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RELAT. DE FARMACO - IMPORTÂNCIA DA VIA DE INTRODUÇÃO NA ABSORÇÃO DE MEDICAMENTOS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE FARMÁCIA
DISCIPLINA: FARMACOLOGIA BÁSICA DOCENTE: DRA. ROSIMEIRA FERREIRA DOS SANTOS
IMPORTÂNCIA DA VIA DE INTRODUÇÃO NA ABSORÇÃO DE MEDICAMENTOS
Mário Henrique da Silva Lima (20179111904)
AGOSTO - 2018
TERESINA – PIAUÍ
Introdução
Os fármacos são responsáveis por efeito biológico quando administrados em organismos vivos, porém apenas se forem substâncias de estrutura química conhecida, geralmente, são ácidos ou bases fracas e possuem características físico-químicas próprias, como PH e solubilidade, devido às características possuem formas farmacêuticas e vias de administrações adequadas (GOLAN et al., 2009).
De acordo com Brunton, Chabner e Knollmann (2012), entre as vias de administração dos medicamentos destacam-se as vias: oral, bucal, parenteral (intravenosa, intraperitoneal e subcutânea), tópica e retal. São escolhidas de acordo com o fármaco, para que consigam atravessar as barreiras biológicas da melhor maneira e alcancem os alvos para que possa ocorrer o efeito farmacológico pretendido. A via oral é a mais utilizada devido à simplicidade do acesso a ela, a segurança e conveniência, entretanto possui absorção limitada, sofre o efeito de primeira passagem e depende do paciente (em casos de pacientes inconscientes, torna-se uma via inutilizável). 
A via parenteral possui alta biodisponibilidade, o efeito é alcançado rapidamente e é usada em pacientes em casos de emergência, porém é arriscada em caso de erro do cálculo da dose, existência de hipersensibilidade visto que após a aplicação já se encontra na circulação sanguínea, além da importância da esterilização e da dor. A via subcutânea é indicada para fármacos que não ocasionem a irritação nos tecidos do organismo, consiste na administração de pequenos volumes e fármacos a base de óleos. A via intraperitoneal possui uma velocidade alta no alcance do fármaco á circulação sanguínea devido à extensão da cavidade, porém resulta em dor intensa no local da administração (BRUNTON, CHABNER, KNOLMANN, 2012; SILVA, 2010).
O Tionembutal sódico (C11H17N2NaO2S) é um anestésico, um medicamento depressor do sistema nervoso central com efeito rápido (BRANSON, 2007), bastante lipossolúvel, logo se acumula na gordura corporal após a administração. Por ser um anestésico, é capaz de ocasionar o relaxamento muscular, já que interfere na acetilcolina na membrana pós-sináptica (FANTONI et al., 1999). É valido ressaltar que o tempo de ação desse fármaco depende grande parte da dose utilizada na administração.
Por meio da prática realizada, objetivou-se verificar os efeitos das diferentes vias (enteral, intraperitoneal e subcutânea) com a administração da mesma substância (Tiopental, 25 mg/kg; [ ] 25 mg/mL) em ratos (Rattus norvegicus), analisando parâmetros (reflexo palpebral, respiração e comportamento) para a obtenção da conclusão adequada. 
 
Metodologia
Foram utilizados três ratos (Rattus norvegicus) por grupo, condicionados em gaiolas antes do início do experimento. Os ratos foram pesados e identificados por meio de numeração para a correta diferenciação de acordo com as vias, em seguida, observaram-se e registraram-se os parâmetros: respiração (contabilização da expansão tóraco-abdominais por minuto), reflexo palpebral (estimulou-se o fechamento da pálpebra utilizando algodão) e o comportamento (normal, excitado, deprimido e dormindo). 
Após a análise dos parâmetros de cada um, administrou-se a substância Tionembutal sódico (25 mg/kg; [ ] 25 mg/mL ) pelas vias oral, intraperitoneal e subcutânea, a quantidade a ser administrada foi previamente calculada relacionando-se com o peso dos animais. 
Para a administração pela via oral, utilizou-se cuidadosamente uma seringa na cavidade oral do rato que o obriga a ingerir a substância. Para a via intraperitoneal, o animal foi segurado de maneira que a barriga ficasse exposta e de forma alongada, o Tiopental foi administrado em uma seringa. Na via subcutânea, o anestésico foi administrado no pescoço posteriormente por meio de uma seringa.
 Por consequência, da administração, após 20 minutos, realizou-se novamente a análise dos parâmetros já citados anteriormente. Em seguida, os ratos foram devolvidos para suas gaiolas. 
Resultados e Discussão
Inicialmente, conforme a observação dos parâmetros verificou-se um padrão entre os três animais em relação aos reflexos palpebrais, mas não em relação aos outros parâmetros. O animal I recebeu o anestésico por meio da via oral, o II pela via intraperitoneal e o III pela via subcutânea. Os resultados estão expostos na Tabela 1.
Tabela 1: Parâmetros registrados anteriormente à administração do fármaco, Tiopental, em Rattus norvegicus.
	Animais
Parâmetros
	I
	II
	III
	Reflexo palpebral *
	(+)
	(+)
	(+)
	Comportamento
	Excitado
	Normal
	Normal
	Respiração
	64
	42
	60
Legenda: (+) presente.
Fonte: Laboratório de Farmacologia da UFPI. Alunos de Farmácia 2018.1
Posteriormente, à administração do fármaco, Tionembutal sódico, verificou-se mudanças nos dados quando comparados com a Tabela 1. Os parâmetros foram analisados após 20 minutos da administração. Os dados estão expostos na Tabela 2. 
Tabela 2: Parâmetros registrados posteriormente à administração do fármaco, Tiopental, em Rattus norvegicus.
	Animais
Parâmetros
	I
	II
	III
	Reflexo palpebral *
	(+ -)
	(-)
	(+-)
	Comportamento
	Normal
	Deprimido
	Normal
	Respiração
	64
	40
	50
Legenda: (+) presente, (+-) diminuído, (-) ausência.
Fonte: Laboratório de Farmacologia da UFPI. Alunos de Farmácia 2018.1
Ressalta-se que os dados distinguem devido a variabilidades das espécies e alterações dos resultados quando comparados com a literatura, visto que o ambiente da prática não era o mais adequado e também a inexperiência dos alunos com os animais. 
O animal I (212,7 g) apresentou um comportamento normal durante o tempo de recuperação após a administração de 0,2157 mL do fármaco, visto que a via oral sofre o metabolismo de primeira passagem composto por reações de oxidação/redução e reações de conjugação, é metabolizado pelo fígado pelo sistema de oxidase de função mista citocromo P-450, encontrado no retículo endoplasmático agranular e os metabólitos excretados pela urina (KUMAR et al., 2013)
.Logo, se justificam as semelhanças entre os resultados expostos na Tabela 1 e 2 devido ao efeito reduzido do fármaco ocasionado pelo processo de metabolização, porém ressalva-se que o reflexo palpebral diminuiu, constatando-se que houve efeito do anestésico no animal. 
O animal II (200 g) depois de receber 0,2 mL do medicamento, imediatamente contraiu-se e permaneceu assim durante alguns minutos. Seu tempo de recuperação foi o mais prolongado entre os três animais, justificando-se pela via utilizada, intraperitoneal (área extensa de absorção), em que há ação imediata do fármaco devido ser injetado diretamente na circulação sanguínea e também, com a influência da alta biodisponibilidade. Apesar dos 20 minutos após a administração do Tiopental ainda observaram-se os efeitos anestésicos, como a ausência do reflexo palpebral, comportamento deprimido e respiração mais lenta registrados na Tabela 2, portanto a via intraperitoneal dentre as escolhidas apresenta a maior efetividade ao uso de anestésicos. 
O animal III (170 g) recebeu 0,17 mL do Tionembutal sódico por meio da via subcutânea. Apresentou um comportamento mais calmo depois do anestésico, relaciona-se com a via que apresenta taxa de absorção constante e lenta produzindo um efeito prolongado, justificando-se o reflexo palpebral diminuído exposto na Tabela 2. De acordo com a análise de cada animal (I, II, III) conclui-se a relevância da via de administração nos efeitos pretendidos com determinado fármaco, tendo em vista que as características físico-químicas possuem relevância na formulação farmacêutica e na via de administração, emcasos de urgência, a via enteral não seria satisfatória no uso de anestésicos ao contrário da via parenteral que mostrou bons resultados, vistos na Tabela 1 e 2. 
O Tionembutal sódico é um anestésico com elevado coeficiente de partição lipídio/água, propriedade fundamental na distribuição e na excreção das drogas. Ele atravessa fácil e rapidamente a barreira hematoencefálica em 1 ou 2 minutos, alcançando concentração máxima no SNC, devido a essa velocidade entende-se a contração instantânea e efeitos observados no animal II (SILVA, 2010).
Nesse contexto, Rang (2016) afirma que o Tiopental é um barbitúrico com uma velocidade de indução rápida, ocorre um acúmulo no tecido adiposo (devido à elevada lipossolubilidade) ocasionando uma recuperação lenta, também justificando os efeitos observados nos animais II e III que receberam os fármacos pelas via intraperitoneal e subcutânea. 
Os barbitúricos decrescem a excitabilidade neuronal aumentando a ligação do GABA ao receptor (BRAZ, 2000). Eles atuam como agonistas nos receptores GABAA e também aumentam as respostas dos receptores ao GABA, possuem ação ultracurta e induzem anestesia cirúrgica em segundos, justificando os resultados obtidos na prática como os efeitos reduzidos após os 20 minutos da administração e o rápido efeito observado nos animais II e III (GOLAN et al., 2009).
Conclusão
De acordo com os parâmetros utilizados na prática, houve diferenças significativas entre as vias escolhidas em relação ao tempo de efeito do fármaco e o comportamento dos ratos após as administrações. A via intraperitoneal obteve efeito imediato, portanto seria a melhor escolha, entretanto é responsável por dor intensa no local. A via oral não mostrou resultados tão satisfatórios, sendo ineficaz em casos de uso de anestésicos e via subcutânea mostrou-se eficaz, mas pela dependência direta do fluxo sanguíneo não seria a melhor a via de administração de anestésicos em urgência ou procedimentos cirúrgicos.
Referências
BRANSON, K. R. Injectable and alternative anesthetic techniques. In: TRANQUILLI, W. J.; THURMON, J. C.; GRIMM, K. A. Lumb & Jones’ Veterinary Anesthesia and Analgesia. 4. ed. Oxford: Blackwell Publishing, 2007. cap. 11, p. 273-299.
BRAZ, J. R. C. Anestesia venosa. In: BRAZ, J. R. C.; CASTIGLIA, Y. M. M. Temas de anestesiologia para o curso de graduação em medicina. 2. ed. São Paulo: Editora UNESP, Artes Médicas, 2000. cap. 8, p. 95-118.
BRUNTON, L.L.; CHABNER, B.A.; KNOLLMANN, B.C. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman e Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. 2080 p.
FANTONI, D. T. Anestesia no cardiopata. In: FANTONI, D. T.; CORTOPASSI, S. R. G. Anestesia em cães e gatos. 2. ed. São Paulo: Roca, 2002. cap. 30, p. 294-320.
 GOLAN, D. E.; TASHJIAN, A.H.; ARMSTRONG, E.J.; ARMSTRONG, A.W. Princípios de Farmacologia. A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. 3. ed. Guanabara Koogan, 2009. 871 p.
KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.; MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
RANG, H.P.; DALE, M.M.; RITTER, J.M.; FLOWER, R.J.; HENDERSON, G. Farmacologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 808 p
SILVA, P. Farmacologia. 8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

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