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02 Estética e o belo

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ESTÉTICA
e o belo na arte
O estudo da estética remonta a 1750. É uma disciplina filosófica que tem
por objetivo o estudo do belo e, consequentemente, o entendimento acerca
do chamado juízo de gosto.
Algumas questões fundamentais
povoam este espaço de estudo:
- O que é arte?
- O que é expressão artística?
- Como se dá o processo de
comunicação e recepção da
arte?
- O que é o belo?
O termo “estética” tem sua origem no vocábulo grego aisthesis, que significa
sensação ou sentimento. Estes estudos no campo da arte visam entender as
relações de produção e recepção diante da expressão artística e tornam-se
fundamentais para o entendimento da construção simbólica de discursos pelo viés
da arte, da história ou da comunicação.
Podemos apontar aqui três conceitos fundamentais no estudo da estética:
- o objeto estético
- o juízo estético
- a experiência estética
Objeto estético pode ser definido como qualquer objeto natural ou
produzido pelo homem. Estes objetos são compreendidos como objetos-chave na
chamada experiência estética. É a partir da experiência proporcionada por eles
que elaboramos e emitimos o juízo estético.
O juízo estético não é um juízo lógico, e sim, um juízo que expressa a forma
como o indivíduo foi afetado pela experiência estética. É o sentimento provocado
diante de determinada experiência. Neste campo, estão os nossos padrões de
julgamento do belo e do feio. A sensação do que é belo não é lógica, é sentida.
É por isso que o filósofo Imannuel Kant diz que o juízo de gosto (ou juízo
estético) é subjetivo e desinteressado. Essa relação de prazer estético não
depende do objeto, mas do sujeito exposto à experiência estética. A beleza
não está no objeto - está no sentido provocado no receptor da imagem ou do
texto/discurso.
O juízo estético é fruto da chamada experiência estética. Ela seria, então,
este momento em que o expectador é exposto e responde ao estímulo da
experiência diante de uma expressão artística, como um filme que lhe faz chorar, um
ambiente que lhe emociona ou algum outro tipo de expressão artística que o
provoque, que lhe deixe extasiado.
Ainda sobre o campo da experiência estética, podemos aprofundar o nosso
entendimento a respeito do assunto, subdividindo essa experiência em:
- experiência estética da natureza
- experiência estética da criação artística
- experiência estética da recepção.
A experiência estética da natureza estaria ligada à experiência humana da
contemplação da natureza: está intimamente ligada ao sentimento que a experiência
junto à natureza proporciona ao homem.
A experiência estética da criação artística está no campo de quem produz a arte. É
a experiência marcada pela relação do artista com a sua criação.
Já a experiência estética da recepção é aquela vivenciada pelo espectador diante 
da obra de arte.
Merleau-Ponty dizia que a arte é advento (um vir a ser do que nunca antes existiu)
como promessa infinita de acontecimentos (as obras dos artistas). No ensaio “A
linguagem indireta e as vozes do silêncio”, ele escreve: “O primeiro desenho nas
paredes das cavernas fundava uma tradição porque recolhia uma outra: a da
percepção. A quase eternidade da arte confunde-se com a quase eternidade da
existência humana encarnada e, por isso, temos, no exercício de nosso corpo e de
nossos sentidos, que compreender nossa gesticulação cultural, que nos insere no
tempo. Que dizem os desenhos nas paredes da caverna? Que os seres humanos
são dotados de olhos e mãos, que por isso para os humanos o mundo é visível e
para ser visto, e que os olhos e as mãos do artista dão a ver o mundo. O artista é
aquele que recolhe de maneira nova e inusitada aquilo que está na percepção de
todos e que, no entanto, ninguém parece perceber. Ao fazê-lo, nos dá o sentimento
da quase eternidade da obra de arte, pois ela é a expressão perene da capacidade
perceptiva de nosso corpo.
(CHAUÍ, 2012, p.337-338)
A distinção entre artes da utilidade e artes da beleza acarretou uma separação entre
técnica (o útil) e arte (o belo), levando à imagem da arte como ação individual
espontânea, vinda da sensibilidade e da fantasia do artista como gênio criador.
Enquanto o técnico é visto como aplicador de regras e procedimentos vindos da
tradição ou da ciência, o artista é visto como dotado de inspiração, entendida como
uma espécie de iluminação interior e espiritual misteriosa que leva o gênio a criar a
obra. Além disso, como a obra de arte é pensada a partir de sua finalidade – a
criação do belo – torna-se inseparável da figura do público (espectador, ouvinte,
leitor), que julga, avalia o objeto artístico conforme tenha ou não realizado a beleza.
A beleza vem articulada à noção de bom gosto e o julgamento da obra de arte pelo
critério do bom gosto dá origem ao conceito de juízo de gosto, que será
amplamente estudado por Kant. Gênio criador e inspiração, do lado do artista (fala-
se nele como um “animal incomparável”), beleza, do lado da obra, e juízo de gosto,
do lado do público, constituem os pilares sobre os quais se erguerá uma disciplina
filosófica: a estética.
(CHAUÍ, 2012, p.345).

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