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ESTÉTICA e o belo na arte O estudo da estética remonta a 1750. É uma disciplina filosófica que tem por objetivo o estudo do belo e, consequentemente, o entendimento acerca do chamado juízo de gosto. Algumas questões fundamentais povoam este espaço de estudo: - O que é arte? - O que é expressão artística? - Como se dá o processo de comunicação e recepção da arte? - O que é o belo? O termo “estética” tem sua origem no vocábulo grego aisthesis, que significa sensação ou sentimento. Estes estudos no campo da arte visam entender as relações de produção e recepção diante da expressão artística e tornam-se fundamentais para o entendimento da construção simbólica de discursos pelo viés da arte, da história ou da comunicação. Podemos apontar aqui três conceitos fundamentais no estudo da estética: - o objeto estético - o juízo estético - a experiência estética Objeto estético pode ser definido como qualquer objeto natural ou produzido pelo homem. Estes objetos são compreendidos como objetos-chave na chamada experiência estética. É a partir da experiência proporcionada por eles que elaboramos e emitimos o juízo estético. O juízo estético não é um juízo lógico, e sim, um juízo que expressa a forma como o indivíduo foi afetado pela experiência estética. É o sentimento provocado diante de determinada experiência. Neste campo, estão os nossos padrões de julgamento do belo e do feio. A sensação do que é belo não é lógica, é sentida. É por isso que o filósofo Imannuel Kant diz que o juízo de gosto (ou juízo estético) é subjetivo e desinteressado. Essa relação de prazer estético não depende do objeto, mas do sujeito exposto à experiência estética. A beleza não está no objeto - está no sentido provocado no receptor da imagem ou do texto/discurso. O juízo estético é fruto da chamada experiência estética. Ela seria, então, este momento em que o expectador é exposto e responde ao estímulo da experiência diante de uma expressão artística, como um filme que lhe faz chorar, um ambiente que lhe emociona ou algum outro tipo de expressão artística que o provoque, que lhe deixe extasiado. Ainda sobre o campo da experiência estética, podemos aprofundar o nosso entendimento a respeito do assunto, subdividindo essa experiência em: - experiência estética da natureza - experiência estética da criação artística - experiência estética da recepção. A experiência estética da natureza estaria ligada à experiência humana da contemplação da natureza: está intimamente ligada ao sentimento que a experiência junto à natureza proporciona ao homem. A experiência estética da criação artística está no campo de quem produz a arte. É a experiência marcada pela relação do artista com a sua criação. Já a experiência estética da recepção é aquela vivenciada pelo espectador diante da obra de arte. Merleau-Ponty dizia que a arte é advento (um vir a ser do que nunca antes existiu) como promessa infinita de acontecimentos (as obras dos artistas). No ensaio “A linguagem indireta e as vozes do silêncio”, ele escreve: “O primeiro desenho nas paredes das cavernas fundava uma tradição porque recolhia uma outra: a da percepção. A quase eternidade da arte confunde-se com a quase eternidade da existência humana encarnada e, por isso, temos, no exercício de nosso corpo e de nossos sentidos, que compreender nossa gesticulação cultural, que nos insere no tempo. Que dizem os desenhos nas paredes da caverna? Que os seres humanos são dotados de olhos e mãos, que por isso para os humanos o mundo é visível e para ser visto, e que os olhos e as mãos do artista dão a ver o mundo. O artista é aquele que recolhe de maneira nova e inusitada aquilo que está na percepção de todos e que, no entanto, ninguém parece perceber. Ao fazê-lo, nos dá o sentimento da quase eternidade da obra de arte, pois ela é a expressão perene da capacidade perceptiva de nosso corpo. (CHAUÍ, 2012, p.337-338) A distinção entre artes da utilidade e artes da beleza acarretou uma separação entre técnica (o útil) e arte (o belo), levando à imagem da arte como ação individual espontânea, vinda da sensibilidade e da fantasia do artista como gênio criador. Enquanto o técnico é visto como aplicador de regras e procedimentos vindos da tradição ou da ciência, o artista é visto como dotado de inspiração, entendida como uma espécie de iluminação interior e espiritual misteriosa que leva o gênio a criar a obra. Além disso, como a obra de arte é pensada a partir de sua finalidade – a criação do belo – torna-se inseparável da figura do público (espectador, ouvinte, leitor), que julga, avalia o objeto artístico conforme tenha ou não realizado a beleza. A beleza vem articulada à noção de bom gosto e o julgamento da obra de arte pelo critério do bom gosto dá origem ao conceito de juízo de gosto, que será amplamente estudado por Kant. Gênio criador e inspiração, do lado do artista (fala- se nele como um “animal incomparável”), beleza, do lado da obra, e juízo de gosto, do lado do público, constituem os pilares sobre os quais se erguerá uma disciplina filosófica: a estética. (CHAUÍ, 2012, p.345).
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