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Teoria das Penas - RESUMO NP1

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Teoria das Penas – Resumo NP1
Conceito de Sanção Penal
Trata-se da punição estabelecida em lei penal. Atualmente fortemente representada pelo instituto da prisão, porém existem outras formas de punição, como veremos a seguir.
– Espécies de Sanção Penal
A sanção penal pode ser de duas espécies:
a) pena;
b) medida de segurança
A) Conceito de Pena
A pena é a sanção penal, imposta pelo Estado, em execução de uma sentença ao culpado pela prática de infração penal, consistente na restrição ou na privação de um bem jurídico, com finalidade de retribuir o mal injusto causado à vítima e à sociedade bem como a readaptação social e prevenir novas transgressões pela intimidação dirigida à coletividade.
– Finalidade da Pena
Existem três teorias para definir a finalidade da pena:
a) Teoria absoluta ou da retribuição – a finalidade da pena é punir o autor de umainfração penal. A pena nada mais consiste que na retribuição do mal injusto, praticado pelo criminoso, pelo mal justo previsto em nosso ordenamento jurídico.
b) Teoria relativa, finalista, utilitária ou da prevenção – a pena possui fim prático de prevenção geral e prevenção especial. Fala-se em prevenção especial, na medida em que é aplicada para promover a readaptação do criminoso à sociedade e evitar que volte a delinquir. Fala-se em prevenção geral, na medida em que intimida o ambiente social (as pessoas não delinquem porque tem medo de receber punição).
c) Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória – a pena possui dupla função, quais sejam, punir o criminoso e prevenir a prática do crime seja por sua readaptação seja pela intimidação coletiva.
- Características da Pena
A pena possui sete características importantes e, na sua maior parte, expressas no texto constitucional que merecem sólida atenção. Vejamos algumas:
a) Legalidade
Fundamento: artigo 1º, CP e inciso XXXIX, do artigo 5º da CF.
A pena deve estar prevista em lei e, importante, lei em sentido estrito, não se admitindo que seja cominada em regulamento ou ato normativo.
b) Anterioridade
Fundamento: artigo 1º CP e inciso XXXIX, do artigo 5º, da CF.
A pena deve já estar em vigor na época em que foi praticada a infração.
c) Personalidade
Fundamento: inciso XLV, do artigo 5º, da CF.
A pena não pode passar da pessoa do condenado.
A pena de multa, por exemplo, embora considerada dívida de valor, em razão da personalidade, jamais poderia ser cobrada dos herdeiros do condenado.
d) Inderrogabilidade
Salvo previsões expressas legais, o Juiz jamais poderia deixar de aplicar a pena. Por exemplo, o juiz não poderia extinguir a pena de multa em razão de seu irrisório valor.
e) Individualidade
Fundamento: inciso XLVI, do artigo 5º, da CF.
A imposição e o cumprimento da pena deverão ser individualizados de acordo com a culpabilidade e o mérito de cada sentenciado.
f) Proporcionalidade
Fundamento: incisos XLVI e XLVII, do artigo 5º da CF.
A pena deve ser proporcional ao crime praticado
g) Humanidade
Fundamento: artigo 75, do Código Penal e inciso XLVII, do artigo 5º da CF.
Não são admitidas as penas de morte (salvo em caso de guerra declarada), de trabalhos forçados, perpétuas, banimento e cruéis.
– Espécies de Pena
As penas podem ser:
i) pena privativa de liberdade;
ii) pena restritiva de direito;
iii) penas pecuniárias.
- Pena Privativa de Liberdade
– Espécies:
As penas privativas de liberdade podem ser:
a) reclusão. Ex: artigo 121, caput;
b) detenção. Ex: artigo 137;
c) prisão simples (para as contravenções penais).
 Regime Penitenciário e Suas Espécies
É o regime inicial de cumprimento da pena. A principal característica diferenciadora entre as espécies de pena privativa de liberdade.
Há três espécies de regime de cumprimento da pena privativa de liberdade. Os regimes podem ser:
Fechado – cumpre a pena em estabelecimento penal de segurança máxima ou média;
Semi-aberto – cumpre a pena em colônia penal agrícola, industrial ou em estabelecimento similar;
Aberto – trabalha ou frequenta cursos em liberdade, durante o dia, e recolhe-se na Casa do Albergado ou estabelecimento similar à noite e nos dias de folga.
O regime inicial de cumprimento de pena deverá ser estipulado na sentença condenatória, conforme o Artigo 110, da Lei de Execução Penal (LEP). O juiz deverá se atentar, também, às determinações contidas no artigo 33 do Código Penal, o qual estabelece a distinção entre a pena de reclusão e a pena de detenção.
Regime inicial da PPL de reclusão
Para estabelecer o regime inicial da pena de reclusão o Juiz deverá observar os seguintes critérios:
1) Se a pena imposta for superior a 8 anos – o regime inicial de cumprimento é o FECHADO.
2) Se a pena imposta for superior a 4 anos, mas não exceder a 8 anos – o regime inicial de cumprimento será o SEMI ABERTO
3) Se a pena imposta for igual ou inferior a 4 anos – o regime inicial de cumprimento da pena será o ABERTO.
Algumas observações devem ser anotadas, vejamos:
OBS1 => Se o condenado for REINCIDENTE => SEMPRE INICIA NO FECHADO, salvo se a condenação anterior foi por pena de multa, quando poderá, segundo o Supremo Tribunal Federal, iniciar o cumprimento no aberto, desde que a pena seja igual ou inferior a 4 anos.
OBS 2 => Se as circunstâncias do artigo 59, CP, forem DESFAVORÁVEIS => INICIA NO FECHADO. Lembre-se que em se tratando de pena superior a 8 anos, a imposição de regime inicial fechado depende de fundamentação adequada em face do que dispõe o artigo 33, do CP, bem como o próprio artigo 59.
Regime inicial da PPL de detenção
São somente dois critérios essenciais, vejamos:
1) Se a pena for superior a 4 anos – inicia no SEMI ABERTO
2) Se a pena for igual ou inferior a 4 anos – inicia no ABERTO
Temos ainda outras três observações para ser realizadas:
OBS 1 => Se for REINCIDENTE => INICIA NO SEMI ABERTO.
OBS 2 => Se as circunstâncias do artigo 59, CP, forem DESFAVORÁVEIS=> INICIA NO SEMI ABERTO.
OBS 3 => Não existe regime inicial fechado em caso de detenção. Obrigatoriamente o regime inicial deverá ser aberto ou semi-aberto. No entanto, somente em caso de regressão, poderá haver a implementação do regime fechado, mesmo em se tratando de detenção.
Regime inicial da pena de prisão simples
Também, nos termos do artigo 6º, da Lei de Contravenções Penais, não existe regime inicial fechado em se tratando de prisão simples. Nesses casos, a pena deverá ser cumprida em regime aberto ou semi-aberto, sem rigor penitenciário.
A diferença entre a prisão simples em relação à detenção é verificada na medida em que a primeira não admite o regime fechado sequer em caso de regressão, que ocorre, somente, do aberto para o semi-aberto.
Gravidade do delito e regime penitenciário
A gravidade do delito não é suficiente, por si só, para determinar a imposição do regime inicial fechado, sendo imprescindível verificar o conjunto das circunstâncias previstas no artigo 59, do CP.
Outrossim, importante frisar que, se a sentença for omissa quanto ao regime inicial, a dúvida deve ser resolvida em prol do regime mais benéfico, desde que juridicamente cabível. Por exemplo, o réu primário, condenado a 6 anos de reclusão, sem que a sentença faça referência ao regime inicial, temos que seria possível tanto a imposição do regime semi-aberto como o do fechado, porém, em razão da omissão, a pena deverá ser cumprida neste último
Progressão do regime
Em razão do dinamismo do processo de execução, o legislador previu a possibilidade de alguém que inicia o cumprimento de sua pena em um regime mais gravoso – fechado ou semi aberto – obter o direito de passar para um regime mais brando, ou seja, a progressão de regime.
A progressão de regime, prevista no artigo 112 da LEP, é determinada pelo Juiz, após a oitiva do Ministério Público (sob pena de nulidade absoluta)e é concedida, desde que preenchidos os seguintes requisitos:
a) Objetivos – cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior;
b) Subjetivos – o mérito do executado. São requisitos de ordem pessoal, tais como, a autodisciplina, o senso de responsabilidade do sentenciado, conduta carcerária.
Sobrevindo alguma nova condenação durante a execução, a nova pena será somada ou unificada com o restante e, sobre o total, realizar-se-á o cálculo da pena a ser cumprida. Por exemplo: quando faltava 1 ano de detenção decorrente da condenação de um crime, sobrevém condenação para cumprimento de 9 anos de reclusão. Soma-se 9+1 = 10, serão, assim, 10 anos de reclusão, que teriam que ser cumpridos em regime fechado.
A lei veda a chamada progressão por salto, isto é, a passagem de um regime mais severo para o mais brando sem a submissão ao regime intermediário. A regra é clara na exposição de motivos da Lei de Execução Penal.
Mesmo assim, a jurisprudência do STF admite única hipótese de progressão por salto que ocorre quando o sentenciado já cumpriu 1/6 da pena em regime fechado e, por falta de vaga no regime semi-aberto, cumpre mais 1/6 no fechado. Nesses casos, há a possibilidade de transferi-lo para o regime aberto.
De qualquer sorte, em regra, a jurisprudência afasta a possibilidade de progressão por salto.
Dos Sistemas Penitenciários 
Sistema Pensilvânico ou Filadélfico
Neste sistema penitenciário foram utilizadas convicções religiosas e bases do Direito Canônico para estabelecer uma finalidade e forma de execução penal. O condenado deveria ficar completamente isolado em uma cela, sendo vedado todo e qualquer contato com o meio exterior. Objetivava-se a expiação da culpa e a emenda dos condenados. Autorizava-se, tão-somente, passeios inconstantes no pátio da prisão e a leitura da Bíblia, para que o condenado pudesse se arrepender do delito praticado e, conseqüentemente, alcançar o perdão de sua conduta reprovável perante a sociedade e o Estado. 
Tal sistema, baseado na solidão e no silêncio, foi violentamente criticado, alegando-se que a prática da separação absoluta e da proibição de comunicação entre os presos ocasionava insanidade e, além disso, o aludido sistema foi adotado, com algumas modificações, por diversos países da Europa, durante o século XIX: Inglaterra em 1835, Bélgica em 1838, Suécia em 1840, Dinamarca em 1846, Noruega e Holanda em 1851 e também a Rússia.
Sistema Auburniano
Não era permitido, sequer, a comunicação entre os presos, com o objetivo de primar pelo silêncio absoluto. A diferença mais nítida entre o sistema pensilvânico e o sistema auburniano, diz respeito à segregação; naquele, a segregação era durante todo o dia; neste, era possível o trabalho coletivo por algumas horas. Ambos, porém, pregavam a necessidade de separação dos detentos, para impedir a comunicação e o isolamento noturno acontecia em celas individuais. O sistema pensilvaniano era mais dispendioso do que o auburniano. O trabalho em celas individuais era inadequado à produção industrial, através de máquinas, que se tornava comum. Conseqüentemente, o retorno econômico proveniente do trabalho prisional, através do sistema pensilvaniano, era escasso. Quando o “separate or solitary system” foi desenvolvido, o objetivo da reclusão penitenciária era, preferencialmente, evitar a contaminação moral entre presos e promover a reflexão e o arrependimento, ficando em segundo plano obter rendimentos do trabalho prisional.
Sistema Progressivo
A essência deste regime consiste em distribuir o tempo de duração da condenação em períodos, ampliando-se em cada um os privilégios que o recluso pode desfrutar de acordo com sua boa conduta e o aproveitamento demonstrado do tratamento reformador. Outro aspecto importante é o fato de possibilitar ao recluso reincorporar-se à sociedade antes do término da condenação. A meta do sistema tem dupla vertente: de um lado pretende constituir um estímulo à boa conduta e à adesão do recluso ao regime aplicado, e, de outro, pretende que este regime, em razão da boa disposição anímica do interno, consiga paulatinamente sua reforma moral e a preparação para a futura vida em sociedade.”[8]
Tal sistema era constituído por três fases. A primeira consistia em um período de isolamento celular diurno e noturno, no qual o condenado podia estar submetido a trabalho obrigatório. Seguia-se uma segunda fase, sob o regime de trabalho em comum durante o dia e isolamento celular noturno. Nesse período começava o uso das marcas ou vales, que deram nome ao sistema, e para esse fim os reclusos eram divididos em quatro classes: a de prova, a terceira, a segunda e a primeira. A progressão de uma categoria para a outra se fazia mediante a contagem das marcas ou vales obtidos pelos reclusos, que eram atribuídos, a cada dia, observando-se, basicamente, o empenho no trabalho e o comportamento prisional.
O sistema progressivo introduzia uma relativa indeterminação no tempo de cumprimento da pena privativa de liberdade imposta, na medida em que permitia que a duração prevista na sentença fosse reduzida, dependendo do bom desempenho do preso no trabalho e da sua conduta carcerária. O seu maior mérito, contudo, talvez tenha sido o fato de buscar incentivar o senso de responsabilidade dos condenados, colocando em suas mãos o maior ou menor cumprimento das suas penas.
O sistema progressivo difundiu-se universalmente, sendo adotado, com peculiaridades, em um grande número de países, a partir do último quartel do século XIX.
Embora a idéia tradicional de emenda, que se manifestava indubitavelmente no período inicial de isolamento celular diurno e noturno, ainda se fizesse presente, já se vislumbrava a modificação desse conceito, que começava a adquirir os contornos do que viria a ser a concepção de reintegração social, ressocialização ou recuperação social dos condenados.
 A preocupação fundamental do sistema progressivo, de propiciar uma gradual adaptação do recluso à vida livre, a educação para o trabalho como uma tentativa de induzir hábitos que permitissem aos condenados levar no futuro uma vida honesta e o incentivo, através de mecanismos institucionais, ao senso de responsabilidade social dos condenados, significavam agregar à idéia de emenda uma série de componentes novos.
Vigorou, portanto, nesse período, correspondente à fase inicial de implantação do sistema progressivo em diversos países, um conceito intermediário de ressocialização que se colocava entre a idéia de emenda, de inspiração religiosa e feição retributiva, e a idéia de reintegração social de inspiração positivista.
Este sistema progressivo foi dividido em Sistema Progressivo Inglês e Sistema Progressivo Irlandês em razão de suas formas diversas de aplicação.
O Sistema Progressivo Inglês era divido em três fases: 1) Isolamento celular diurno e noturno, 2) Trabalho em comum sob regra de silêncio e, 3) Liberdade condicional.
O Sistema Progressivo Irlandês era dividido em quatro fases: 1) Reclusão celular diurna e noturna, 2) Reclusão celular noturna e trabalho diurno em comum, 3) Período intermediário e, 4) Liberdade condicional.[9]
Insta ressaltar, que o sistema Progressivo, embora modificado com o passar dos tempos, é aplicado em vários países, inclusive no Brasil.
Os sistemas progressivos contribuíram, e muito, para a individualização da execução penal.
No Brasil, sob a égide da redação original do Código Penal de 1940, os condenados à pena de reclusão sujeitavam-se à quatro fases de progressividade. Num primeiro momento, sempre inferior a três meses, o condenado era isolado durante o dia. Em seguida, era possível o desenvolvimento de atividades laborais em contato com os demais reclusos, sujeitando-se, todavia, a isolamento noturno. Após o cumprimento de metade da pena, quando esta fosse igual ou inferior a três anos, ou um terço dela, se superior a três anos, o condenado que apresentasse bom comportamento poderia ser transferido para uma colônia penal ou para um estabelecimento similar.O livramento condicional poderia ser concedido àquele cuja pena fosse superior a três anos, desde que cumpridos os requisitos trazidos no artigo 60.
Penas privativas de liberdade
Reclusão, Detenção, Prisão Simples e Internação
Detenção e reclusão se diferem da internação porque são aplicadas a adultos, pessoas com idade superior a 18 anos, enquanto a internação é aplicável a adolescentes, pessoas que têm entre 12 e 18 anos, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, conhecido como ECA (Lei n. 8.069/1990). A natureza dos conceitos também opõe detenção e reclusão, que são penas, à internação, que é uma medida socioeducativa. 
- Reclusão
A reclusão é o tipo de regime utilizado em casos de condenação mais grave, como em crimes de homicídio doloso, roubo, furto ou tráfico de drogas. A ideia da reclusão é que a pessoa necessita ser retirada do convívio social. Geralmente, seu encarceramento acontece em presídios de segurança máxima ou média, e apenas a detenção admite a possibilidade do condenado iniciar sua pena já em regime fechado, apesar da pena também poder ser realizada em regime semi-aberto ou aberto.
- Detenção 
A detenção também é um tipo de pena privativa de liberdade, porém é aplicada em casos de crimes de menor gravidade, onde a pessoa precisa ser detida em relação às práticas criminosas que cometeu. Na detenção o condenado não cumpre regime fechado de prisão em todo o prazo da sua pena, apenas regimes semi-aberto ou aberto. A pena do sujeito também não poderá iniciar já com regime fechado. Geralmente, as penas de detenção são cumpridas em lugares alternativos, como em colônias agrícolas, industriais ou de serviços. Exemplos de crimes que levam à detenção como pena são o homicídio culposo, dano, lesão corporal culposa e vilipêndio a cadáver.
- Prisão Simples
A prisão simples é utilizada em casos de  infrações penais de menor lesividade, como a contravenção penal. A prisão simples não admite regime fechado, apenas o semi-aberto e aberto, e geralmente as penas são cumpridas em casas de albergado ou estabelecimento adequados. Em casos de regime semi-aberto, os infratores devem ser mantidos em celas separadas de indivíduos que cumprem pena de reclusão e detenção.
Regras do Regime Fechado
Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. 
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas.
É nec es sário um ex ame c ri min oló gic o ob rigat ório. (A rt. 34 - O cond en ado s e rá 
O exame criminológico é a pesquisa dos antecedentes pessoais, familiar sociais, psíquicos e psicológicos do condenado, para obtenção de dados que possam revelar a sua personalidade. 
Quanto ao trabalho: (um direito e dever) a cada três dias reduz pena; se recusar a trabalhar responde por falta grave. Trabalho não é obrigatório para preso político e o provisório. (Crime eleitoral é diferente de crime político).
RE MI ÇÃ O: A rt . 126. O c on den ad o qu e c umpr e a pe na e m regi me fec ha do o u 
Art. 126 – REMIÇÃO – O condenado que cumpre regime fechado ou semi aberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.
-> 12 horas de freqüência escolar dividias em no mínimo 3 dias = 1 dia de pena. (Presencial ou a distância, deverá ser certificado por as autoridades competentes.)
-> 3 dias de trabalho = 1 dia de pena.
-> O preso impossibilitado por acidente, de prosseguir com o trabalho/estudos continuará com os benefícios da remição.
-> Conciliando as atividades, o preso poderá remir 2 dias de prisão, trabalhando e estudando 3 dias. 
Permissão de saída 
Art . 120. (LEP) 
Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão;
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14).
Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso.
Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração necessária à finalidade da saída.
Regras do Regime Semi-aberto
Art. 35 – Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semi-aberto. (O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução.)
§ 1º – O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
§ 2º – O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.
No Brasil, de acordo com a lei 7 210, dá-se o nome de prisão em regime semiaberto à pena de prisão que é cumprida em colônias agrícolas ou industriais ou em instituições equivalentes. Neste regime, o indivíduo poderá ser alojado em locais coletivos e sua pena estará atrelada a seu trabalho. Por exemplo
o condenado poderá reduzir um dia de pena por cada três dias trabalhados. 
Regras do Regime Aberto
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada. 
No regime aberto o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, frequen​tar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o perío​do noturno e nos dias de folga (art. 36, §1º, CP). O recolhimento dar-se-á, em regra, no estabelecimento denominado Casa de Alber​gado, prédio que deverá se situar em centro urbano, separado dos demais estabeleci​mentos, e caracterizar-se pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga.
A legislação prevê, ainda, duas outras possibilidades para o cumprimento do regime aberto: 1ª) na falta de Casa do Albergado, estabelecimento adequado (art. 33, § 1º, do CP); 2ª) conforme as condições pessoais do reeducando, prisão domiciliar (art. 117, LEP).
Regime Especial
Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo.
 
A expressão "estabelecimento próprio" deve dar a entender que se trata de uma especialidade, uma adequação voltada ao sexo feminino, a esta condição pessoal da mulher. Não podendo ela ser colocada em estabelecimento prisional masculino.
A LEP, por sua vez, determina tratamento diferenciado à gestante, à parturiente e à lactante, assim como ensino profissional específico à mulher (art. 14, §3º, 83, § 2º, 89 e 19, par. ún. da Lei 7.210/84).
- Exceções em caráter de regime especial
Art. 14, Inciso 3 da Lei de Execução Penal 7210/84
Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico.
§ 3o Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido. (Incluídopela Lei nº 11.942, de 2009)
Art. 83, Incisos 1 a 3 da Lei de Execução Penal 7210/84
Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá contar em suas dependências com áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva.
§ 1º Haverá instalação destinada a estágio de estudantes universitários. (Renumerado pela Lei nº 9.046, de 1995)
§ 2º Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas possam amamentar seus filhos.
(Incluído pela Lei nº 9.046, de 1995)
§ 2o Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade. (Redação dada pela Lei nº 11.942, de 2009)
§ 3o Os estabelecimentos de que trata o § 2o deste artigo deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino na segurança de suas dependências internas. (Incluído pela Lei nº 12.121, de 2009).
Direitos e Deveres do Preso
Art. 38 – O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral.
Os direitos das pessoas presas são assegurados pela Constituição Federal e pela Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210, de 1984). Mesmo privado de liberdade, o preso deve manter seus direitos de cidadão como educação, saúde, assistência jurídica e trabalho para remição da pena.
O preso tem o direito de ter acesso ao trabalho remunerado e à reserva de dinheiro resultado de seu trabalho. Uma parcela fica depositada em caderneta de poupança para ser resgatada quando o preso sair da prisão. A outra parte deve atender à indenização dos danos causados pelo crime, se determinados judicialmente; à assistência familiar; a pequenas despesas pessoais e ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado.
Auxílio reclusão - O auxílio-reclusão é um benefício previdenciário, destinado apenas para pessoas de baixa renda, pago exclusivamente aos dependentes (esposa, companheira e filhos) da pessoa recolhida à prisão, desde que mantida a condição de segurado do INSS. Caso o preso esteja recebendo seu salário pela empresa ou estiver recebendo outros benefícios da Previdência Social como auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço, não terá direito ao pagamento do auxílio-reclusão. O valor do auxílio-reclusão é calculado de acordo com a média dos valores do salário de contribuição.
Direitos da família – Os familiares da pessoa presa têm direito ao auxílio de um assistente social para a solução de problemas relacionados à obtenção de benefícios da previdência social, documentos pessoais, orientação e amparo em problemas dentro da unidade prisional. O juiz pode estabelecer regras especiais, em cada comarca, em relação às visitas da família, que auxiliam no processo de ressocialização, envolvendo, por exemplo, limitações à entrada de crianças e adolescentes e a entrada em datas especiais.
O preso também tem o direito de receber visitas íntimas de companheira (o) ou cônjuge em dias determinados e em local reservado, desde que tal pessoa esteja devidamente registrada e autorizada pela área de segurança e disciplina. Esses encontros íntimos são condicionados ao comportamento do(a) preso(a), à segurança do presídio e às condições da unidade prisional, sem perder de vista a preservação da saúde das pessoas envolvidas e a defesa da família, e podem ser suspensos caso coloquem em risco a segurança do estabelecimento e disciplina dos presos.
As penitenciárias femininas devem ser dotadas de uma seção para gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver presa.
Remição da pena – A Lei de Execução Penal determina que o condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. A Recomendação 44/2013 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) definiu as atividades educacionais complementares para a da remição da pena por meio do estudo. De acordo com a norma, presos não vinculados a instituições de ensino, mas que concluíram o ensino fundamental ou médio, após serem aprovados nos exames que fornecem tais certificações, também terão direito ao acréscimo de tempo necessário para a remição da pena prevista na Lei de Execução Penal.
A Recomendação 44 estabeleceu também os critérios para a aplicação do benefício nos casos em que os detentos se dedicam à leitura. Uma das questões esclarecidas foi justamente a dos presos que estudam sozinhos e, mesmo assim, conseguem obter os certificados de conclusão de ensino fundamental e médio, com a aprovação no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA) e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), respectivamente.
Assistência ao egresso: O egresso do sistema penitenciário tem o direito à orientação para reintegração em sociedade, concessão (quando necessário) de alojamento e alimentação por um prazo de dois meses e auxílio para a obtenção de um trabalho.
Trabalho do Preso
O trabalho se apresenta como uma verdadeira ferramenta ressocializadora do preso à sociedade e tem sua previsão na LEP tanto como um direito (art. 41, II da LEP), bem como um dever (art. 39, V da LEP) do apenado, com a finalidade educativa e produtiva (art. 28 da LEP).
O trabalho remunerado é obrigatório na medida da aptidão e da capacidade do preso, podendo ele recusar-se a sua execução, sendo certo que, tal recusa implica no cometimento de falta grave (art. 39, V e 50, VI da LEP).
A única exceção positivada, o qual não está obrigado ao labor, trata-se do preso condenado por crime político (art. 200 da LEP).
As vantagens do trabalho ao segregado são indubitáveis, pois além de profissionalizar, ele remunera e também provoca a remição de pena na proporção de 3 (três) dias trabalhados por 1 (um) dia de pena (art. 126, §1º da LEP).
Do Trabalho Interno (artigo 29 da LEP)
O trabalho do segregado constitui vínculo de direito público, portanto, inexiste aplicabilidade das regras celetistas (CLT) aos condenados que executam trabalho interno que estejam no regime fechado ou no regime semiaberto e aos condenado que executam trabalham externo, caso estejam cumprindo pena em regime fechado. Tal inaplicabilidade acarreta como consequência o não recolhimento de alguns encargos sociais, tais como férias, décimo-terceiro, repouso semanal remunerado, dentre outros.
Por óbvio, o trabalho interno trata-se do serviço realizado nas dependências do estabelecimento prisional, podendo consistir em atividades auxiliares na cozinha, enfermaria, lavanderia, reformas, construções, dentre outros, todas mediante remuneração por força do art. 29 da LEP. Ainda, tal trabalho pode ser prestado através da celebração de convênios com o poder público com o setor privado, devendo o pagamento ser efetuado por estes. Já, no que tange a quem pode autorizar o trabalho interno, importante dizer que a LEP não disciplinou tal ponto. Contudo, nos parece mais acertado ser atribuição do diretor do estabelecimento prisional, porém com o crivo do poder jurisdicional.
Assim, como dito anteriormente, deverão ser levadas em conta na execução do trabalho a aptidão, condição pessoal do segregado, afim de que seja recolocado no mercado de trabalho ao final do cumprimento da pena. Dentre as condições especiais, vale lembrar dos serviços à serem executados por idosos. Tais devem estar em consonância com o Estatuto do idoso,  bem como deve ser verificado as atividades destinadas aos doentes e portadores de necessidades especiais. Enfim, todas as condições físicas, intelectuais e psíquicas do apenado.
Quanto à jornada de trabalho interno, esta tem o mínimo legal de 6 (seis) horas e máximo de 8 (oito) horas, com descanso aos domingos e feriados.Nessa senda, há divergências de posicionamento quanto às hora trabalhadas inferior a mínima ou superior a máxima. Porém, o entendimento predominante e seguido pelo Superior Tribunal de Justiça é de que o labor realizado pelo segregado não pode em hipótese alguma ser desprezado, devendo-se considerar o mínimo de 6 (seis) horas no computo de 1(um) dia trabalhado.
Já, quanto ao gerenciamento laborativo, goza o artigo 34 da LEP que pode ser realizado tanto por empresas públicas, fundação ou até mesmo por participação da iniciativa privada, desde que seja através da celebração de convênios. Via de regra, por força do artigo 35 da LEP, o produto gerado pelo trabalho do segregado será comercializado à particulares.
Este não sendo possível, há previsão de adquirir cabe aos órgãos da Administração Direta ou Indireta da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Municípios que adquirirão, com dispensa de concorrência pública, devendo as importâncias arrecadas serem revertidas em favor da fundação ou empresa pública, ou na falta delas, do próprio estabelecimento penal.
Do Trabalho Externo (artigo 36 e 37 da LEP)
O trabalho externo estando o segregado em regime aberto infere-se o vínculo empregatício tutelado pela CLT. (artigo 28 inciso segundo LEP) Contudo, ainda há discussão no que tange ao cumprimento da pena em regime semiaberto, porém tem decidido os tribunais pelo reconhecimento do vínculo laboral.
Por óbvio, o trabalho externo ao apenado em regime aberto é permitido. Contudo, há restrições quanto ao trabalho externo do segregado que cumpre a pena em regime fechado. Este poderá ser realizado desde que em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas e desde que sejam tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina.
Ainda, disciplina a LEP que a remuneração deverá ser realizada pelo órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a remuneração desse trabalho. Disciplina também o limite máximo e 10% (dez por cento) de empregados na obra.
Diferentemente do trabalho interno, a LEP traz expresso, que deve ser o trabalho externo autorizado pela direção do estabelecimento prisional, desde que atendidos os requisitos de aptidão, disciplina, responsabilidade e cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, podendo ser revogado caso o apenado venha a praticar fato configurado como crime, comportamento contrário as regras e leis, ou for punido com falta grave.
 Da Remuneração do Trabalho do Preso
É certo que, o trabalho do preso, tanto interno como externo não podem ser gratuitos, devendo ser remunerados com base em tabela prévia, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo.
A LEP também preconiza os descontos que podem ser computados, ou seja, a indenização advinda ação ex delicto, assistência à família, pequenas despesas de ordem pessoal, além do ressarcimento das despesas realizadas com a manutenção do preso pelo Estado.
Vale lembrar que, o ressarcimento das despesas realizadas pelo Estado acontecerá subsidiariamente, quando atendidos todos os outros descontos. Ainda, superado todos os descontos e havendo valores, o mesmo devem ser depositados em caderneta de poupança em nome do segregado, que ao final do cumprimento da pena terá esse valor disponibilizado.
Assim, depreende-se de todo o exposto, tendo em vista todas as dificuldades enfrentadas pelo sentenciado quando posto em liberdade, seja por discriminação ou pela falta de qualificação, a importância do trabalho durante a reclusão, como verdadeira ferramenta de reinserção progressiva do segregado na sociedade.
Superveniência de Doença Mental.
A superveniência de doença mental é um instituto que prevê ao réu o cumprimento da sua penalidade respeitando a sua condição, pois uma pessoa com a sanidade mental afetada, cumprindo a sentença com pessoas com plena consciência com certeza não traria o tratamento adequado ao doente mental e este doente que não pode ficar livre por oferecer riscos a sociedade certamente ofereceria riscos aos outros condenados e também a ele próprio em virtude da sua condição. Portanto, o encaminhamento deste a uma instituição especializada é o melhor caminho para seu tratamento e sua posterior reintegração a sociedade, já que é uma das finalidades da pena.
Durante o curso do processo de conhecimento, ou mesmo durante a execução da pena, poderá sobrevir ao condenado eventual doença mental ou algum tipo de perturbação à sua saúde mental. A teor do artigo 149, do CPP, se surgir, em algum momento processual dúvida sobre a sanidade do réu, o mesmo será submetido a avaliação pericial oficial e recebe a nomenclatura de exame para verificação de sanidade mental.
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal.
§ 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz competente.
§ 2o O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame, ficando suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamento.
O réu, em meio ao cumprimento de sua sentença, adquiriu doença mental, incidindo assim o art. 183 da LEP, abaixo citado:
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança.
Se aplicam aos condenados a quem sobrevém doença mental durante o cumprimento da pena. Estes devem ser recolhidos a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. O réu passa então da pena privativa de liberdade e passa a vigorar a Medida de Segurança.
Detração.
Conceitua-se detração penal como sendo o cálculo de redução da pena privativa de liberdade ou de medida de segurança aplicada ao final da sentença, do período de prisão provisória ou de internação para tratamento psiquiátrico em que o sentenciado cumpriu anteriormente. Em outras palavras: o tempo em que o sentenciado permaneceu preso durante o processo, seja em razão de prisão em flagrante, preventiva ou temporária, ou permaneceu internado em hospital de custódia ou em tratamento psiquiátrico, será descontado do tempo da pena (ou medida de segurança) imposta no final da sentença. Em síntese, é o magistério do mestre BITENCOURT [3]: "Através da detração penal permite-se descontar, na pena ou na medida de segurança, o tempo de prisão ou de internação que o condenado cumpriu antes da condenação".
A previsão legal da detração penal encontra-se no artigo 42 do Código Penal:
Art. 42. Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior.
Penas Restritivas de Direitos
A pena restritiva de direitos é sanção penal imposta em substituição à pena privativa de liberdade consistente na supressão ou diminuição de um ou mais direitos do condenado. Trata-se de espécie de pena alternativa.
São penas restritivas de direitos: a prestação pecuniária, a perda de bens e valores, a prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, a interdição temporária de direitos e a limitação de fim de semana, conforme preceitua o artigo 43 do Código Penal.
As penas restritivas de direito têm por características:
a) Autonomia - não podem ser cumuladas com as penas privativas de liberdade; não são meramente acessórias.
b) Substitutividade - primeiramente o juiz fixa a pena privativa de liberdade, e depois, na mesma sentença, substituipela pena restritiva de direitos.
Critérios da substitutividade
São requisitos para a substituição:
a) Se o crime for doloso, pena imposta não superior a 4 anos e crime cometido sem violência ou grave ameaça a pessoa. Com relação ao crime culposo, cabe a substituição, não importando a pena aplicada.
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
b) Não reincidência em crime doloso.
Art. 44, II - o réu não for reincidente em crime doloso;
Vale dizer, o artigo 44, 3º permite a substituição desde que não se trate de reincidência específica, sendo a medida recomendável.
Art. 44, 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
c) A substituição deve ser suficiente para retribuir o crime e prevenir futura reincidência.
Art. 44, III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
Conversão 
Segundo o Código Penal Brasileiro, são hipóteses de conversão da pena restritiva de direitos em pena privativa de liberdade:
a) O descumprimento injustificado da restrição imposta
Art. 44, 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta . No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão .
b) Condenação por novo crime
Art. 44, 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
A Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84) consagra outras hipóteses de conversão em seu artigo 181, in verbis :
Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do artigo 45 e seus incisos do Código Penal.
1º A pena de prestação de serviços à comunidade será convertida quando o condenado:
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por edital;
b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou programa em que deva prestar serviço;
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto;
d) praticar falta grave;
e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa.
2º A pena de limitação de fim de semana será convertida quando o condenado não comparecer ao estabelecimento designado para o cumprimento da pena, recusar-se a exercer a atividade determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras a, d e e do parágrafo anterior.
3º A pena de interdição temporária de direitos será convertida quando o condenado exercer, injustificadamente, o direito interditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras a e e, do 1º, deste artigo.
Prestação Pecuniária
Prestação pecuniária: É o pagamento de uma quantia de 1 até 360 salários mínimos para a vítima pelo autor. O valor é definido pelo juiz conforme a extensão do prejuízo e as condições econômicas da vítima.
A prestação pecuniária, prevista nos arts. 43, I e 45, §1º, ambos do Código Penal, trata-se de uma pena pecuniária alternativa, consistente no pagamento à vítima, a seus descendentes ou à entidade pública ou privada com destinação social de importância fixada pelo juiz, não inferior a um nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. A finalidade dessa sanção é reparar dano causado pela infração penal. O valor pago poderá ser deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidente os beneficiários.
De acordo com o §2º do art. 45 do Código Penal, o juiz pode substituir a pena de prestação pecuniária, presentes certas circunstâncias, por "prestação de outra natureza" (pena alternativa inominada). Significa que a pena alternativa, aplicada no lugar da privativa de liberdade, pode ser substituída por uma terceira, a "prestação de outra natureza".
Prestação inominada
 É a prestação de alguma atividade a uma pessoa que não seja a vítima, como a doação de cestas básicas a uma entidade. Para que ela ocorra deve haver o aval da vítima. A prestação não pode ser em formato de trabalho ou pagamento em dinheiro, pois estas seriam outro tipo de prestação.
Perda de bens e valores
É o confisco dos bens do autor que tenham origem lícita como forma de punição. Os bens não precisam ter relação com o crime cometido e não podem se entender à figura do autor. Esse confisco é direcionado ao Fundo Penitenciário Nacional, podendo ser entregue a uma entidade em juízo em situações excepcionais. O limite do valor é o prejuízo causado à vítima ou o lucro do autor, aquilo que for maior.
Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas
 É a obrigação do condenado de participar de programas comunitários em entidades estatais. A seleção da entidade é feita pelo juiz. A entidade enviará mensalmente ao juiz um relatório sobre as atividades do condenado. O trabalho a ser feito levará em conta as aptidões físicas do condenado e a carga horária é de uma hora de modo que não atrapalhe o emprego normal da pessoa. Esse serviço comunitário não pode ser remunerado.
Interdição temporária de direitos
a)       Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública: Ocorre apenas quando o crime foi cometido graças ao exercício do cargo a ser proibido;
b)       Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício: Também ocorre quando o crime tem relação com o cargo exercido, como quando ao descumprimento de certos deveres;
c)       Proibição de freqüentar determinados lugares (lei n. 9.714/98) tem como característica peculiar ser condição para o sursis especial;
d)       Suspensão da habilitação para direção: Apenas aplicável nos crimes de trânsito.
Obs: O art. 292 do Código de Trânsito criou uma nova figura de suspensão ou proibição de obter a habilitação, a qual não se trata de pena substitutiva, mas sim de pena cumulativa à pena principal. Este novo tipo é aplicado nos casos de homicídio e lesões culposas, provocadas por automóvel, direção em estado de embriaguez, violação de suspensão e participação em “rachas”. A dosagem dessa pena varia entre 2 meses e 5 anos, exceto no caso de violação da suspensão no qual esta punição acompanha o período da de privação de liberdade.
Obs2: A cumulação das penas é feita em concurso material, ou seja, a suspensão da carteira não se aplicará enquanto o autor estiver preso. Essa nova suspensão também torna obrigatória a submissão a novos exames para a recuperação da carteira.
Obs3: Como esse novo tipo de suspensão do Código de Trânsito engloba todos os tipos de crimes de trânsito culposos e como o art. 57 do Estatuto Repreensivo impede que haja substituição da pena nos crimes dolosos, a figura da suspensão da habilitação do art. 47, inciso III, do CP encontra-se revogado.
Limitação de fim de semana
 Consiste na permanência do condenado por 5 horas nos sábados e domingos na Casa do Albergado ou outro estabelecimento adequado.
Multa
Critério: A LCD determinou que a multa fosse indicada em dias-multa. A quantidade de dias multas é fixada pelo juiz, existindo alguns posicionamentos de auxílio para a fixação, sendo que o mais usado é o de que os dias-multa devem ser proporcionais à situação econômica do réu. Existe um limite na quantidade aplicada, podendo variar de 10 até 360 dias-multa e não precisando ter nenhuma relação com operíodo estipulado na pena privativa que foi substituída. É tarefa do juiz definir também quanto vale cada dia-multa, podendo ir de 1/30 do salário mínimo vigente até 5 vezes o valor do salário. Incide também, nas sentenças, a correção monetária.
 
Valor irrisório: A pena de multa não pode ser extinta utilizando-se desse argumento. A multa tem esta característica de representar uma certeza de cumprimento.
 
Proibição de conversão da multa em detenção: Tal medida foi tomada na lei n. 9.268/96 devido ao fato que o inadimplemento se tornava, em alguns casos, mais graves que o próprio delito, algo injusto. Ou seja, para um crime que tivesse como punição um simples pagamento de multa, a pessoa acabava sendo presa.
Multa vicariante: Alguns autores dizem que esta modalidade ainda existe, pois o art. 44 §2º exige que o crime tenha acontecido sem violência, algo que não aparece no artigo que regulamenta a multa vicariante. Ainda, esta multa fala que a detenção não pode ser superior a 6 meses e um período tão ínfimo de pena certamente não comporta um crime cometido com violência. Por esse motivo, vários autores vêem a multa vicariante como revogada.
Obs: Tanto o art. 60 § 2º, quanto o art.44 § 2º, disciplinam multa substitutiva. Todavia, a do art. 60 ficou conhecida como vicariante.
 
Cumulação de multas: A legislação permite a substituição de uma pena privativa por multa se a cumulação for feita pelo CP, ou seja, for uma outra multa. Se, somado à pena privativa, houver uma pena pecuniária, regida por lei especial, não pode haver substituição por multa.
 
Violência doméstica e familiar contra a mulher: A lei n. 11.340/06 impede que a pena privativa seja substituída por multa ou qualquer outra pena restritiva de direito.
Cálculo de Multa
Tal pena consiste no pagamento de determinado valor em dinheiro em favor do Fundo Penitenciário Nacional, fundo esse que foi instituído pela Lei Complementar nº 79/1994 para os fins de custear o sistema de cumprimento de pena no país.
A fixação da pena de multa pode ocorrer como sanção principal, alternativa ou cumulativa com a pena corporal (prisão), podendo, também, ser aplicada como substituição à pena de prisão.
Cálculo: Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
§1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
§2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária.
Com a leitura do disposto do art. 49 do Código Penal, conclui-se que o magistrado deve passar por duas etapas para se chegar ao quantum devido a título de pena de multa: 
a) primeiramente se fixa o número de dias-multa 
b) depois arbitra-se o valor do dia-multa.
Analisando o disposto do art. 49 do Código Penal, temos que a fixação do número de dias-multa não poderá ser inferior a 10 (dez) e nem superior a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
O juiz poderá aumentar até o triplo do valor total aferido se verificar que tal é ineficaz para a repressão e prevenção do delito diante da situação econômica do réu, face o disposto do art. 60, §1º, do Código Penal.
Assim, se o crime for cometido neste ano de 2017, levando em consideração o atual valor do salário-mínimo vigente de R$ 937,00 (Decreto 8.948/2016) o magistrado poderá fixar o piso de 10 (dias-multa) vezes 1/30 de 937,00 valor que totaliza R$ 312,33 e o teto de 360 (dias-multa) vezes 5 vezes R$ 937,00 vezes 3, valor que totaliza o montante de R$ 5.059.800,00.
Cumpre ressaltar que quando se tratar de delito praticado contra o sistema financeiro nacional (art. 33 da Lei 7.492/1986); contra a propriedade imaterial (art. 197 da Lei 9.279/1996) e contra a Lei de Drogas (art. 43 da Lei 11.343/2006), o magistrado poderá elevar o valor dessa pena até o décuplo do máximo previsto.
Dias multa – mínimo 10 dias, máximo 360.
Não poderá ser inferior a 1/3 e nem superior a 5x o salário do tempo do fato.
O juiz pode aumentar até x3 se achar o valor baixo segundo a prevenção do delito e situação econômica do réu.
Pagamento da Multa
O pagamento voluntário poder se feito pelo condenado no prazo de 10 (dez) dias contados do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Esse prazo começa a fluir, a bem do devido processo legal, a partir da intimação (notificação) do apenado para realizar tal ato.
O magistrado poderá, de acordo com as circunstâncias, a requerimento do condenado, permitir que o pagamento seja realizado em parcelas mensais, iguais e sucessivas, ouvindo o Ministério Público previamente à decisão.
A cobrança dessa pena poderá ser realizada por meio do desconto em folha de pagamento caso o condenado esteja em liberdade e exercendo trabalho devidamente registrado, desde que o valor não atinja os recursos indispensáveis ao sustento do devedor e de seus familiares, segundo os ditames do princípio da menor onerosidade e o da preservação do patrimônio mínimo como corolário da dignidade da pessoa humana.
Essa situação poderá ocorrer: a) quando a pena de multa foi aplicada isoladamente; b) quando aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos; c) quando o condenado à pena privativa de liberdade obtiver o direito de suspensão condicional da pena; d) quando o condenado já cumpriu integralmente a pena privativa de liberdade aplicada; e) quando o condenado for beneficiado com o livramento condicional.
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais.
§1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado quando: a) aplicada isoladamente; b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos; c) concedida a suspensão condicional da pena.
§2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família.
O art. 168, I, da LEP dispõe que o limite máximo de desconto será o de ¼ e o mínimo de 1/10 da remuneração auferida pelo condenado.
PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE – A execução não pode ser utilizada como meio de vingança privada como existia anteriormente, devendo assim o executado sofrer apenas o necessário para que se consiga a satisfação do direito do exequente.
Suspensão da Execução da Multa
Art. 52 - Da suspensão da execução da multa
Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental.
A superveniência de doença mental, em face do executado, suspende a execução da pena de multa. Suspende-se, neste caso, a exigibilidade o crédito.
ISENÇÃO DA PENA DE MULTA DIANTE DAS CONDIÇÕES ECONÔMICAS DO CONDENADO
Hodiernamente se discute sobre a possibilidade de o juiz da execução penal isentar o condenado do pagamento da pena de multa que lhe foi imposta diante da precariedade de sua condição financeira. O entendimento prevalecente na doutrina e na jurisprudência é o de que não é possível a isenção fundada na situação econômica precária do réu por ausência de previsão legal, consoando decidiu o Superior Tribunal de Justiça no RESP 722561/RS.
EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA
Ocorrerá a execução dessa pena quando o condenado, embora notificado para efetuar o pagamento voluntário da pena de multa imposta, não o realiza no prazo de 10 dias.
A execução será coercitiva.
O art. 51 do Código Penal, após a alteração dada pela Lei nº 9.268/1996, passou a considerar que transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhe as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive, no que concerne às causas interruptivas e suspensivasda prescrição.
É, portanto, vedado converter a pena de multa em pena privativa de liberdade.
"Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição."
Quanto ao procedimento e legitimidade para deflagrar o processo de cobrança (execução) da pena de multa, os tribunais superiores tem asseverado que a multa criminal deve ser executada por meio da adoção dos procedimentos próprios da execução fiscal no juízo da Vara de Fazenda Pública e compete às Procuradorias da União (AGU) ou dos Estados (AGEs) promoverem sua cobrança.
PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA
Quanto à prescrição dessa modalidade de pena, é necessário diferenciar a prescrição da pretensão punitiva da prescrição da pretensão executória, ambas incidentes à espécie punitiva.
Relativamente à prescrição da pretensão punitiva (hipótese em que a sanção pecuniária ainda não transitou em julgado para ambas as partes), é pacífica a aplicação do art. 114 do Código Penal. Nesse caso, incidem as causas impeditivas e interruptivas inseridas nos arts. 116, I e II, e 117, I a IV, do mesmo diploma. Dispõe o art. 114 do CP:
Art. 114. A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I – em dois anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
II – no mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
Por outro, tratando-se da prescrição da pretensão executória (hipótese em que a sentença penal condenatória já transitou em julgado para o Ministério Público ou para o querelante e também para a defesa), há dois posicionamentos doutrinários e jurisprudenciais sobre prazo prescricional:
Primeiro: É de cinco anos, já que a L. 9.268/1996, alterando o art. 51 do Código Penal, estabeleceu que a pena de multa, para fins de execução, fosse considerada dívida de valor.
Segundo: A pena de multa prescreve em dois anos se for a única aplicada. Caso, porém, seja imposta conjuntamente com pena privativa de liberdade, a prescrição ocorrerá no mesmo prazo desta última, diante do que dispõe o art. 118 do Código Penal, segundo o qual as penas mais leves prescrevem com as mais graves.
Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves.
 Nas hipóteses em que, pela prática de um crime, o legislador prevê mais de uma pena ao autor do fato, as mais brandas prescrevem com as mais severas. Assim, prescrevendo a pena privativa de liberdade, certamente estará prescrita a pena de multa, nos crimes em que restarem cumuladas tais sanções.
 O artigo em questão não trata das penas decorrentes do concurso de crimes, sendo tal matéria resolvida pela redação do artigo 119 do Código Penal.
Cominação de pena
 
Ameaça de imposição de uma pena, pelo não cumprimento de um dever ou obrigação.
JURÍDICO (TERMO)
proibição legal ou judicial, sob ameaça de alguma penalidade.
Penas privativas de liberdade
Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus limites estabelecidos na sanção correspondente a cada tipo legal de crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Penas restritivas de direitos
Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, independentemente de cominação na parte especial, em substituição à pena privativa de liberdade, fixada em quantidade inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes culposos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que lhes são inerentes. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 deste Código, aplica-se aos crimes culposos de trânsito. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Pena de multa
Art. 58 - A multa, prevista em cada tipo legal de crime, tem os limites fixados no art. 49 e seus parágrafos deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - A multa prevista no parágrafo único do art. 44 e no § 2º do art. 60 deste Código aplica-se independentemente de cominação na parte especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Dosimetria da Pena – Sistema Trifásico
O primeiro ponto é saber o que essa tal de dosimetria da pena e, assim, entender o que vem a ser esse sistema trifásico. Dosimetria é o cálculo feito pelo para definir qual a pena será imposta a uma pessoa em decorrência da prática de um crime.
Cada crime tem a sua pena e o Código Penal, na sua parte especial, apenas estabelece um quantitativo mínimo e máximo de pena, além de situações que implicam na diminuição ou no aumento dessa sanção.
Além do mais, o Código Penal nos traz circunstâncias atenuantes (como a confissão) e agravantes (como a reincidência), além de causas de diminuição e de aumento de pena, os quais podem interferir no total final da pena a ser aplicada.
Ainda de acordo com o Código Penal,  em seu artigo 68, a dosimetria da pena será realizada por meio de um sistema trifásico, ou seja, dividida em três partes:
Na 1ª fase, a fixação da pena-base (utilizando-se os critérios do artigo 59 do Código Penal);
Na 2ª fase, o magistrado deve levar em consideração a existências de circunstâncias atenuantes (contidas no artigo 65 do Código Penal) e agravantes (artigos 61 e 62, ambos do Código Penal);
Por fim, na 3ª fase, as eventuais causas de diminuição e de aumento de pena.
Passemos, então, a uma breve análise de cada uma das três fases da dosimetria da pena.
1º Fase
A primeira fase, como dito, é o momento da fixação da pena base, em que o magistrado deve levar em consideração as circunstâncias judiciais contidas no artigo 59 do Código Penal:
Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I – as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II – a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III – o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV – a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
– Culpabilidade (em sentido lato, ou seja, a reprovação social que o crime e o autor do fato merecem);
– Antecedentes criminais (trata-se de tudo o que existiu ou aconteceu no campo penal, ao agente antes da prática do fato criminoso, ou seja, sua vida pregressa em matéria criminal. Há quem entenda que somente condenações transitadas em julgado podem ser utilizadas para valorar negativamente esta circunstância);
– Conduta social (é o papel do réu na comunidade, inserido no contexto da família, do trabalho, da escola, da vizinhança etc.);
– Personalidade do agente (trata-se do conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa, parte herdada, parte adquirida. É a análise voltada para detectar se a personalidade é voltada para o crime);
– Motivos (sãs os precedentes que levam à ação criminosa);
– Circunstâncias do crime (são os elementos acidentais não participantes da estrutura do tipo, embora envolvendo o delito);
– Consequências (é o mal causado pelo crime, que transcende ao resultado típico);
– Comportamento da vítima (É o modo de agir da vítima que pode levar ao crime).
2º Fase
Fixada a pena-base, superando a primeira fase da dosimetria, entramos nasegunda fase, cujo objetivo é analisar as circunstâncias atenuantes e agravantes.
As atenuantes estão descritas no artigo 65 do Código Penal, sendo mais comuns a menoridade penal (menor de 21 anos) e a confissão espontânea.
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - ter o agente: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
As agravantes estão nos artigos 61 e 62 do Código Penal e as mais comuns são a reincidência e os crimes cometidos contra crianças ou maiores de 60 anos.
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, velho, enfermo ou mulher grávida.
(Redação dada pela Lei nº 9.318, de 1996)
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Se existir alguma circunstância agravante, a mesma deve ser aplicada posteriormente ao reconhecimento da atenuante.
Deve ser ressaltado que há entendimento que a atenuante da confissão ou qualquer outra, como a menoridade, deve ser compensada com a agravante da reincidência.
Importante ressaltar o entendimento recente do STJ, segundo o qual as atenuantes e agravantes devem ser aplicadas na fração de 1/6, tanto para diminuir quanto para aumentar a pena.
Terceira Fase
Fixada a pena base, sopesadas as circunstâncias atenuantes e agravantes, é chegada a hora das causas especiais de diminuição ou aumento de pena, para finalizar a dosimetria com a terceira fase.
No caso do exemplo que estamos utilizando, tendo o crime sido cometido com emprego de arma de fogo e por mais de um agente, incidem as causas de aumento estabelecidas no artigo 157, § 2º, incisos I e II, do Código Penal, de modo que o juiz deve, fundamentadamente, definir qual o índice de aumento será aplicado, de um terço à metade.
Assim, no caso mencionado, se aplicar a fração mínima de aumento (1/3), a pena passa a ser de 08 (oito) anos e 08 (oito) meses de reclusão.
Um exemplo de causa de diminuição de pena está contido no artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/06, o qual estabelece que a pena será diminuída se preenchidos alguns requisitos.
Critérios Especiais na Aplicação da Multa
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu.
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
 Não obstante adotado o critério dias-multa para a definição do valor pena de multa, o caput do artigo 60 reforça a ideia de que a situação econômica do réu é fator relevante para a fixação desta sanção pecuniária.
 O §1.º destaca a hipótese de aparente ineficácia da multa em face da situação econômica do condenado mais abastado.
Multa Substituitiva
Art. 60 - 
Multa substitutiva
§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.
Lado outro, nomeia-se de substitutiva (ou alternativa) a pena de multa quando aplicada, em substituição às penas privativas de liberdade que preencham os requisitos legais para tanto. Essa espécie tem posição fixa na Parte Geral do Código Penal, mais especificamente no art. 44, §2º.
Agravantes no concurso de pessoas
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
- A norma do artigo 62 está em consonância com a disciplina do artigo 29, também do Código Penal, que orienta a mensuração da sanção aos autores do mesmo fato, na medida da culpabilidade de capa um.
- As hipóteses arroladas no presente dispositivo dão indicativos de uma maior periculosidade do agente que, incorrendo nas condições aqui prescritas, indica possuir uma culpabilidade destacada da dos demais, a justificar sanção mais severa em face dele.
 - Inciso I – Deve ser punido mais severamente aquele que gerencia a cooperação ou a organização do crime, assim como atuação dos demais. O que chefia a empreitada criminosa;
 - Inciso II – A coação já foi objeto de apontamento quando visto o artigo 22 do Código Penal. Lá, contudo, ela é tida como condição que livra a culpabilidade do coagido, na hipótese de ser irresistível.
 Na situação aqui prevista, entretanto, a coação é considerada sob o ponto de vista do coator que terá a pena agravada de modo mais severo por ter imposto sua força (física ou moral) ao coagido para praticar do crime.
 O induzimento, por seu turno, é o sugestionamento, aquele que sugere ao autor a prática do crime, que dá a ideia do delito, é o agente que induz.
  - Inciso III – A instigação a realização de ato já idealizado pelo instigado ou a determinação são causa à incidência do inciso III quando direcionadas a subordinado (aqui considerado de maneira ampla – subordinação familiar, profissional, funcional etc.) ou inimputável.
 - Inciso IV  - Quando praticado o crime mercenário, sendo ele executado como meio para alguma recompensa. Também a circunstância desta hipótese determina a exasperação da pena.
Reincidência 
Não basta que o réu pratique nova infração penal após o trânsito em julgado da primeira condenação. Para a incidência da presente agravante, faz-se necessário o respeito ao prazo previsto no art. 64, inciso I, do Código Penal, ao qual a doutrina convencionoudenominar de período depurador da reincidência.
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;
Portanto, caso o réu tenha contra si sentença condenatória definitiva por crime praticado no Brasil ou no estrangeiro, ao praticar novo crime ou nova contravenção penal será considerado reincidente desde que a nova infração seja cometida após o trânsito em julgado da primeira sentença e antes do prazo de 05 (cinco) anos após o cumprimento ou extinção da pena imposta na condenação anterior.
Concurso Formal / Material
Resumidamente, concurso de crimes é o nome que se dá quando a mesma pessoa pratica mais de um crime, seja com uma só ou com várias ações.
Segundo o artigo 69 do CP, ao versar sobre o concurso material:
Art. 69 – Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (destaques acrescidos)
Já de acordo com o artigo 70 do Código Penal, o concurso formal ocorre:
Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
DIFERENÇA:
Agora, para diferenciar um tipo de concurso do outro, é importante ter em mente a questão relativa a quantidade de ações praticadas.
Se o agente praticou várias ações que resultaram em mais de um crime, concurso material.
Se ele pratica uma ação só e comete mais de um crime, concurso formal.
APLICAÇÃO DA PENA
No concurso material as penas são somadas.
Desse modo, vamos imaginar a seguinte hipótese: uma pessoa é condenada por tráfico de drogas (artigo 33 da Lei 11.343/06) a uma pena de 05 (cinco) anos de reclusão; e por uso de documento falso (artigo 304 do Código Penal) a uma pena de 01 (um) ano de reclusão.
Nesse caso, houve o concurso material de crimes, pois o agente praticou mais de uma conduta (vendeu drogas e usou documento falso) e com elas mais de um crime (tráfico de drogas e uso de documento falso).
Portanto, a pena final aplicada a ele, somadas aquelas aplicadas a cada um dos crimes (5 + 1), será de 06 anos.
No concurso formal, uma só ação foi responsável por mais de um crime. Por isso, em regra, as penas de cada um dos crimes não serão somadas, mas uma delas será acrescida de uma fração que pode variar de 1/6 a 1/2.
Ressalte-se que, segundo a jurisprudência, o fator determinante para a escolha da fração a ser aplicada (de 1/6 a 1/2), no caso concreto, será a quantidade de vítimas ou de crimes concorrentes:
Portanto, tendo sido praticados:
02 (dois) crimes, a fração será de 1/6;
03 (três) crimes, 1/5;
04 (quatro) crimes, 1/4;
05 (cinco) crimes, 1/3;
06 (seis) ou mais crimes, 1/2.
Crime continuado
É no artigo 71 do Código Penal que está a definição do que vem a ser crime continuado:
Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
Verifica-se que os requisitos são:
Mais de um crime da mesma espécie;
Mais de uma ação; e
Necessidade de que os crimes posteriores, levando-se em consideração as condições de tempo, lugar, maneira de execução, dentre outros, sejam considerados como uma continuação do primeiro crime.
Assim, apesar da prática de vários crimes, eles serão considerados como sendo um crime único, para fins de aplicação da pena, pois estarão “unidos pela semelhança de determinadas circunstâncias (condições de tempo, lugar, modo de execução ou outras formas que permitam deduzir a continuidade)”[1].
A consequência da continuação delitiva é, assim como no concurso formal, aaplicação da pena de um dos crimes, caso sejam idênticas, ou, caso sejam diferentes, a mais grave, aumentada de 1/6 a 2/3.
Assim como no caso do concurso formal, a fração a ser aplicada no caso concreto dependerá da quantidade de crimes concorrentes (STF, RTJ 143/215).
Assim, sendo 02 crimes, aumenta-se em 1/6; três, 1/5; 4, 1/4; 5, 1/3; 6, 1/2; e 7 ou mais crimes, a fração máxima (2/3).
Fixação dos dias-multa em caso de concurso de crimes.
Em regra, nos concursos de crimes, aplica-se a cumulação das multas,
"ou seja, as penas de multa individualmente dosadas para cada crime sempre deverão ser somadas."
Regra essa imposta pelo Art. 72 do CP: No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta E integralmente.
A jurisprudência pacificou uma EXCEÇÃO, que é no caso do crime continuado ou continuação delitiva.
Esse posicionamento é devido ao entendimento que o crime continuado consiste EM CRIME ÚNICO, por ficção jurídica. Sendo assim, não se aplicando a regra do art. 72 do CP.
A REGRA, a ser aplicada, será a do artigo 71 do CP
"... Aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços."
Ou seja, na aplicação da pena de multa no caso do concurso de crime pela continuidade delitiva (Crime continuado), não se acumulará as multas nos termos do artigo 72 do CP e sim aplicar APENAS UMA, aumentando de acordo com a quantidades de crimes praticados, respeitando-se os limites de UM SEXTO a DOIS TERÇOS. (Art. 71 do CP, Parte final)
ESPÉCIES DE ERRO NA EXECUÇÃO
 a) Erro na execução com unidade simples o resultado único.
 O agente atinge somente pessoa diversa da desejada, atira  para  matar  o pai e acerta    m terceiro, a consequência e q  e o agente  vai responder  como  se tivesse  praticado  o crime contra a pessoa desejada.
A utilidade desse instituto do erro na execução, se não existisse o erro na execução, o agente iria responder  por  tentativa   de  homicídio  contra  o  pai, e  o  homicídio  culposo  perante  o terceiro q  e o agente acerto.
b) Erro na execução com  unidade complexa  ou resultado duplo
O agente  atinge  a pessoa  desejada  e também a pessoa  diversa. (atira  no pai, mata  o pai e também mata    m terceiro que estava atrás do pai, pelo mesmo  projeto), a consequência e q  e o agente responde  por todos os crimes praticados  em concurso formal.
Só existe erro na execução com unidade  complexa  o   resultado duplo q  ando o segundo crime e  culposo. Só existe erro se não ha dolo.
RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO  (ART. 74 DO CP):
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, q  ando, por acidente o   erro na execução do crime, sobrevém  resultado diverso do pretendido, o agente responde  por culpa, se o fato  e previsto  como  crime culposo; se ocorre também o resultado  pretendido, aplica-se  a regra do art. 70 deste Código.  (Redação  dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984)

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