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Princípios de preparo para prótese fixa O sucesso do tratamento com prótese é determinado através de três critérios: longevidade da prótese, saúde pulpar e gengival dos dentes envolvidos e satisfação do paciente. Para alcançar esses objetivos, o cirurgião deve saber executar todas as fases do tratamento, tais como exame, diagnóstico, planejamento e cimentação da prótese. Todas as fases principais e intermediárias são importantes e uma depende da outra. De nada adianta o dente estar preparado corretamente se as outras fases são negligenciadas. O preparo dental não deve ser iniciado sem que o cirurgião-dentista saiba quando indicá-lo e como executá-lo, buscando preencher os 3 princípios fundamentais para conseguir preparos corretos: mecânicos, biológicos e estéticos. Para se obter sucesso com restaurações indiretas, além do correto diagnóstico, o preparo é uma das fases mais importantes. É através dele que a restauração será mantida em seu lugar. Segundo Shillingburg et al. (1998, p.99), existem cinco princípios que determinam o tipo e execução dos preparos para as restaurações. 1 - Preservação da estrutura dentária 2 - Retenção 3- Resistência ou Estabilidade 3 - Rigidez estrutural 4 - Integridade das margens 5 - Preservação do periodonto Preservação de Estrutura Dentária A preservação deve ser um passo consciente do cirurgião dentista, antecipando o prognóstico para que conserve os tecidos sadios, devolvendo ao dente a função, preferencialmente de forma estética e que proteja o remanescente. Com o aperfeiçoamento da cimentação adesiva, os preparos tornaram-se cada vez mais conservadores. Existe um consenso entre os autores de que a estrutura dental sadia deve ser preservada para se conseguir uma restauração forte e retentiva. Em alguns casos, porém, para se obter essa preservação pode ser preciso remover pequena quantidade de estrutura dental sadia, a fim de evitar a perda descontrolada de quantidade maior no futuro. (SHILLINGBURG, 1998, p.99) Princípios Mecânicos Retenção: O preparo deve apresentar certas características que impeçam o deslocamento axial da restauração quando submetida às forças de tração. A retenção depende basicamente do contato existente entre as superfícies internas da restauração e as externas do dente preparado. isto é denominado retenção friccional. As paredes do preparo devem possuir inclinações que propiciem retenção e possibilidade de escoamento do cimento, que podem variar de acordo com as dimensões da coroa. Quanto maior a coroa clinica de um dente preparado, maior será a superfície de contato e retenção final (PEGORARO et al., 2002, p.45; SHILLINGBURG et al., 1998, p.101), maior será também a liberdade de expulsividade. Quanto mais paralelas as paredes axiais do dente preparado, maior será a retenção friccional da restauração. Porém, o aumento exagerado da retenção friccional irá dificultar a cimentação da restauração pela resistência ao escoamento do cimento, impedindo o seu assento final e, consequentemente, causando um desajuste oclusal e cervical da restauração. A presença de sulco é ligeiramente importante em preparos extremamente cônicos. Portanto, sem a presença de um plano de inserção definido, para limitar a remoção e inserção da coroa em uma única direção e, assim, reduzir a possibilidade de deslocamento. A área do preparo e sua textura superficial são aspectos também importantes na retenção; quanto maior a área preparada, maior será a retenção. Quanto à textura superficial tem que se considerar que a capacidade de adesão dos cimentos dentários depende basicamente do contato deste, com as microrretenções existentes na superfície do dente preparado e da prótese. Caixas, sulcos e canaletas são elementos de retenção que tem por finalidade aumentar a área de fricção e limitar movimentos. Resistência ou Estabilidade: A forma de resistência ou estabilidade conferida ao preparo previne o deslocamento da restauração quando submetidas à forças oblíquas, que podem provocar a rotação da restauração. Por isso é importante que se saiba quais são as áreas do dente preparado da superfície interna da restauração que podem impedir este tipo de movimento. Existem diversos fatores diretamente relacionados com a forma de resistência do preparo. Magnitude e direção da força Relação altura/largura do preparo Integridade do dente preparado Rigidez estrutural: O preparo deve ser executado com um certo volume de desgaste de tal forma que a restauração apresente espessura suficiente de metal (para as coroas totais metálicas), metal e porcelana (para as coroas de porcelana pura), para resistir as forças mastigatórias e não comprometer a estética e o tecido periodontal. Para isso, o desgaste deverá ser feito seletivamente de acordo com as necessidades estética e funcional da restauração. Um espaço oclusal insuficiente faz com que a restauração enfraqueça, deixando uma anatomia plana e pouco definida da face oclusal, facilitando sua perfuração durante o acabamento ou em virtude do desgaste natural. (SHILLINGBURG et al., 1998, p.105) Integridade Marginal: O objetivo básico de toda restauração cimentada é estar bem adaptada e com uma linha mínima de cimento, para que a prótese possa permanecer em função o maior tempo possível, num ambiente desfavorável, que é a boca. Margens inadequadas facilitam a instalação do processo patológico do tecido gengival que, por sua vez, irá impedir a obtenção de próteses bem adaptadas. Assim, o controle da linha de cimento exposta ao meio bucal e a higiene do paciente são fatores que aumentam a expectativa de longevidade da prótese. As margens devem estar em estrutura dental sadia, preferencialmente em esmalte (BARATIERI et al., 2001, p.560), e bem adaptadas á linha de contorno marginal do preparo (SHILLINGBURG et al., 1998, p.102) Princípios Biológicos - Preservação do órgão pulpar e do periodonto O desgaste excessivo está diretamente relacionado à retenção e saúde pulpar, pois além de diminuir a área preparada prejudicando a retenção da prótese e a própria resistência do remanescente dentário, nos dentes anteriores, principalmente, pode trazer danos irreversíveis à polpa, como inflamação, sensibilidade, etc. Por outro lado, o desgaste insuficiente está diretamente relacionado ao sobrecontorno da prótese e, consequentemente, aos problemas que isso pode causar em termos de estética e prejuízo para o periodonto. Um dos objetivos principais da reabilitação com prótese fixa é a preservação da saúde do periodonto. Vários são os fatores diretamente relacionados à esse objetivo: higiene oral, forma, contorno de localização da margem cervical do preparo. A melhor localização do término cervical é aquela em que o profissional pode controlar todos os procedimentos clínicos e o paciente tem condições efetivas de higienização. Assim é vital, para a homeostasia da área, que o preparo estenda-se o mínimo dentro do sulco gengival, exclusivamente por razões estéticas. Os pacientes que pertencem ao grupo de risco à cárie não devem ter o término cervical colocado aquém do nível gengival. De acordo com Pegoraro, et al. e Shillinburg et al, a melhor localização da linha de término e aquela nas quais as margens possam ser bem-acabadas pelo dentista e em áreas que os pacientes possuam condições adequadas de higienização. Sempre que possível as margens devem ser localizadas em esmalte. (SHILLINGBURG et al., 1998, p.109) 0 preparo subgengival dentro dos níveis convencionais de 0,5 a 1,0mm não traz problemas para o tecido gengival desde que a adaptação, forma, contorno e polimento da restauração sejam satisfatórios e o paciente consiga higienizar corretamente a área. (PEGORARO et al., 2001, p.51) Princípios Estéticos A estética depende, basicamente, da saúde periodontal, forma, contorno e cor da prótese. Para atingir esses objetivos, há que se preservar o estado de saúde do periodonto, confeccionar restaurações com forma, contorno e cor corretos. Fatores estes que estão diretamente relacionadoscom a quantidade de desgaste da estrutura dentária. Se o desgaste é insuficiente para uma coroa metalo-cerâmica, a porcelana apresentará espessura insuficiente para esconder a estrutura metálica, o que pode levar o técnico a compensar essa deficiência aumentando o contorno da restauração. Tipos de término cervical É a linha de término de um preparo. Todo limite cervical deve ser preparado em tecido dentário, preferencialmente em esmalte, e deve ser uniforme e liso. Apresenta diferentes configurações de acordo com o material a ser empregado para a confecção da coroa. O térmico cervical dos preparos pode apresentar diferentes configurações de acordo com o material a ser empregado para a confecção da coroa. Ombro ou degrau: a parede axial do preparo forma um ângulo de aproximadamente 90° com a parede cervical, indicado para coroa de porcelana pura; Ombro ou degrau biselado: ocorre formação de ângulo de aproximadamente 90° com a parede axial e cervical, com biselamento da aresta cavo-superficial; Chanfro: a junção entra a parede axial e gengival é feita por um segmento de círculo, que deverá apresentar espessura suficiente para acomodar metal e faceta estética. É considerado o ideal, pois, tem-se um melhor escoamento do cimento, menor linha de cimento e é mais conservador, indicado para coroas metalo-cerâmicas; Chanfro largo: coroa metal free Para coroas cerâmicas o ombro é muito utilizado pois minimiza tensões e sua grande superfície garante resistência contra forças oclusais, além de produzir bons resultados estéticos. Porém apresenta como desvantagem a necessidade de destruição de maior quantidade de estrutura dentária do que em qualquer outro tipo de linha de terminação. (SHILLINGBURG et al., 1998, p.107)