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OMC e BRASIL 
1. Introdução 
A Organização Mundial do Comércio iniciou suas atividades em 1º de janeiro de 
1995 e desde então tem atuado como a principal instância para administrar o 
sistema multilateral de comércio. 
A atuação da OMC é pautada em cima de alguns princípios que foram herdados 
do GATT e alguns que vieram com a criação do novo organismo. Mas como o 
passar do tempo essa organização vem perdendo a sua credibilidade, perdendo 
também força para atuar nos Estados. 
Esse trabalho tem por objetivo contextualizar sobre o papel que a Organização 
Mundial do Comércio desempenha, como seus antecedentes e seus princípios, 
focando principalmente na atuação brasileira referente aos diferentes acordos. Será 
explicado também, de maneira breve, os principais casos que o Brasil atuou como 
demandante, bem como a participação atual do país na OMC. 
Buscamos, assim, mostrar que a atuação da OMC é de extrema importância para 
os negócios mundiais e interfere diretamente nas relações internacionais, não 
podendo ser deixada de lado nem ser questionada. 
2. Desenvolvimento 
2.1 Antecedente 
O GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), antecedente à OMC, abordava de 
um conjunto de normas e concessões tarifárias, e consistia na negociação dos mais 
diversos temas, que variavam desde comércio internacional até segurança coletiva, 
com a participação efetiva de três ou mais países e combater as práticas 
protecionistas, que vinham sendo adotadas pelos países desde a década de 20 e 
que ficaram mais fortes ainda nos anos 40. 
O principal objetivo do GATT era a diminuição das barreiras comerciais e a 
garantia de acesso mais equitativo aos mercados por parte de seus signatários e 
não a promoção do livre comércio, ajudando na liberalização do comércio e na 
remoção de barreiras tarifárias e não tarifárias. O GATT Incorporou muitas provisões 
da OIT, contida na Carta de Havana, e foi adquirindo progressivamente atribuições 
de uma organização internacional. Durante a vigência do GATT, rodadas de 
negociações aconteceram, e funcionou como encontros entre todas as partes 
contratantes nas quais elas negociavam reduções tarifárias, diminuição de outras 
barreiras comerciais e outros assuntos concernentes ao comércio internacional. 
A oitava rodada, conhecida como Rodada Uruguai, culminou com a criação de 
OMC e de um novo conjunto de acordos multilaterais que formaram o corpo 
normativo da nova Organização, isso porque o GATT já não supria as necessidades 
do mercado internacional da época. 
2.2 OMC 
A Organização Mundial do Comércio iniciou suas atividades em 1º de janeiro de 
1995 e desde então tem atuado como a principal instância para administrar o 
sistema multilateral de comércio. A organização foi criada com o objetivo de 
supervisionar e liberalizar o comércio internacional, estabelecendo um marco 
institucional comum para regular as relações comerciais entre os diversos Membros 
que a compõem, além de criar um mecanismo de solução pacífica das controvérsias 
comerciais, tendo como base os acordos comerciais atualmente em vigor e, criar um 
ambiente que permita a negociação de novos acordos comerciais entre os membros. 
Diferente do GATT, que foi um acordo provisório, a OMC foi criada para ser um 
acordo permanente, e, sendo uma organização internacional, possui base jurídica 
sólida e seus acordos são devidamente ratificados. 
Para o economista Celso Grisi, da Fundação Instituto de Administração (FIA), a 
OMC tenta trazer um equilíbrio ao comércio internacional e, mesmo sem ter um 
poder impositivo – já que, por exemplo, não pode obrigar o cumprimento das 
retaliações aos países que perderam disputas – acaba servindo como uma proteção 
aos países em desenvolvimento. 
"Ela trabalha como um grande árbitro e assume uma função jurídica 
relevante na medida em que faz as regras do comércio internacional serem 
aplicadas", diz Grisi. "Quando um país tenta exercer de forma assimétrica 
seu poder econômico, a OMC é chamada e atua com imparcialidade." 
2.3 Princípios da OMC 
A atuação da OMC é pautada em cima de alguns princípios que foram herdados 
do GATT e alguns que vieram com a criação do novo organismo. O primeiro, e muito 
importante, é o princípio da não-discriminação, que significa que se um país 
conceder a outro país um benefício terá obrigatoriamente que estender aos demais 
membros da OMC a mesma vantagem ou privilégio. 
O segundo a ser citado neste trabalho, é o princípio da Previsibilidade, que foi 
criado para impedir a restrição ao comércio internacional. Este princípio garante a 
previsibilidade sobre as regras e sobre o acesso ao comércio internacional por meio 
da consolidação dos compromissos tarifários para bens e das listas de ofertas em 
serviços 
O princípio da Concorrência Leal visa garantir um comércio internacional justo, 
sem práticas desleais, como os subsídios, e está previsto nos artigos VI e XVI. No 
entanto, só foram efetivados após os Acordos Antidumping e de Subsídios, que, 
além de regularem estas práticas, também previram medidas para combater os 
danos delas provenientes. 
O princípio da Proibição de Restrições Quantitativas impede que os países façam 
restrições quantitativas, ou seja, imponham quotas ou proibições a certos produtos 
internacionais como forma de proteger a produção nacional. A OMC aceita apenas o 
uso das tarifas como forma de proteção, desde que a lista de compromissos dos 
países preveja o uso de quotas tarifárias. 
O último, o princípio do Tratamento Especial e Diferenciado para Países em 
Desenvolvimento: estabelece que os países em desenvolvimento terão vantagens 
tarifárias, além de medidas mais favoráveis que deverão ser realizadas pelos países 
desenvolvidos. 
2.4 Rodadas da OMC com Participação do Brasil 
De acordo com o artigo XXVIII do extinto GATT, os membros podem realizar 
reuniões, ou rodadas, com o objetivo de estabelecer acordos comerciais entre 
países, que podem visar desde a diminuição das tarifas até a abertura dos 
mercados. Enquanto ainda existia o GATT foram realizadas oito rodadas de 
negociação, já no âmbito da OMC foi lançada em novembro de 2001, durante a IV 
Conferência Ministerial da OMC, a Rodada de Doha, que acontece até hoje, e tem 
como principal objetivo ser a Rodada do Desenvolvimento por meio da qual os 
Ministros das Relações Exteriores e de Comércio comprometeram-se a buscar a 
liberalização comercial e o crescimento econômico, beneficiando principalmente os 
interesses dos países em desenvolvimento. 
A Rodada Doha surgiu devido ao desequilíbrio de interesses entre países 
desenvolvidos e em desenvolvimento durante a Rodada Uruguai, que marcou o fim 
do GATT. As negociações da Rodada incluem vários setores como agricultura, 
comércio de serviços, regras sobre antidumping e subsídios, comércio e meio 
ambiente, etc. Porém, o Brasil e outros países em desenvolvimento concluíram que 
o centro das negociações deveria ser no âmbito da agricultura, setor que concentra 
grande parte das exportações desses países. Por conta disso, em agosto de 2003 
foi criado, às vésperas da Conferência Ministerial de Cancun, o agrupamento 
denominado G-20 Comercial. Esse grupo, composto por países em desenvolvimento 
da América Latina, Ásia e África, defende o cumprimento, de forma ambiciosa, dos 
três pilares do mandato agrícola da Rodada Doha: acesso a mercados (redução de 
tarifas), eliminação dos subsídios à exportação e redução dos subsídios de apoio 
interno (mormente à produção). O Brasil exerceu papel de grande relevo na 
coordenação das posições dessa coalizão durante as negociações agrícolas na 
OMC. 
3. Acordos no âmbito da OMC 
O acordo multilateral que cria a OMC é o Acordo de Marraquexe,firmado ao final 
da Rodada Uruguai do GATT (1986-1994), o qual serve de base para todos os 
demais acordos multilaterais em vigor. Esse acordo estabelece a finalidade, as 
funções e a estrutura da OMC, além de dispor sobre o Secretariado, a personalidade 
jurídica e o processo decisório da organização (normalmente por consenso, mas que 
também prevê a possibilidade de decisões por maioria). 
Os Anexos 1, 2 e 3 ao Acordo de Marraquexe estabelecem a lista dos acordos 
multilaterais firmados ao final da Rodada Uruguai, isto é, aqueles que se tornaram 
obrigatórios para todos os Membros da OMC, sendo assim, para o Brasil também. O 
Anexo 1A estabelece os acordos sobre o comércio de bens, entre os quais estão 
abrangidos os seguintes: 
• Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio 1994 (GATT 1994), que abrange o GATT 
1947; 
• Acordo sobre Agricultura; 
• Acordo sobre a Aplicação das Medidas Sanitárias e Fitossanitárias; 
• Acordo sobre Têxteis e Vestuário; 
• Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio; 
• Acordo sobre Medidas de Investimento relacionadas ao Comércio; 
• Acordo Antidumping; 
• Acordo sobre Valoração Aduaneira; 
• Acordo de Inspeção Pré-Embarque; 
• Acordo sobre Regras de Origem; 
• Acordo sobre Procedimentos de Licenciamento de Importação; 
• Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias; 
• Acordo sobre Salvaguardas. 
 
O Anexo 1B estabelece o Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS) e o 
Anexo 1C compreende o Acordo sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade 
Intelectual relacionados ao Comércio (TRIPS). O Anexo 2 estabelece o 
Entendimento sobre Solução de Controvérsias (ESC) e o Anexo 3 dispõe sobre o 
Mecanismo de Revisão de Política Comercial. 
O Anexo 4, por fim, compreende os Acordos Plurilaterais, isto é, aqueles que 
somente produzem efeitos para os seus signatários, sendo eles: 
• Acordo sobre o Comércio de Aeronaves Civis; 
• Acordo sobre Compras Governamentais; 
• Acordo sobre Produtos Lácteos (não está mais em vigor); 
• Acordo sobre Carne Bovina (não está mais em vigor); e 
• Acordo sobre Tecnologia da Informação. 
 
3.1 Atuação do Brasil referente aos principais acordos 
Como explicado anteriormente, todos os acordos dos Anexos 1, 2 e 3 ao Acordo 
de Marraquexe são obrigatórios a todos os membros da OMC e, 1
consequentemente, ao Brasil. Entretanto, o país não é signatário de nenhum dos 
acordos plurilaterais (Anexo 4) negociados na OMC. 
Entre os principais acordos dos quais o Brasil faz parte estão: 
 Para ler na íntegra o Acordo Constitutivo da OMC, acesse: http://sinus.org.br/2014/wp-content/1
uploads/2013/11/OMC-Acordo-Constitutivo-da-OMC.pdf 
• Propriedade intelectual – TRIPs (1994) 
No âmbito do GATT 1947, a questão da propriedade intelectual não foi muito 
desenvolvida. Havia grande resistência, especialmente por parte dos países em 
desenvolvimento, incluindo o Brasil, à proteção da propriedade intelectual. Tais 
países detinham bases industriais e tecnológicas que lhes permitiam copiar 
processos, produtos e marcas desenvolvidos por países industrializados. No 
entanto, principalmente empresas multinacionais, as grandes responsáveis e 
beneficiárias das inovações intelectuais, exerciam pressões sobre governos para 
que o campo fosse regulamentado. 
Em junho de 1967 foi criada a Organização Mundial da Propriedade 
Intelectual (OMPI), que, em 1974, teria status de organização especializada 
da ONU. Porém, no seio da OMC, as maiores negociações se deram justamente na 
Rodada do Uruguai. Ao fim da Rodada, foi celebrado o Acordo sobre Aspectos dos 
Direitos de Propriedade Intelectual Relativos ao Comércio (TRIPs – Agreement on 
Trade-Related Intellectual Property Rights). 
Dentre as matérias abrangidas pelo TRIPs, podemos citar: direitos de autor; 
marcas; indicações geográficas; desenhos industriais; patentes; proteção de 
informação confidencial, entre outros. 
O TRIPs, no entanto, não estabelece um sistema global sobre proteção à 
propriedade intelectual, mas sim uma lista de regras básicas, que devem ser 
respeitadas e regulamentadas pelos sistemas e órgãos de proteção à propriedade 
intelectual de cada país. 
Foi concedido aos países um pequeno período de transição para se adequarem 
aos compromissos estabelecidos pelo TRIPs e, para o Brasil, como país em 
desenvolvimento, o prazo expirou em 2000. Como leis centrais a questões de 
propriedade intelectual no país podemos citar: a Lei de Programa de Computador, 
nº 9.609/98; a Lei de Direitos Autorais, nº 9.610/98; a Lei de Biossegurança, 
nº 8.974/95; e a Lei de direitos e obrigações relativos à propriedade industrial, 
nº 9.279/96. 
• Salvaguardas (1994) 
No artigo XIX do GATT 1947 já se previam medidas de salvaguardas, que foram 
regulamentadas na Rodada do Uruguai, com a celebração do Acordo Sobre 
Salvaguardas em 1994. 
Por conta de sua redação, o artigo suscitava dúvidas de interpretação, de modo 
que o objetivo primordial do Acordo de Salvaguardas foi, justamente, esclarecê-lo. 
Assim, o Acordo estabeleceu condições, limites e procedimentos para a adoção de 
medidas de salvaguardas. 
Dessa forma, o regime de salvaguardas constitui um regime de exceção. Sempre 
que necessário, qualquer uma das partes poderá adotar as medidas necessárias 
contra as importações que causem ou ameacem causar grave perigo à economia 
nacional ou a um setor produtivo desse país. Para que não ocorra um desequilíbrio 
na relação, a parte que adotar uma medida de salvaguarda deverá oferecer uma 
compensação comercial à outra. 
A postura oficial do governo brasileiro em relação às salvaguardas é: (i) Dar aviso 
público sobre abertura de investigação de salvaguardas, conforme Art. 3.1 do 
Acordo. É publicada Circular SECEX/MDIC no Diário Oficial da União, a qual é 2
devidamente disponibilizada no sítio do MDIC. (ii) Notificar o Comitê de 
Salvaguardas da OMC sobre abertura de investigação, conforme requisitos do Art. 
12.1 (a) do Acordo. (iii) Notificar o referido Comitê, sob o Art. 12.1 (b), a 
determinação de prejuízo grave ou de ameaça de prejuízo grave causado por surto 
de importações. (iv) Notificar o Comitê, sob o Art. 12.1 (c), a decisão de aplicar ou 
estender uma medida de salvaguarda. (v) Notificar o Comitê, sob a nota de rodapé 2 
do Art. 9.1 do Acordo, se for o caso, a exclusão de países em desenvolvimento do 
escopo da aplicação de medida de salvaguarda. 
Além disso, o Governo publica no Diário Oficial da União – e disponibiliza no sítio 
do MDIC - as Resoluções CAMEX de aplicação, prorrogação ou encerramento de 3
 Circular da Secretaria de Comércio Exterior e/ou do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e 2
Serviços.
 Secretaria-Executiva da Câmara de Comércio Exterior.3
medidas de salvaguardas, as quais oferecem conteúdo detalhado das razões em 
que se basearam as decisões da autoridade brasileira. 
• Antidumping (1994) 
Dumping pode ser conceituado como a prática de pôr à venda produtos a um 
preço inferior ao do mercado, especialmente no mercado internacional, para se 
desfazer de excedentes ou para derrotar a concorrência. No artigo VI do GATT 1947 
já havia a previsão de aplicação de direitos antidumping, nos casos em que a prática 
de dumping pudesse causar ou ameaçar causar dano a uma empresa estabelecida 
no território de outro país. 
Na Rodada do Uruguai negociou-se acordo sobre a implementação deste artigo, 
objetivando evitar que o dumping fosse utilizado como uma forma de protecionismo. 
O resultado foi a assinatura do Acordo sobre a Implementação do Artigo VI do GATT 
1994 – Acordo Antidumping, também em 1994. 
O artigo 2.1 prevê quando um produto será considerado como objeto de dumping, 
enquantoo artigo 3.1 prevê os casos nos quais as autoridades dos países 
poderão impor as medidas antidumping. Não basta analisar se o dumping ocorre 
ou não, mas também se faz necessário observar se ele causa algum dano 
material a um produto doméstico similar. Somente neste caso é que as medidas 
podem ser implementadas. 
O Brasil é um dos países que, desde a assinatura deste acordo, mais abriu 
investigações contra práticas de dumping. No total, foram cerca de 130 
investigações, o que o coloca em nono lugar na lista de países que mais abriram 
casos contra produtos importados. Por outro lado, também é um dos mais 
demandados neste aspecto, totalizando cerca de 90 investigações abertas contra 
produtos brasileiros, situando-se em décimo lugar na lista dos mais investigados. 
• Agricultura – AARU (1995) 
 O Brasil sempre participou de diversas negociações sobre agricultura nos foros 
multilaterais de comércio. As tratativas têm sido pautadas pela liberalização do 
comércio agrícola, envolvendo questões tarifárias e não tarifárias, subsídios e 
créditos à exportação. A postura do Brasil é ofensiva nestas negociações, visando 
sempre o estabelecimento de um livre-comércio. 
O tema da agricultura tem um histórico de grandes controvérsias. Isto porque era 
regulamentado, assim como outros bens, pelo GATT 1947. Porém, para o caso dos 
bens agrícolas, sempre foram admitidas exceções em relação à aplicação de 
diversos dispositivos do tratado. Tais exceções deixaram a agricultura à margem da 
regulamentação do GATT, de modo que fosse permitida a adoção de barreiras não 
tarifárias e a permanência de elevadas tarifas e a concessão de subsídios. 
Na Rodada do Uruguai iniciaram-se discussões sobre a implementação de regras 
mais rígidas para o setor agrícola, culminando na aprovação do Acordo sobre 
Agricultura da Rodada do Uruguai (AARU), que entrou em vigor em 1º de janeiro de 
1995. 
O AARU foi benéfico aos países que lutavam pela liberalização e regulamentação 
do setor, como o Brasil. Dentre os benefícios trazidos pelo mesmo estão: redução 
dos subsídios à exportação e do apoio doméstico aos produtores; tarifação e 
redução média das tarifas; e garantia de acesso mínimo e corrente para produtos 
antes bloqueados por conta da alta proteção a que eram submetidos. 
A regra geral deste Acordo é que todas as barreiras não tarifárias deveriam ser 
eliminadas, sendo substituídas por tarifas equivalentes. Foram estabelecidas tarifas 
máximas para cada produto agrícola, de modo que os países se comprometeram a 
reduzir o total tarifário durante o período de implementação. 
Tendo em vista que os principais produtos agrícolas exportados pelo Brasil, 
como carne, açúcar e suco de laranja, sofrem restrições, a efetiva liberalização é 
muito importante para o país, pois auxilia na consolidação de sua posição de 
destaque no mercado internacional. 
• Acordo de Facilitação de Comércio - AFC (2017) 
No dia 22 de fevereiro de 2017, entrou em vigor o Acordo de Facilitação de 
Comércio (AFC), ao alcançar-se o número mínimo de ratificações (108 dos 162 
Membros da OMC). O Brasil ratificou o acordo em março de 2016, por ocasião de 
visita a Brasília do Diretor-Geral da OMC, Embaixador Roberto Azevêdo. O AFC 
simplifica a burocracia e agiliza os procedimentos para o comércio internacional de 
bens, com medidas de reforço de transparência na elaboração de normas e a 
cooperação entre as autoridades aduaneiras. Seu principal objetivo é diminuir os 
custos e o tempo que a mercadoria fica na fronteira, “tempo morto” que onera as 
transações mundiais. 
O Acordo de Facilitação de Comércio foi concluído em Bali, por ocasião da IX 
Conferência Ministerial da OMC, em dezembro de 2013, e foi o primeiro acordo 
multilateral celebrado pela OMC desde sua criação em 1995. 
Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, a implementação no Brasil de 
apenas uma das medidas previstas no acordo, o Portal Único de Comércio Exterior , 4
implicaria aumento de 9 bilhões no saldo comercial anual do Brasil, gerando impacto 
positivo de mais de 2% no PIB brasileiro. De acordo com o Itamaraty, Além do Portal 
Único, o governo brasileiro já vem colocando em prática medidas como o 
processamento eletrônico de documentos e a estruturação do Comitê Nacional de 
Facilitação de Comércio (CONFAC), no âmbito da CAMEX, para a implementação 
das disposições do Acordo. 
 O Programa Portal Único de Comércio Exterior é uma iniciativa de reformulação dos processos de 4
importação, exportação e trânsito aduaneiro. Com essa reformulação, busca-se estabelecer 
processos mais eficientes, harmonizados e integrados entre todos os intervenientes públicos e 
privados no comércio exterior. Saiba mais em http://portal.siscomex.gov.br/conheca-o-portal/
programa-portal-unico-de-comercio-exterior-1/programa-portal-unico-de-comercio-exterior. 
4. Sistema de Solução de Controvérsias 
A Organização Mundial do Comércio conta, desde o início de seu funcionamento 
em 1º de janeiro de 1995, com um mecanismo de solução de controvérsias 
criado com o objetivo de assegurar maior efetividade à aplicação das regras que 
pautam o sistema multilateral de comércio. 
A solução de controvérsias é considerada o grande avanço da OMC, pois este 
mecanismo estabelece novidades entre as relações dos Estados pertencentes a 
esta entidade. Esta estrutura é composta por grupos que avaliam as reclamações 
dos Estados Membros e se propõe a solucionar as divergências. 
Este sistema consolidou uma visão mais legalista que o seu antecessor, o antigo 
GATT, mas também manteve algumas regras do anterior, como as soluções 
negociadas diretamente entre os membros de forma diplomática. 
O objetivo principal do sistema de controvérsias é garantir “… uma solução 
positiva e pacífica para as controvérsias... ” e preferencialmente dar soluções que 5
sejam aceitáveis entre os membros envolvidos e que esteja em conformidade com 
os acordos abrangidos. 
O Sistema de Solução de Controvérsia (SSC) é reconhecido como uma das áreas 
mais dinâmicas da Organização, e permitiu, ao longo dos anos, definir o alcance dos 
Acordos que compõem o acervo normativo da OMC, contribuindo, dessa forma, para 
conferir maior segurança e transparência ao funcionamento do sistema multilateral 
do comércio. Constitui importante instrumento de promoção e proteção dos 
interesses comerciais dos membros da OMC. 
Por causa da tradição do Brasil de privilegiar a solução pacífica de controvérsias e 
o multilateralismo, o SSC é um dos eixos centrais da ação do país na área 
comercial. O Brasil não hesita em recorrer ao sistema quando medidas adotadas por 
outros países em desrespeito as regras multilaterais de comércio afetem interesses 
comerciais brasileiros. 
 Mello. Curso de Direito Internacional Público. 2004, p. 329. 5
4.1 Brasil no Sistema de Solução de Controvérsias da OMC 
 Ao longo de seus 20 anos de existência, a Organização Mundial do Comércio 
(OMC) serviu de palco para várias lutas do Brasil contra as políticas comerciais de 
países e blocos econômicos. 
Entre os emergentes, o país é um dos mais ativos no sistema de solução de 
controvérsias da organização. Com 29 casos como demandante, 19 como 
demandado e 103 participações como terceira parte em contenciosos sobre os mais 
variados temas, o Brasil está entre os seis principais usuários do sistema, atrás 
apenas dos EUA, da União Europeia, do Canadá, da China e da Índia. Ainda hoje, 
Brasil é o país em desenvolvimento que mais vezes participou como Parte 
demandante de procedimentos de solução de controvérsias. 
Essa forte atuação permitiu ao país uma influência crescente na definição do 
alcance de vários dos compromissos assumidos no âmbito da OMC, se mostrandofundamental para a eliminação de barreiras às exportações brasileiras e para a 
estratégia de desenvolvimento do país. 
O Itamaraty, desde 2001, conta com uma área, vinculada a SGEF, dedicada 
exclusivamente à preparação e acompanhamento dos casos no âmbito da OMC, 
com o objetivo de facilitar a participação do Brasil no SSC. 
Atuando em estreita articulação com o setor privado brasileiro e outras áreas do 
Governo, a Divisão de Contenciosos Comerciais é responsável, entre outros, pelo 
acompanhamento permanente dos casos em andamento (elaboração de petições, 
participação em consultas e audiências, pesquisa e análise de jurisprudência), como 
também pela condução das discussões pré-contencioso (receber as ponderações de 
setores afetados, elaboração de pareceres jurídicos, coordenação com os setores e 
órgãos governamentais envolvidos) e, não menos importante, o monitoramento da 
implementação dos contenciosos. (ITAMARATY) 
A decisão de iniciar um contencioso na OMC é tomada pela Câmara de Comércio 
Exterior, tendo presente a análise preliminar sobre a viabilidade jurídica do caso, de 
responsabilidade da Coordenação Geral de Contenciosos e o parecer dos demais 
áreas do Governo com competência na matéria sobre os interesses econômicos e 
políticos em jogo, sempre em articulação com o setor privado. Para tanto, a CAMEX 
pode atuar de ofício ou provocada pelo setor privado interessado, que participa 
ativamente da preparação de todas as etapas do contencioso. (ITAMARATY) 
4.2 Principais casos em que o Brasil atuou como demandante : 6
• Estados Unidos – Gasolina: O Brasil questionou as restrições impostas pelos EUA, 
sobre o pretexto de proteção do meio ambiente, à importação de gasolina. O Brasil 
conseguiu demonstrar que a gasolina importada era submetida a condições de 
venda menos favoráveis do que as oferecidas à gasolina doméstica, e que a 
medida americana não poderia ser justificada por meio das exceções aos acordos 
da OMC. 
• Embraer-Bombardier : O embate entre Embraer e Bombardier iniciou-se em 1996, 
quando a empresa canadense questionou junto à OMC os subsídios concedidos à 
Embraer por meio do “PROEX-Equalização”. Em resposta, o Brasil iniciou disputa 
contra o Canadá em razão dos subsídios concedidos pela Província de Quebec à 
Bombardier. O Brasil logrou, assim, empatar o jogo: obteve autorização para 
retaliar o Canadá em montante semelhante àquele que havia sido obtido pelo 
governo canadense contra o Brasil. Isso levou ambos os países à mesa de 
negociação, o que resultou, em 2007, na revisão das regras de crédito de 
exportação de aeronaves no âmbito da OCDE. 
• Comunidades Europeias – Açúcar Em 2002, o Brasil recorreu à OMC contra os 
subsídios concedidos pelas Comunidades Europeias (CE) ao açúcar. Embora as 
CE fossem o maior exportador mundial de açúcar, o custo de produção de açúcar 
na Europa era 4 a 6 vezes maior do que no Brasil. As CE produziam açúcar a um 
custo altíssimo e vendiam no mercado internacional a um preço muito mais baixo, 
o que só era possível em virtude dos vultosos subsídios pagos aos produtores. 
Como resultado da vitória brasileira no contencioso, as exportações europeias de 
açúcar passaram de quase 7 milhões de toneladas na safra 2000-2001 para 2,2 
milhões de toneladas na safra 2011-2012, e as exportações brasileiras de açúcar 
dobram a partir do primeiro ano do contencioso. 
 Informação fornecida pela Divisão de Contenciosos Comerciais – DCCOM através do site <http://6
www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/diplomacia-economica-comercial-e-financeira/15581-o-
sistema-de-solucao-de-controversias-da-omc>
• Estados Unidos – Algodão: Em dos mais longos contenciosos da história da OMC 
(2002-2014), o Brasil questionou os subsídios concedidos pelos EUA à produção 
doméstica e à exportação de algodão no período 1999-2002 (US$ 12,9 bilhões). 
Em 2001, para um valor total de produção de US$ 3 bilhões, os subsídios 
chegaram a quase US$ 4,2 bilhões. Diante da recusa americana em cumprirem as 
decisões do Órgão de Apelação da OMC, o Brasil obteve o direito de retaliar os 
EUA, tanto em bens como em propriedade intelectual, no valor de US$ 829 
milhões para o ano de 2009. Com a determinação do governo brasileiro de levar 
adiante as de retaliação, os EUA viram-se obrigados a negociar com o Brasil uma 
solução de mutuamente acordada. Disso resultou Acordo Quadro nos termos do 
qual, como contrapartida para o fim do contencioso, os EUA acordaram em pagar 
ao Brasil compensação superior a de US$ 800 milhões. Os recursos são 
destinados para projetos de desenvolvimento e modernização da cotonicultura 
brasileira empreendidos pelo Instituto Brasileiro do Algodão. 
• Comunidades Europeias – Frango Salgado: Em 2003, o Brasil questionou a 
mudança da classificação tarifária aplicada pela CE às importações de frango 
salgado, que resultou em acentuada elevação da tarifa de importação com 
consequentes prejuízos às exportações brasileiras. O Brasil saiu-se vitorioso na 
OMC, o que lhe permitiu não apenas preservar seu acesso ao mercado europeu 
de frango, mas também obter concessões em outros produtos. Foram acordadas 
as seguintes quotas: (i) 170 mil ton/ano de frango com tarifa de 15,4%; (ii) 92 mil 
ton./ano de carne de peru com tarifa de 8,5%; (iii) 79 mil ton./ano de preparações à 
base de frango com tarifa de 8%. 
• Estados Unidos – Suco de Laranja: Em 2007, o Brasil questionou a sistemática 
adotada pelos Estados Unidos para aplicação de medidas antidumping adotadas 
pelo Departamento de Comércio dos EUA contra as exportações brasileiras de 
suco de laranja, bem como à forma de cálculo da margem antidumping por meio 
do zeroing. Este método de cálculo não somente afeta a determinação sobre a 
existência de dumping, como infla as margens de direitos anti-dumping. Após a 
condenação desse método de cálculo no contencioso movido pelo Brasil, os EUA 
decidiram por fim ao uso do zeroing, que já havia sido objeto de outras disputas. 
• Indonésia – Frango: Em 2015, o Brasil questionou na OMC as barreiras comerciais 
impostas pela Indonésia à importação de carne de frango e produtos de frango. 
Desde 2009, esse conjunto de medidas restritivas resultou na proibição da 
importação de frango de qualquer origem. As restrições comerciais da Indonésia 
são variadas, envolvendo um complexo sistema de licenciamento de importação, 
atraso na aprovação sanitária do Brasil e de seus produtores, proibição de 
importação de certos produtos de frango e limitação da venda do frango importado 
a determinados segmentos do mercado local. O contencioso ainda está em fase 
de painel, estando prevista a divulgação do relatório final apenas no primeiro 
semestre de 2017. 
• Indonésia – Carne Bovina: O Brasil solicitou, em abril de 2016, consultas à 
Indonésia em função de restrições impostas pelo país asiático às exportações de 
carne bovina brasileira. O contencioso diz respeito a uma série de medidas legais 
e administrativas indonésias que dão ensejo, de fato e de direito, ao banimento da 
carne brasileira daquele mercado, em desconformidade com as obrigações 
assumidas por aquele país asiático no âmbito dos acordos aplicados na OMC. O 
Brasil ainda não solicitou o estabelecimento de painel, pois o caso está em fase de 
análise e preparação. 
• Tailândia - Açúcar: Em 2016, o Brasil apresentou ao Órgão de Solução de 
Controvérsias da OMC pedido de consultas à Tailândia em que questionava prática 
do governo tailandês de concessão de apoio aos produtores de cana e de açúcar, 
elevando a produção e a exportação. O Brasil conseguiu identificar problemas 
relacionados a incentivos concedidos pela Tailândia para o setor, em particular o 
esquema tailandês de quotas (avaliadoem US$ 775 milhões anuais), que, ao 
dividir o lucrativo mercado doméstico entre as usinas segundo sua produção total, 
estimula artificialmente a geração de excedentes exportáveis, mesmo que 
vendidos no exterior abaixo do preço de custo, em afronta às obrigações contidas 
nos Acordos da OMC, notadamente no Acordo de Subsídios e Medidas 
Compensatórias. 
5. Participação Atual do Brasil 
A Organização Mundial do Comércio (OMC) confirmou em agosto de 2017 
a decisão que considerou como subsídios ilegais e regras discriminatórias uma série 
de programas de incentivo do governo à indústria brasileira. De acordo com o G1 
trata-se da maior condenação contra subsídios à indústria que o Brasil já sofreu. 
Após queixas da União Europeia e Japão, o painel aberto pelo órgão internacional 
concluiu que programas estabelecidos nos últimos anos no Brasil taxam 
excessivamente produtos importados na comparação com os nacionais. O motivo 
apresentado por esse países é de que o Brasil utiliza vantagens competitivas, como 
isenções fiscais. 
Na conclusão, o painel da OMC considerou que a grande maioria das medidas 
adotadas pelo Brasil não estão em conformidade com as regras do comércio 
internacional e deu um prazo de 90 dias para o Brasil suspender 7 programas 
adotados. 
Ainda que o governo consiga rever alguns dos pontos da condenação, a decisão 
da OMC deverá levar a uma revisão dos programas que foram considerados 
subsídios ilegais, o que coloca em xeque a continuidade ou prorrogação das 
medidas de incentivo sob questionamento. 
Entre os setores hoje beneficiados pelos programas e que podem ser afetados 
pela decisão da OMC estão os de informática, automobilístico e aqueles voltados à 
exportação. 
5.1 Liderança d Brasil na OMC 7
Dentro da organização, o atual diretor-geral é um brasileiro, Roberto Azevedo, 
que foi indicado pelo Brasil em 2012 para o cargo, venceu a disputa e assumiu o 
posto em setembro de 2013. 
 Informação baseada na notícia de CHADE, Jamil. Liderança do Brasil na OMC ganha admiradores 7
e críticos. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/329243>
Com isso o Brasil passou a fazer parte do grupo de países com poder de 
influenciar as negociações da OMC. Mas essa nova realidade também modificou a 
forma como o governo atua nos bastidores das reuniões em Genebra e como é visto 
pelos outros países e, até mesmo, pela empresa estrangeira. 
Ao mesmo tempo que a diplomacia brasileira na organização ganhou admiradores 
por ser ativa, também provou um sentimento de suspeita e desconfiança entre vários 
governos, alguns até da América do SUl. 
Durante décadas, as regras do comércio internacional eram praticamente 
decididas por americanos e europeus. O restante da comunidade internacional 
pouco conseguia influenciar. Mais recentemente, porém, os países emergentes 
conseguiram redesenhar a geometria das negociações. Os primeiros passos foram 
dados pelo Brasil no lançamento da Rodada Doha, em 2001, e com a decisão de 
lançar disputas contra os subsídios americanos e europeus, em 2002. Mas ganhou 
força com a criação do G-20 (grupo de países emergentes), em 2003. Desde então, 
o País é um ator constante nas negociações. (CHADE, 2007) 
"O Brasil se tornou um dos líderes das negociações e atua de forma incisiva. De 
fato, sua liderança é vista por alguns até mesmo como sendo desproporcional à sua 
participação no comércio internacional", afirma o jornalista americano Daniel Pruzin, 
que há nove anos cobre a OMC e é presidente da Associação de Jornalistas 
Credenciados na ONU em Genebra. 
Americanos e europeus acreditam que há uma divisão dos países emergentes. O 
embaixador dos Estados Unidos na OMC, Peter Allgeier, publicou um artigo no The 
Wall Street Journal, no qual questiona até que ponto o Brasil representa os 
emergentes. Já o ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, 
alerta que os países em desenvolvimento não podem ser tratados como um só 
grupo. Entre os embaixadores estrangeiros procurados para comentar a situação do 
Brasil, ninguém quis falar abertamente. "Isso não seria bom para as relações entre 
os nossos países", justificou um. "Se eu falar o que penso, amanhã sou enviado de 
volta a meu país", disse outro. 
6. Conclusão 
A partir desse trabalho, concluímos que o Brasil é um dos membros mais ativos 
dentro da Organização Mundial do Comércio, principalmente em relação ao 
sistema de solução de controvérsias, além de estar entre os principais países 
emergentes (BRICS), com uma participação significativa no cenário e no comércio 
internacional. 
O Brasil tem uma posição favorável dentro da OMC, especialmente por obter 
ganhos nas ações que entrou contra as políticas comercias de protecionismo dos 
países desenvolvidos e de blocos econômicos, o que além de ajudar o Brasil a 
conquistar mais mercados para as suas exportações, mostrou um domínio 
brasileiro sobre as normas e suas aplicações no âmbito dos acordos. 
As ações mais emblemáticas que o Brasil participou é o caso Brasil-Canadá, 
entre as empresas Embraer e Bombardier; Brasil-EUA na questão dos subsídios 
americanos em relação ao algodão; Brasil-União Europeia também na questão 
dos subsídios, mas dessa vez relacionado ao açúcar. Atualmente, o Brasil 
ameaçou recorrer mais uma vez a OMC contra os EUA, onde Trump impôs tarifas 
nas importações de aço e alumínio, e cerca de 1/3 das exportações de aço 
brasileiro são para o mercado americano. 
7. Referências: 
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impactados. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/entenda-por-
que-a-omc-condenou-o-brasil-e-quais-os-setores-impactados.ghtml> Acesso: 20 de 
mar de 2018 
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Cenário Atual? Disponível em: <https://estudosaduaneiros.com/funcao-da-omc-no-
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