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DAMS_AND_THE_WORLDS_WATER_traducao

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Comissão Internacional de Grandes Barragens
Um Livro Educativo que Explica como as Barragens
Ajudam a Administrar a Água do Mundo
A Comissão Internacional de Grandes Barragens (CIGB) foi 
fundada em Paris, em 1928.
(n.1)É composta atualmente de 88 países e 10 mil membros individuais: empresas 
de Engenharia, Consultores, Construtores, Empreiteiras, Cientistas, 
Pesquisadores, Engenheiros, Professores Universitários, Governos, Instituições 
Financeiras, Associações..
A CIGB é a organização profissional líder na área de barragens, promovendo a 
tecnologia de engenharia de barragens e apoiando o desenvolvimento e a 
gestão dos recursos hídricos de maneira social e ambientalmente responsáveis 
para atender à demanda mundial. 
A CIGB é um fórum para o intercâmbio de conhecimento e experiência em 
engenharia de barragens. Com uma assembléia anual em um país diferente a 
cada ano, e um congresso a cada três anos, acumulou quase um século de 
conhecimentos.
A busca permanente pelo progresso é organizada por meio de 24 Comitês 
Técnicos e 500 especialistas em temas específicos. A CIGB também promove a 
conscientização do público quanto ao papel benéfico das barragens no 
desenvolvimento sustentável e na gestão dos recursos hídricos mundiais. 
A CIGB é líder em sua área, estabelecendo padrões e diretrizes para garantir que 
as barragens sejam construídas com segurança, economia, e de maneira 
ambiental e socialmente sustentáveis.
Sobre a CIGB
As informações, análises e conclusões deste documento não têm respaldo legal e não devem ser consideradas substitutivas de 
regulamentos oficiais com força de lei. Elas são dirigidas ao uso de profissionais experientes que estão aptos a julgar sua 
pertinência e sua aplicabilidade, e a aplicar com precisão as recomendações a qualquer caso particular.
Este documento foi redigido com a máxima atenção. À luz do ritmo das mudanças na área de ciência e tecnologia, entretanto, 
não podemos garantir que cubra todos os aspectos dos tópicos discutidos.
Isentamo-nos de toda e qualquer responsabilidade em relação a como as informações contidas neste documento serão 
interpretadas e utilizadas, e não aceitaremos nenhuma responsabilidade por quaisquer danos ou prejuízos resultantes de tais 
informações.
Por favor, não continue a ler este documento a menos que aceite este termo de responsabilidade sem reservas.
AVISO – TERMO DE RESPONSABILIDADE:
Comissão Internacional de Grandes Barragens
&
As BARRAGENS
a Água do Mundo
Um Livro Educativo que Explica como as Barragens
Ajudam a Administrar a Água do Mundo
Com imenso contentamento, o Núcleo Regional do Paraná do Comitê Brasileiro de 
Barragens – CBDB traz a público esta tradução para o português do livro original em 
inglês intitulado Dams & The World´s Water – An Educational Book that Explains how 
Dams Help to Manage the World´s Water.
Trata-se de publicação elaborada por especialistas* que compõem o Comitê de 
Conscientização e Educação do Público (Committee on Public Awareness and Education) 
da Comissão Internacional de Grandes Barragens (ICOLD – International Commission on 
Large Dams – CIGB Commission Internationale des Grands Barrages). 
O trabalho decorreu de um pedido feito àquele Comitê pelo Eng. Cássio B. Viotti, 
brasileiro, Presidente da CIGB à época. Em resposta, seus integrantes, percebendo a 
importância e o alcance do desafio lançado, se doaram à tarefa com esmero e dedicação, 
de cujos resultados poderão os leitores aqui desfrutar. Nossas congratulações a eles e a 
seus colaboradores pela autoria desta magnífica obra.
Como sabemos, a água é elemento essencial à vida, em todos os seus aspectos, e, 
portanto, sustentáculo da civilização humana. A necessidade de dispor 
permanentemente da água em muitas situações se confronta com a escassez provocada 
pelas inconstâncias do ciclo hidrológico. Para superar essa dificuldade, o engenho 
humano criou formas para armazenamento e distribuição controlada da água ao longo 
do tempo, utilizando obstáculos artificiais aos cursos de água: as barragens.
O livro busca, então, esclarecer o público em geral, de modo simplificado e com rigor, 
acerca dos “fatos básicos sobre o papel benéfico das barragens para o armazenamento e 
gestão da água, produção de alimentos, geração de eletricidade e proteção contra 
enchentes”. 
Desses esclarecimentos, nos desperta especial atenção a possibilidade do emprego 
de barragens no controle de enchentes (item 11.3), predicado que, embora não seja por 
nós desconhecido, poderia ser mais intensamente aproveitado, considerando a 
recorrência de inundações que há tempos assolam várias regiões do Brasil.
Nesse sentido, o texto discorre sobre a água, seus usos, população, demandas e 
distribuição no mundo, bem como trata da construção e operação de barragens em face 
das sérias e desafiadoras questões ambientais. Lança também um olhar para o futuro, 
antevendo as necessidades de água para o século XXI e relembrando a possibilidade do 
uso múltiplo dos reservatórios formados por barragens. Leva em consideração a 
afirmação da ONU de que a gestão de recursos hídricos mundiais é um ingrediente 
“BARRAGENS E A ÁGUA NO MUNDO”
* Ver nominata ao final da tradução
APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO BRASILEIRA
- Um livro educacional que explica como as Barragens ajudam
no gerenciamento da água no mundo -
I
essencial à consecução de todas as Metas de Desenvolvimento do Milênio, o que inclui o 
combate à fome e à pobreza, e a melhora das condições de saúde da população.
Assim, o Núcleo Regional do Paraná cumpre seus propósitos de compartilhar 
conhecimentos acumulados e de divulgar as realizações do CBDB e da CIGB à sociedade, 
com especial atenção à comunidade técnica atuante na engenharia de barragens, que 
terá desta publicação uma resenha atual centrada na gestão de recursos hídricos. Do 
mesmo modo, se espera que este livro seja proveitoso para universitários e alunos de 
escolas técnicas do Paraná e do Brasil.
A tradução deste livro tornou-se realidade graças ao patrocínio da ITAIPU Binacional, 
por meio da dedicada atuação de sua Assessoria de Comunicação Social, que contou com 
o apoio técnico do CEASB - Centro de Estudos Avançados em Segurança de Barragens, 
órgão vinculado à Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI), e ao inestimável apoio 
institucional da COPEL - Companhia Paranaense de Energia e da Companhia Paranaense 
de Saneamento SANEPAR, empresas sócias do CBDB no Estado do Paraná.
Manifestamos nossa gratidão a todas as pessoas que, de algum modo, contribuíram 
para a realização deste trabalho, em particular aos ex-diretores e sócios do CBDB 
vinculados ao Núcleo Regional do Paraná. 
Especialmente, por terem tomado as decisões que viabilizaram a publicação, nosso 
reconhecimento e gratidão a Luiz Berga e Michel de Vivo, respectivamente Presidente e 
Secretário-Geral da CIGB, Edilberto Maurer, Presidente do CBDB, Jorge Miguel Samek, 
Diretor Geral Brasileiro da ITAIPU Binacional, Rubens Ghilardi, Presidente da COPEL e 
Stênio Jacob, Presidente da SANEPAR. De igual modo, nossos agradecimentos à Texto Faz 
Comunicação, pela tradução, a Gilmar Antonio Piolla, Assessor de Comunicação Social da 
ITAIPU, pelo gerenciamento técnico da edição, e a Pedro Paulo Sayão Barreto, 
Superintendente do CBDB, pelas informações e subsídios setoriais fornecidos.
Por fim, espera-se que, ao verter este livro para o português, seja ampliada a 
propagação de seus conteúdos, proporcionando aos leitores não somente conhecer e 
utilizar as informações disponíveis, mas primordialmente sobre elas refletir.
Boa leitura a todos!
A Diretoria
Núcleo Regional do Paraná do CBDB
“O consumo de água tem crescido no último século a um ritmo mais de doze 
vezes superior ao da população mundial. Por esse motivo, a gestão sustentável, 
eficaz e equitativa de recursos hídricos cada vez mais escassosserá o desafio 
chave para os próximos cem anos.” (FAO)
22 de março – Dia Mundial da Água (ONU-1993)
II
ICOLD - CIGB
Diretoria
Presidente:
Secretário-Geral:
Vice-Presidentes:
Luis Berga (Espanha)
M. de Vivo
N. Matsumoto (Japão)
M.Bartsch (Suécia)
E. Maurer (Brasil)
B. Tardieu (França)
A. Marulanda (Colômbia)
P. Mulvihill (Nova Zelândia)
COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS - CBDB
Diretoria
Presidente:
Vice-Presidente:
Diretor Técnico:
Diretor de Comunicações:
Diretor Secretário:
Diretor Adjunto:
Diretor Adjunto:
Superintendente:
Edilberto Maurer
Erton Carvalho
Brasil Pinheiro Machado
Marcos Luiz Vasconcellos
Paulo Coreixas Junior
Cássio Baumgratz Viotti
Armando José da Silva Neto
Pedro Paulo Sayão Barreto
NÚCLEO REGIONAL DO PARANÁ - NRP
Diretoria
APOIO INSTITUCIONAL
PATROCÍNIO
Tradução
Texto Faz Comunicação S/S Ltda.
Organizador
Miguel Augusto Zydan Sória
Assessoria de Comunicação Social - CS.GB
Fundação Parque Tecnológico Itaipu - FPTI
CEASB - Centro de Estudos Avançados em Segurança de Barragens
Diretor Regional:
Secretário: 
Tesoureiro:
BINACIONAL
Miguel Augusto Zydan Sória 
José Marques Filho 
Paulo César Akhasi
- CRÉDITOS DA EDIÇÃO BRASILEIRA -
AS BARRAGENS E A ÁGUA DO MUNDO
Um livro educativo que explica como as barragens ajudam a administrar 
a água do mundo
Título original em inglês
Dams & The World´s Water
An Educational Book that Explains how Dams Help to Manage the 
World´s Water
COMISSÃO INTERNACIONAL DE GRANDES BARRAGENS
ICOLD – International Commission on Large Dams
CIGB – Commission Internationale des Grands Barrages
2008
III
(n.1) pg. interna capaA CIGB é representada no Brasil pelo Comitê Brasileiro de Barragens - 
CBDB.
(n.2) pg. 18 O pé é uma unidade de medida de comprimento utilizada no sistema anglo-
saxão, 1 pé [ft] = 0,3048m (metros), aproximadamente, ou 12 polegadas (1 polegada 
[in] = 2,54cm); o Brasil utiliza as unidades de medida do Sistema Internacional de 
Unidades (SI) (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, versão 1.0.5a, 2002; e disponível em 
<http://www.inmetro.gov.br/metlegal/resolucao11.asp>, acesso em 11 mar. 2009).
(n.3) pg. 21 Concreto Compactado a Rolo, conhecido no Brasil pela sigla CCR.
(n.4) pg. 28 A altura de uma barragem é determinada do ponto mais baixo da sua 
fundação principal até a crista, conforme critério do Registro Mundial de Barragens 
(RMB); são consideradas, portanto, incluíveis no RMB as barragens que possuam altura 
de 15 metros (independentemente do volume de água armazenável em seu 
reservatório) ou também as que possuam altura variável entre 10 e 15 metros, desde 
que tenham capacidade de armazenar mais de 3 milhões de metros cúbicos de água 
em seu reservatório.
(n.5) pg. 34 Usualmente denominadas no Brasil como Linhas de Transmissão (LTs).
(n.6) pg. 34 No Brasil, a hidreletricidade responde por 85% da oferta nacional de energia 
elétrica (Dados do Ministério de Minas e Energia do Brasil, ano 2007. Disponível em 
<http://www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=1432&pageId=15043>, 0. Energia em 
2007 - Resultados Finais - NOVO. Acesso em 11 mar.2009). 
(n.7) pg. 34 No Brasil, as fontes renováveis respondem por 89% da oferta nacional de 
energia elétrica (85% de hidrelétricas e 4% de outras fontes), sendo que no mundo esse 
percentual é de apenas 18% (Dados do Ministério de Minas e Energia do Brasil, ano 2007. Disponível em 
<http://www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item. do?channelId=1432&pageId=15043>, 0. Energia 
em 2007 - Resultados Finais - NOVO. Acesso em 11 mar.2009).
(n.8) pg. 37 No Brasil, a Lei nº 9.433, de 08.01.1997, entre várias disposições define que 
a bacia hidrográfica é a unidade territorial de gestão de recursos hídricos, e institui a 
criação dos Comitês de Bacias Hidrográficas, dentro do Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos (Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ 
ccivil_03/Leis/L9433.htm>. Acesso em 11 mar.2009).
(n.9) pg. 50 No original em inglês consta “...it will produce 18,200MW...”, que por clareza 
foi traduzido como “...possuirá capacidade de ....”, visto que a informação se refere à 
potência instalada da usina. A capacidade da UHE Três Gargantas (China) deverá ser 
ampliada para 22.400MW até 2011. (Disponível em <http://www.itaipu.gov.br/?q=pt/node/ 
322&foto=comparacoes.jpg>. Acesso em 11 mar.2009).
Visando facilitar a compreensão do conteúdo pelos leitores são listadas abaixo 
notas explicativas sobre algumas informações existentes ao longo do texto.
NOTAS DO ORGANIZADOR
IV
(n.10) pg. 50 No Brasil, o Sistema Interligado Nacional SIN - cobre praticamente todo o 
território nacional e é gerenciado de modo unificado pelo Operador Nacional do 
Sistema Elétrico – ONS (Disponível em <http://www.ons.org.br/home/index.aspx>. Acesso em 11 
mar.2009).
(n.11) pg. 50 Existem atualmente 18 conexões elétricas - sendo 6 delas com o Brasil e 
três centrais binacionais em operação na América do Sul (Itaipu, Salto Grande e 
Yaciretá) (Dados da Comisión de Integración Energética Regional CIER, 2007. Disponível em 
<http://www.cier.org.uy/d06-sie/2007/index.htm>. Acesso em 11 mar.2009).
(n.12) pg. 50 No Brasil, as Pequenas Centrais Hidrelétricas são empreendimentos 
hidrelétricos com potência superior a 1.000 kW e igual ou inferior a 30.000 kW com 
2área total do reservatório igual ou inferior 3.0 km (Resolução nº 394, de 04.12.98, da Agência 
Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Disponível em <http://www.aneel.gov.br/cedoc/res1998394.pdf>. Acesso em 
20 mar. 2009.
(n.13) pg. 60 O acre é uma unidade de medida de área utilizada no sistema anglo-saxão, 1 
2acre [ac] = 4.047m (metros quadrados); 1 pé [ft] = 0,3048m (metros), 
aproximadamente (ver nota n.2) (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, versão 1.0.5a, 
2002).
(n.14) pg. 60 A milha é uma unidade de medida de comprimento utilizada no sistema 
2 2anglo-saxão, 1 milha [mi] = 1.609m (metros); 1 milha quadrada [mi ] = 2.588.881m 
2(metros quadrados) ou 2,59 km , aproximadamente (ver nota n.2) (Dicionário Eletrônico 
Houaiss da Língua Portuguesa, versão 1.0.5a, 2002).
(n.15) pg. 61 A polegada é uma unidade de medida de comprimento utilizada no sistema 
anglo-saxão, 1 polegada [in] = 2,54cm (ver nota n.2) (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua 
Portuguesa, versão 1.0.5a, 2002).
(n.16) pg. 61 3 3 1 pé cúbico [ft ] = 0,0283m (metros cúbicos), aproximadamente (ver nota 
n.2) (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, versão 1.0.5a, 2002).
(n.17) pg. 62 2.500pés/segundo = 762metros/segundo (ver nota n.2).
(n.18) pg. 60 Montante: ponto referencial visualizado pelo observador que olha em 
direção à nascente de um curso de água (águas acima); ou seja, a nascente é o ponto 
mais a montante de um rio.
(n.19) pg. 61 Jusante: ponto referencial visualizado pelo observador que olha em direção 
à foz de um curso de água (águas abaixo); ou seja, a foz é o ponto mais a jusante de um 
rio.
(n.20) pg. 62 Margem Direita do reservatório (ou rio ou qualquer curso d´água): a situada 
à direita do observador que olha para jusante (para onde corre o fluxo de água; águas 
abaixo); também denominada direita hidráulica;
 Margem Esquerda do reservatório (ou rio ou qualquer curso d´água): a 
situada à esquerda do observador que olha para jusante (para onde corre o fluxo de 
água; águas abaixo); também denominada esquerda hidráulica.
O Organizador
V
3
 o século que se inicia, a água continuará a ser um recurso 
vital para a civilização humana. Um suprimento adequado e seguro de água é 
um componente essencial de nossa saúde, nosso ambiente, nossas 
comunidades e nossa economia. Dois grandes fatores, entretanto, 
aumentarão os riscos envolvidos: a mudança climática futura, que tornará 
os recursos hídricos mais irregulares,com a tendência de secas exigindo 
maior armazenamento de água; e o crescimento populacional mundial, 
que aumentará a demanda por água para fins domésticos, agrícolas e 
industriais com ênfase na irrigação para produção de alimentos. Assim, o 
papel crucial que as barragens têm exercido ao longo da história da 
humanidade continuará durante o século XXI.
A CIGB tem exercido, desde sua criação, em 1928, um papel-chave na 
disseminação de conhecimento sobre barragens e água. Há muito tempo, 
a CIGB é aberta não só a engenheiros, mas também ao público em geral. É, 
portanto, natural que a CIGB explique à geração mais jovem que tipos de 
desafios ela vai encarar na gestão da água do mundo. Este livro apresenta, 
de maneira simplificada, porém rigorosa, os fatos básicos sobre o papel 
benéfico das barragens para armazenamento e gestão da água, produção 
de alimentos, geração de eletricidade e proteção contra enchentes. Além 
disso, apresenta os fatos essenciais sobre a água do mundo, sua distribuição 
e seu ciclo.
Estamos confiantes de que esta mensagem será útil à geração que terá a 
responsabilidade de levar a humanidade ao século XXII. E esperamos que 
essa geração faça uso desta mensagem de maneira eficiente para construir 
seu próprio futuro. 
Prof. Luis Berga
Presidente da CIGB
Sr. Art Walz
Vice-Presidente da CIGB
Diretor do Comitê
de Conscientização
e Educação Pública
Sr. Michel de Vivo
Secretário-Geral da CIGB
Durante
P
re
fá
ci
o
Barragens a Água do & Mundo
4
Introdução
A Água do Mundo
Como Obtemos Água o Ciclo Mundial da Água
A Distribuição da Água do Mundo
4.1. Países com disponibilidade restrita e escassez de água
4.2. Água para saneamento
4.3. Gestão integrada da água
Dados sobre a População Mundial
Demandas por Água
6.1. Demandas domésticas por água
6.2. Demandas domésticas, agrícolas e industriais combinadas por água
O que É uma Barragem? 
História das Barragens no Mundo
Requisitos, Funções, Tipos,
Características e Construção de Barragens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 17
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 16
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 13
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 8
 . . . . . . . . . . . . . . p. 6
 . . . . . . . . p. 11
. . . . . . . p. 15
.............................................. p. 16
................................................... p. 19
................................................... p. 15
....................................................... p. 14
........... p. 13
.. p. 16
 . . . . . . p. 17
9.1. Requisitos das barragens
9.2. Funções das barragens
9.3. Tipos de barragens
9.4. Componentes das barragens
9.5. Seleção de local e tipo de barragem
9.6. Construção de barragens
As Barragens de Hoje
10.1. A Função das Barragens Atuais
Barragens a Água do & Mundo
&
As BARRAGENS
a Água do Mundo
S
um
ár
io
9
8
7
6
5
4
3
2
1
10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28
................................................... p. 19
...................................................... p. 19
......................................... p. 22
............. p. 24
.......................... p. 24
.......................................................... p. 29
?
Os Benefícios que Recebemos das Barragens
 11.1. Suprimento de água para uso doméstico e industrial
 11.2. Atendimento da demanda agrícola para
 fornecimento de alimentos
 11.3. Controle de enchentes
 11.4. Energia hidrelétrica
 11.5. Navegação interior
 11.6. Recreação
 11.7. Gestão integrada da água em bacias fluviais
11.8. Resumo dos benefícios
As Barragens e o Meio Ambiente
Olhando para o Futuro as Barragens do Século XXI
13.1. Processo de planejamento de projetos de barragens 
e reservatórios
13.1.1. Envolvimento e coordenação com o público
13.2. Questões socioeconômicas associadas com projetos
 de barragens e reservatórios
13.3. Necessidade maior de gestão integrada da água nas
 bacias fluviais
13.3.1. Necessidade de gestão da água em tempo real nas bacias fluviais
13.4. Irrigação no futuro
13.5. Energia hidrelétrica no futuro
13.6. Controle de enchentes no futuro
13.7. Navegação interior no futuro
13.8. O equilíbrio entre os benefícios dos projetos e o meio ambiente
13.9. A necessidade de conscientização e educação do público sobre 
recursos hídricos
O Papel da CIGB e a Água do Mundo
Glossário
Resumo
5Barragens a Água do & Mundo
11
12
13
12.1. Preservação e melhoria ambiental 
 . . . . . . . . . . . . . . p. 30
............................................................. p. 53
......................................................... p. 52
........ p. 49
............................................................. p. 50
............................................................................ p. 49
. . . . . . . . . . . . . . . . . p. 42
 . . . . . . . . . . . p. 45
14
15
. . . . . . . . . . . . . . . . . p. 57
 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 58
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 60
.............. p. 54
............................................................................... p. 56
.................................................. p. 47
.............................. p. 47
...... p. 46
................................................. p. 45
......................................... p. 42
............................... p. 38
........... p. 36
....................................................... p. 36
.......................................... p. 36
........................................ p. 34
..................................... p. 33
.................................. p. 32
..... p. 30
Barragens a Água do & Mundo
 é o recurso vital para 
sustentar todas as formas de vida na 
Terra. Ela é essencial ao bem-estar de 
nossa civilização e é o elemento essencial 
ao crescimento e desenvolvimento do 
meio ambiente do planeta, assim como 
requisito básico para sua saúde. Para 
ajudar os leitores a compreender alguns 
dos termos usados neste livro, um 
glossário foi incluído como Anexo A.
Com este livro você aprenderá que há 
uma quantidade fixa de água no planeta. 
Dessa quantidade fixa, apenas uma 
pequena fração é de água doce e 
disponível para consumo humano, 
irrigação de plantações e uso industrial. 
Você também verá que recebemos uma 
quantidade fixa de precipitação ou chuva 
e que apenas uma pequena fração dela 
cai em nosso solo. Uma parcela 
significativa da chuva acaba escoando 
para nossos córregos e rios e depois para 
os oceanos. Isso deixa uma pequena 
quantidade de chuva para uso humano e 
infiltração no solo para reabastecer 
nossos lençóis freáticos, o que ressalta a 
necessidade de coletar, armazenar e 
administrar a água em reservatórios.
Você também verá que essa chuva não é 
distribuída de maneira homogênea pelas 
estações do ano ou por local e que, 
havendo um desequilíbrio entre 
disponibilidade e demanda, a gestão 
cuidadosa é essencial. Além disso, você 
encontrará uma síntese sobre a 
população mundial e sua taxa de 
crescimento projetada. Observe que a 
maior parte do crescimento populacional 
o c o r r e r á n o s p a í s e s m e n o s 
desenvolvidos - onde a necessidade de 
água é maior e onde a oferta atual é 
limitada. É importante reconhecerque o 
uso irresponsável e a contaminação da 
água disponível são largamente 
disseminados. Em algumas regiões do 
mundo, a vida é ameaçada pelo 
desequilíbrio entre a demanda e a oferta 
disponível de água, alimentos e energia.
Você observará que ao longo da história 
do mundo barragens e reservatórios têm 
A Água
Introdução
©
 2
 (
se
e 
p
.6
4
)
6
Barragem de 
Serre-Ponçon - 
França - uma 
barragem
de usos 
múltiplos
7Barragens a Água do & Mundo
Introdução
1
sido construídos com sucesso em rios 
para coletar e armazenar vastas 
quantidades de água e também 
administrar a vazão para manter 
fluxos fluviais diários para 
sustentar a civilização. Por 
mais de 4 mil anos, a 
civilização tem usado 
barragens para fornecer a 
água necessária para 
sustentar a vida em todas 
as partes do mundo. 
Muitas dessas barragens 
ainda estão em operação 
atualmente.
A demanda por água, como 
resultado da população 
mundial em expansão e do 
c resc imento econômico , 
aumentou a necessidade de 
construção de barragens para 
armazenar grandes volumes de água. 
Atualmente, as barragens e os reservatórios 
continuam a servir aos mesmos propósitos no 
atendimento das necessidades sociais e 
econômicas ao redor do mundo e ao mesmo 
t e m p o s ã o 
compatíveis com o 
ambiente natural de 
cada região. Você 
conhecerá toda a gama de 
benefícios que obtemos com 
p r o j e t o s d e b a r r a g e n s e 
reservatórios - suprimento de água, irrigação, 
controle de enchentes, energia hidrelétrica, 
O maciço de 
terra de uma 
barragem em 
Santa Fé, nos 
Estados 
Unidos
A civilização 
precisa de água 
em quantidades e 
qualidade 
adequadas para 
manter a vida e 
sustentar o 
crescimento e o 
desenvolvimento
8 Barragens a Água do & Mundo
Os oceanos
contêm 97,5%
da água
do mundo
A Água do Mundo
 seção explica onde e em que 
forma a água do mundo existe, e como 
obtemos água – “o ciclo da água”. Pode 
parecer surpreendente para a maioria das 
pessoas que apenas 2,5% da água do 
mundo são de água doce (localizada em 
geleiras, lençóis freáticos, lagos e rios) e 
estão disponíveis para as pessoas e 
nações do planeta. 
A maior parte da água do mundo está 
localizada nos oceanos, na neve e no gelo 
permanentes, nas geleiras do Ártico e da 
Antártida, nos rios, nos lagos e nos 
lençóis freáticos. A distribuição efetiva da 
água do mundo é apresentada no 
diagrama a seguir.
EstaEsta
© 3 (see p.64)
©
 4
 (
se
e 
p
.6
4
)
O mundo 
contém 
grande 
quantidade 
de água
Precipitação
Evaporação
Infiltração
Lençol freáticoDireção do fluxo da água subterrânea
Zona ribeirinha
Córrego
Fluxo da água subterrânea
Unidade isolante
Condições naturais
A água
subterrânea
corre para
baixo na direção
de nossos rios
e córregos
Água Salgada
97,5%
31 365 000 000 km
Armazenamento em
lagos e rios
Lençóis freáticos, incluindo
umidade do solo, água de
pântanos e de terrenos sempre
congelados (= permafrost)
Geleiras e cobertura
permanente de neve
Um Mundo de Sal
Estimativas Totais Globais de Água Salgada e Água Doce
0,3%
30,8%
68,9%
Água Doce
2,5%
335 000 000 km
É
importante
compreender
onde estão
localizados os
2,5% de água
doce
9Barragens a Água do & Mundo
A Água no Mundo
2
Uma
geleira
típica na
América
do Norte
Uma parcela significativa da água doce 
do mundo (68,9%) está na forma de 
g e l e i r a s e c o b e r t u r a 
permanente de neve nas 
regiões do Ártico e da 
Antártida. Entretanto, 
apenas pequenas frações 
se tornam disponíveis a 
cada ano.
Os lençóis freáticos são 
uma fonte de água doce 
utilizável. Sua fonte é a 
chuva, a neve e o granizo 
que se infiltram no solo ou o 
encharcam. A água entra no 
solo devido à gravidade, passando 
entre partículas de solo, areia, cascalho 
ou rocha até atingir uma profundidade 
na qual o solo está cheio de água ou 
saturado dela. A área cheia de 
água é chamada zona 
saturada e o topo dessa 
zona é chamado lençol 
freático (veja o diagrama 
a seguir). Os lençóis 
freáticos podem estar 
próximos da superfície 
do solo ou a centenas de 
metros abaixo dela. São 
uma fonte confiável em 
áreas rurais do mundo. A 
maior parte da água dos 
lençóis freáticos é limpa, 
mas pode ser poluída ou 
contaminada. É importante 
protegê-la da contaminação.
Antes
da extração
intensiva
Depois
da extração
intensiva
Poço seco
on
 de
C
e
Lençol freático rebaixado
Poço seco
Poço
PoçoPoço
Lençol freático anterior
ep
sã
d
res
o
metros. Durante o desenvolvimento da 
cidade de Phoenix, Arizona, nos Estados 
Unidos, utilizou-se água do lençol freático 
até sua exaustão. Para atender à demanda 
atual, água do rio Colorado é canalizada 
através do deserto.
Na seção três, veremos que, de toda a 
chuva no mundo, 19% caem sobre os 
continentes. A chuva pode ser absorvida 
pelo solo ou escoar por córregos e rios até 
os oceanos. O volume de água que é 
absorvido pelo solo é a fonte para 
recarregar ou reabastecer os lençóis 
Hoje uma grande parcela da população 
mundial obtém sua água dos lençóis 
freáticos. Em comparação com o 
armazenamento de água na superfície, tal 
como o proporcionado pelos lagos, a água 
dos lençóis freáticos tem a vantagem de 
estar frequentemente disponível 
localmente e não exigir transporte. Além 
disso, os investimentos no desenvol-
vimento de fontes de água dos lençóis 
freáticos podem ser feitos à medida que 
se tornam necessários. Como os lençóis 
freáticos existem naturalmente, sua 
localização e seu volume não podem ser 
alterados ou expandidos. Nas regiões 
áridas do planeta, os lençóis freáticos são 
m u i t o e s c a s s o s p a r a f o r n e c e r 
quantidades adequadas de água. Na 
região de Riad, na Arábia Saudita, por 
exemplo, o lençol freático é explorado a 
uma profundidade de 1.200m a 1.800 
freáticos. Em áreas abertas, cobertas por 
vegetação e sem construções, a absorção é 
a maior até 75% da chuva. Em áreas com 
estacionamentos pavimentados e outras 
construções, o escoamento é o maior - 
cerca de 75% da chuva. Em conclusão, é 
importante ter consciência de que, à 
medida que o solo é ocupado por 
construções, o escoamento aumenta e a 
absorção diminui.
Para obter água do lençol freático, poços 
são instalados para extrair água para uso 
doméstico, agrícola e industrial. A extração 
deve ser administrada para não rebaixar o 
lençol freático e esgotá-lo em alguns locais 
por bombeamento excessivo (no poço 
central).
É essencial administrar a extração de água 
em relação à recarga ou reabastecimento, 
para garantir que o lençol freático local não 
seja exaurido com o tempo. 
O bombeamento excessivo de água do 
lençol freático irá rebaixá-lo. Isso 
frequentemente exige que a água seja 
extraída de profundidades ainda maiores. 
O que, com o tempo, pode levar à exaustão 
do lençol freático naquele local. 
Atualmente, sabe-se que a extração 
excessiva está ocorrendo em partes da 
Arábia Saudita, de Israel, da África do Sul, 
da Índia e da região oeste dos Estados 
Unidos. Nessas áreas do mundo é 
necessário administrar a extração de água 
dos lençóis freáticos e complementá-la 
com reservatórios.
10 Barragens a Água do & Mundo
O
resultado
da extração
intensiva de água
do poço central
produz um cone
de depressão
no lençol
freático
11Barragens a Água do & Mundo
A Água no Mundo
2
Menos de
1% da água
do mundo está
em nossos
lagos...
… e
em
nossos
rios
Nossos lagos e rios contêm a 
menor parcela de nossa água 
doce. Quando chove, parte 
da água desses lagos escoa 
para nossos córregos e rios 
e depois para os oceanos. 
Devido à quantidaderelativamente pe-
quena de água 
doce disponível 
para o consumo, é 
essencial administrá-
la e não poluir ou 
contaminar nossos 
l a g o s e r i o s 
naturais. Isso requer 
e s t a ç õ e s d e 
t r a t a m e n t o d e 
esgoto e aterros 
controlados para o 
 existe na Terra em forma sólida (gelo), líquida (água nos oceanos, lagos 
e rios) ou gasosa (vapor d'água). Os oceanos, os rios, as nuvens e a chuva, os quais 
contêm água, estão em frequente estado de mudança (a água superficial evapora, a 
água das nuvens se precipita, a chuva penetra no solo etc.). Entretanto, é importante 
entender que o volume total de água da Terra não muda. O processo de circulação e 
conservação da água do planeta é chamado "ciclo da água". 
Como Obtemos Água
“O Ciclo Mundial
da Água”
A água
©
 5
 (
se
e 
p
.6
4
)
Área de escoamento interno
119 milhões 2 km
Infiltração
Evapotranspiração
Escoamento dos rios
342 600 km
Fluxo dos lençóis freáticos
32 200 km
Transporte de Vapor
Oceanos
e mares
2361 milhões km
Evaporação
3502 800 km
Precipitação
39 000 km
Precipitação
3110 000 km
Precipitação
3458 000 km
Evaporação
39 000 km
Área de
escoamento
interno
2119 milhões km
365 200 km
O Ciclo Mundial da Água
Precipitação, Evaporação, Evapotranspiração e Escoamento Globais
12 Barragens a Água do & Mundo
3
Como Obtemos Água
“O Ciclo Mundial da Água”
Esse Ciclo Mundial da Água ou Ciclo 
Hidrológico, como também é conhecido, 
refere-se aos ciclos pelos quais passa o 
suprimento finito e valioso de água do 
planeta. Em outras palavras, a água 
continua sendo usada repetidamente. A 
energia do sol na forma de luz e calor leva 
a água a evaporar dos oceanos, dos rios, 
dos lagos e mesmo de poças. A 
evaporação significa que a água passa do 
estado líquido ao gasoso ou de vapor. 
Correntes de ar quente que se erguem da 
superfície do planeta elevam esse vapor 
d'água à atmosfera. 
Quando as correntes de ar atingem as 
camadas mais frias da atmosfera, o vapor 
d'água se condensa ao redor de pequenas 
partículas no ar e se prende a elas. Essa 
fase é chamada condensação. Quando 
uma quantidade suficiente de vapor se 
prende a pequenos fragmentos de poeira, 
pólen ou poluentes, forma-se a nuvem. À 
medida que o ar absorve mais umidade, as 
gotículas que formam as nuvens crescem. 
Finalmente, elas atingem um tamanho tal 
que os ventos atmosféricos circulantes 
não conseguem mais sustentá-las. As 
gotas caem então do céu como 
precipitação. Essa precipitação pode ser 
na forma de chuva, neve ou granizo, 
dependendo de outras condições 
atmosféricas, como a temperatura.
Quando a precipitação atinge o solo, 
várias coisas podem acontecer com ela. 
Boa parte da água escoa para córregos e 
rios e flui de volta para o oceano. Outra 
parte é absorvida pelo solo. A isso chama-
se infiltração. No solo, a água pode-se 
juntar ao estoque dos lençóis freáticos. Os 
lençóis freáticos são uma das maiores 
fontes de água. Infelizmente, eles não se 
localizam de forma homogênea ao redor 
do mundo. Assim, algumas áreas do 
planeta têm acesso limitado ou nenhum 
acesso à água de lençóis freáticos.
No diagrama do ciclo da água, acima, é 
importante compreender que - do total da 
3precipitação ou chuva (577.000 km ) que 
cai no planeta - 79% caem nos oceanos, 
19% no solo e 2% nos lagos. Isso significa 
3que apenas 110.000 km ou 19% de 
nossas chuvas caem sobre nossas terras. 
É essencial entender que desses 110.000 
3km de chuva, 59% se evaporam e 38% 
escoam para nossos rios e depois para os 
3oceanos. Apenas 2.200 km ou 2% se 
infiltram em nossos lençóis freáticos. Isso 
ressalta a necessidade de armazenar água 
em reservatórios. 
13Barragens a Água do & Mundo
Leito
ressecado
do rio Usman
Sagar
na Índia
Enchente
na
China
A Distribuição
da Água do Mundo
 , a água não está sempre disponível exatamente onde e quando 
precisamos dela. A precipitação ou chuva também não está distribuída 
homogeneamente ao redor do mundo, conforme a estação ou o local. Construções em 
bacias fluviais aumentam o escoamento e as perdas para o reabastecimento dos lençóis 
freáticos. Áreas com cobertura natural têm o menor nível de escoamento e a maior 
absorção de água. Áreas com muitas construções fazem a maior parte da chuva escoar e 
resultar em alagamentos. Algumas partes do mundo como a África e a Ásia sofrem secas 
severas, tornando a água um bem escasso e precioso. Em outras partes do mundo a água 
aparece em longos períodos de chuvas violentas que causam morte e danos a 
plantações, casas e edifícios. Às vezes em um mesmo país podem ocorrer enchentes 
devastadoras em uma área enquanto secas extremas ocorrem em outras áreas.
Infelizmente
As enchentes 
representam 
30% de todos 
os desastres 
naturais. 
Entre 1975 e 
2000 houve 
95 enchentes 
significativas 
no mundo.
14 Barragens a Água do & Mundo
4
A Distribuição
da Água no Mundo
Paisagem
em região
com escassez
de água na
África.
4.1. Países com disponibilidade 
restrita e escassez de água
A Organização das 
Nações Unidas 
classifica os países 
c o m o f e r t a 
limitada de água 
em países com 
disponibi l idade 
restrita ou países 
com escassez de 
á g u a ( w a t e r -
stressed ou water-
s c a r c e , 
respectivamente, 
e m i n g l ê s ) , 
conforme o volume de água renovável 
disponível. Os países com disponibilidade 
restrita de água têm menos de 1.700 
metros cúbicos de água disponível, 
por pessoa, por ano (esse 
volume é o mesmo de uma 
pirâmide com base de 25 
metros e altura de 8,2 
metros). Isso significa 
q u e a á gu a f i c a 
t e m p o r a r i a m e n t e 
i nd i spon í ve l , em 
determinados locais, 
com frequência, o que 
exige a tomada de 
d e c i s õ e s d i f í c e i s 
quanto ao seu uso para 
consumo pessoal, na 
agricultura ou na indústria. 
Os países com escassez de 
água têm menos de 1.000 
metros cúbicos de água disponível, 
por pessoa, por ano (o que equivale à 
mesma pirâmide com base de 25 metros, 
mas com apenas 4,8 metros de altura). 
Nesses casos, pode não haver água 
suficiente para garantir alimentação 
adequada, o desenvolvimento econômico 
pode ser dificultado, e graves problemas 
ambientais podem surgir. Esse problema é 
discutido em detalhes na seção sobre 
demandas por água.
Para a maioria dos propósitos, as bacias 
fluviais são uma unidade mais adequada 
do que os países para analisar os fluxos de 
água. Entretanto, muitas das maiores 
bacias fluviais do mundo abrangem mais 
de um país, situação que requer 
coordenação entre os respectivos 
governos. Atualmente, 2,3 bilhões de 
pessoas vivem em bacias fluviais que 
estão pelo menos com disponibilidade 
restrita de água; 1,7 bilhão vivem em 
bacias em que prevalecem 
condições de escassez. Em 
2025, projeta-se que 
4.2 Água para 
saneamento
A f a l t a d e 
saneamento é um 
enorme problema de 
saúde pública que 
causa doenças e 
mortes. Mais de 2,6 
bilhões de pessoas, ou 
40% da população 
mundial, não possuem 
i n f r a e s t r u t u r a d e 
saneamento básico. Em 
razão disso, milhares de 
crianças morrem todos os 
dias de diarréia e de outras 
doenças transmitidas pela 
água e relacionadas ao saneamento e à 
higiene. Muitas outras crianças sofrem e 
são enfraquecidas por essas doenças. O 
progresso na área de saneamento tem 
sofrido com a falta de compromisso 
político e demanda política. 
Hoje, a água de reservatórios representa 
um estoque confiável de água para 
tratamento e para melhoria das condições 
san i tá r ias . Ent re tanto , fornecer 
s implesmente acesso à água e 
saneamento melhores não garante o uso 
dos serviços ou os muito esperados 
benefícios da saúde para as pessoas deuma região. A promoção de mudanças 
fundamentais de comportamento é chave 
para integrar o uso adequado dos serviços 
na rotina das pessoas e deve ter início 
desde a infância. Programas de educação 
sobre saúde e higiene promovidos pelas 
escolas são parte integral de todos os 
programas de fornecimento de água e 
Leito
ressecado
do rio Usman
Sagar
na Índia
O leito
seco de
um rio em
uma área com
disponibilidade
restrita de
água
Lavar as
mãos previne
doenças
- crianças em
idade escolar
na África
©
 6
 (
se
e 
p
.6
4
)
©
 7
 (
se
e 
p
.6
4
)
15Barragens a Água do & Mundo
2005, a população mundial era estimada em 6,45 bilhões de pessoas, mas 
continua a crescer à taxa anual de 1,3% ou 77,3 milhões de pessoas por ano. A 
projeção da população mundial até 2050 é apresentada abaixo. Boa parte desse 
crescimento ocorre nas partes áridas do mundo África e Ásia. Esse crescimento 
continua a exercer pressão significativa sobre a água, os alimentos, a energia, outras 
infraestruturas e outros serviços. 
Dados sobre
a População Mundial
Em
Gráfico
da
População
Mundial
4.3. Gestão integrada
da água
Há uma necessidade 
c r í t i c a de ges tão 
integrada da água nas 
bacias fluviais. As 
b a r r a g e n s e o s 
reservatórios situados 
estrategicamente nas 
b a c i a s f l u v i a i s 
p e r m i t e m o 
armazenamento de água 
durante as chuvas e a 
gestão das descargas para 
garantir que nossos rios 
tenham um fluxo diário mínimo o 
tempo todo. A gestão integrada da 
á g u a s i g n i f i c a 
armazenar água 
em todos os 
reservatór ios 
d a s b a c i a s 
f l u v i a i s 
d u r a n t e 
períodos de 
chuva e então 
a d m i n i s t r a r 
descargas de 
v o l u m e s 
coordenados e 
pré-determi-nados 
de água de cada 
b a r r a g e m p a r a 
m a n t e r f l u x o s 
diários consistentes 
Com o atual crescimento global, a 
população do planeta dobrará a cada 54 
anos. Podemos esperar que a população 
mundial, hoje de aproximadamente 6 
bilhões, atinja 12 bilhões em 2054 se a 
taxa atual de crescimento se mantiver.
É importante entender que a taxa de 
crescimento é muito maior nos países 
em desenvolvimento, como mostrado 
no gráfico a seguir. Nesses países as 
fontes de água doce e de eletricidade 
são muito limitadas. 
Fonte: Departamento de Recenseamento dos Estados Unidos,
Banco de Dados Internacional em 5.10.00.
Gráfico
das taxas de
crescimento
populacional
mostrando
crescimento
significativo nos
países em
desenvolvimento
Países
menos
desenvolvidos
Países mais desenvolvidos
2000
6,1 bilhões
A gestão
integrada da
água garante
um fluxo diário
médio de água
em nossos
rios
População Mundial 1950-2050
P
o
p
u
la
çã
o
 (
e
m
 b
il
h
õ
e
s)
Ano
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
População (em bilhões)
10
8 
6
4
2
0
16 Barragens a Água do & Mundo
6.1. Demandas domésticas
por água
As demandas por água são classificadas 
em domésticas, agrícolas e industriais. O 
fornecimento doméstico básico de água, 
recomendado por pessoa / por dia 
adotado como padrão mundial é o 
seguinte:
Demandas por Água
Propósito
Ingestão
Saneamento
Banho
Preparação de alimentos
Total
litros/pessoa/dia
5
20
15
10
50
Isso equivale a 18,25 metros cúbicos
ou 4.821 galões por pessoa por ano*
* Esse montante não inclui perdas no processo
de tratamento e nos sistemas de distribuição.
Por exemplo, uma cidade de 500.000 
habitantes requer 25 milhões de litros por 
dia para atender à demanda doméstica 
básica por água, e cerca de 27 milhões de 
litros por dia (o que equivale a 
um campo de futebol 
internacional com água 
à profundidade de 4,7 
metros) incluindo-se 
as perdas. Uma vila 
d e 1 . 0 0 0 
h a b i t a n t e s 
p r e c i s a r á d e 
50.000 litros por 
dia, ou 55.000 
litros por dia (o 
que equivale a uma 
pirâmide com base 
de 8 metros e altura 
d e 2 , 6 m e t r o s ) 
incluindo-se as perdas. 
Mesmo uma pequena vila de 
500 habitantes precisará de 
25.000 litros por dia, ou 27.500 litros por 
dia considerando-se as perdas.
Em 2000, havia 61 países, com população 
total de 2,1 bilhões de pessoas que não 
tinham acesso ao fornecimento mínimo de 
50 litros de água por pessoa / por dia. 
Com o crescimento populacional 
projetado para os países menos 
desenvolvidos, esse número deverá 
dobrar para 4,2 bilhões até 2025.
A demanda combinada por água inclui 
necessidades domésticas, agrícolas e 
industriais. É importante lembrar que a 
Organização das Nações Unidas 
estabeleceu três níveis de atendimento às 
demandas combinadas por água. O 
primeiro nível é o dos países que possuem 
mais de 1.700 metros cúbicos de água 
disponíveis por pessoa / por ano (o que 
equivale a uma pirâmide com base de 25 
metros e altura de 8,2 metros) e que são 
considerados países com fornecimento 
adequado pa ra sus t en t a r suas 
populações. Observe que a demanda 
doméstica é aproximadamente 1% desse 
total. O segundo nível é o dos países que 
possuem menos de 1.700 metros cúbicos 
de água disponíveis por pessoa / por ano e 
que são considerados países com 
disponibilidade restrita de água. O 
terceiro nível é o dos países que possuem 
menos de 1.000 metros cúbicos de água 
disponíveis por pessoa / por ano (o que 
equivale a uma pirâmide com a mesma 
base, mas apenas 4,8 metros de altura) e 
que são considerados países com 
escassez de água. Nesse último nível, 
pode não haver água suficiente para 
garantir fornecimento adequado de 
alimentos, o desenvolvimento econômico 
é prejudicado, e surgem problemas 
ambientais.
No ano 2000, havia 31 países, com 
população total de 508 milhões de 
pessoas, que eram considerados países 
com disponibilidade restrita de água. Até 
o ano 2025, estima-se que o número de 
países com disponibilidade restrita de 
água aumentará para 48, com população 
total de aproximadamente 3 bilhões. As 
bacias fluviais são uma unidade mais 
adequada do que países para analisar os 
fluxos de água. Muitas das maiores bacias 
6.2. Demandas combinadas
por água - domésticas, agrícolas 
e industriais
Muitas
partes do
mundo não
dispõem de
quantidades de
água e sistemas
de distribuição
adequados
17Barragens a Água do & Mundo
O que é
uma Barragem?
barragens são definidas como barreiras ou estruturas que cruzam córregos, 
rios ou canais para confinar e assim controlar o fluxo da água. As barragens variam 
em tamanho: de pequenos maciços de terra, usados frequentemente em fazendas, 
a enormes estruturas de concreto, geralmente usadas para fornecimento de água, 
energia hidrelétrica e irrigação.
As
 arqueológicas 
recentes indicam que barragens simples 
de terra e redes de canais foram 
construídas já em 2.000 a.C. para 
fornecer às pessoas fontes confiáveis da 
água de que precisavam para viver. A 
construção da barragem de Marib no 
Iêmen começou, aproximadamente, em 
750 a.C. e levou 100 anos para ser 
concluída. Ela era um maciço de terra de 4 
metros de altura, com aberturas em pedra 
para regular as descargas para irrigação e 
uso doméstico. Em 1986, a barragem 
existente foi elevada à altura de 38 
metros, o que criou um reservatório de 
398 milhões de metros cúbicos de água.
Descobertas
História das
Barragens no Mundo
A construção de barragens geralmente 
requer a relocação de vilas, casas, 
fazendas, estradas, ferrovias e serviços 
públicos do vale do rio para áreas de 
elevação maior, acima do nível do 
reservatório. Os principais tipos de 
barragens no mundo são as de aterro, 
de gravidade e em arco. Cortes 
transversais típicos de cadatipo de 
barragem são apresentados na seção 
9.3. As estruturas acessórias ou 
adicionais das barragens incluem 
vertedouros, estruturas de descarga, 
usinas hidrelétricas e unidades de 
controle. 
As barragens são construídas para 
armazenar e controlar a água para fins 
de fornecimento doméstico, irrigação, 
navegação, recreação, controle de 
sedimentação, controle de enchentes ou 
para obtenção de energia hidrelétrica. 
Algumas de nossas barragens têm 
apenas uma função e são assim 
conhecidas como “barragens de função 
única”. Hoje, as barragens são 
construídas para servir a diversas 
funções e são, por isso, conhecidas 
como “barragens de usos múltiplos”. As 
barragens de usos múltiplos são 
projetos muito importantes e baratos 
para países em desenvolvimento, pois a 
população recebe vários benefícios 
domésticos e econômicos de um único 
investimento. Elas são a base do 
desenvolvimento dos recursos hídricos 
das bacias fluviais.
Vista aérea
da barragem
de Sayamalke, 
construída no 
século VII
e ainda
em uso
18 Barragens a Água do & Mundo
8
História das
Barragens no Mundo
A nova 
barragem de 
Marib, no 
Iêmen cons-
truída em 
1968
Inscrições
na comporta
da barragem 
original
de Marib, 
construída
em 750 a.C
Historicamente, as barragens têm 
permitido que as pessoas coletem e 
armazenem água em períodos de 
abundância e usem-na 
durante períodos de seca. 
Assim, elas têm sido 
e s s e n c i a i s p a r a o 
es tabe lec imento e o 
sustento de cidades e 
fazendas, e para o 
abastecimento de 
a l imentos por 
m e i o d a 
i r r i gação de 
plantações.
U m a d a s 
barragens mais 
antigas ainda em 
uso é uma barragem de terra e 
enrocamento construída em, 
aproximadamente, 1.300 a.C., na 
área que hoje corresponde à Síria. Na 
China, um sistema de barragens e 
canais foi construído em 2.280 a.C. 
Várias barragens antigas, dos séculos 
XIII ao XVI, ainda estão em uso 
no Irã.
No Sri Lanka, por exemplo, 
an t igas c rôn i cas e 
inscrições em pedras 
afirmam que várias 
b a r r a g e n s e 
reservatórios foram 
construídos já no 
século VI a.C. 
Canais entre bacias 
aumentavam muitos 
desses reservatórios para 
i r r igação. Uma dessas 
grandes barragens, a de 
Minneriya, foi construída 
durante o re inado de 
Mahasen (276-303 d.C.) e 
estava intacta quando foi 
descoberta em 1900. Ela foi 
restaurada em 1901 e con-
tinua em uso até hoje. Mais de 
50 barragens antigas no Sri 
Lanka foram restauradas. 
A razão principal para o 
bom funcionamento 
desses reservatórios 
hoje em dia é que as 
e s t r u t u r a s d e 
c o m p o r t a s , 
v e r t e d o u r o s e 
enrocamentos de 
proteção construídas 
durante aquela época 
são compatíveis com os 
princípios e critérios 
modernos de projeto. 
Algumas das torres de 
descarga e comportas 
construídas entre dois e três 
milênios atrás foram reparadas 
e convertidas em estruturas 
operantes durante o século XX.
Os romanos construíram um sistema 
elaborado de barragens baixas para 
fornecimento de água. A mais 
famosa delas era a barragem de 
terra de Cornalbo, no sul da 
Espanha, com altura de 
(n.2)24 metros (78 pés) 
e comprimento de 
185 metros (606 
pés). Depois da Era 
Romana, houve 
m u i t o p o u c o 
desenvolvimento na 
área de construção de 
barragens, até o fim do século XVI, 
quando os espanhóis começaram a 
construir grandes barragens 
para irrigação. Enge-nheiros 
europeus refinaram seus 
conhecimentos de projeto e 
construção no século 19, o 
que resultou na capacidade 
de construir barragens com 
altura de 45-60 metros ou 
150-200 pés. 
H i s t o r i c a m e n t e , a s 
barragens eram planejadas 
e construídas para fins de 
fornecimento de água, 
i r r igação e contro le de 
enchentes. No fim do século XIX, a 
energia hidrelétrica e a navegação se 
tornaram objetivos adicionais das 
barragens. A recreação tem sido uma 
função adicional muito benéfica em 
Antiga torre
de escoamento
da barragem de 
Minneriya, que foi 
construída em 276-
303 d.C. no Sri Lanka 
e foi restaurada em 
1901 para irrigação. 
Ela continua em uso
atualmente
Barragem de
Ben-e-Golestan
 no Irã –
construída
em aproxima –
damente
1.350 d.C.
Enrocamento 
de proteção 
feito à mão na 
barragem de 
Giritale, no Sri 
Lanka, construí-
da em 608-618
d.C.
Uma
antiga 
barragem 
de irrigação 
no Egito
A barragem de Sayamaike, uma das 
mais antigas do Japão, foi construída 
no início do século VII e, após várias 
modificações e um aumento de sua 
altura, continua em uso até hoje.
19Barragens a Água do & Mundo
Requisitos,
Funções, Tipos,
Características
e Construção de Barragens
9.2. Funções das barragens
9.3. Tipos de barragens
Assim como é o caso de todas as grandes 
estruturas públicas e privadas, as 
barragens são construídas para um fim 
específico. No passado, as barragens 
eram construídas com o único propósito 
de fornecimento de água ou irrigação. À 
medida que as c iv i l izações se 
d e s e n v o l v e r a m , c r e s c e r a m a s 
necessidades de fornecimento de água, 
irrigação, controle de enchentes, 
navegação, controle de qualidade da 
água, controle de sedimentos e energia. 
As barragens são, portanto, construídas 
para um fim específico tal como 
fornecimento de água, controle de 
enchentes, irrigação, navegação, 
controle de sedimentos e energia 
hidrelétrica. A recreação é às vezes 
incluída em benefício da população. As 
b a r r a g e n s s ã o a s b a s e s d o 
desenvolvimento e da gestão dos 
recursos hídricos das bacias fluviais. As 
barragens de usos múltiplos são projetos 
muito importantes para países em 
desenvolvimento, pois as populações 
recebem benefícios domésticos e 
econômicos de um único investimento.
As barragens são classificadas conforme 
o material usado para construí-las. 
Barragens construídas com concreto, 
pedra ou alvenaria são chamadas 
barragens de gravidade, barragens em 
arco ou barragens de contrafortes. As 
9.1. Requisitos das barragens
Como as barragens são parte crítica e 
essencial de nossa infraestrutura, elas 
devem cumprir certos requisitos técnicos 
e administrativos para garantir sua 
operação segura, eficaz e econômica. O 
projeto, a construção e a operação de 
todas as barragens devem observar os 
seguintes requisitos técnicos e 
administrativos:
Requisitos técnicos para as barragens:
as barragens, suas fundações e seus 
encontros devem ser estáveis sob todas 
as condições de carga (níveis dos 
reservatórios e terremotos);
as barragens e suas fundações devem 
ser suficientemente vedadas e ter 
procedimentos adequados de controle 
de vazamentos para garantir a 
operação segura e para manter a 
capacidade de armazenamento;
as barragens devem ter borda livre 
suficiente para evitar transbordamento 
de ondas e, no caso de barragens de 
terra devem incluir uma margem para 
recalque da fundação e do maciço;
as barragens devem ter capacidade 
suficiente de vertimento da vazão para 
e v i t a r t r a n s b o r d a m e n t o d o s 
reservatórios em casos de enchentes 
manual de operação e manutenção;
instrumentação adequada para 
monitoramento de desempenho;
plano de monitoramento e observação 
das barragens e demais estruturas;
plano de ação emergencial;
apoio ao meio ambiente natural;
cronograma de inspeções periódicas, 
Requisitos administrativos para
as barragens:
revisões abrangentes, avaliações e 
modif icações, conforme seja 
apropriado;
documentação formal do projeto, da 
cons t rução e dos r eg i s t ros 
operacionais.
Barragens a Água do & Mundo20
Corte 
transversal 
de uma 
barragem de 
aterro
Corte 
transversal 
deuma 
barragem de 
gravidade
Corte 
transversal 
de uma 
barragem 
em arco
Galeria do coroamento
Galeria de inspeção 
Galeria da base
Poço de prumo
Cortina de impermeabilização
principal
Cortina de impermeabilização
secundária
Cortina de drenagem
Galerias de inspeção
Túnel de drenagem
Camada de proteção
de concreto a montante
Células circulares
Cortina de impermeabi-
lização principal
Cortina de impermeabili-
zação secundária
Cortina de drenagem
Sapata de concreto
sob a base
As barragens em aterro são construídas ou 
de terra ou de uma combinação de terra e 
rochas. Os engenheiros geralmente optam 
por construir barragens em aterro em áreas 
onde há grandes quantidades de terra ou 
rocha disponíveis. As barragens de aterro 
representam cerca de 75% de todas as 
barragens do mundo. Algumas barragens 
em aterro são construídas inteiramente de 
terra e são conhecidas como barragens de 
terra, enquanto outras são conhecidas 
como barragens de enrocamento, por 
serem construídas com matacões de 
rochas. Muitas barragens em aterro são 
construídas com uma combinação de terra 
e matacões de rochas e são conhecidas 
como barragens de terra e enrocamento. 
NÍVEL MÁXIMO
DE ÁGUA 2023 m
NÍVEL MÍNIMO
DE ÁGUA 1984.5 m
1
2
3
6
7
4
5
1
2
3
6
7
4
5
0 5 10 15 20m
NÍVEL MÁXIMO
DE ÁGUA 1850 m
NÍVEL
MÍNIMO
DE ÁGUA
1740 m
0 10 30m20
ESQUADRO
1710 m
1
2
3
5
6
7
4
8
1
1
2
3
4
6
5
7
8
Coroamento R.L. 389.53
Terra
Enrocamento
Zona impermeabilizada
da fundação
Cortina
de impermeabilização
Linha
de escavação
da fundação
Fi
lt
ro
s
Enrocamento
t
Fil
ro
s
F.L.S. 380.39m
21Barragens a Água do & Mundo
Requisitos, Funções, Tipos,
9
Características e Construção de Barragens
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As barragens de gravidade dependem 
inteiramente de seu próprio peso para 
resistir à tremenda força da água 
armazenada. Algumas das primeiras 
barragens de gravidade foram 
construídas com blocos de alvenaria e 
concreto e são conhecidas como 
barragens de alvenaria. Hoje, as 
barragens de gravidade são construídas 
com concreto massa ou concreto 
compactado a rolo (concreto colocado 
em camadas e compactado por um 
(n.3)rolo) e são chamadas barragens de 
gravidade em concreto.
As barragens em arco são barragens de concreto 
em curva a montante em direção ao fluxo da 
água. A maioria delas é construída em vales 
estreitos. À medida que a água empurra a 
barragem, o arco transfere a força da água 
para as paredes do vale. As barragens 
em arco requerem muito menos 
concreto que barragens de gravidade, 
do mesmo comprimento. Elas 
também requerem fundações de 
rocha sã para suportar o seu peso.
As barragens de contrafortes 
dependem, para sua sustentação, de 
uma série de suportes verticais 
c h a m a d o s c o n t r a f o r t e s . O s 
contrafortes se estendem ao longo da 
face a jusante das barragens, isto é, do 
lado oposto ao fluxo da água. A face a 
jusante das barragens de contrafortes 
geralmente se inclinam para fora cerca de 45 
graus. As faces inclinadas e os contrafortes 
servem para transferir a força da água para baixo, 
rumo às fundações das barragens. 
Uma
barragem
em arco de
concreto
Uma
barragem
de 
contrafortes
Uma
barragem de 
enrocamento
e terra
Uma
barragem
de gravidade
de 
concreto
Uma
barragem
de enroca-
mento e 
terra
Uma
grande
barragem
de terra
22 Barragens a Água do & Mundo
Requisitos, Funções, Tipos,
9
Características e Construção de Barragens
9.4. Componentes das barragens
Para operar adequadamente, as 
barragens devem ter vários componentes 
específicos: um reservatório, um 
vertedouro, estruturas de descarga e uma 
unidade de controle. No caso de 
barragens com instalações de energia 
hidrelétr ica, condutos forçados, 
geradores e subestações estão incluídos. 
O reservatório é o componente que 
armazena a água. A alimentação ou vazão 
afluente deve ser continuamente 
monitorada e a vazão deve ser controlada 
para obter o máximo de benefícios. Sob 
condições normais de operação o nível do 
reservatório é controlado pela unidade de 
controle, que controla a vazão pelas 
estruturas de descarga, que consistem 
em um grande túnel ou conduto no nível 
da água e comportas. Sob condições de 
enchente o nível do reservatório é 
mantido pelo vertedouro e pelas 
estruturas de descarga.
Os reservatórios das barragens para 
controle de enchentes são mantidos no 
nível mais baixo possível durante vários 
meses do ano para criar o máximo de 
capacidade de armazenamento para 
uso na estação das enchentes. Para 
projetos de irrigação, os reservatórios 
são preenchidos ao máximo possível no 
inverno e no início da primavera e 
mantidos nesse nível para vazão 
máxima durante a estação das secas. Os 
reservatórios de barragens hidrelétricas 
são mantidos em níveis constantes para 
criar colunas d'água uniformes para uso 
pelos geradores. A qualidade da água é 
um aspecto muito importante para 
manter o equilíbrio na natureza, e 
medidas de manutenção da boa 
qualidade da água são incorporadas nas 
barragens modernas. Tomadas d'água 
em profundidades diferentes permitem 
a retirada seletiva e a mistura da água 
para produzir a temperatura e o teor de 
oxigênio desejados para melhorar as 
condições ambientais a jusante. 
Escadas para peixes, que são séries de 
piscinas elevadas, são incluídas em 
muitas barragens para permitir a livre 
passagem de peixes a montante e a 
jusante. Telas são usadas para impedir 
os peixes de entrar nas turbinas dos 
geradores. Como a maioria das 
barragens modernas é de múltiplas 
funções, a vazão deve ser administrada 
cuidadosa e continuamente para 
otimizar os benefícios econômicos e 
ambientais.
Corte
transversal de 
uma torre de 
tomada d'água e 
de conduto de 
descarga através 
de uma 
barragem de 
aterro
Exemplo de 
uma torre de 
tomada no 
reservatório 
ligado à saída 
conduto
MONTANTE JUSANTE
Estrutura
da comporta
Comporta
deslizante
E
oca
ent
 nã
 c
mp
ac
a
nr
m
o
o
o
t d
o
Material aleatório
Material
impermeável
selecionado
Fluxo
Bacia de
dissipaçãoMaterial aleatório
23Barragens a Água do & Mundo
©
 1
4
 (
se
e 
p
.6
4
)
Exemplo
de vertedouro
em uma
barragem de
aterro em Idaho,
nos Estados 
Unidos
Um 
vertedouro 
escorrendo, 
localizado no 
centro da 
barragem
24 Barragens a Água do & Mundo
Todos os componentes de uma barragem 
são monitorados e operados de uma sala 
de controle. Essa sala contém os 
monitores, controles, computadores, 
equipamentos de emergência e sistemas 
de comunicação necessários para permitir 
que a equipe do empreendimento opere a 
barragem com segurança sob quaisquer 
condições. Condições climáticas, 
afluência, nível do reservatório, vazão e 
níveis do rio a jusante também são 
monitorados. Além disso, a sala de 
contro le monitora instrumentos 
instalados na barragem e em suas 
estruturas acessórias para medir o 
comportamento estrutural e a condição 
física da barragem. 
A seleção do tipo de barragem para um 
local depende de dados técnicos e 
econômicos, além de considerações 
ambientais. Nas fases iniciais de projeto, 
vários locais e vários tipos de barragens 
são analisados cuidadosamente. Depois 
da conclusão de um levantamento 
hidrológico, um programa de exploração, 
na forma de pontos de sondagem e poços 
de teste, é conduzido em cada local para 
obteramostras de solo e rocha para testar 
as propriedades físicas desses materiais. 
Em alguns casos, testes de bombeamento 
do solo são feitos para determinar o 
potencial de infiltração. Projetos 
preliminares e estimativas de custo são 
preparados e revisados por engenheiros 
hidrólogos, hidráulicos, geotécnicos e 
estruturais e por geólogos. A qualidade 
ambiental da água, os ecossistemas e 
dados culturais também são considerados 
no processo de seleção do local.
Fatores que afetam a seleção do tipo de 
barragem incluem topografia, geologia, 
condições para as fundações, hidrologia, 
terremotos e disponibilidade de materiais 
de construção. As fundações das 
barragens devem ser sólidas. Vales 
estreitos em rocha sã a baixas 
profundidades favorecem barragens de 
concreto, enquanto vales largos com 
condições e profundidade variáveis da 
rocha favorecem barragens de terra. 
Barragens de terra são o tipo mais comum, 
pois acomodam todo o material oriundo 
das escavações necessárias. 
9.5. Seleção de local e tipo de 
barragem
Requisitos, Funções, Tipos,
9
Características e Construção de Barragens
9.6. Construção de barragens
A construção de uma barragem é um 
empreendimento enorme que requer 
grandes quantidades de materiais, 
equipamentos e mão de obra. O período 
de construção ou tempo necessário para 
construir uma barragem geralmente vai 
de quatro a cinco anos e às vezes chega a 
sete ou dez anos, no caso de projetos de 
barragens muito grandes, com usos 
múltiplos.
Depois que as rodovias, as ferrovias e as 
linhas de gás e eletricidade são 
transferidas do fundo do vale para acima 
da crista da barragem ou para outra área, a 
construção da barragem pode começar. O 
primeiro passo consiste na preparação do 
canteiro de obras ou a retirada de árvores, 
vegetação e construções. Em seguida, 
ocorre o desvio do rio para que a fundação 
possa ser escavada e o concreto, a terra ou 
a rocha possam ser colocados. Para 
desviar da área o fluxo do rio, 
frequentemente metade de seu leito é 
escavada por vez. A outra metade do leito 
é usada para o fluxo do rio. Em alguns 
casos, é mais econômico cavar um túnel 
através de uma parede adjacente do 
cânion. Esse túnel pode ser temporário ou 
pode se tornar parte das estruturas de 
descarga do projeto e permite que todo o 
fluxo do rio passe pelo canteiro de obras 
da barragem durante o período de 
construção. Para realizar esse desvio, 
ensecadeiras (pequenas barragens 
co l o cadas t empora r i amen te na 
transversal do fluxo da água) são 
construídas a montante para desviar o rio 
rumo ao túnel. Depois que a barragem é 
construída até uma altura suficiente, as 
comportas do túnel são instaladas. Depois 
que a construção das estruturas de 
descarga e da barragem principal atinge 
um estágio adequado, o fluxo da água é 
desviado para as estruturas de descarga 
por outra ensecadeira de altura suficiente 
para evitar transbordamento durante a 
construção na outra metade do leito. Uma 
ensecadeira a jusante também pode ser 
necessária para manter o canteiro de 
obras seco. Na parte final do período de 
construção, a barragem inteira é erguida à 
sua altura total.
25Barragens a Água do & Mundo
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7
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Barragem de 
Nakai (Nam 
Theun 2) - Laos - 
uma barragem 
de concreto 
compactado a 
rolo
Barragem
de Nakai – Laos
– concretagem
em 
andamento
Barragem
de Ganguise – 
França –
Elevação de
uma barragem
de terra
existente
©
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 21 (see p.64)
Requisitos, Funções, Tipos,
9
Características e Construção de Barragens
1 & 2 
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8 & 9
10
11
12
13
Barragem de Chambon - França - construção
de uma barragem de gravidade no período 
1930-1935.
 Barragem de Roselend - França - o período
de construção.
Construção da Barragem de Nam Them - Laos.
Barragem de Potrerillos.
 Barragem de Potrerillos - Argentina - face
a montante.
 Barragem de Katse - Lesoto - concretagem
de uma barragem em arco.
 Barragem de Ceyrac - França - concretagem de 
uma barragem de gravidade.
 Construção de uma barragem de concreto 
compactado a rolo - Barragem de Penn Forest,
EUA (entrega, colocação, distribuição
e compactação por rolo).
 Barragem de Villerest - França construção de uma 
barragem de gravidade curvada.
 Construção do vertedouro de uma barragem
de gravidade de concreto massa.
1
2
3
4
5 6 7
27Barragens a Água do & Mundo
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28 Barragens a Água do & Mundo
As Barragens
de Hoje
 Comissão Internacional de Grandes Barragens (CIGB) mantém um Registro 
Mundial de Barragens. Para uma barragem ser considerada grande e ser incluída no 
registro deve ter altura de 15 metros ou 10 a 15 metros e armazenar mais de 3 
(n.4)milhões de metros cúbicos de água em seu reservatório . As barragens são 
listadas por país e incluem dados como nome, ano de conclusão, altura, capacidade 
do reservatório, área da bacia hidrográfica (área de drenagem), função, capacidade 
de geração elétrica instalada, energia elétrica média anual produzida, área irrigada, 
volume de água armazenada para proteção contra enchentes e número de pessoas 
afetadas pelo reassentamento. Os dados mundiais de 2000 indicam haver cerca de 
50 mil grandes barragens em operação. Barragens de terra são o tipo 
predominante, seguidas de barragens de gravidade e barragens em arco. O 
processo de planejamento dos projetos de barragens e o envolvimento do público, 
assim como as questões socioeconômicas locais, são discutidos na seção 13.
Os gráficos abaixo apresentam a entrada em operação das grandes barragens do 
mundo e sua distribuição por altura e por área geográfica:
A
Número de Barragens por Altura
N
ú
m
e
ro
 d
e
 B
a
rr
a
g
e
n
s
Altura em Metros
Barragens Inauguradas por Década
N
ú
m
e
ro
 d
e
 B
a
rr
a
g
e
n
s
8 000
7 000
6 000
5 000
4 000
3 000
2 000
1 000
0
Anos
863 546 838 1.015 1.119 1.114
3.213
5.942
7. 511
5.574
3.354
1900 1900-
1909
1910-
1919
1920-
1929
1930-
1939
1940-
1949
1950-
1959
1960-
1969
1970-
1979
1980-
1989
1990-
1999
16 000
14 000
12 000
10 000
8 000
6 000
4 000
2 000
0
0-14 15-29 30-59 60-99 100-149 150-400
5.721
14.592
9.926
2.004
515 155
29Barragens a Água do & Mundo
O tipo principal de barragem é o de terra, que representa 43,7% do total mundial. Em 
seguida, vêm as barragens de gravidade (10,6% do total) e as barragens de 
enrocamento (5,3% do total). 
10.1. A função das barragens atuais no mundo
A maioria das barragens no Registro da CIGB (71,7%) é de barragens de uso único, 
embora haja um número crescente (28,3%) de barragens de usos múltiplos. Hoje, a 
irrigação é a função mais comum das barragens no Registro da CIGB. A distribuição 
das funções entre as barragens de uso único é a seguinte:
48,6% para irrigação
17,4% para hidreletricidade
12,7% para suprimento de água
10,0% para controle de enchentes
 5,3% para recreação
 0,6% para navegação e piscicultura
 5,4% para outras funções
As Barragens de Hoje
01
30 Barragens a Água do & Mundo
Os Benefícios
Recebidos
das Barragens
 dos requisitos fundamentais do desenvolvimento socioeconômico no mundo 
é a disponibilidade dequantidades adequadas de água com a devida qualidade e de 
suprimento adequado de energia. Barragens adequadamente planejadas, 
projetadas, construídas e mantidas contribuem significativamente para atender a 
nossas demandas de fornecimento de água e energia. Para compensar as variações 
no ciclo hidrológico, as barragens e os reservatórios são necessários para 
armazenar água e assim fornecer vazão consistente para manter o fluxo diário 
necessário em nossos rios ao longo do ano. 
Um
)46.p ees( 6 2©
quando permanentemente. É impor-
tante relembrar a seção 3, em que se 
expõe que, do total de chuva que se 
precipita sobre a Terra, apenas 19% 
caem sobre o solo e que uma grande 
parcela disso acaba escoando, 
resultando em apenas 2% de 
precipitação que se infiltra para 
reabastecer os lençóis freáticos. 
Barragens devidamente planejadas, 
projetadas, construídas e mantidas 
para armazenar água contribuem 
significativamente para o atendimento 
de nossas demandas por água. Para 
compensar as variações no ciclo 
hidrológico, as barragens e os 
reservatórios são necessários para 
armazenar água e assim garantir 
fornecimento mais consistente 
durante períodos de escassez.
Fontes adequadas e confiáveis de água 
são necessárias tanto para manter a 
civilização existente quanto para 
sustentar o crescimento futuro. No 
passado e em muitas regiões do mundo 
hoje, as principais fontes de água para 
uso doméstico e industrial têm sido os 
lençóis freáticos ou aqüíferos (camadas 
de cascalho arenoso ou rocha que 
contêm e podem armazenar água). Hoje, 
a retirada de água de muitos desses 
aqüíferos excede sua reposição natural, o 
que resulta em rebaixamento do lençol 
freático. Essa situação pode levar ao 
esgotamento da água dos lençóis 
freáticos tanto em períodos de seca 
11.1. Suprimento de água para
uso doméstico e industrial
Barragem
de Chaudanne -
França - uma barragem 
em arco que fornece 
água a uma região 
naturalmente seca 
para uso doméstico, 
irrigação, uso 
industrial e geração 
de energia
hidrelétrica
31Barragens a Água do & Mundo
Os Benefícios
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Recebidos das Barragens
armazenada em reservatórios 
durante períodos de muita chuva para 
uso em períodos secos. Isso é 
especialmente crítico em regiões 
áridas do planeta.
Aumentar nosso fornecimento de água 
obtida dos lençóis freáticos com água 
adicional de reservatórios está se 
tornando essencial. Grandes áreas 
urbanas dependem muito de água 
fluxos controlados dos reservatórios 
podem ser usados para diluir 
substâncias despejadas nos rios, 
aumentando seu fluxo para manter a 
qualidade da água dentro de limites 
seguros.
A água armazenada em reservatórios 
também é usada para fins industriais. 
Essas necessidades vão do uso direto em 
fábricas a processos químicos e de 
refino e a resfriamento em usinas 
elétricas convencionais e nucleares. Os 
Um
exemplo de
barragem 
em arco
Exemplo
de uso 
industrial da 
água - uma 
grande fábrica 
de celulose e 
papel
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11.2. Atendimento da demanda 
agrícola para fornecimento de 
alimentos
Um dos maiores usos de água em escala 
mundial é na agricultura irrigada. Desde 
o início dos anos 90, menos de 1/5 da 
terra arável do planeta é irrigada, e essa 
parcela contribui com cerca de 1/3 da 
produção mundial de alimentos. Um 
ditado popular entre os povos das 
regiões áridas do mundo afirma que 
"o alimento cresce onde a 
água corre". 
Estima-se que 80% da produção 
adicional de alimentos até 2025 
deverão vir de terras irrigadas. Isso 
representará demanda adicional sobre 
nosso fornecimento de água doce. A 
maior parte das áreas que necessitam 
de irrigação está em zonas áridas, que 
abrangem uma parcela significativa 
dos países em desenvolvimento. 
M e s m o c o m d i f u n d i d o s 
procedimentos de economia de água 
por meio de melhorias na 
tecnologia de irrigação, a 
construção de mais 
p r o j e t o s d e 
reservatórios 
A indústria 
requer 
milhões de 
litros de água 
por dia
Fornecimento
de água para 
alimentação 
em países em 
desenvol-
vimento
33Barragens a Água do & Mundo
As barragens e os reservatórios podem 
ser usados de maneira eficaz para regular 
os níveis dos rios e as enchentes a jusante 
por meio do armazenamento temporário 
do volume adicional de água para 
descarga posterior. O método mais eficaz 
de controle de enchentes é alcançado por 
um plano de gestão integrada da água 
para regular o armazenamento e a vazão 
de cada uma das principais barragens 
localizadas em uma bacia fluvial. Cada 
barragem é operada segundo um plano 
específico de controle da água para 
conduzir as enchentes através da bacia, 
sem danos. Isso implica reduzir o nível 
dos reservatórios para criar mais 
espaço de armazenamento, antes da 
estação chuvosa. Essa estratégia 
elimina as enchentes. O número de 
barragens e seus planos de gestão da 
água são estabelecidos por meio de um 
planejamento abrangente para o 
desenvolvimento econômico e com 
participação pública. Informações 
adicionais sobre planos de gestão 
integrada da água estão disponíveis no 
item 11.7. O controle de enchentes é 
uma função importante para muitas 
barragens existentes e continua como 
função principal de algumas das 
maiores barragens atualmente em 
construção no mundo. 
Os Benefícios
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Recebidos das Barragens
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“O alimento 
cresce onde a 
água corre”
11.3. Controle de enchentes
Enchente 
em uma 
vila
A água tem sido usada como forma de 
energia desde a era romana. A princípio 
usada para mover moinhos para vários 
processos mecânicos como moer milho, 
cortar madeira ou mover tecelagens. No 
início do século XIX, a turbina hidráulica 
foi desenvolvida como uma máquina 
muito mais eficiente que os moinhos, e 
em meados daquele século a energia 
Reservatório Barragem
Gerador
Transformador
Casa de Força
Linhas elétricas (n.5)
Tomada
d'água
Comporta Conduto
forçado
Turbina Canal de fuga 
Esquema de uma Hidrelétrica
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hidráulica foi usada para produzir 
eletricidade pela primeira vez. O 
conceito de uso da água em movimen-
to para girar uma turbina conectada 
por um eixo a um gerador para gerar 
eletricidade é conhecido como 
(n.6)hidreletricidade . Como a água é a 
fonte da energia, a hidreletricidade é 
uma fonte de energia elétrica 
(n.7)renovável e amplamente utilizada. 
Diagrama
de uma
barragem e
sua usina
hidrelétrica
11.4. Energia hidrelétrica
Uma
turbina 
usada para 
hidreletri-
cidade
Geradores 
em uma 
usina 
elétrica
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Barragem
de Castillon -
França: a usina
está ao pé da 
barragem, e a 
subestação e as 
linhas elétricas 
estão no canto 
superior
direito
Quanto maior a força disponível da água 
para girar a turbina, mais energia pode 
ser produzida. A quantidade de 
eletricidade que pode ser produzida 
depende então da altura da qual a água 
precisa cair para atingir a turbina e do 
volume de água que passa por ela. Uma 
g r a n d e v a n t a ge m d a e n e r g i a 
hidrelétrica, em comparação com outras 
fontes de eletricidade (como, por 
exemplo, a queima de carvão, óleo ou 
gás), é ser renovável. Em outras 
palavras, a água não é consumida pelo 
processo de geração de eletricidade e 
continua disponível para outros usos 
quando é descarregada pela usina

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