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21a aula PRESSUPOSTOS RECURSAIS

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CURSO DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Prof. Marcílio Florêncio Mota
profmarciliomota@hotmail.com
Tema da aula: Requisitos de Admissibilidade dos Recursos
1. Referências legais: Arts 893 a 901 da CLT. Arts. 128, 496, 499, 500, 501, 502, 503, 504, 511, 513, § 3º do art. 523. Art. 48 da Lei n. 9.099/95. Art. 810 do CPC de 1939.
2. Requisitos de admissibilidade dos recursos:
São requisitos ou condições que a lei estabelece para o conhecimento do recurso, ou seja, requisitos para que o recurso seja apreciado pelo órgão de julgamento quanto ao seu aspecto de mérito. 
Bernardo Pimentel Souza apresenta a seguinte lição para os requisitos de admissibilidade (2009, p. 44):
As “condições de admissibilidade”, os “pressupostos de admissibilidade” ou “requisitos de admissibilidade” são as exigências legais que devem estar satisfeitas para que o órgão julgador possa ingressar no juízo de mérito do recurso. Por terem idêntico significado, tais expressões são igualmente prestigiadas tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência.
De fato, encontramos na legislação processual comum, no CPC mais especificamente, as expressões “condições de admissibilidade” – Parágrafo único do art. 500; “pressupostos de admissibilidade” – § 2º do art. 518; e “requisitos de admissibilidade” – art. 540; todas se referindo ao mesmo fenômeno de requisitos dos recursos.
No processo do trabalho encontramos no art. 897-b da CLT a expressão “pressupostos extrínsecos do recurso”.
São classificados comumente como requisitos intrínsecos ou extrínsecos ou, ainda, requisitos subjetivos ou requisitos objetivos, sendo essa última classificação a adotada pela doutrina clássica. 
Os requisitos subjetivos estão relacionados com a pessoa do recorrente, enquanto os objetivos dizem respeito ao recurso considerado em si mesmo. Já para a classificação que considera os requisitos como intrínsecos ou extrínsecos, que é a prevalecente na doutrina e na jurisprudência atual, os intrínsecos estão relacionados com o direito de recorrer e são o cabimento, a legitimidade recursal, o interesse recursal e a inexistência de fatos extintivos e impeditivos do recurso. Já os requisitos extrínsecos, que dizem respeito ao exercício do direito de recorrer são a tempestividade, a regularidade formal e o preparo.
3. Requisitos intrínsecos:	
3.1. O cabimento
	O cabimento consiste na exigência de que o ato judicial impugnado comporte recurso e que a parte recorrente utilize o recurso adequado para a impugnação da decisão, ou seja, que a recorribilidade do ato e a adequação do recurso. 
No que respeita à recorribilidade do ato, esse pressuposto é relativo à idoneidade do ato para sofrer impugnação pela via recursal. Nem todos os atos que o juiz pratica no processo são passíveis de recurso. Os despachos de mero expediente não são recorríveis, conforme a previsão do art. 504. Despachos de mero expediente são aqueles que impulsionam o processo, como o que determina que a parte fale sobre os documentos trazidos pela parte adversa ou a intimação para apresentação de rol de quesitos para a perícia. Por eles não se impõe ônus ou gravame a qualquer das partes, daí a irrecorribilidade. Nada obsta, contudo, que o legislador estabeleça a irrecorribilidade de certas decisões, o que não é comum entre nós. No âmbito do processo do trabalho são irrecorríveis de imediato, igualmente, as decisões que o juiz toma no curso do processo, conforme o § 1º do art. 893 da CLT.
A adequação diz respeito à compatibilidade do recurso com o ato impugnado, ou seja, é preciso que o ato impugnado seja atacado pelo recurso próprio, aquele consagrado pelo ordenamento como capaz de veicular o inconformismo do recorrente. As sentenças devem ser atacadas de Recurso Ordinário, quando proferidas na fase de cognição (art. 895, I da CLT), ou de Agravo de Petição, quando proferidas na execução (art. 897, “a” da CLT). A interposição de Agravo de Instrumento contra uma sentença, por exemplo, corresponde à utilização de recurso inadequado e, por consequência, esse recurso não será conhecido. Resta observar que, excepcionalmente, o recurso inadequado pode ser conhecido a partir da aplicação do princípio da fungibilidade (vide princípios recursais).
3.2. A legitimidade
Para interpor recurso é preciso ter legitimidade. O CPC diz que as partes, o MP e o terceiro interessado têm legitimidade para os recursos - art. 499 do CPC. A legitimidade das partes para o recurso é extensão do direito de ação. O Ministério Público é legitimado para os recursos tanto naqueles processos em que ele é parte quanto naqueles nos quais ele figura como fiscal da lei - § 2º do art. 499. O terceiro interessado tem legitimidade para recorrer naqueles processos em que ele pode ser admitido no processo. Assim, o recurso do terceiro pode ser interposto tanto no caso de já figurar no processo como naquele em que ingresse apenas para recorrer. A condição de legítimo para o recurso é questão objetivamente considerada, ou seja, a partir da verificação de que a pessoa que interpôs o recurso está figurando no processo ou poderia nele figurar. Ressaltamos, nesse ponto, que o Ministério Público do Trabalho não figura em processo que tramita em Vara do Trabalho, exceto na condição de autor da ação civil ou na de representante ou assistente de incapaz.
3.3. O interesse
O interesse no recurso é constatado a partir da verificação objetiva de que a parte ou o terceiro foi prejudicado pela decisão. A decisão impõe um ônus ou um gravame à parte ou ao terceiro. A parte ou o terceiro é o perdedor da causa ou foi atingido pela decisão. Nesse sentido, a parte ou o terceiro que é totalmente vencedor na causa não tem interesse no recurso. É possível, por óbvio, o recurso da parte que não foi totalmente vencedora, quando a decisão é procedente em parte. O interesse, é preciso reforçar, não é aspecto subjetivo, do sentimento da parte ou do terceiro. Não basta então que a parte ou o terceiro se “sinta” onerado pela decisão. É preciso a constatação objetiva de que a decisão o onera ou prejudica. 
3.4. A inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer
O recurso pressupõe que não tenham ocorrido fatos que comprometam o ato de recorrer. A parte pode renunciar ao direito de recorrer, desistir do recurso ou praticar ato incompatível com o direito de recorrer - arts. 501 a 503 do CPC aplicados subsidiariamente no processo do trabalho por força da regra do art.769 da CLT – sem que com isso tenha que concordar a parte contrária. Qualquer dessas ocorrências inviabiliza o recurso. A renúncia pressupõe a possibilidade do recurso e que ele ainda não tenha sido interposto. A desistência, por sua vez, pressupõe que o recurso tenha sido interposto e nisso difere da renúncia. A desistência do recurso pode ser apresentada a qualquer tempo antes de iniciado o seu julgamento pelo órgão recursal. A aceitação tácita da decisão é a conseqüência da prática de um ato, sem reservas, que seja incompatível com o desejo de recorrer. É o caso da parte que deposita o valor da condenação e não revela que o depósito não exclui o seu direito de impugnar a decisão. 
4. Requisitos extrínsecos
4.1. Tempestividade 
O requisito da tempestividade diz respeito ao tempo da interposição do recurso. O recurso é ato processual que precisa ser praticado tempestivamente, ou seja, na época própria. Os prazos recursais são variáveis a depender do recurso a ser interposto e cumpre à parte observar o tempo para a interposição do recurso sob pena do seu não conhecimento (não análise) por intempestividade. Os recursos do processo do trabalho têm prazo uniforme de oito dias, exceto os Embargos de Declaração, cujo prazo é de cinco dias, e o Recurso Extraordinário para o STF, que tem prazo de quinze dias. 
O TST consagra na OJ 357 da SDI-1 que o recurso interposto antes da fluência do prazo não deve ser conhecido porque é extemporâneo. O que gera a extemporaneidade é a apresentação do recurso principal antesda publicação do acórdão impugnado.
OJ-SDI1-357 RECURSO. INTERPOSIÇÃO ANTES DA PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO IMPUGNADO. EXTEMPORANEIDADE. NÃO CONHECIMENTO (DJ 14.03.2008). É extemporâneo recurso interposto antes de publicado o acórdão impugnado.
	
Entendemos que a interpretação do TST, com todo o respeito, é equivocada. O requisito da tempestividade é previsto para que o ato seja praticado em observação ao prazo estipulado para a sua prática, de modo a punir os que forem negligentes na observação do tempo para a sua prática. Não conhecer o recurso por extemporaneidade é punir o recorrente que por excesso de zelo se antecipou e praticou o ato antes da fluência normal do prazo do recurso.
	O Projeto de Código de Processo Civil que foi apresentado ao Congresso Nacional previa, expressamente, que a parte não deve ser penalizada quando praticar o ato antes do prazo previsto. Vejamos o teor da regra do Parágrafo único do art. 74 do Projeto de CPC:
Não são intempestivos atos praticados antes da ocorrência do termo inicial do prazo.
4.2. Preparo
O preparo é o pagamento das despesas com a tramitação do recurso. É preciso ter o cuidado para não confundir as custas do recurso com as custas do processo. O preparo diz respeito às custas do recurso e compreende no processo do trabalho as custas processuais e o chamado “depósito recursal”, que é exigido apenas do empregador no caso de sentença condenatória. 
Nem todos os recursos exigem preparo, contudo. Os embargos de declaração, por exemplo, não o exige, conforme a interpretação que se adota no processo do trabalho em vista do art. 536 do CPC. 
Por outro lado, algumas pessoas estão dispensadas do preparo, como são os casos da União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Autarquias, Fundações Públicas, Ministério Público e a pessoa que goza os benefícios da justiça gratuita – § 1º do art. 511 e Lei Complementar n. 135, que acrescentou regras à Lei n. 1060/1950. 
Quando o recurso não é preparado no prazo legal se diz que ele é deserto e, nesse caso, ele não é conhecido pelo órgão recursal - art. 511 e seus §§. No âmbito do processo civil se faz uma distinção entre ausência de preparo, que determina a deserção e o não conhecimento do recurso, do preparo incompleto. O preparo incompleto pode ser complementado e o recurso será aproveitado a menos que não haja a complementação do preparo em cinco dias (§2º do art. 511). Essa distinção não é feita no processo do trabalho. O recurso sem preparo ou mal preparado tem o mesmo fim, ou seja, não é conhecido pelo órgão recursal.
4.3. Forma escrita
Os recursos do sistema trabalhista devem ser interpostos por meio de peça escrita, sem exceção. A escrita documenta os atos processuais e serve de segurança às partes. 
4.4. Fundamentação ou dialeticidade
Os recursos necessitam ser fundamentados e os motivos devem guardar pertinência com os fundamentos da decisão atacada. Recurso sem fundamento ou que apresenta fundamento que não ataca os motivos da decisão não é conhecido pelo órgão de julgamento. Lamentavelmente é relativamente comum o equívoco na fundamentação do recurso e os tribunais têm sido severos na exigência desse requisito recursal.
4.5. A subscrição por advogado
A subscrição do recurso por advogado não é requisito de admissibilidade, exceto quanto aos recursos para o TST ou quando for o caso de recurso em ação que não decorra da relação de emprego, conforme a Súmula 425 do referido Tribunal. Nos recursos para os Tribunais Regionais, então, em causas que versem sobre relação de emprego, a peça processual poderá ser subscrita pela própria parte.
Prof. Marcílio Florêncio Mota

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