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PROCESSO ATEROSCLEROTICO E INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO TERAPIA NUTRICIONAL NAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES PROFª MS. DANIELA DE ARAÚJO MEDEIROS DIAS PROFª DRª ANA LÚCIA R. SALOMON ESTUDO DE CASO L.O.A., homem, 58 anos, hipertensão controlada (em uso de Atacand 16mg). Faz atividade física há 6 meses: Musculação (3x semana 40’) + Spinning (2x semana – 1h) + Tênis (2x semana – 1h). Há 6 meses teve IAM (5 dias de internação + angioplastia). Antropometria Peso: 82,7kg A:164cm CC:105cm Exames laboratoriais Glicemia jejum: 107mg/dL Colesterol total: 235mg/dL Triglicerídeos:330mg/dL Colesterol HDL:36mg/dL Colesterol LDL:133mg/dL Consumo habitual 2400 Kcal (39,71% CHO, 38,52% Lip, 21,78% Ptn) – fracionamento 7 refeições/dia. 2 porções fruta/dia; 1 porção hortaliça/dia. CARDIOVASCULOPATIAS Aterosclerose Dislipidemias Hipertensão arterial sistêmica (HAS) Doença arterial coronariana (DAC) Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) Tx Cardíaco Causas de mortalidade no Brasil em 2004 e os subtipos de doença como a cerebrovascular e a coronariana Em 2030, quase 23,6 milhões de pessoas morrerão por DCV No Brasil: ▪ A principal causa de mortalidade em todas as regiões é o AVE ▪ 2005: DAC - responsáveis por 31,5% dos óbitos. ▪ 2006: DAC representaram 10,1% do total de internações (WHO, 2009, Godoy MF, 2007) HISTÓRICO ESTUDO FRAMINGHAM 1948 – Estudo Epidemiológico em Framingham, MA, 28.000 hab – Incidência e prevalência da DCV e fatores associados Coorte inicial: 5.209 pessoas (30 e 62 anos) – atualmente : filhos e netos. Conceito de fatores de risco e proteção FR: idade, gênero, PA, LDLc, tabagismo e hipertrofia ventricular esquerda O escore de Framingham prevê o risco de evento IAM ou mortalidade em 10 anos. http://www.framinghamheartstudy.org/ Outros escores: 1ª Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular (2013) DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS Fatores socioeconômicos, culturais, políticos e ambientais ▪Globalização ▪Urbanização ▪Envelhecimento populacional Fatores de risco modificáveis Tabagismo▪ Consumo abusivo de ▪ álcool Dieta não saudável▪ Sedentarismo▪ Fatores de risco não modificáveis Idade▪ Sexo▪ Hereditariedade▪ Fatores de risco intermediários ▪Elevação da pressão arterial ▪Elevação da glicemia ▪Dislipidemia ▪Excesso de peso e obesidade Desfechos ▪Cardiopatias ▪Acidente vascular encefálico ▪Câncer ▪Diabetes ▪Doença respiratória crônica Bonita et al ,2008. ATEROSCLEROSE Aterosclerose: É a causa mais comum de DAC e de mortalidade associada Doença inflamatória, multifatorial: LDL/HDL elevado monócitos penetra a intima macrófagos + LDL oxidada células espumosas e ateroma Disfunção endotelial: início do processo aterosclerótico, pela dislipidemia, tabagismo, obesidade, diabetes e dieta rica em gorduras saturadas e colesterol É uma condição limitada que pode ser modificada pela dieta e outras mudanças no estilo de vida PREVENÇÃO: Reduz a incidência de inflamação, disfunção endotelial, trombose e placas ATEROSCLEROSE Doença de parede arterial - Médio calibre (carótida, coronárias, mesentérica, renal, femoral) - Grande calibre (aorta) Camada íntima: placas com cerne lipídico envolto por placa fibrosa. Interior: células mononucleares e musculares lisas Isquemia por demanda / Trombo oclusivo ATEROSCLEROSE Lesão Inicial propensão Estria gordurosa Placa Ateroma Bifurcações Porções proximais DOENÇA ATEROSCLERÓTICA OU ATEROSCLEROSE Doença inflamatória crônica de origem multifatorial resposta à agressão endotelial exposição aos fatores de risco funcionalidade do endotélio (+ permeável) > entrada de LDL início do processo Lesões com aspecto de placas (ricas em material gorduroso) Aumento da placa estreitamento da artéria circulação reduzida ou ocluída Rompimento da placa e formação de trombos Giannini SD. Rev. Soc. Cardiol Estado de São Paulo 2000;10(6): 677-85 CONSIDERAÇÕES ATEROSCLEROSE Disfunção endotelial e remodelamento vasc + Consequências: - Obstrução gradual lúmen - Fraqueza da parede arterial (aneurismas) - Trombose da placa IAM, AVE, Isq. Mesent Ativação leucócitos interior Instabilidade ATEROSCLEROSE ➢ Processo lento, porém progressivo, que dura por toda a vida ➢ Prevenção primária: ↓ dos fatores de risco da DC aterogênica na população ➢ Estudo INTERHEART (Lancet, 2004) – 52 países nos 5 continentes: Nove fatores de risco possíveis de prevenção são responsáveis por 90% dos infartos do miocárdio: - Tabagismo; - Perfil de colesterol alterado; - Diabetes; - HAS; - Estresse; - Obesidade abdominal; - Estilo de vida sedentário; - Baixo consumo de frutas, verduras e legumes; - Ingestão de álcool SHILLS, M.E. e cols. Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença, 10 ed. Ed. Manole, 2009 ATEROSCLEROSE Aterosclerose Doença➢ Dislipidemia aterogênica Cardiovascular Aterosclerótica Dislipidemia✓ aterogênica: distúrbio caracterizado por diversas anormalidades da lipoproteína que ocorre simultaneamente em uma mesma pessoa. Ensaios Clínicos controlados✓ : Evidência: ↑ Colesterol ↑ DC aterosclerótica ↓ Colesterol ↓ DC aterosclerótica LDL: ✓ principal lipoproteína do soro transportadora do colesterol + aterogênica de todas as lipoproteínas LDL-C: principal alvo do tratamento (NCEP, 2001 – National Cholesterol Program) SHILLS, M.E. e cols. Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença, 10 ed. Ed. Manole, 2009 FISIOPATOLOGIA DA ATEROSCLEROSE PROCESSO DINÂMICO, EVOLUTIVO, SISTÊMICO Acúmulo de material lipídico no espaço intra e extracelular da camada íntima do endotélio, recoberto por capa fibrosa PROCESSO INFLAMATÓRIO NOS VASOS = ( LDL/HDL - lesão do endotélio – permite entrada de LDL e LDL oxid na tunica intima) + (adesão do monócito ao endotélio lesado – diapedese – na túnica intima, se transforma em macrófago – absorve lipídio – células espumosas – libera citocinas) + alteração célula muscular – tecido fibrosado = PLACA ou trombo O PROCESSO DE ATEROSCLEROSE (KRAUSE, 2010) A consequência clínica de função arterial prejudicada depende do local da lesão: ✓ Artérias coronárias: Angina, IAM e morte súbita ✓ Artérias cerebrais: AVE e ataque isquêmico transitório ✓ Circulação periférica: Isquemia do membro e gangrena Steinberg D et al. N Engl J Med 1989;320:915-924. Endotélio Lúmen do vasoLDL LDL entra no endotélio onde pode ser modificada LDL Outras modificações oxidativas PAPEL DA LDL NA ATEROSCLEROSE PLACA ATEROSCLERÓTICA Retomando... ✓LDL circulante endotélio INÍCIO DO PROCESSO DE ATEROSCLEROSE ↓ ↓ ✓Espaço subendotelial modificação LDL várias maneiras (oxidação) ↓ ✓Resposta inflamatória (infiltração de macrófagos, absorção de lipídeos, formação de músculo liso e deposição de colágeno) Placa Aterosclerótica (Bloqueiam parcial ou totalmente o fluxo sanguíneo) *Áreas ricas em lipídeos de placas avançadas são susceptíveis à ruptura, o que pode precipitar uma síndrome coronariana aguda (INFARTO DO MIOCÁRDIO) Estrutura arterial normal Redução do lúmem arterial Placa aterosclerótica (Circ Res. 2016;118:547-563. DOI: 10.1161/ CIRCRESAHA.115.306249.) Key Words: atherosclerosis ■ cardiovascular diseases ■ lipids ■ prevention & control ■ risk factors Lipoproteínas ricas em TG são preditores fortes e independentes para a Doença Cardiovascular Aterosclerótica e causa total de mortalidade. HiperTG(580 mg/dL): risco maior em 5.1x para IAM; 3.2 x para doença cardíaca isquêmica; 3.2x para AVEi; 2.2 x para mortalidade global. Associa-se ainda a inflamação de baixo grau. INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO RELEVÂNCIA CLÍNICA 30% letalidade Sequelas: IC, arritmias ventriculares malignas 50% óbitos 1ª hora 1986: trombolíticos óbito intra-UH 6,5% EPIDEMIOLOGIA – IAM Segunda causa de morte nos países industrializados EUA: 565 mil casos novos e 300 mil casos recorrentes de IAM por ano, causando 221 mil mortes 1 IAM a cada 40 segundos (2009) Brasil: principal causa isolada de morte, ocorrendo de 300 a 400 mil casos anuais e um óbito em 5 a 7 casos INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) ✓ Evolução de placa aterosclerótica em placas complicadas e formação de TROMBOS CORONARIANOS é a causa mais frequente de IAM necrose do músculo cardíaco em resultado de insuficiente perfusão. Nomenclature na criteria for diagnosis of ischemic heart disease. Circulation. 1979; 59(3): 607-9 DEFINIÇÕES Infarto: necrose de porção tecidual IAM: evento coronariano agudo cuja evolução natural converge para a necrose miocárdica macroscópica Com Supra de ST transmural: 60-70% Oclusão Trombótica Aguda PATOGENIA E FISIOPATOLOGIA Oclusão aguda de artéria coronária epicárdica Mais de 95% trombose intracoronariana adjacente placa ateromatosa rota 5%: outras causas não ateromatosas CASCATA ISQUÊMICA Oclusão déficit contrátil segmentar (acinesia ou discinesia) Área isquêmica grande: > 15% VE = ↓ FE >25% = IVE +/- EAP > 40% = Choque Mais 80% sem IC ou choque Disfunção diastólica é mais comum FATORES DETERMINANTES DE NECROSE Capacidade da rede de colaterais Demanda metabólica miocárdica – O2 (sistema adrenérgico aumenta demanda) Reperfusão Miocárdica Precoce – esp 30% Necrose: 30 minutos da oclusão até 6-12h EXPANSÃO DO INFARTO Remodelamento cardíaco por má cicatrização da área de necrose transmural - Papel da Angio II FISIOPATOLOGIA ✓ Causa: limitação do fluxo coronário levando à necrose do músculo cardíaco, que pode ser por vasoespasmo e/ou trombose. ✓ Formação do TROMBO: placas de ateroma substâncias pró-inflamatórias agregação plaquetária ativa cascata de coagulação = TROMBO. ✓ Estreitamento lúminal – reduz o fluxo sanguíneo / oferta de oxigênio. CUPPARI, 2015 FATORES DE RISCO IV Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio, 2009. SINTOMATOLOGIA ✓ Dor precordial de forte intensidade com sensação de opressão ou queimação e/ou fenômenos neurovegetativos (sudorese, palidez, taquicardia); ✓ Enzimas cardíacas: CKMB* e troponina; ✓ Eletrocardiograma: - Lesão ≥ 2 derivações ou bloqueio de ramo E CUPPARI, 2015 TRATAMENTO Administração de trombolíticos Administração de O2: [ O2 ] dor e isquemia Reperfusão miocárdica: medicamentos (agentes fibrinolíticos) ou intervenções mecânicas (angioplastia) UTI (Unidade Coronariana) por 72 horas Deambulação no 4º ou 5º dia pós IAM IV Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio, 2009. TERAPIA NUTRICIONAL PÓS IAM Objetivos Diminuir a sobrecarga cardíaca, prevenindo o aumento do consumo de oxigênio pelo músculo cardíaco, por meio de uma alimentação equilibrada Promover a recuperação e/ou a manutenção do estado nutricional, considerando idade, sexo, peso e presença ou não de doenças associadas. I Diretrizes Nutricionais em Cardiologia - SOCESP 2001 TERAPIA NUTRICIONAL PÓS IAM Fase 1 Jejum nas primeira doze horas após o evento Fase 2 A dieta poderá ser iniciada após estabilização do quadro clínico (normalmente no 1º PIM), resolução clínica ou cirúrgica Fracionamento: 4 a 6 refeições/dia Consistência: Leve (a fim de facilitar a mastigação e digestão) I Diretrizes Nutricionais em Cardiologia - SOCESP 2001 TERAPIA NUTRICIONAL PÓS IAM Fase 3 A partir de 48h pós IAM e na ausência de complicações (2º PIM) Fracionamento: 4 a 6 refeições/dia Consistência: branda geral (3° PIM) Característica: em fibras alimentares (auxiliar o bom funcionamento intestinal) I Diretrizes Nutricionais em Cardiologia - SOCESP 2001 Portaria nº 337, 14/04/99 Agência Nacional de Vigilância Sanitária - MS OBSERVAÇÕES IMPORTANTES Evolução gradual da consistência Tratamento das demais condições clínicas do paciente Motoras: dificuldade em cortar, servir ou mastigar Diabetes, hipertensão, etc. TERAPIA NUTRICIONAL PÓS IAM Alta Hospitalar Traçar o plano de conduta nutricional dando subsídios para que o paciente possa dar continuidade ao tratamento após a alta hospitalar Summary of the NCEP Adult Treatment Panel III Report. JAMA 2001; 285(19): 2486-97 Consultório Ambulatório Nutrição Rev HUPE. Jul/Dez - 2009 Vol. 8 , N. 2 Rev HUPE. Jul/Dez - 2009 Vol. 8 , N. 2 ESTUDO DE CASO L.O.A., homem, 58 anos, hipertensão controlada (em uso de Atacand 16mg). Faz atividade física há 6 meses: Musculação (3x semana 40’) + Spinning (2x semana – 1h) + Tênis (2x semana – 1h). Há 6 meses teve IAM (5 dias de internação + angioplastia). Antropometria Peso: 82,7kg A:164cm CC:105cm Exames laboratoriais Glicemia jejum: 107mg/dL Colesterol total: 235mg/dL Triglicerídeos:330mg/dL Colesterol HDL:36mg/dL Colesterol LDL:133mg/dL Consumo habitual 2400 Kcal (39,71% CHO, 38,52% Lip, 21,78% Ptn) – fracionamento 7 refeições/dia. 2 porções fruta/dia; 1 porção hortaliça/dia. ESTUDO DE CASO 1. Qual o diagnóstico Nutricional? 2. Avalie os exames laboratoriais, discuta os valores apresentados e classifique o tipo de dislipidemia. 3. Esse indivíduo apresenta SM? Quais os critérios de classificação para síndrome metabólica? Discuta. 4. Considerando seu consumo habitual, e as questões anteriores, como seria sua conduta (prescrição e orientações) nesse caso?
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