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Quais os fatores de risco relacionados ao etilismo, e sua relevância na atenção à saúde? A síndrome de dependência do uso de bebidas alcoólicas, é uma doença que afeta cerca de 18,6 milhões de brasileiros (10% da nossa população). Os efeitos nocivos desta dependência química vão desde sérios problemas sociais e familiares até graves complicações de saúde como cirrose do fígado, câncer, demência, doenças do coração e traumas em geral. É uma doença crônica que cursa com um desejo incontrolável de beber e, mesmo que tente parar, o indivíduo não consegue se livrar desse vício sozinho. Com o tempo, o indivíduo passa a consumir maiores quantidades de álcool para ter os mesmos efeitos de embriaguez de antes. Além disso, começa a apresentar sintomas como suor frio, tremedeiras, nervosismo e ansiedade quando fica sem ingerir bebidas alcoólicas. Qual a diferença entre abuso de álcool e etilismo? O abuso de álcool pode ser caracterizado pelo consumo de grandes quantidades de álcool, sem dependência.Enquanto o etilismo é o resultado do abuso de álcool a longo prazo, caracterizando sua dependência e uso contínuo da bebida. Quais os órgãos são acometidos pelo abuso do álcool? O álcool no sistema gastrointestinal causa alterações fisiológicas, no esôfago e estômago a mucosa é irritada enquanto o intestino sofre alteração na capacidade de absorção, resultando em gastrite, esofagite e diarreia. O fígado ocorre a alteração na produção de enzimas para que consiga metabolizar todo o álcool presente no organismo, culminando em inflamação crônica e hepatite alcoólica podendo evoluir para cirrose. O pâncreas considerada uma glândula anexa também pode sofrer alterações na fabricação de insulina e enzimas digestivas, o etanol pode acarretar em sua inflamação levando à pancreatite. Quais são as consequências clínicas que ocorrem após a instalação da cirrose hepática? A cirrose hepática é um estágio tardio de fibrose progressiva, caracterizado pela distorção da arquitetura hepática com formação de nódulos regenerativos. Geralmente, é uma doença considerada irreversível nos estágios avançados. A fibrose é decorrente da ativação das células estreladas, responsáveis por armazenar vitamina A e outros derivados retinoicos em estado de equilíbrio. No entanto, em decorrência de alguma agressão inflamatória continuada, as células estreladas ativam-se e passam a sintetizar colágeno e produzir citocinas, de forma a desencadear fibrose hepática progressiva e cirrose. Os nódulos de regeneração correspondem a um novo arranjo de hepatócitos (sem a presença de veia centrolobular) incapaz de substituir a função hepatocitária. As principais consequências clínicas da cirrose são aumento da pressão nos vasos intra-hepáticos, alteração na função hepatocitária e hepatocarcinoma. As anormalidades circulatórias observadas em pacientes cirróticos (vasodilatação esplâncnica, vasodilatação e hipoperfusão renal, retenção de sal e água, redução do débito cardíaco) são decorrentes de alterações vasculares que resultam em elevação da pressão portal. Os principais sintomas da cirrose são: náuseas, vômitos, perda de peso, dor abdominal, constipação, fadiga, fígado aumentado, olhos e pele amarelados (icterícia), urina escura, perda de cabelo, inchaço (principalmente nas pernas), ascite (presença de líquido na cavidade abdominal), entre outros. Em casos mais avançados pode ocorrer a encefalopatia hepática (síndrome que provoca alterações cerebrais provocadas pelo mau funcionamento do fígado). Diagnóstico, profilaxia e Tratamentos medicamentosos e não medicamentosos. Cirrose é um processo patológico irreversível que pode ser fatal. Portanto, é importante fazer o diagnóstico precoce para iniciar o mais depressa possível o tratamento que pode adiar ou evitar que surjam complicações mais graves.A primeira coisa a fazer diante do diagnóstico de cirrose é eliminar o agente agressor, no caso de álcool e drogas, ou combater o vírus da hepatite.Para casos mais graves, o transplante de fígado pode ser a única solução para a cura definitiva da doença. O etilismo possui como tratamento o envolvimento de terapia ou aconselhamento por um profissional de saúde. Um programa de desintoxicação em um hospital ou clínica médica também pode ser uma opção para aqueles que necessitam de mais assistência. Há medicamentos (vitaminas e sedativos) disponíveis que reduzem a vontade de beber.Não há nenhum modo absoluto de se prevenir o alcoolismo. Porém, o forte apoio da família e as relações sólidas com pessoas que não bebem e os amigos, podem ajudar.Deficiência de tiamina (vitamina B1) é comum etilistas crônicos. As principais lesões resultantes dessa deficiência são neuropatias periféricas e síndrome de Wernicke-Korsakoff (atrofia cerebral, degeneração cerebelar e neuropatia óptica). Relação entre o alcoolismo e a gestação, amamentação e desenvolvimento do feto e da criança. O uso do álcool durante a gestação pode ser muito perigoso para a mamãe. Não existe uma dose limite pré-estabelecida para a ingestão do álcool pela gestante que não prejudique o bebê. O álcool é uma substância com livre passagem pela placenta e, portanto, livre passagem para o feto. O fígado do bebê que está em formação metaboliza o álcool duas vezes mais lentamente que o fígado da sua mãe, isto é, o álcool permanece por mais tempo no organismo do bebê do que da sua mamãe. O aborto espontâneo e o trabalho de parto prematuro, assim como outras complicações da gravidez, também estão relacionados com o uso do álcool, mesmo em quantidades menores. O risco de aborto espontâneo quase dobra quando a gestante consome álcool. Os prejuízos causados no feto pelo álcool podem causar desde gestos desajeitados até problemas de comportamento, falta de crescimento, rosto desfigurado e retardo mental, dependendo da fase da gravidez e também da quantidade de álcool ingerido. A Organização Mundial da Saúde estima que a cada ano 12 mil bebês no mundo nascem com a Síndrome Fetal do Álcool ou Síndrome do Alcoolismo Fetal (SAF) ou 2,2 de cada mil nascimentos vivos. Há fatores genéticos envolvidos no desenvolvimento de Etilismo? Em 12% da população, ocorre uma mutação no gene CYP2e1, presente no retículo endoplasmático liso, que metaboliza o álcool no cérebro, e, em vez de duas cópias, essas pessoas possuem apenas um cromossomo - ou, em alguns casos, três. Foi nessa variante que os cientistas encontraram a resposta para a questão sobre a tendência ao vício. De acordo com o cientista, o CYP2e1 não pode determinar se um indivíduo vai se tornar alcoólatra, pois fatores comportamentais e ambientais têm um papel importante na doença. Mas, como as pessoas que possuem a mutação genética, que pode ser detectada por um exame de DNA, ficam mais sensíveis ao álcool e tendem a evitá-lo, o entendimento desse mecanismo é uma forte promessa para o tratamento do alcoolismo.
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