens pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, graduada em Comunicação Social – Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Atualmente é professora do Centro Regional de Estudos em Ciências Humanas – Crecih e das Faculdades Integtradas Pitágoras de Montes Claros – FipMoc. Ilustrador Clésio Robert Almeida Caldeira Graduando em Publicidade e Propaganda pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros – FipMoc. SUMÁRIO DA DISCIPLINA Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199 Unidade I: O desenho e seus materiais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203 1.1 O desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203 1.2 Os materiais de desenho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208 1.3 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216 Unidade II: Princípios da geometria e da perspectiva . . . . . . . . . 217 2.1 Elementos da geometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217 2.2 Geometria espacial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222 2.3 Perspectiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224 Unidade III: O desenho artístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235 3.1 Introdução ao desenho de observação . . . . . . . . . . . . . . 235 3.2 Esquemas de construção do desenho . . . . . . . . . . . . . . . 236 3.3 Desenho de formas arredondadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . 237 3.4 Proporções e eixos centrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239 Unidade IV: Luz e sombra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242 4.1 Escala de valores tonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242 4.2 Esfumando o desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246 4.3 Criar volumes com tons. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 247 4.4 Desenho de objetos de vidro e metálicos . . . . . . . . . . . . . 247 Unidade V: As técnicas do desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249 5.1 A técnica do carvão no desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249 5.2 A composição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 254 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259 Referências básicas e complementares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261 Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263 2.4 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234 3.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241 4.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248 5.3 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 258 197 APRESENTAÇÃO 199 Prezados acadêmicos, em nossa disciplina, vamos mostrar, através de exemplos e de textos, como é fácil aprender a desenhar. Não desanimem, e nem digam que não conseguem, pois todos nós temos capacidade suficiente para conseguir, é preciso ter boa vontade e principalmente muita perseverança e treino. Com certeza você conseguirá. A nossa proposta é oferecer subsídios para aprendizado do desenho de maneira bem fácil, por isso ofereceremos recursos teóricos e práticos, além de textos e atividades de fácil compreensão. Para tanto, apresentaremos uma série de atividades facilitadoras da compreensão dos conceitos básicos e enfatizamos a necessidade do exercício prático no decorrer deste módulo. Os assuntos abordados neste módulo foram organizados de modo a ressaltar conceitos importantes, necessários à formação de profissionais das áreas de Artes, bem como arte-educadores. Pedimos a vocês, futuros desenhistas, não se limitem aos conhecimentos específicos apresentados neste manual, pelo contrário, tentem desenvolver e aprimorar continuamente seus conhecimentos e ampliar suas habilidades artísticas, pois assim poderão adquirir o domínio das formas e conseqüentemente expressá-las com elegância e criatividade. O desenho é uma técnica de expressão que, desde as pinturas rupestres – inscrições feitas pelo homem primitivo em cavernas, lapas, paredões calcáreas – revela uma preocupação estética. Aprender a desenhar é aprender a olhar a realidade e perceber o desenho nela contido; é aprender a compor. Não compomos somente quando tiramos idéias de nossa imaginação, mas também quando escolhemos um ponto de vista, ou um objeto, e ele a ele para realizar um registro gráfico qualquer Reforçamos a necessidade de prática constante e muita perseverança para se alcançar bons resultados. O treino do desenho e do traço deve ser exercitado continuamente. Somente com o treinamento constante é possível conquistar um traçado leve e firme ao mesmo tempo. Não desistam se, porventura, seus primeiros traços não se assemelharem aos exemplos mostrados. Só com o tempo você vai desenvolverá o seu próprio estilo e perceberá a evolução gradativa do seu trabalho. Mãos à 200 obra! Não temos tempo a perder! Pratiquem muito! Esta disciplina tem como objetivos: ?Discutir os pressupostos conceituais do desenho e a importância do seu aprendizado do mesmo para o artista e para o arte educador; ?Proporcionar o desenvolvimento do pensamento analógico e concreto, através dos exercícios de desenho; ?Subsidiar o acadêmico para o domínio de todos os elementos da linguagem visual; e ?Proporcionar o exercício da criatividade. Não se esqueçam que esta disciplina é muito importante para sua formação artística e de arte-educador. Pensando numa melhor compreensão da disciplina e do processo de aprendizado, dividimos o conteúdo em cinco unidades, por sua vez divididas em tópicos ou subunidades. Unidade I: O desenho e seus materiais 1.1 O desenho 1.1.1 Educar o olhar para perceber as formas 1.1.2 Organizar o pensamento formal 1.1.3 Desenvolver a capacidade de expressão gráfica1.1.4 A importância do desenho na sala de aula 1.2 Os materiais de desenho 1.2.1 Os lápis 1.2.2 A borracha 1.2.3 O papel 1.2.4 O carvão 1.2.5 Sanguinea ou sangüínea 1.2.6 Giz pastel Unidade II: Princípios da geometria e da perspectiva 2.1 Elementos da geometria 2.2 Geometria espacial 2.3 Perspectiva 2.3.1 Perspectiva isométrica 2.3.2 Perspectiva cavaleira 2.3.3 Perspectiva de observação Unidade III: O desenho artístico 3.1 Introdução ao desenho de observação 3.2 Esquemas de construção do desenho Desenho I UAB/Unimontes 201 3.2.1 Como medir usando o lápis 3.3 Desenho de formas arredondadas 3.3.1 O enquadramento: processo de centralização 3.3.2 Desenho de formas assimétricas 3.4 Proporções e eixos centrais Unidade IV: Luz e sombra 4.1 Escala de valores tonais 4.2 Esfumando o desenho 4.3 Criar volumes com tons 4.4 Desenho de objetos de vidro e metálicos Unidade V: As técnicas do desenho 5.1 A técnica do carvão no desenho 5.1.2 A técnica do crayon 5.2 A composição 5.2.1 Equilíbrio da composição 5.2.2 Composição simétrica 5.2.3 Composição assimétrica 5.2.4 Perspectiva no desenho 5.2.5 Geometrizar os objetos 5.2.6 Pontos de vista da perspectiva no desenho Explorem tudo, abram espaços para a interação com os colegas, para o questionamento, para a leitura crítica do texto, bem como para atividades e leituras complementares. É com muito carinho que torcemos para que tenha um bom aprendizado. As autoras. Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período PARA REFLETIR 1UNIDADE 1 203 O DESENHO E SEUS MATÉRIAIS Nesta primeira unidade, da disciplina de Desenho, o objetivo principal é que você possa conhecer um pouco a respeito do desenho e de sua importância nas Artes Plásticas e áreas afins. Portanto, mãos à obra. Apresentaremos ainda, os materiais existentes no mercado especializado, para que tenha uma noção das possibilidades de uso de determinada técnica em função dos recursos disponíveis no mercado. 1.1 O DESENHO O desenho pode nos parecer a princípio, uma brincadeira, que desde a infância, através de rabiscos e da evolução gradativa das garatujas, a criança utiliza para expressar e se comunicar com o mundo. Mas, é necessário compreendermos que o desenho, deve ser encarado como um ato consciente que também expressa sentimentos e idéias. Mas é necessária certa habilidade, que implica em processos de análise, invenção e figuração. Podemos dizer que o desenho se aproxima da palavra por sua função de designar coisas, organizar o pensamento e expressá-lo. Porém ambos são formas de linguagem específicas, que se complementam. Segundo Hallawell (1995, p. 10), o desenho, antes da escrita, forneceu os meios de comunicação e de significação para a humanidade. Foi a primeira forma de registro de imagens, conceitos, situações e acontecimentos utilizada pelo homem. Foi o primeiro sistema simbólico, que permitiu lembrar outras coisas além dele mesmo e, assim, estabelecer uma comunicação e união entre os povos. Os hieróglifos, escrita sagrada do antigo Egito, são um exemplo do que foi a função mediadora do desenho para a escrita, um sinal eficaz de reconhecimento, um símbolo gráfico que representa ou recorda uma idéia ou o registro de um acontecimento. É um aprendizado indispensável para todo e qualquer trabalho artístico, e o domínio desta linguagem requer uma dedicação especial. Para Fhilip Hallawel: (...) O aprendizado do desenho baseia-se em conhecer e dominar a gramática e a sintaxe da linguagem visual, empregada na representação, ou seja, conhecer e dominar os elementos que são utilizados quando se faz um trabalho visual. O Desenho é a base de qualquer trabalho visual, bi ou tridimensional, e é por isso que seu domínio se torna indispensável para o estudante de artes plásticas. (HALLAWEL, 1995, p. 9) Diante de um objeto a ser desenhado, você deve ter, como ponto de partida, a necessidade de se fazer uma observação criteriosa da O desenho está para o artista assim como a fome está para o faminto. 204 VISTA CANSADA Otto Lara Resende Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver,disse o poeta. Um poeta é só isso: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto que ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O Campo visual da nossa rotina é como um vazio. Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo. O mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de Desenho I UAB/Unimontes realidade do ambiente, ou dos elementos a serem registrados graficamente. Não se esqueça que, para iniciar o aprendizado do desenho, é de fundamental importância aprender a observar. A capacidade de observação deve ser constantemente exercitada. Para tanto, visualizar mentalmente as proporções dos objetos antes de eles serem desenhados é um recurso primordial. Para Hallawel (1995, p.10), o domínio do desenho depende de um “pensamento diferente”. Pensar diferente do que pensamos no dia-a-dia significa a capacidade sensível para encarar o desenho não apenas como uma habilidade manual, mas também como um posicionamento diante do estético do mundo. Na crônica de Otto Lara Rezende, que colocamos abaixo, você poderá perceber com bastante clareza a importância de aprendermos a olhar as coisas. Leia e reflita. É um texto lindo, e nos faz pensar na forma superficial como olhamos as coisas à nossa volta. PARA REFLETIR DICAS 205 Desenhar significa apontar, indicar, mostrar, marcar, traçar, dar um sinal qualquer, representar objetos por meio de linhas, e sombras. O desenho é uma arte predominantemente do espaço. Ele fornece a base essencial de todas as outras artes que dele se utilizam: a pintura, a escultura, a arquitetura, as artes decorativas, as artes gráficas, o estilismo. Enfim, todo ofício cujo fundamento se constitui em criação de formas visuais, pois o desenho, segundo Hallawell , “(...) desenvolve a expressão, a sensibilidade e a intuição”. Desenhar é acima de tudo a representação gráfica de alguma coisa, é produzir uma imagem, é representar por meio de imagens, e significa ainda organizar formas num espaço. Você pode concluir, portanto, que o desenho realizado sobre um suporte qualquer é uma expressão, através de meios manuais, do olhar e do pensamento do homem, que tem a capacidade de recriar, e às vezes transformar as formas da natureza em outros espaços. Sua importância para o homem e principalmente para os Arte-educadores está em: 1.1.1 Educar o olhar para a percepção das formas A prática do desenho contribui para o desenvolvimento da expressão, da sensibilidade e da intuição. O processo de educação do olhar, para a percepção das formas, implica na visualização de determinadas características dos objetos e de cenas, através de métodos comparativos. Para Hallawell (1995, p.10), o exercício do desenho, e o domínio da lógica pode nos levar a ”conclusões totalmente errôneas”, já que a pratica do desenhoé por excelência a pratica do pensamento (1995, p.10) Faça o seguinte teste: Coloque-se de frente para um objeto de uso cotidiano, buscando liberar a mente de sua experiência de todos os dias, Observe-o como se o visse pela primeira vez. Examine a forma, as cores, e as dimensões: você descobrirá algo novo e passará a admirá-lo de uma forma diferente, e descobrirá coisas que nunca notou antes. Ingres (1780-1867), grande pintor francês, comentou certa vez que a capacidade de pintar dependia da capacidade de desenhar. falecer. Como era ele? Sua cara? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve de morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser que também ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não vemos. Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de tão visto, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia- a-dia opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença. Texto publicado no jornal “Folha de S. Paulo”, edição de 23 de fevereiro de 1992. Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período 206 analógico, ou seja, comparativo, pois devemos estabelecer comparações o tempo todo, de tamanho, dos espaços e das formas, e ainda da luz e sombra O nosso olhar durante o exercício do desenho tem que ser totalmente dinâmico, o que significa receber o tempo todo informações visuais. Por exemplo, num grupo de três ou mais objetos, é necessário observarmos cada um deles individualmente e, ao mesmo tempo, nos preocuparmos em estabelecer comparações de um em relação aos outros, qual deles é mais alto ou mais baixo? E as cores e formatos? Qual a proporção do menor em relação ao maior? E ainda com as luzes e as sombras, o que chamamos de claro e escuro. Quando desenhamos precisamos pensar concretamente e não, como de costume, simbólica ou abstratamente. Devemos perceber as coisas como elas se apresentam ao nosso olhar e não o que elas representam. É preciso que aprendamos a ver mais concretamente as coisas. Você precisa lembrar sempre, para um bom aprendizado do desenho, que ele é feito de contrastes, e é dessa forma que decodificamos o mundo tridimensional e o interpretamos de forma bidimensional. 1.1.2 Organizar o pensamento formal Para a efetivação do pensamento formal, é necessários o conhecimento das formas naturais e suas estruturas geométricas. A geometria é um dos fundamentos básicos do desenho. Com o tempo e a prática, você perceberá que esboçar um desenho com formas geométricas, facilita muito a construção da forma. Na verdade, a geometria não é apenas um recurso técnico, ela faz parte da própria estrutura do que se quer desenhar. Na Unidade V, iremos abordaremos e mostraremos detalhadamente este processo de geometrização. A geometria está presente na natureza. Devemos, portanto, treinar sua percepção e estudá-la. Vendo formas conhecidas do mundo natural, imaginamos novas formas baseadas na geometria. Essa associação se dá pela nossa percepção de linhas, ritmos e texturas nas diferentes formas do mundo, que vamos reorganizando segundo nossos objetivos. De acordo com Hallawell (1995, p.45), a estrutura dos objetos e da composição é que sustenta o desenho, assim como “(...) o alicerce sustenta a casa”. O exercício do desenho de observação permite que você adquira conhecimento de todos os elementos da linguagem visual, além de desenvolver o pensamento analógico e concreto, o senso de proporção de espaço de volume da planimetria. Na medida em que a sensibilidade e a intuição são aguçadas, torna-se mais fácil apreciar e compreender outros elementos da linguagem gráfica, como: a textura, a linha, a cor, a estrutura e a composição. Desenho I UAB/Unimontes 207 1.1.3 Desenvolver a capacidade de expressão gráfica O desenvolvimento da capacidade de se expressar graficamente através da educação da mão para desenhar o que a visão percebe e o pensamento cria. É o que podemos chamar de virtuose artística; a forma de cada indivíduo se expressar é o que chamamos de Estilo. O desenho é um gesto realizado em um suporte, revelando através deste traço a forma de expressar de cada pessoa. O ato de desenhar não implica somente o movimento e a habilidade das mãos, mas também dos olhos, que vêem as formas, e mentalmente as reinterpretam. Não nos esqueçamos ainda do movimento de várias partes do corpo, que influenciam e contribuem para o ato de desenhar. Para tanto, aconselhamos manter certa distância do desenho, para que você possa ter mais liberdade de movimentos. Sua mão deve estar livre para a realização dos traçados, ainda que esteja seguindo modelos. Um dos grandes desafios, e que acaba sendo uma grande dificuldade para o desenhista, é que as realidades a serem representadas, ou existentes ou concebidas mentalmente, se apresentam em três dimensões: altura, largura e profundidade. Ou seja, apresentam volume e quase sempre possuem movimento. No entanto, os suportes são bidimensionais, e apresentam apenas duas dimensões: largura e altura, que é o caso do papel, comumente utilizado para desenhar. E o grande desafio é transpor essa realidade tridimensional, ou seja, com volume, para um suporte bidimensional, que tem somente altura e largura. Essa dificuldade foi solucionada com a criação dos sistemas de representação tridimensional, chamado perspectiva, de que trataremos mais adiante. 1.1.4 A importância do desenho na sala de aula Atualmente, os professores de desenho têm encontrado grandes dificuldades no ensino. A primeira delas reside na deficiência da própria estrutura curricular da escola regular, que não privilegia o ensino do desenho artístico. Outra dificuldade é que, desde o final dos anos cinqüenta, a arte tem se centrado mais em tendências abstratas, o que contribui para a perda da qualidade na formação dos desenhistas. O professor se depara com alguns métodos de ensino que ora enfatizam o adestramento ora o exercício do lúdico, mas não formam o aluno para a prática do desenho. É importante sabermos que o desenho pressupõe um processo de aprendizagem complexo, que passa, no geral, por quatro fases: percepção, registro, memorização e evocação das formas. Nos primeiros exercícios de desenho, é necessário que o aluno reflita sobre algumas questões, a saber: ?Observação e percepção da forma a ser representada; ?Estabelecer relações de posição e proporção da forma no suporte disponível (papel) para o desenho; Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período ?Observar as relações rítmicas que as diversas partes que compõem o modelo guardam entre si; e ?Analisar as estruturas fundamentais e os detalhes. O ideal é que essa prática comece sempre com exercícios que reforcem as questões apresentadas anteriormente, e o professor somente passe adiante quando o aluno estiver com pleno domínio dessa primeira etapa. A partir daí, fica mais fácil avançar para outras fases. 1.2 OS MATERIAIS DE DESENHO Para iniciar a prática do desenho é necessário que se tenha em mãos o material adequado ao seu estudo. Uma das grandes alegrias do desenhista é a variedade de materiais que estão disponíveis nas lojas especializadas em todo país. No entanto, para iniciarmos o aprendizado da técnica de desenhar, precisamos de muito pouco, pois, mais importante que a quantidade de material, é a exploração de todas as possibilidades criativas possível. Para esse nosso início de aprendizado, trabalharemos apenas com os materiaisestritamente necessários: lápis, papéis, borrachas e se possível, o fixador, e claro, um bom papel. 1.2.1 O lápis É o material mais elementar e popular de desenho. Para enriquecimento do nosso estudo, é preciso que você saiba que a descoberta da primeira grafite data aproximadamente do ano de 1400. Porém, somente em 1504 foi encontrada a primeira jazida inglesa de grafite puro. Na época, esse mineral foi confundido com o chumbo e, devido a isso, foi denominado durante um longo tempo por lápis de chumbo. De acordo com Hallawell (1996, p.12), “(...) o lápis é um material relativamente novo (...)”; sua invenção popularizou a prática do desenho, que até então era praticado com carvão. Ainda de acordo com Hallawell, o lápis passou a ser fabricado por volta de 1795. As minas, nome dado à parte interna do Lápis, são fabricadas numa mistura de grafite e argila em 208 Desenho Figura 1: Tipos de lápis. Desenho I UAB/Unimontes 209 diferentes proporções, determinando assim o grau de dureza ou maciez de um lápis. Os mais macios são os que contêm menos argila. As minas de grafite têm diversas graduações, que são expressas no próprio lápis, em números e letras, conforme listamos abaixo, e mostramos através da figura 1: ? ?Médias (2B=1, B, HB=2, F), para uso comum; ?Duras (H=3, 2H, 3H=4, 4H, 5H); e ?Extra-duras (6H, 7H, 8H, 9H). Macias (7B, 6B, 5B, 4B, 3B), próprias para o desenho artístico; País de origem Nome das fábricas Marcas França Alemanha Alemanha República Checa Suíça Inglaterra Conte A.W. faber J.S. Staedtler Koh-i-noor Caran D’Ache Cumberland Castell Carbonit Negro Tabela1: Fabricantes de lápis A título de enriquecimento do nosso conteúdo, e para que você fique mais inteirado do assunto, inserimos abaixo uma tabela retirada do volume 1 da Coleção Desenhe e pinte- p. 4, listando as marcas de lápis que possuem qualidade superior, e indicada para uso de profissionais de desenho: Para efeitos e enriquecimento do desenho, pode-se tanto trabalhar com as várias graduações, ou explorar ao máximo as possibilidades de uma única delas. Recomendamos, para iniciarmos o nosso aprendizado, o uso das graduações 6B e/ou 5B, que são macias e mais resistentes para o trabalho de luz e sombra. Para execução do esboço do desenho, o HB, que corresponde ao lápis nº 2 escolar. Prezados acadêmicos, voltamos a enfatizar a necessidade de Figura 2: Tipos de traçados com pontos diferentes DICAS Guarde com cuidado os lápis, cuide para que não caiam e nem os deixe soltos em gavetas, pois podem se quebrar. Coloque-os em um vidro de boca larga e mantenha-os sempre com as pontas para cima. Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período 210 explorarem bem o material, treinando graduações de tons, variando a intensidade da pressão de fricção da grafite sobre o papel, segundo suas necessidades e efeitos pretendidos: traços leves ou mais fortes, dégradés, Figura 3: Demonstração de sombreamento com diferentes lápis. texturas etc. E ainda, não se esqueçam de que um dos pontos mais importantes na arte de desenhar é a educação do olhar e o desenvolvimento das possibilidades de nossas mãos. Não aconselhamos o uso de lapiseiras, que limitam o traçado; daremos preferência ao lápis, que deverá ser apontado com estilete e moldado com uma lixa, o que permitirá uma maior diversidade de traçados. Observem a ilustração (figura 2) abaixo, onde demonstramos os efeitos que poderão ser conseguidos com o lápis, somente mudando a posição da ponta: Na ilustração abaixo (figura 3) você poderá perceber alguns exemplos de tonalidades conseguidas com grafites 6B, 2B e HB. 1.2.2 A borracha Figura 4: Tipos de borrachas. Desenho I UAB/Unimontes 211 Pode não parecer, mas o uso de uma borracha macia, que esfarele bem ao roçar o papel e não faça borrões, faz uma grande diferença em um desenho (figura 3). Sugerimos também a alternativa de usar miolo de pão ou limpa-tipos, que, por serem maleáveis, permitem que sua forma se adapte às necessidades do desenhista, sobretudo na graduação de intensidade de cinzas no trabalho do claro/escuro. O uso do lápis-borracha também pode ser uma alternativa bastante interessante, principalmente quando trabalhamos com detalhes. É muito importante, portanto, que o traçado das linhas de construção do desenho seja feito com muita leveza. Os excessos só devem ser retirados na finalização do desenho. O bom desenhista deixa para o final a limpeza do desenho. Isso lhe dá liberdade de apagar somente o essencial e permite que os traços leves que ajudaram na construção da forma enriqueçam o desenho com o seu dinamismo e incerteza. Na figura 4, mostramos alguns tipos de borrachas, e de boa qualidade, recomendadas para desenhar: 1.2.3 O papel De acordo com Pearsall (1995), voltando na História, lembramos que os primeiros papéis para escrita ou desenhos foram as pedras e as placas de cera ou de argila, da civilização Mesopotâmica. O papel propriamente dito teve apenas dois antepassados remotos: o papiro Egípcio e o pergaminho. O papel é conseguido através da obtenção de uma pasta de matéria fibrosa, (PEARSALL,1995, p.12) de origem vegetal refinada e, quando necessário, branqueada. Mas vale ressaltar, caro acadêmico, que tudo que possa receber o traço de uma caneta ou de um lápis poderá ser usado para desenhar. Podemos classificar o papel de acordo com: ?seu processo de produção: manual ou industrial; ?natureza das fibras empregadas: trapos de algodão ou linho, palha etc.; ?acabamento dado à folha: apergaminhado, acetinado, couchê etc.; ?destinação: aquarela, desenho, impressão, etc.; ?procedência: Holanda, Índia etc.; e ?fabricante. O peso do papel nos informa sobre a sua espessura, que também recebe o nome de gramatura; é expressa em gramas por metro quadrado. Os papéis para desenho têm as medidas padrão 35 x 50 cm (um quarto de folha), 50 x 70 cm (meia folha) e 70 x 100 cm (folha inteira). No Brasil, temos os blocos de desenho, utilizado por principiantes, nos tamanhos que correspondem às dobraduras e cortes de uma folha de papel. Assim denominados: DICAS O bom desenhista deixa sempre para o final a limpeza do desenho. Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período 212 ?A1 (840 mm x 594 mm), tamanho de uma folha inteira; ?A2 (594 mm x 420 mm), corresponde à meia folha; ?A3 (420 mm x 297 mm) corresponde ao corte da meia folha em duas partes iguais; e ?A4 (210 mm x 297 mm) corresponde ao corte de metade da A3. Neste nosso aprendizado, recomendamos, a princípio, o uso do papel sulfite branco, que é fácil de encontrar e tem o custo muito baixo. À medida que forem adquirindo mais experiência, poderão optar pela compra de um bloco de Canson A3 de cor creme. Tomando como referencia o fascículo 1 da coleção Desenhe & Pinte, listamos abaixo, para enriquecimento deste conteúdo, os papeis disponíveis no mercado e usados por desenhistas profissionais, como ilustra a figura 5. Papéis acetinados: de superfície lisa e lustrosa, são frágeis e não possuem granulação. Mais utilizado na impressão de livros e layouts publicitários. São também apropriados para desenhar com pena ou lápis, permitindo tonalidades acinzentadas e dégradés muito suaves. Papel aquarela: a pintura com aquarela requer este tipo especial de papel, dispendioso por ser de fabricação manual. Extremamente áspero, apresenta diferentes texturas: média, grossa e muito grossa. Pode também ser utilizado com algumas técnicas de lápis. Papel de arroz: papel fino, feito de folha não fibrosa, é muito utilizado na confecção de luminárias, biombos e gravuras orientais. Papel canson: devido à sua superfície semi mate, ligeiramente granulosa e absorvente, é omais indicado para desenhos a creiom, carvão, sanguínea, pastel, lápis de cor ou pintura a guache. O legítimo papel canson francês raramente é encontrado no mercado. Dispomos de um papel tipo canson, de fabricação nacional, de qualidade razoável. Papel cartão: feito de várias camadas de papel coladas entre si. O cartão mais fino é conhecido como cartolina; o mais grosso, como papelão. Papel cartão Bristol: tipo de cartão de melhor qualidade, normalmente é empregado em cartões de visita, convites, etc. Papel Fabiano: procedente da Itália, muito utilizado pelos artistas nos seus desenhos a carvão. Sua superfície é áspera e granulosa. Papel ingres: o mais barato e também o mais frágil, usado na confecção de blocos para rascunho e folhetos volantes. Apresenta superfície granulosa e é também utilizado em desenhos a carvão. Papel jornal calandrado: apresenta as mesmas características do papel ingres, porém é liso; serve para publicações baratas. Papel Kraft: papel pardo muito pesado, próprio para fazer embrulhos. Também utilizado em trabalhos gráficos artísticos. Papel-manteiga: utilizado em anteprojetos e esboços DICAS É bom que prendam o papel à mesa, com fita adesiva, para evitar que ele fique escorregando e saia do lugar. Desenho I UAB/Unimontes 213 arquitetônicos. É rugoso e semitransparente. Papel Westerpost: mais encorpado que o acetinado é excelente para desenhos simples ou aguadas de nanquim. É o papel que se utiliza normalmente nas correspondências. Alguns papéis são apresentados em bobinas de 10m de comprimento por 2m de largura, outros se apresentam em blocos. Os papéis devem ser afixados aos suportes com adesivo ou fita gomada, ou ainda com tachas, no caso de pranchas de compensado. No caso de se trabalhar com aguadas e aquarela, é indicado o uso de fita gomada, pois ela tenciona o papel. O fixador é utilizado para proteção e permanência do desenho. É importante saber que ele altera as cores, dando maior profundidade e brilho. Só deve ser utilizado quando o trabalho estiver completamente pronto, pois impossibilita os retoques. Para os desenhos, recomendamos os atuais fixadores que o mercado oferece. Papel opaline: papel muito branco, de textura lisa, excelente para trabalhos a grafite e bico de pena. Papel Schoeller: de procedência alemã e tonalidade superbranca, é o melhor papel que existe para desenho. A principal característica é sua extrema resistência, permitindo que se raspe o desenho à vontade. É apresentado em diversas espessuras e em folhas montadas sobre cartão. Papel scratchboard: de procedência norte americana, é um tipo de papel cartão pesado. Vem coberto com uma grossa camada de gesso. Muito usado em uma técnica difícil, que imita a xilogravura. Nessa técnica espalha-se nanquim na superfície do papel e, depois, com um estilete, ou raspadeira, abrem-se os claros. Papel vegetal: transparente, apropriado para o desenho de plantas de engenharia ou projetos arquitetônicos. Por ser seco e duro, permite a utilização de benzina para retirar a gordura da superfície, facilitando o traçado a nanquim. Permite a reprodução de cópias heliográficas. Papel vergé: papel que apresenta filigranas constituídas de finas Figura 5: Tipos de papéis. Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período 214 linhas paralelas, podendo ser branco ou colorido. Por sua textura e luminosidade, é excelente para desenhar a carvão, sanguínea ou pastel. 1.2.4 O carvão O carvão é o material mais antigo, sua maior virtude é permitir grande variedade de valores tonais. Segundo Fundamentos do Desenho Artístico (2007, p.16), o carvão é “(...) um pedaço de madeira que permite riscar a superfície do papel com um traço forte e preto (...)”. O carvão é um dos materiais de desenho mais antigos, foi usado na pré-história para pintura das cavernas; pelos gregos; romanos, durante a Idade Média e o Renascimento. Foi particularmente usado na aprendizagem do desenho e nas composições preliminares à pintura afresco ou a óleo, dada a facilidade com que se pode apagar, permitindo a correção do erro. O Carvão pode ser utilizado de diferentes maneiras, dependendo inclusive da largura da barra o da ponta em forma de cunha. De acordo com Fundamentos do Desenho Artístico , “(...) é possível variando a pressão sobre a barra, obter traços fluidos, sejam eles suaves e indecisos, ou audazes e vigorosos.” . Na figura 6, podemos perceber alguns diferentes traços e efeitos obtidos com carvão. 1.2.5 Sanguína ou sangüínea A sanguínea é obtida a partir da hematite, um óxido de ferro (2007, p.18) Figura 6: Diferentes traços e efeitos obtidos com carvão. Desenho I UAB/Unimontes Figura 8: Giz pastel. 215 avermelhado, Segundo Fundamentos do Desenho Artístico “(...) Seu sucesso deriva da calidez e do fato de ser muito sensível à textura do papel.”(2007, p.29). A sanguinea pode ser comercializada em barras ou embutida em lápis, veja na figura 7: 1.2.6 Giz pastel Por sua composição simples, o giz pastel oferece ao desenhista a pureza total das cores, uma vez que o pigmento é aplicado em seu estado Figura 7: Tipos de sanguínea. Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período DESENHE & PINTE: Curso Prático Larousse. Barcelona: Altaya, 1997 vol. 1. DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991. HALLAWELL, Philip Charles. À mão livre: a linguagem do desenho. São Paulo: Melhoramentos, 1996. ________________. À Mão Livre 2 - Técnicas de Desenho. São Paulo: Melhoramentos, 1996. HOLT, Friso Tem; SMITH, Stan. Manual do Artista. Madrid: H. Blume, 1982. MEDEIROS, João. Desenho e sua Técnica. São Paulo: Parma, SENAC (RJ). Desenho básico. Rio de Janeiro, 1999, (Livro eletrônico). SOUTIER, Welcy. Técnicas & Materiais de Desenho. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1991. ________________. REFERÊNCIAS 216 Desenho I UAB/Unimontes 2UNIDADE 2PRINCÍPIOS DA GEOMETRIA E DA PERSPECTIVA 217 Nesta unidade de estudo, nosso objetivo principal é que você possa conhecer os princípios básicos da geometria, o aparecimento e o uso da perspectiva, além de conhecer e exercitar o desenho através das demonstrações que apresentamos. Para que possa assimilar melhor o aprendizado do desenho, é necessário compreender os conceitos básicos da geometria plana e espacial. Esses fundamentos auxiliam na visualização da geometria na natureza e facilitam a compreensão e a execução do desenho de observação. Definimos abaixo os dois tipos de geometria, para que possa compreender melhor e diferenciar os dois ramos: Geometria plana – é aquela que se ocupa dos espaços bidimensionais; Geometria espacial ou sólida – a que investiga as propriedades das figuras num espaço tridimensional. Para estudarmos bem os espaços e sua grandeza, é necessário conhecermos um pouco da linguagem geométrica. É preciso observar atentamente cada elemento destacado nas figuras e acompanhar com atenção suas definições. Veja alguns elementos da geometria plana: 1) Ponto – é uma figura geométrica sem dimensão, ou seja, que não tem comprimento, largura ou altura. Um simples contato da ponta do lápis no papel define um ponto. 2) Reta – é uma figura formada por uma infinidade de pontos alinhados. Mas bastam dois pontos para se determinar uma reta. 2.1 ELEMENTOS DA GEOMETRIA 3) Plano – é qualquer superfície ilimitada do espaço. Três pontos não alinhados determinam um plano e, nele, podemos traçar uma infinidade de retas. 4) Semi-reta – é a parte de uma reta limitada por um ponto. 5) Segmento de reta – é a parte de uma reta limitada por dois pontos. 6) Retas paralelas – são retas que guardam entre si igual distância e, portanto, jamais se encontram. 7) Ângulo – é a região delimitada por duas semi-retas convergentes.Os ângulos podem ser de três tipos: reto, agudo e obtuso. 8) Retas secantes – também conhecidas como convergentes, são retas que se encontram em um mesmo ponto. Podem ser perpendiculares, formando quatro ângulos de 90º cada um, ou oblíquas, formando dois ângulos maiores que 90º e dois ângulos menores que 90º. 218 Desenho I UAB/Unimontes 9) Vértice – é o ponto em que se reúnem duas semi-retas convergentes. Em perspectiva, é chamado de ponto de fuga. 10) Ângulo reto – é formado por duas semi-retas perpendiculares, medindo, portanto, 90º. 11) Ângulo agudo – é formado por duas semi-retas oblíquas e mede menos de 90º. 12) Ângulo obtuso – é formado por duas semi-retas oblíquas e mede mais de 90º. 13) Linha poligonal – também chamada de linha quebrada, é determinada por vários segmentos de reta, que se encontram dois a dois, formando vértices. A linha poligonal pode ser aberta ou fechada. 14) Polígono – é a região plana limitada por uma linha poligonal fechada. 219 FP. . Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período 220 15) Retângulo – é um polígono de quatro lados, que tem os quatro ângulos retos. Seus lados, portanto, são de mesmos tamanhos e paralelos dois a dois. 16) Quadrado – é um polígono de quatro lados do mesmo tamanho, que tem os quatro ângulos retos. Trata-se de um caso especial de retângulo. 17) Losango – é um polígono de quatro lados de mesmo tamanho, que tem dois ângulos agudos e dois obtusos. Os lados são, portanto, paralelos dois a dois 18) Triângulo – é um polígono de três lados, que tem, portanto, três ângulos. Os triângulos se classificam quanto aos lados e quanto aos ângulos. Quanto aos lados, podem ser eqüilátero, isóscele ou escaleno e quanto aos ângulos podem ser acutângulo, retângulo ou obtusângulo. 19) Triângulo equilátero – é aquele que tem os três lados o mesmo tamanho. Desenho I UAB/Unimontes 221 20) Triângulo isósceles – é aquele que tem dois lados de mesmo tamanho 21) Triângulo escaleno – é aquele em que possui os três lados e os três ângulos diferentes. 22) Triângulo acutângulo – é aquele em que todos os ângulos são agudos. 23) Triângulo retângulo – é aquele que tem um ângulo reto. 24) Triângulo obtusângulo – é aquele que tem um ângulo obtuso. 25) Círculo – é a região do plano delimitada por uma circunferência. A Circunferência por sua vez é uma linha curva, plana, fechada cujos pontos são equidistantes (têm a mesma distância) de um ponto chamado centro Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período 222 26) Circunferência – é a linha que delimita um círculo. É uma linha curva, plana, fechada cujos pontos são equidistantes (têm a mesma distância) de um ponto chamado centro. 27) Raio – é a distância de um dos pontos da circunferência até seu centro. 28) Diâmetro – é o segmento de reta que liga dois pontos quaisquer da circunferência, passando pelo seu centro. O diâmetro mede, portanto, duas vezes a medida do raio. 29) Arco – é a parte da circunferência delimitada por dois raios. 30) Pirâmide – é um poliedro formado geralmente por quatro triângulos e um quadrado. Agora, veja alguns elementos da geometria espacial. Os poliedros são sólidos limitados por polígonos planos. Esse nome poliedro é comumente dado a todos os corpos com faces planas. Todos possuem faces, vértices e arestas. Nas figuras a seguir, podemos observar os vários tipos de poliedro. Acompanhe com atenção os desenhos dos sólidos. 2.2 GEOMETRIA ESPACIAL Desenho I UAB/Unimontes 1) Cubo – é um poliedro formado por seis faces iguais (quadradas). 2) Paralelepípedo – é um poliedro em forma de caixa. Tem seis faces iguais, duas a duas, e paralelas. 3) Prisma – é um poliedro limitado por dois polígonos iguais e de três ou mais lados. Acima de três, os lados têm paralelismos. 4) Pirâmide – é um poliedro formado geralmente por quatro triângulos e um quadrado 5) Tronco – é a parte truncada de uma pirâmide, ou de um cone. 223 Aresta Vértic e (A) (B) Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período 224 2.3 PERSPECTIVA A palavra perspectiva vem do latim – Perspicere (ver através de). De acordo com Hallawell (1996, p. 22), a perspectiva Linear “... é um artifício que permite ao desenhista criar uma ilusão de profundidade numa superfície plana (...)”, ou seja, é um artifício que permite ao desenhista criar uma ilusão de profundidade numa superfície plana, ou se ja , mos t ra r um ob je to tridimensional numa super fície bidimensional, como é o caso do papel ou da tela. Esse recurso permite que o desenhista represente realisticamente uma mesa, um objeto, uma paisagem ou objeto cilíndrico. Quando olhamos para um objeto, temos a sensação de profundidade e de relevo. As partes que estão mais próximas de nós parecem maiores e as partes mais distantes aparentam ser menores, como mostramos abaixo, através da pintura de Rafael Sanzio, artista renascentista, (figura 09). A fotografia mostra um objeto do mesmo modo como ele é visto pelo olho humano, pois transmite a idéia de três dimensões: comprimento, largura e altura. O desenho, para transmitir essa mesma idéia, precisa recorrer a um modo especial de representação gráfica: a perspectiva. Ela representa graficamente as três dimensões de um objeto em um único plano, de maneira a transmitir a idéia de profundidade de relevo. Ainda de acordo com Hallawell (1996, p. 22), a arte da representação dos seres ou do mundo que nos cerca, sempre tentou buscar uma solução para o problema de se transpor para um plano, o que na realidade é um espaço tridimensional. Foi desta busca que surgiu a perspectiva – representação num plano, os objetos como se apresentam a nossa vista. Vocês poderão fazer uma pequena experiência, olhando por uma janela, vocês perceberão que os objetos que estão mais distantes parecem menores do que aqueles mais próximos. As coisas podem mudar o seu formato e proporções, dependendo do ponto de vista e do espectador em relação ao objeto observado. Segundo Hallawell, para solucionar essas distorções surgiu então um sistema cientifico de representação tridimensional, denominado perspectiva racional, comumente conhecido como perspectiva de observação, que recebeu também outras denominações, como perspectiva linear, geométrica ou de projeção cônica. Existem diferentes Fonte:Pinacoteca Caras, 1998. Figura 9: Esponsais de Maria- Rafael Sanzio. Desenho I UAB/Unimontes t ipos de perspectiva: p e r s p e c t i v a c ô n i c a , perspectiva cavaleira e perspectiva isométrica. Segundo Francis Ching, antes do surgimen- to da perspectiva, a escala para objetos e persona- gens, utilizada na pintura e no desenho , e s tava relacionada ao seu valor temático ou espiritual. Em uma pintura egípcia, por exemplo, o faraó fatalmente era representado em tamanho várias vezes maior do que o de seus súditos. Especialmente na arte medieval, a arte era entendida como um conjunto de símbolos, mais do que como um conjunto coerente. O único método utilizado para se representar a distância entre objetos era pela sobreposição de persona- gens. Essa sobreposição, apenas, criava desenhos pobres de temas arquitetônicos, de tal forma que o desenho de cidades medievais constitu- ía-se, nessas representações, como um emaranhado de linhas em todas as direções e de forma incoerente. Os gregos e os romanos são aqueles que mais próximo chegaram da perspectiva: em suas pinturas, eles adotavam um método conhecido como escorço (que poderia ser definido como uma falsa perspectiva). Os gregos não conheciam o ponto de fuga, mas o escorço produzia resultados próximos do da perspectiva e com razoável ilusão de profundidade. A perspectiva foi apenas plenamente desenvolvida com os estudos do Renascimento. Giottofoi um dos primeiros artistas italianos, já em um contexto que se aproximava do Renascimento naquele país, a utilizar-se de m é t o d o s a l g é b r i c o s p a r a determinar a distância entre linhas. Em meados do século XV (no período da história do Renascimento, conhecido como quatrocento), o arquiteto Filippo Brunelleschi apresentou o método geométrico de construção da perspectiva, usado até hoje e, possivelmente descoberto através da pintura da silhueta de diversos edifícios florentinos em um espelho. Brunelleschi percebeu 225 Fonte: Pinacoteca Caras, 1998. Figura 10: Afresco de Pietro Perugino - Capela Sistina. Figura 11: Madona das Rochas (1483-1486), Leonardo da Vinci. Fonte: Pinacoteca Caras, 1998. Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período 226 que todas as linhas naquelas silhuetas convergiam para a linha do horizonte. Leonardo da Vinci, grande gênio da Renascença, não confiava na formulação da perspectiva de Brunelleschi, pois ela falhava quando levava em conta a aparência de objetos observados em distância muito próxima ao olho. Leonardo construiu seu entendimento da perspectiva, não apenas através da rígida formulação dos raios de luz, mas pelo que ele diretamente observava. Ele acreditava que não apenas o tamanho, mas também a aparência dos objetos mudava à medida que a distância entre objeto e observador aumentava. Da mesma forma, as linhas que delimitam a silhueta do objeto passariam a se tornar menos distintas com aquela distância. A perspectiva pode ser classificada em: Perspectiva isométrica é o processo de representação tridimensional em que o objeto se situa num sistema de três eixos coordenados (Axonometria). Esses eixos, quando perspectivados, fazem entre si ângulos de 120º. Na perspectiva Isométrica, a figura é representada como na realidade, com uma aresta voltada para o observador. A perspectiva isométrica é uma forma de representação que preserva distâncias, ou seja, mantém na representação as mesmas medidas e metragens para todas as linhas inclinadas. Essa visualização é um dos grandes sistemas de unificação do espaço tridimensional. Ela acomoda todo o assunto do desenho em sistemas de linhas paralelas, que entram de um lado, atravessam diagonalmente a superfície e a deixam novamente de outro lado. Isso provoca a sensação de um mundo que não nos defronta com uma localização estável, mas passa por nós como um trem. Quase sempre o desenho é assimetricamente orientado para um lado e parece destinado a se estender interminavelmente em ambas as direções. Cada tipo de perspectiva mostra o objeto de um jeito. Comparando as três formas de representação, você pode notar que a 2.3.1 Perspectiva isométrica Figura 12.1: Perspectiva Isométrica Desenho I UAB/Unimontes 227 perspectiva isométrica é a que dá a idéia menos deformada do objeto. A perspectiva isométrica mantém as mesmas proporções do comprimento, da largura e da altura do objeto representado. Além disso, o traçado da perspectiva isométrica é relativamente simples. Por essas razões, vocês estudarão esse tipo de perspectiva. Em desenho técnico, é comum representar perspectivas por meio de esboços, que são desenhos feitos rapidamente, à mão livre. Os esboços são muito úteis quando se deseja transmitir, de imediato, a idéia de um objeto. Para estudarmos a perspectiva isométrica, precisamos saber o que é um ângulo e a maneira como ele é representado. Ângulo é a figura geométrica formada por duas semi-retas de mesma origem. A medida do ângulo é dada pela abertura entre seus lados. Uma das formas para se medir o ângulo consiste em dividir a circunferência em 360 partes iguais. Cada uma dessas partes corresponde a 1 grau (1º). A perspectiva cavaleira é também chamada de perspectiva cavalheira, porque os desenhos das praças militares eram, geralmente, executados em projeção cilíndrica e o aspecto obtido dava a impressão de que o desenho havia sido colhido da cavaleira, obra alta de fortificação, sobre a qual assentam baterias. É também conhecida como axonométrica oblíqua, pois é uma projeção que pressupõe o observador no infinito e, em conseqüência, utiliza os raios paralelos e oblíquos ao plano do quadro. Essa perspectiva torna uma das três faces do triedro como plano do quadro. Na perspectiva cavaleira, a face da frente conserva a sua forma e as suas dimensões, a face de fuga (eixo X) é a única a ser reduzida. 2.3.2 Perspectiva cavaleira PARA REFLETIR Lembre-se de que o objetivo deste curso não é transformá-lo num desenhista. Mas, exercitando o traçado da perspectiva, você estará se familiarizando com as formas dos objetos, o que é uma condição essencial para um bom desempenho na leitura e interpretação de desenhos técnicos. Figura 12.2: Perspectiva Cavaleira. Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período 228 2.3.3 A perspectiva de observação Agora que já conseguimos perceber alguns dos recursos de representação gráfica, que nos dão a ilusão de profundidade, vamos conhecer os elementos principais da perspectiva geométrica, que trabalha paralelismo e obliqüidade com um e/ou dois pontos de fuga. As formas de perspectiva que vimos até aqui foram utilizadas até o século XV. A partir daí, surge a perspectiva estudada de forma científica, isto é, ela passa a constituir-se num sistema com métodos de aplicação mais sofisticados. Desse sistema podemos destacar uma base mínima de princípios que são fundamentais para o desenho de observação. É o método mais simples e utilizado até os nossos dias. Ele é a base da compreensão da perspectiva. Arquitetos e artistas do século XV utilizaram as mais variadas técnicas na tentativa de formalizar a perspectiva. A perspectiva central é, sem dúvida, bastante sofisticada. Seu desenvolvimento se deve não só a possibilidades culturais específicas surgidas nessa época, mas também à contribuição das áreas científica (conhecimentos rudimentares sobre a fisiologia do olho), tecnológica (fabricação de lentes para instrumentos de navegação, invenção da imprensa, com o conseqüente avanço dos meios de reprodução de ilustrações para textos) e econômica (povos que foram levados ao empreendimento de viagens conquistadoras e exploratórias, possibilitando-lhes a descoberta de novos horizontes). Muito lentamente, artistas e cientistas dessa época deixaram de entender a natureza puramente como uma manifestação da inteligência divina e passaram a vê-la como algo passível de ser compreendido pelo homem. A perspectiva nasceu de um olhar que não é simplesmente visão, mas conhecimento pleno, que pretende ver através de, para todas as partes e em todas as direções com atenção. Um olhar que pretende Figura 13: O olhar do observador esta na linha do horizonte (L.H.). Figura 14: Os pontos de fuga (P.F.) ficam na linha do horizonte. Desenho I UAB/Unimontes 229 conhecer perfeitamente. A palavra grega Skópos, 'mirar', ensina que vemos e compreendemos as coisas a partir de um certo lugar, olhando para uma determinada direção. Assim, a perspectiva tem dois sentidos: ver para frente e ver em profundidade. Visão conquistada pelo artista, graças ao auxílio da geometria, e que faz da perspectiva a ciência geométrica da visão. As figuras 13 e 14 explicam o esquema geral da perspectiva. Como vimos anteriormente, a perspectiva de observação pode também denominar-se perspectiva linear, geométrica ou de projeção cônica, pois com ela é possível traçar um feixe de linhas que converge para um ponto no horizonte. Se traçarmos, a partir de um objeto desenhado, um feixe de linhas em direção a um ponto no horizonte, o feixe nos apresentará uma forma parecida com um cone, tal como podemos observar na figura abaixo: 2.3.4 Elementos constitutivos da perspectiva de observaçãoPara entendermos o desenvolvimento do estudo da perspectiva de Figura 15: Perspectiva com 1 ponto de fuga (P.F) Figura 16: Linha do Horizonte. Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período observação, é necessário conhecermos cada um dos três elementos que a constituem e que estarão sempre presentes em nossos trabalhos. A Linha do horizonte: é a linha imaginária que representa o horizonte ou o nível ocular. Encontra-se sempre à nossa frente, à altura de nossa vista. É uma linha que podemos percorrer com os olhos e que cruza o plano de lado a lado em sentido horizontal, como mostra a figura 16. Um exemplo simples, para que possam compreender o que é Linha do Horizonte (L.H.), basta que você imagine uma linha dividindo o céu e o mar no horizonte. Se ficarmos em pé na praia, temos uma visão ampla do oceano; ao contrário, sentados na areia, temos uma visão limitada. Isso acontece porque, ao ficarmos em pé, ampliamos nosso espaço de visão, pois nosso olhar fica acima da linha do horizonte. B O ponto de vista: chamamos de Ponto de Vista a posição escolhida pelo desenhista para observar o objeto. Ele é o centro do ângulo visual do espectador e se encontra na linha do horizonte. Na figura 14, você pode observar que o ponto de vista está representado pelo cruzamento da linha do horizonte com a linha vertical pontilhada, que representa nossa situação em relação ao horizonte. É como se o objeto de desenho estivesse situado exatamente no centro da linha pontilhada C Os pontos de fuga: denonima-se ponto de fuga os pontos para os quais convergem as linhas imaginárias de nosso desenho. São os pontos de onde saem as linhas de construção do objeto. Esses pontos se localizam na linha do Horizonte. São eles que nos permitem representar as dimensões de altura, largura e 230 Figura 17: Linha do Horizonte vista por uma pessoa em pé Figura 18: Linha do horizonte vista por uma pessoa sentada Figura 19: Ponto de Vista (P.V) Figura 20: (P.V.) Ponto de Vista – (L.H.) Linha do Horizonte, (P.F1) Ponto de Fuga 1, (P.F2) Ponto de Fuga 2. Desenho I UAB/Unimontes profundidade existentes em todos os corpos. Podemos optar pelo uso de um, dois ou três pontos de fuga no desenho; essa opção é determinada pela nossa posição em relação ao objeto. Na figura 20, se considerarmos que a elipse pontilhada é a nossa cabeça dirigindo o olhar para o horizonte, verificamos que nossos olhos formam um campo de visão delimitado por um triângulo, que tem duas de suas linhas indo em direção à linha do horizonte. No ponto de encontro dessas linhas com a linha do horizonte é que se situam nossos pontos de fuga. A-1 Perspectiva com um ponto de fuga - perspectiva paralela: a perspectiva com somente um ponto de fuga, deve ser usada quando temos o objeto situado de modo perpendicular à linha do horizonte. Podemos observar uma de suas faces de maneira completa e sem deformação, isto 231 Figura 21: Perspectiva com um ponto de fuga ou Perspectiva paralela. Figura 22: Perspectiva Paralela (um ponto de fuga). DICAS A coincidência entre o ponto de vista e o ponto de fuga é uma característica exclusiva da perspectiva paralela. Quando determinamos um, já estamos determinando o outro. Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período é, colocada frontalmente diante de nós. Essa face se encontra paralela ao plano do desenho; e as linhas verticais e horizontais mantêm-se paralelas. O efeito de profundidade é conseguido com um único ponto de fuga, para o qual convergem as linhas das faces laterais. Se observarmos as figuras 21 e 22, perceberemos um efeito de volume não muito acentuado; o modelo nos parece um tanto estático. A-2 A Perspectiva com dois pontos de fuga - prspectiva obliqua: na perspectiva oblíqua, somente as linhas verticais mantêm-se sem deformações e paralelas entre si. As demais formam dois feixes que se dirigem à linha do horizonte, cada feixe em direção ao seu ponto de fuga. As faces do modelo são oblíquas em relação ao plano do desenho. Temos, então, uma forte sensação de volume. Tente observar esse efeito, nas figuras 23 e 24. 232 Figura 23: Dois pontos de fuga (P.F1 e P.F2) Figura 24: Perspectiva com dois pontos de fuga (P.F). O olhar fica na linha do horizonte (L.H.). Figura 25: Dois pontos de fuga Desenho I UAB/Unimontes 233 A-3 A variação da linha do horizonte: de acordo com a variação do Nível do olho do espectador, pode haver variação da Linha do Horizonte. Se você estiver, por exemplo, de pé e se sentar, o horizonte irá abaixar. Na figura 25, mostramos o espectador como se estivesse entrando em um bueiro, e notem que o horizonte parece acompanhá-lo, e os objetos parecerão mais altos. O que podemos observar na verdade, é que a Linha do Horizonte acompanha o deslocamento do espectador, o que num primeiro momento pode parecer difícil de assimilar. Mas à medida que você assimilar este conceito, terá maior facilidade em lidar com os objetos e também com as cenas que requerem um traçado em perspectiva.Na figura 26 você poderá observar o desenho de um mesmo objeto, no caso de um cubo, na linha do horizonte, acima e abaixo dela B Perspectiva com três pontos de fuga: perspectiva aérea: na perspectiva aérea, nem as linhas verticais nem as horizontais se mantêm paralelas; três feixes de linha convergem para os respectivos pontos de Figura 26 – A linha do horizonte acompanha o deslocamento do olhar do observador. Figura 27: Perspectiva aérea – 3 pontos de fuga (P.F. 1, P.F. 2 e P.F. 3) Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período 234 REFERÊNCIAS CHING, Francis D. K. Dicionário visual de arquitetura; São Paulo: Editora Martins Fontes, 2000; COUTO, Mozart. Curso Básico de Desenho. São Paulo: Escala 1997. DESENHE E PINTE: Curso Prático Larousse. Barcelona: Altaya, 1997 vol.2. DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991. HALLAWELL, Philip Charles. À mão livre: a linguagem do desenho. São Paulo: Melhoramentos, 1996. ________________. À Mão Livre 2 - Técnicas de Desenho. São Paulo: Melhoramentos, 1996. MARCHESI, Isaías Junior. Desenho Geométrico. São Paulo: Ática. METZGER, Phil, A Perspectiva sem dificuldade. São Paulo: Taschen, 1988. 2 vol. PARRAMON. José M. Como desenhar em perspectiva. Rio de Janeiro: Livro Ibero-Americano, 1986. __________________. A perspectiva na arte. Lisboa: Ed. Presença, 1994. SENAC (RJ).Desenho básico. Rio de Janeiro,1999, (Livro eletrônico). WOODFORD, Susan. A arte de ver a arte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1983. fuga. Dois desses pontos se mantêm na linha do horizonte, e o terceiro se localiza abaixo ou acima dessa linha, conforme a nossa posição em relação à figura, isto é, se a estivermos olhando de cima ou de baixo. Por razões metodológi-cas, a perspectiva aérea deve ser trabalhada com os alunos após o pleno domínio das perspectivas com um e dois pontos de fuga, que são de mais fácil entendimento e visualização. A perspectiva aérea é muito utilizada em desenho comercial, publicitário e de histórias em quadrinhos. Como não é essa a formação oferecida neste curso, mostraremos um exemplo apenas para compreensão do processo:. A perspectiva em um desenho deve ser trabalhada através de planos. Esses planos podem ser supostamente numerados como: 1º plano 2º plano, 3º plano e assim por diante. Portanto, aquilo que vemos na frente está no primeiro plano e, conforme os objetos vão se afastando desse plano, eles estarão posicionados nos planos seguintes e conseqüentemente, mais afastados. Essa distribuição dos elementos nos planos que definimos é que dará a noção de perspectiva. Desenho I UAB/Unimontes Caros acadêmicos, nesta unidade abordaremos algo efetivamente mais voltado para o desenhoartístico. Mostraremos como segurar no lápis e começar a esboçar os primeiros traçados. Você verá que não é difícil, basta treinar muito e se dedicar. Vamos nessa! Podemos entender por desenhar a ação de representar graficamente os objetos, ou qualquer elemento da natureza sobre uma superfície plana, de duas dimensões (altura e largura). É necessário conhecermos os elementos que são utilizados na linguagem visual para dominarmos a representação gráfica, como: ponto, linha, textura, cor e espaços na estrutura e composição. Para a execução do desenho de observação é necessário. antes de iniciar o esboço, compor os elementos observando alguns aspectos, como: as proporções dos elementos a serem desenhados, a luz e a sombra, a simetria, a distribuição dos elementos no espaço. De acordo com Hallawell (1996, p. 15), para obtermos um bom desenho, antes de iniciarmos a distribuição dos objetos e começarmos o esboço, é necessário observarmos alguns pontos importantes: A primeira preocupação é com a boa distribuição dos elementos, “é quando se arranja as flores num vaso (...)”, é distribuir os elementos e ter um bom enquadramento, tomando cuidado com as margens do papel, pois a distribuição dos elementos deve ser feita da forma mais equilibrada possível. Caso isso não aconteça, teremos como resultado traçados desequilibrados, como os que mostramos nas figuras abaixo: 3.1 INTRODUÇÃO AO DESENHO DE OBSERVAÇÃO 3UNIDADE 3O DESENHO ARTÍSTICO 235 Figura 28: Desenho desequilibrado. Figura 29: Desenho Equilibrado. 3.2 ESQUEMAS DE CONSTRUÇÃO DO DESENHO 3.2.1 Como medir usando o lápis Os esquemas de construção do desenho têm grande importância no aprendizado, uma vez que é através das medidas que determinamos as proporções dos objetos. É uma etapa fundamental e requer muita prática, portanto, treinem bastante. Para começarmos esta fase de construção do desenho, introduziremos o método de medir com o lápis, para garantirmos proporções mais exatas aos elementos. Para que vocês desenhem um objeto que está sendo observado, o primeiro passo é o uso de um lápis ou uma haste. Esse instrumento lhes servirá como medidor daquilo que você está vendo. Em seguida, as medidas devem ser passadas para o papel. Iniciem segurando o lápis com o braço esticado, e levante-o até a altura de seus olhos. Mantenha os olhos semicerrados, e em seguida posicione o lápis fazendo com que a extremidade dele coincida, visualmente, com uma das extremidades do objeto. Coloque o dedo no lápis, no local onde você precisa medir (figura 30). O seu dedo servirá como seta, ou marcador, definindo o tamanho daquilo que você está medindo. Pronto, assim você terá medido a largura ou a altura visual do objeto que irá desenhar. (figura 30). Mova o dedo polegar para cima ou para baixo, se estiver medindo a altura de um objeto-medida na vertical. Se for medir a largura do objeto, mova o dedo para direita ou esquerda, realizando medidas na horizontal (figura 30). Assim que você for obtendo essas medidas, passe-as para o papel, até conseguir marcar todo o objeto. É importante ressaltar que as medidas e distâncias devem ser comparadas para que todas estejam dentro de suas proporções. Com esse método é possível medir a proporção relativa de cada uma das partes do modelo. Dessa forma, obtemos medidas comparati- vas de tamanhos para a realização de um desenho proporcional ao modelo. Com a prática veremos que os objetos possuem medidas diversificadas e que ocupam lugares diferentes. 236 Figura 30: Uso do lápis para medir objetos ao realizar um desenho. DICAS Em substituição ao lápis é possível utilizar uma pequena vara de madeira ou uma régua graduada. Trabalha-se da mesma maneira, e com a possibilidade de verificar numericamente o comprimento, a largura e a altura. Desenho I UAB/Unimontes A partir dessa fase de obtenção das medidas, calculamos as medidas do desenho. Nesse momento é comum a tendência de representar no papel as linhas obtidas exatamente do mesmo tamanho em que foram medidas no lápis. Deve-se evitar isso, lembrando-lhes que o modelo pode ser proporcionalmente copiado quanto num tanto em um espaço pequeno selo, ou numa parede, isto é, pode ser proporcionado para qualquer tamanho de superfície. Prestem bastante atenção a estas dicas; elas são muito importantes para quem está começando a praticar o desenho: ?Braço e mão trabalham juntos e livres, sem, entretanto, encostar no papel; ?Não se deve virar o papel; e ?A maneira de pegar no lápis está representada na figura abaixo. É a forma que garante maior liberdade e flexibilidade nos mais diversos traços. Como um bom desenho exige leveza e ao mesmo tempo um traçado firme, devemos treinar um pouco a nossa coordenação motora. Isso poderá ser feito com alguns exercícios simples (figura 32), mas que são de fundamental importância para o principiante. 3.3 DESENHO DE FORMAS ARREDONDADAS Quando observamos um objeto tridimensional é importante conhecermos sua posição e sua perspectiva do mesmo. Os objetos de formas arredondadas possuem três dimensões (altura, largura e profundidade). Podemos encontrar objetos de formas arredondadas nos formatos: cilíndrico, esférico e cônico (figura 33). Seus esboços e desenhos nos exigem muito treino. 237 Figura 31: Maneira de segurar o lápis. DICAS Antes de começarmos os nossos primeiros traçados à mão livre, vamos exercitar a coordenação motora, com alguns exercícios que consideramos fundamentais para os principiantes. Figura 32: Tipos de traçados: exercitando a coordenação motora. Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período 238 3.3.1 O enquadramento: processo de centralização Chama-se de enquadra-mento o processo de centraliza-ção das figuras no desenho. Tomem como referência um ponto qualquer, que poderá ser o centro, isto é, o encontro das medianas da figura que envolve o modelo. Tracem linhas suaves no papel, essas linhas, conhecidas como mediatrizes, servem só como ponto de apoio, e devem ser retiradas ao final. Caso tenham dificuldade para centralizá-las, o recurso é traçar as diagonais, e a partir do ponto de interseção que determina o centro, traçar as mediatrizes. Observe a figura ilustrativa a seguir (figura 34), e veja que o conjunto pode ser enquadrado numa forma que o delineia. Perceba, t a m b é m , q u e n o s e u enquadramento foi deixado um espaço vazio, um pouco maior na parte superior, evitando a impressão de achatamento da figura. Outro recurso de constru- ção é a visualização da figura geométrica que envolve as figuras, tais como: pirâmide, cilindro, cubo, prisma, cone, troncos de cone e de pirâmide etc. Quando começamos a desenhar, é importante passarmos por vários exercícios, desenhando objetos simples como: caixas de sapato, uma garrafa, uma xícara. Para depois passarmos a d e s e n h a r o b j e t o s m a i s Figura 34: Centralizar um desenho. No caso de uma só figura, o aluno deverá traçar as linhas de centro e, em seguida, estabelecer as proporções e grandezas relativas do modelo. DICAS Figura 33: Exemplos de desenhos. Forma cônica, esférica e cilíndrica. Desenho I UAB/Unimontes 239 elaborados. Desenhar é você tentar reproduzir aquilo que está vendo. Observem os desenhos abaixo: Uma vez resolvida essa questão, o aluno estará pronto para esboçar o desenho com traços leves, usando a técnica das horizontais e verticais, até a construção final do modelo, quando então poderá utilizar a borracha para apagar linhas indesejáveis. Importantíssimo! Nesse momento, é necessário que façam muitos exercícios de traçado, lembrando que um bom desenho requer muita prática. Vamos lá! Desenhem, por observação, objetos que tenham a formade cilindros, cones, esferas, e argolas. Vocês devem ter uma infinidade deles à sua volta. Mas é bom que se afastem do modelo 2,5 vezes a altura do dele. 3.3.2 Desenho de formas assimétricas Quando o motivo a ser desenhado for tratar um objeto de forma assimétrica, ou seja, que não tem os dois lados iguais, como é o caso de galhos e ramalhetes (observe a figura 36), por exemplo, devemos iniciar sempre traçando a linha geral do objeto. Só depois disso começamos a esboçar o restante do desenho, conforme explica José Steck. (p. 28). 3.4 PROPORÇÕES E EIXOS CENTRAIS O desenho de observação é um exercício de comparações. O primeiro passo na construção de um desenho deve ser a observação do modelo e a percepção do tamanho da figura ou das figuras. É preciso, portanto, comparar a altura da figura com a sua largura. Em outras palavras, é preciso saber sua proporção. Figura 35: Geometrizando diversos tipos de desenhos. Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período 240 É importante visualizarmos qualquer objeto dentro de um sólido geométrico, que chamamos de geometrizar a figura. Quando vamos desenhar um objeto que possui uma forma arredondada, essa geometrização nos facilita como uma orientadora da forma no espaço, facilitando nosso traçado e domínio da forma. O eixo central é considerado a linha de equilíbrio, define o meio da figura e auxilia na projeção da elipse em sua simetria, facilitando as comparações e definições do traçado do desenho. A profundidade de uma forma arredondada é definida por sua elipse (curva definida), que sugere o efeito tridimensional. A elipse, ao nível dos olhos, é sempre menos profunda do que se olhássemos o objeto com a abertura circular vista de cima. Vendo um objeto de cima, por exemplo, uma xícara, sua abertura superior será vista de forma arredonda. Conforme nosso olhar vai se distanciando ou abaixando, essa abertura deixa de ser redonda e passa a ter um formato de elipse. O grande gênio da Pintura, Leonardo Da Vinci, afirmou que quando já desenhamos repetidas vezes uma mesma coisa, podemos fazê-la definitivamente sem medo. O que significa que devemos praticar bastante e não ter medo de errar. PARA REFLETIR Figura 36: Desenhando formas assimétricas. Fonte: Aprenda a Desenhar (1999, p.26) Figura 37: Eixo central. Figura 38: Elipses. Figura 39: Projeção de elipses. Fonte: Curso de Desenho e Pintura, 1995 p.18 Desenho I UAB/Unimontes 241 Quando desenhamos formas cônicas ou cilíndricas, é importante observarmos o eixo central, ele é o meio da figura e interferirá na projeção da elipse (figuras 37, 38 e 39). Observem que na figura 39 a borda da garrafa, vista de cima, possui uma forma de um círculo, ao levantar a garrafa até o nível dos olhos, a elipse formada pela borda saliente torna-se cada vez menos profunda. A espessura da borda dessa garrafa também diminuirá à medida que olhamos esse objeto mais de frente do que de cima. Figura 40: Acervo particular. DESENHE & PINTE: Curso Prático Larousse. Barcelona: Altaya, 1997 vol. 2. DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991. ESCOLA DE ARTE. Aprenda a Desenhar. Desenho, estudo e ensino. Ed. Globo, 1999. HALLAWELL, Philip Charles. À mão livre: a linguagem do desenho. São Paulo: Melhoramentos, 1996. ________________. À Mão Livre 2 - Técnicas de Desenho. São Paulo: Melhoramentos, 1996. SENAC (RJ).Desenho básico. Rio de Janeiro,1999,(Livro eletrônico). REFERÊNCIAS Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período 242 Nesta unidade, mostraremos a você como conseguimos os efeitos de claro e escuro no desenho. Através deles conseguimos valorizar e criar a sensação de volume e profundidade. Pode parecer difícil no início, mas com calma e disciplina você conseguirá. E só treinar! Depois de dominarem os fundamentos do desenho, e de muito treino, acreditamos que vocês conseguirão desenhar linearmente qualquer objeto. Podemos então, a partir de agora, iniciar outro tipo de desenho, que é o desenho de volume. De acordo com Hallawell (1996, p. 38), “(...) O desenho de volume é completamente diferente do desenho linear (...)”, pois as linhas não indicam qual o plano é o mais escuro, ou seja, onde está mais iluminado ou onde há mais sombra, pois na realidade nem existem linhas na natureza. Embora o desenho linear seja completamente diferente do desenho de volume, sempre iniciamos qualquer trabalho com as linhas. Quando se introduz o volume com luz e sombra, as linhas desaparecem. O efeito de sombra em um objeto desenhado só poderá existir se houver a presença da luz. Cada tipo de luz terá sombras com características próprias. A sombra projetada influencia no desenho do objeto, como observaremos nos desenhos a seguir. A figura abaixo, exemplifica uma escala de valores tonais. Nela você pode perceber que os tons são classificados de acordo coma intensidade da luz, na seguinte ordem: 1 - Luz forte; 2 e 3 - luz intermediaria; 4 e 5 - meio tom; 6 e 7 - luz fraca e 8 - penumbra. Numa gradação de valores, se você semicerrar os olhos, não perceberá interrupções bruscas, mas gradações suaves, que vão do claro ao escuro, como numa aguada. Treine bastante, construa uma escala de valores tonais, como mostramos. E lembre-se, os exercícios com dégradés e texturas deverão ser feitos naturalmente quando do estudo de luz e sombra, pois nesse 4.1 ESCALA DE VALORES TONAIS 4UNIDADE 4LUZ E SOMBRA Figura 41: Escala Tonal – classificação conforme a intensidade da luz. 243 momento já existe motivação suficiente para encontrar as soluções de sombreados e texturas. Veja os exemplos através das figuras abaixo, tente repetir o maior número de vezes possíveis. Em um desenho, o tratamento do claro-escuro é fundamental para representação do volume e da perspectiva. O Curso Prático Larousse (1997, p. 25) aponta para três aspectos a serem considerados sobre a luz e sombra no desenho: direção da luz, quantidade de luz e qualidade da luz. Quanto à direção da luz, podemos observar alguns efeitos de sua incidência sobre o objeto como mostrado na figura 41, texto e ilustração: 1) luz natural; 2) luz artificia;, 3) luz difusa; 4) contraluz; 5) luz que vem do alto do objeto, e ainda luz que vem de baixo do objeto; 6) luz horizontal; 7) luz de frente; 8) luz que vem de trás do objeto e luz que vem do lado do objeto. Figura 42: Incidência da luz sobre o objeto desenhado. Artes Visuais Caderno Didático - 1º Período 244 Sobre a quantidade de luz, podemos observar que, dependendo da intensidade da iluminação que atinge um objeto, essa incidência poderá provocar maior ou menor contraste, resultando na sombra. A qualidade da luz é outro fator a ser observado. Devemos entender por qualidade da luz as características dela mesma, que dependem de sua natureza e das condições a partir das quais ela incide no modelo. Por exemplo: luz natural, luz artificial e luz difusa. Através do contraste claro/escuro, a luz articula uma vibração no espaço. Nas áreas onde se vêem simultaneamente valores diferentes, o claro dá a ilusão de aproximação e o escuro de afastamento. Quanto maior o contraste é mais visível o efeito da vibração. O claro dá a sensação de proximidade em relação ao observador; e o escuro ao contrário dá a sensação de profundidade e de afastamento em relação ao expectador. ?Para compreender melhor o efeito do claro escuro, fareis abaixo algumas definições: ?luz: raio do foco luminoso; ?meia-tinta: valor de uma cor situada entre a luz e a sombra. No desenho em preto e branco, as meias tintas correspondem aos tons cinzas; ?reflexo: Falsa luz enviada por um objeto, que está iluminado, em direção a outro objeto; é a reverberação da luz; ?sombra: parte do espaço ou de um corpo sólido colocado
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