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alfabetização e letramento Resumo (1)

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Alfabetização e Letramento – Resumo para Estudo
Perspectiva histórica: O homem pré-histórico já lia os sinais da natureza e os tentava reproduzir em mensagens nas pedras e rochas. Isso deu origem aos primeiros pictogramas Sua principal Isso deu origem aos primeiros pictogramas. Sua principal intenção era a de se comunicar. A escrita era usada para narrar fatos cotidianos, enviar cartas para outras pessoas, escrever contratos, editar leis, além do registro da própria história. A representação das palavras por desenhos numa certa ordem, criando um significado para cada desenho, foi a tentativa de representar o mundo por diferentes povos – os sumérios, os chineses, os egípcios –, que chegaram a criar uma escrita com seiscentos pictogramas. Com o tempo as representações foram perdendo a analogia com o objeto que representavam e evoluíram. Assim, os sumérios chegaram à escrita cuneiforme, totalmente convencional, em que o significante não se assemelha à coisa representada. Os sumérios conseguiram evoluir para o mesmo estágio que temos hoje na escrita da nossa língua: eles criaram a fonetização (o uso de signos representativos de uma palavra para representar outra palavra). Portanto, eles já tinham percebido que a fonetização fazia crescer a possibilidade de representação do mundo em volta deles, ou seja, com o uso de signos representativos de palavras no intuito de representar outras, inclusive ideias abstratas. Exemplos: o banco (de sentar) e o banco ( de guardar dinheiro ). A criança ao desenhar, escreve e representa o mundo : A criança percorre, no seu desenvolvimento, dentro de seu ambiente cultural, o mesmo caminho percorrido pela humanidade na organização do conhecimento: humanidade na organização do conhecimento: “O ser humano partiu do pictórico e construiu uma simbologia (alfabeto); de maneira similar a criança por meio do gesto e do desenho e chega ao símbolo e às regras sistemáticas reconstruindo o código linguístico usado em sua comunidade. Será assim tão simples uma mera transcrição da fala para a escrita? : A alfabetização é um longo processo circunscrito entre duas vertentes indissociáveis: a aquisição do sistema de escrita e a sua efetiva possibilidade de uso no contexto social. Mais do que conhecer as letras, as regras ortográficas, sintáticas ou gramaticais, o ensino da língua escrita requer a assimilação das práticas sociais de uso, contribuindo assim para a conquista de um novo status na sociedade.” Má interpretação das teorias : Atualmente, não temos mais dúvidas de como escrever, apesar de sabermos que toda língua é viva e sofre modificações com o tempo Nos últimos anos as discussões sobre o conhecimento das crianças têm se multiplicado. As críticas da sociedade em relação ao que é ensinado na alfabetização das crianças estão presentes, principalmente quando muitos jovens não conseguem se expressar por meio de um texto escrito ou entender uma escrita quando leem. Alfabetização – letramento e cidadania: “A alfabetização é uma prática ideológica cujo valor e importância depende diretamente dos usos e funções atribuídas no contexto social ”. Alfabetizar é: Aprender a ler e a escrever significa adquirir uma tecnologia: a de codificar em língua escrita (escrever) e de decodificar a língua escrita (ler). Porém, somente adquirir não é o suficiente, é necessário se apropriar dela, o que significa fazer uso das práticas se apropriar dela, o que significa fazer uso das práticas sociais de leitura e de escrita, articulando-as ou dissociando-as das práticas de interação oral, dependendo de cada situação vivida. Não basta uma criança saber ler as palavras, ela precisa entender o contexto na qual elas estão escritas. Isso quer dizer que não basta uma criança ser alfabetizada ela dizer que não basta uma criança ser alfabetizada, ela precisa se tornar letrada, precisa saber dar significado àquela palavra que lê. Letramento: capacidade de fazer uso adequado da leitura e da escrita socialmente utilizadas, conjugando-as com as práticas orais. A escola precisa considerar a língua como um processo de interação entre os sujeitos construtores de sentido e significados. Entender que os sentidos e significados se constituem segundo as relações que cada um mantém com a língua, com o tema sobre o qual fala ou escreve, ouve ou vê, com seus conhecimentos prévios atitudes e conceitos , segundo a situação específica em que interagem e o contexto social em que ocorre a tal comunicação. Leitura e escrita: Conforme a declaração da Unesco, de 1958 (apud RIBEIRO, 2006), uma pessoa sabe ler e escrever quando consegue ler ou escrever compreensivamente um pequeno texto relacionado à sua vida diária. Tempos depois, a Unesco adotou outra definição, mais Tempos depois, a Unesco adotou outra definição, mais funcional: uma pessoa sabe ler e escrever quando o sabe o suficiente para inserir-se em seu meio e quando seu desempenho envolve tarefas de leitura, escrita e cálculo. O que muda nos conceitos entre diferentes países: Enquanto em países como Estados Unidos e França o letramento é tratado de forma mais independente dos conceitos de alfabetização (aquisição e apropriação do sistema de escrita alfabética) no Brasil os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam, se superpõem, frequentemente se confundem. É importante compreender como se tornaram enraizados, e muitas vezes confuso os conceitos de alfabetização e letramento. Velhos métodos : Para quem acompanha o trabalho realizado nas salas de aula da grande maioria das escolas públicas brasileiras sabe que ainda continuamos a utilizar os velhos métodos ou, quando os professores se propõem a novas práticas de leituras de texto, verifica-se que há pouca atividade de produção de textos, sempre recaindo na apresentação das ‘famílias silábicas’ ou no treino das ‘relações fonema-grafema. Para entendermos o que acontece no processo de alfabetização nas escolas é necessário ter clareza dos pressupostos teóricos e propostas didáticas que caracterizam os diferentes métodos. Muito mais relevante do que a simples adoção de um método ou outro para alfabetizar são as concepções de aprendizagem, de sujeito a ser formado e de educação que estão implícitos em cada um deles, porque por trás de cada método existe uma teoria que o sustenta. Velhos métodos ainda presentes : Os métodos tradicionais de alfabetização são utilizados desde o século XVIII e têm como embasamento teórico a visão associacionista empirista da aprendizagem. São eles: Analíticos : a palavração, a sentenciação e o método global. Eles conduzem o aluno a, no final, trabalhar com as unidades menores. Sintéticos : os alfabéticos, os silábicos e os fônicos. Todos têm como princípio que o aluno deve partir das unidades menores ou seja das letras sílabas e fonemas , e a aprendizagem é gradativa e cumulativa. O que os métodos tradicionais têm em comum : Os textos repetitivos e descontextualizados da realidade do aluno. Grande ênfase no domínio do código escrito. Atividades pautadas na cópia e na memorização. Considera o aluno como uma tábula rasa. A aprendizagem era considerada como simples acúmulo de informações e o objeto de conhecimento Caracterizam a escrita com um mero código de transcrição da língua oral. O que se espera hoje: Pesquisa e estudo, fundamentação para que os educadores possam não só contestar as distorções encontradas na prática, que aos poucos vem sendo superadas , mas também construir um trabalho sob a perspectiva do alfabetizar letrando, no sentido de tornar a aprendizagem prazerosa para o alfabetizando e desafiadora para o professor ensinar. Alfabetização e letramento processos indissociáveis : A alfabetização é um longo processo circunscrito entre duas vertentes indissociáveis: a aquisição do sistema de escrita e a sua efetiva possibilidade de uso no contexto social . “Mais do que conhecer as letras, as regras ortográficas, sintáticas ou gramaticais, o ensino da língua escrita requer sintáticas ou gramaticais, o ensino da língua escrita requer a assimilação das práticas sociaisde uso, contribuindo assim para a conquista de um novo status na sociedade” Cabe-nos enquanto educadores buscar metodologias adequadas para alfabetizar letrando, pois o significado de aprender a escrever nas palavras de Emilia Ferreiro (1979) , “a escrita é importante na escola, porque é importante fora dela e não o contrário”. Jean Piaget : Piaget estudou biologia, psicologia, filosofia, áreas que lhe deram o suporte necessário para a formulação de sua teoria: a epistemologia genética . Formulou uma teoria: o conhecimento evolui progressivamente por meio de estruturas de raciocínio que substituem umas às outras, estágios – quando uma criança passa de um estágio menor de conhecimento para um estágio maior de conhecimento, ou seja, quando ela avança no conhecimento. Para buscar respostas, propôs uma perspectiva construtivista: o sujeito aprende por meio da ação. Tudo gira em torno da equilibração, aspecto-chave de sua teoria; assimilação = (aceitar a novidade); acomodação = (transformar a informação em conhecimento). Síntese do pensamento piagetiano: A preocupação de Jean Piaget foi em tentar explicar como a criança pensava e interagia com o mundo e com as pessoas para adquirir conhecimento. Ele definiu que o conhecimento é construído a partir da interação do sujeito com o objeto de aprendizagem. Ele ensinou a observar a maneira como a criança adquire o conhecimento para que fosse possível entender o conhecimento humano. Seus estudos em psicologia do desenvolvimento e epistemologia genética tinham o objetivo de entender como o conhecimento evoluiu. Telma Weisz e Ana Sanches: As autoras reafirmam a contribuição de Piaget para a mudança de concepção e de olhar sobre a aprendizagem, existentes até a sua época. Até o início do século XX, acreditava-se que as crianças eram miniadultos e que somente depois de crescidas chegariam ao nível dos adultos, que eram considerados superiores mentalmente. Acreditava-se também que seus processos cognitivos eram iguais aos do adulto, mas em proporção menor por serem pequenas . Lev S Vygotsky: Rússia, 1896, literatura. Professor. Áreas de interesse: literatura, pedagogia e psicologia. Suas pesquisas apontaram para o papel da linguagem e da aprendizagem no desenvolvimento do indivíduo cujo, pensamento se constrói em um ambiente histórico-cultural. Investigou o desenvolvimento das capacidades intelectuais superiores do homem e identificou a linguagem como o principal fator do crescimento Definia a linguagem como um conjunto de símbolos que mantinha seu caráter histórico e social. A criança recebe informações socialmente construídas (experiências passadas) e transforma as situações do presente ou adquire consciência. Concepção da escola. O sustentáculo da concepção de Vygotsky está no conceito de mediação, que é o processo de intervenção de um elemento intermediário em uma relação, que passa de direta (sujeito x objeto) para indireta (sujeito x mediador x objeto). Ele enfatizava o papel da formação escolar, quando a criança, segundo ele, recebe informações que foram socialmente construídas (experiências pessoais no contexto social) e transforma as situações do presente, ou adquire consciência a respeito da situação do presente. Seu ideal era que, se uma transformação social pode conseguir alterar o funcionamento cognitivo, ela pode reduzir o preconceito e os conflitos sociais. Os processos psicológicos são de natureza social e, portanto, precisam ser analisados e trabalhados por meio de ações socialmente elaboradas. Relação adulto e criança: Não envolve só professor e aluno. Não há domínio de um sobre o outro, pois as informações circulam nesse meio relacional. A socialização, troca de significados aprendidos e transformados dialoga construindo saberes e dizeres . A simpatia, a subjetividade e a oposição geradas pelos conflitos se transformam em relações que mudam o paradigma da situação: professor-aluno. Vygotsky e a socialização: Defendida por Marta Koll de Oliveira (1993), a relação adulto x criança não é binária, não envolve somente aluno-professor. Também não existe domínio de um sobre o outro pois muitas “coisas” (informações) circulam nesse espaço relacional. A socialização, que é a troca de significados aprendidos e transformados, dialoga construindo saberes e dizeres. A intersubjetividade, a simpatia e a oposição gerada pelos conflitos se transformam em relações que mudam o paradigma da situação professor-aluno. Aprendizagem : Um conhecimento só se solidifica quando resulta em um instrumento de pensamento. A criança avança na aquisição de conceitos quando domina o abstrato e combina-o com um pensamento mais complexo. Com o passar do tempo, os conceitos tornam-se concretos e somam-se às habilidades adquiridas socialmente. Para ele, método é algo para ser praticado, e não aplicado como o fim que justifica os meios. Ou seja, não é ferramenta no alcance de resultados. Ferramenta e resultados se integram ou se misturam e se somam na aprendizagem. A “zona de desenvolvimento proximal : Vygotsky elaborou o conceito de “zona de desenvolvimento proximal” (distância entre o nível real – solução independente de problema – e o nível de desenvolvimento potencial – determinado por meio da solução de problema com a intervenção de alguém com mais experiência). Criança real : Hoje se fala muito em propostas pedagógicas que sejam capazes de entender a criança como ser integral, global. Assim, não se pode negar que ambos trazem contribuições para a criança biopsicossocial, ou seja, a criança real. Emilia Ferreiro : Desenvolveu teses sobre as hipóteses do pensamento da criança a respeito da linguagem escrita. Não propõe um método, mas esclarece que o que faz com que a criança reconstrua o código linguístico não é o cumprimento de tarefas repetitivas ou o fato de conhecer as letras e os símbolos, mas sim a compreensão de como funciona o sistema notacional. É psicóloga e pesquisadora. Nasceu na Argentina em 1942, e é radicada no México. Fez seu doutorado na Universidade de Genebra e recebeu orientação de Jean Piaget, seu grande mestre. Professora na Universidade de Buenos Aires em 1974 começou os trabalhos que mais tarde deram origem à sua tese: psicogênese da língua escrita, grande marco na transformação do conceito de aprendizagem da escrita pela criança. Teoria da psicogênese da escrita: A divulgação da teoria da psicogênese da escrita a partir da década de 1980 trouxe uma mudança significativa na alfabetização revisando princípios tais como o entendimento da escrita como um sistema notacional e o seu aprendizado como um processo evolutivo. “No Brasil, a teoria da psicogênese da língua escrita foi bastante divulgada, muitas vezes pelo rótulo de construtivismo, sendo que, inclusive fundamentam teoricamente os parâmetros curriculares Nacionais (PCN) de língua portuguesa instituídos em 1996. Emilia Ferreiro tornou se modelo no ensino brasileiro. Antes e depois de Emilia Ferreiro no Brasil : Os processos de construção e aprendizagem das crianças levaram a conclusões que abalaram os métodos tradicionais de ensino da leitura e da escrita. É inegável o reconhecimento da teoria da psicogênese da escrita, ou teoria da psicogênese, uma vez que, entre outros avanços, conseguiu desbancar os velhos métodos tradicionais. As obras de Ferreiro (1985) causaram uma revolução na maneira de alfabetizar, demonstrando a evolução da psicogênese da escrita infantil o seja , ela construiu um pensamento para ajudar na interpretação da evolução da escrita infantil. Tal pensamento não é uma metodologia, como muitos acreditaram, e sim um olhar para o erro construtivo da criança, que começa a entender que uma porção de marcas no papel é chamada no mundo adulto de escrita e que isso é parte de um código: “língua escrita”. SEA : Com relação ao alfabeto, seguiremos as orientações da teoria da psicogênese que concebe o alfabeto como um sistema notacional e nunca um código conforme lembra Morais (2012). Assim como o autor, ao nos referirmos ao alfabeto, este será tratado como SEA de formaabreviada, ou seja, Sistema de Escrita Alfabética, ou ainda de “sistema de notação alfabética” , sistema alfabético ou escrita alfabética, sem diferenças. Para Morais: O autor faz uma observação importante quanto ao não uso do termo construtivismo à teoria da psicogênese da escrita. Isto porque, no senso comum ou jargão pedagógico, o construtivismo se tornou uma palavra onde cabe tudo. .O autor também nos alerta que os estudiosos, pesquisadores e educadores que praticam alfabetização com um viés construtivista dizem não existir um consenso de como alfabetizar melhor. A teoria da psicogênese da escrita nos esclarece dois pontos fundamentais que devem ser levados em consideração para que a criança jovem ou adulto alfabetizando aprenda a partir do conceito notacional: a) é preciso reconhecer que, para qualquer desse alfabetizandos, essa não é uma tarefa fácil, pois as regras de funcionamento ou as propriedades não estão dadas ou prontas na sua cabeça; b) que o processo de internalização das regras e convenções do alfabeto não é algo rápido que se dá por acumulação de informações. Para compreender todo o sistema notacional, o aprendiz precisa entender o que as letras notam ou representam e como as letras criam essas representações. As respostas para essas dúvidas variam por etapa ou fase, dependendo de qual momento o aprendiz se encontra. O fato é que para Ferreiro (1979), no processo evolutivo será preciso entender dois aspectos do sistema alfabético, um de natureza conceitual e outro convencional, que criam um conjunto de propriedades para que o aprendiz reconstrua e compreenda o sistema alfabético. São cinco os níveis conceituais linguísticos: Nível 1: pré-silábico: fase pictórica, gráfica primitiva e pré-silábica. Nível 2: intermediário I. Nível 3: silábico. Nível 4: intermediário II ou silábico-alfabético. Nível 5: alfabético. Nível 1: pré-silábico : Fase pictórica: é o registro feito pela criança com garatujas – inicia aos 2 anos..Fase gráfica primitiva – a criança mistura símbolos, pseudoletras com letras e números, com letras em seus desenhos. Fase primitiva: a criança começa a diferenciar as letras dos números, os desenhos dos símbolos e reconhece o papel da letra na escrita. Sabe que as letras servem para escrever, mas não sabe como ocorre, ainda. Não associa o fonema com o grafema. A criança acredita que a ordem das letras e das vogais não tem importância. Nível 2: intermediário I : Fase de conflitos, em que a criança não tem resposta para questionamentos e diz que “não sabe escrever”. Apresenta e usa valores sonoros convencionais, diz que o seu nome começa com determinada letra e a conhece pelo som, mas não sabe onde fica na palavra. Nível 3: silábico: Conta os “pedaços sonoros” (sílabas) e os associa com um símbolo (letra). Aceita palavras monossílabas, palavras com uma ou duas letras com certa hesitação. Escreve uma frase utilizando uma letra para cada palavra. Nível 4: intermediário II ou silábico-alfabético: É mais um momento de conflito entre uma fase e outra, em que a criança precisa desconsiderar o nível silábico para pensar segundo o nível alfabético. Nessa fase o professor deve instigar a criança no sentido de reflexão sobre o sistema linguístico pela observação da escrita alfabética. Nível 5: alfabético: Quando a criança chega nessa fase já reconstrói o sistema linguístico e compreende como ele funciona; consegue ler e expressar seus pensamentos e falas. Forma sílabas e palavras juntando as letras e consegue distinguir letra, sílaba, palavra e frase. Importância da reflexão: A alfabetização exige conhecimento, habilidade e competência para dar condições à criança de construir seus conhecimentos O professor não pode fazer a transmissão do alfabeto, da junção de letras e palavras. Ele deve preocupar-se com a função da escrita, possibilitando o uso da linguagem escrita pela criança. Não podemos ignorar o papel do professor em ser o mediador e organizador da ação educativa, da construção e reconstrução dos conhecimentos de seus alunos em sala de aula. As teorias pedagógicas, as investigações e as pesquisas científicas dão suporte ao professor no planejamento e na atuação em sala de aula quando o ajudam a conhecer as crianças, como pensam e suas hipóteses na tentativa de resolver seus conflitos. Com esse conhecimento o professor realiza sondagens, propõe intervenções e ajuda a criança a refletir sobre o sistema notacional entendendo suas convenções. E isso não acontece naturalmente, pois o alfabetizando precisa da mediação do professor. O fim das cartilhas em sala de aula : Os primeiros trabalhos escolares de alfabetização, na época do Brasil Colônia, foram realizados com cartilha, quando ainda se aprendia latim na escola (influência religiosa). No século XIX, as cartilhas vinham de Portugal, pois no Brasil não havia permissão para publicação. Como era: Em torno da década de 1950, os professores tinham o hábito de produzir seus próprios materiais para suas aulas de alfabetização (surgimento dos testes ABC) com o método alfabético: era utilizado o processo de soletração para decifrar a palavra – bola: be-o-bo, l-a-la. O método fônico enfatizava a menor unidade da fala – o fonema – e sua representação na escrita, ensinando as formas e os sons das vogais, depois as consoantes e vogais, estabelecendo relação entre estas. Lembramos, assim, que tempos atrás era normal alfabetizar-se a partir da memorização das sílabas “ba – be – bi – bo – bu”, e só quando os alunos conseguiam memorizar todas as sílabas dava-se início à leitura de pequenas frases como: Ivo viu a Uva ; A baba e o bebe. Frases que nem sempre tinham sentido, mas que comprovavam a memorização das sílabas e entendia-se, a partir disso, que a criança já estava alfabetizada. É importante entender que, se a concepção de criança era de que ela não pensava, não tinha nenhum saber sobre escrita no período anterior à alfabetização. Era simplesmente o treino de habilidades, pois se acreditava na necessidade de prepará-la para a escrita, a famosa prontidão. Atualmente, o conceito de criança mudou, e também os livros: O Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) mostra que os professores ainda escolhem os livros tradicionais para uso em sala (são encaminhados por editoras e depois de votados são adquiridos pelo governo para entregar as crianças). Fato explicado pela realidade de que muitos professores esperam encontrar nos livros de alfabetização a permanência de procedimentos sistemáticos ( sílabas ) para ensinar a ler e escrever. Sugestão: listas que fazem a diferença : Uma forma de criar um ambiente que estimule a leitura e escrita é ter dispostas na sala de aula listas com o nome dos alunos ou ainda mostrar títulos de várias histórias e depois de contá-las e também criar cartazes que tenham essas listas dispostas na classe. A escola e as práticas sociais: As práticas escolares devem ter enfoque no desenvolvimento e na construção da linguagem, do gesto, de sons, da imagem, da fala e da escrita por meio de jogos e atividades, que permitam à criança pensar e dialogar sobre essa linguagem. A criança precisa ser entendida como ser humano, que tem direito a um espaço para aprender e entender, para ampliar seu universo de descobertas, despertar seus interesses, conhecer o mundo e os caminhos a fim de buscar informações na construção do seu conhecimento. Desenvolvimento e aprendizagem: Piaget elucidou duas situações: a do desenvolvimento e a da aprendizagem. O desenvolvimento do conhecimento : é um processo espontâneo, diz respeito ao desenvolvimento do corpo, ao desenvolvimento do sistema nervoso e das funções mentais. A partir desse ponto de vista, quando se fala em desenvolvimento, não se trata, somente, do aumento quantitativo das qualidades humanas que estariam dadas como potenciais em cada criança, mas da formação e, desenvolvimento das qualidades humanas (valores, atitudes e comportamentos), que não são inerentes ao nascimento das crianças e que precisam ser aprendidas nas relações que as crianças estabelecem. Desenvolvimentoe aprendizagem : a aprendizagem deve ser provocada por situações, ou seja, por um experimentador psicológico, um educador, aliado a uma situação externa .Ela é provocada. Assim não acontece naturalmente, é oposta ao que é espontâneo. A concepção piagetiana de criança: A criança inicia seu processo de alfabetização/letramento desde o nascimento. Desde então, pode-se dizer que tem vida e portanto história nome e significado social. Nas etapas iniciais do seu desenvolvimento, desenvolve sua coordenação da visão, movimento de mãos, agarra seus brinquedos e os mantêm presos entre os dedos por algum tempo. Os progressos nas coordenações intersensoriais vão lhe permitir balançar brinquedos dependurados no berço, levar a chupeta até a boca. Essas coordenações demonstram um aspecto interno ligado à organização intelectual e a um aspecto externo, que se observa no plano das condutas, enquanto possibilidade de combinar sistemas. A criança começa a alfabetizar-se a partir do nascimento. No segundo ano de vida, a criança é capaz de executar uma série de ações que evidenciam seu progresso ao controlar movimentos; com uma organização interna mais ampla, é capaz de empilhar objetos, encaixá-los, deslocar-se para pegar brinquedos, fingir realizar ações do mundo adulto, como pentear cabelo, embalar a boneca como um bebê, dar comidinha. Porém esse desenvolvimento motor ainda não lhe permite o domínio das relações entre o lápis e o papel. As relações evoluem no decorrer do terceiro ano de vida. No início da atividade de escrita, seu prazer se dá no ato puro e simples de rabiscar de exercitar motoramente marcas no papel. Pouco a pouco, o controle dos movimentos do braço e mãos aumenta. A criança atribui significado ao que produz. Aos quatro anos, a criança atribui significado a tudo que registra no papel. Sua pressão sobre um papel deixa marcas, com traçados diferentes e em todas as direções. Essa conquista se dá porque seu pensamento está evoluindo,de modo que suas primeiras figuras apareçam. O desenho e a escrita evolvem a capacidade de representação, e assim também é com a oralidade, o faz de conta, a modelagem, o movimento etc. Concepção linguística de alfabetização – Vygotsky : A criança precisa da intervenção do adulto para buscar semelhanças entre o que produz e o objeto representado e de ser estimulada a desenvolver de maneira criativa formas distintas para registrar o que deseja. A criança aprende a refletir sobre o que faz e diz : Aos seis anos os avanços na capacidade representativa são grandes. O objeto internamente representado tem certa correspondência com o real, o que facilita ao adulto identificar a intenção da criança que, neste momento de sua vida, apresenta maior capacidade de manter a interpretação. Concepção linguística de alfabetização : O educador deve incitar as crianças com questões formuladas a partir de suas respostas, para que elas aprendam a refletir sobe o que fazem e dizem, sobre suas próprias ações. À medida que suas reflexões avançam, as respostas infantis se modificam. Como consequência, a abordagem do educador se transforma e este propõe desafios maiores, o que faz com que o desenvolvimento da criança avance. Cabe ao educador aproveitar essas situações de conflitos e interpretações para ajudar a criança a elaborar conceitos sobre a escrita. Vivemos numa cultura letrada : Placas, jornais, revistas, rótulos, tudo o que, aos poucos, transforma a escrita em objeto de reflexão e questionamentos para a criança. É preciso pensar sobre o modo como a criança pensa. As palavras escritas apresentam contrastes que vão desde o formato de letras, combinações entre letras e sílabas, até o modo como as sílabas se ordenam, significados distintos, formas e sons. Aprender a compreender o mundo é um processo lento e gradual no qual a criança tenta integrar novas observações àquilo que já sabe ou àquilo que pensa compreender sobre a realidade. Aprender a compreender o mundo é um processo lento e gradual : A escola precisa apoiar a criança por meio: da organização de um ambiente e de rotinas destinadas à aprendizagem pela ação; do estabelecimento de um clima de interação social positivo; do encorajamento de ações intencionais, de resolução de problemas e da reflexão verbal por parte das crianças; do planejamento de experiências que tenham alicerce nas ações e interesses da criança; de assegurar o primeiro contato com a escola, que deve se constituir em uma combinação de atividades prazerosas e estimulantes. Comunicação e linguagem : Letramento ( Magda Soares ) : O resultado da ação de ensinar é aprender as práticas sociais de leitura e de escrita. É o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter se apropriado da escrita e de suas práticas sociais. Apropriar-se da escrita é torná -la própria, ou seja, assumi-la como propriedade. Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado, implica usar socialmente a leitura e a escritura e responder às demandas sociais de leitura e de escrita. Letramento envolve leitura. Ler é um conjunto de habilidades, de comportamentos e conhecimentos. Escrever também é um conjunto de habilidades e de comportamentos de conhecimentos que compõem o processo de produção do conhecimento. Nessa perspectiva, há diferentes tipos e níveis de letramento, dependendo das necessidades, das demandas, do indivíduo,do seu meio, do contexto social e cultural. Práticas pedagógicas que favorecem a alfabetização: Promover práticas de oralidade e de escrita integradas, favorecendo a identificação das relações estabelecidas entre a fala e a escrita. Desenvolver habilidades de uso da língua escrita em situações discursivas, estimulando a leitura de textos de diferentes tipos e funções. Produzir textos para diferentes interlocutores, em diferentes situações e condições de produção. Desenvolver habilidades de ouvir textos orais e de diferentes gêneros com diferentes funções. Sondagem da escrita infantil: O percurso que a criança faz quando é alfabetizada é o mesmo do homem ao longo da história da humanidade: pictórico : desenho. Simbólico: reconstrução do código linguístico: Ao longo de muitos anos, os sinais passaram a representar sons e, assim, foram sendo criados alfabetos. Alfabeto é um conjunto de letras usadas para escrever palavras que exprimem significado. Ao desenhar a criança escreve: Primeiramente, a criança faz isso de memória: não desenha o que vê, mas o que conhece de sua realidade. Ela percebe que alguns traços podem até lembrar o objeto que desenhou mas não o percebe como símbolo. Com o tempo, a criança desenha sua realidade, representa suas observações e expressões por meio de representações de sinais simbólicos abstratos. Toda essa vivência contribui para o desenvolvimento da escrita da criança. Segundo Cócco e Hailer (1996), o desenho acompanha a frase e a fala permeia o desenho. Atenção às hipóteses das crianças – veja aqui as concepções de Ferreiro: A criança percorre o mesmo caminho que a humanidade ao desenvolver seu conhecimento da escrita. Inicialmente, desenha de memória depois substitui traços que lembram o objeto desenhado por sinais indicativos ou figuras e, por último, utiliza os signos. Como a humanidade, parte do desenho (pictórico) para a simbologia (alfabeto). Antes de passar pela alfabetização propriamente dita, a criança apresenta hipóteses sobre a leitura, observa, pensa e adquire concepções individuais acerca dos símbolos linguísticos. Consciência fonológica : Quando o aluno faz uso das habilidades metalinguísticas, busca compreender a palavra como um todo, fazendo associações com conhecimentos prévios que já tem da lingua escrita. Da mesma maneira acontece com a reflexão fonológica, em que se busca semelhanças com sons iniciais ou finais, por exemplo, e se permite que ele compreenda o uso repetido dos grafemas para a representação também repetida de um fonema . A reflexão fonológica pode acontecer de maneira lúdica, cognitiva, induzida ou natural, de acordo com os autores citados , mas o fatoé que todos concordam com a necessidade dessa reflexão para que o processo de leitura seja satisfatório ao final do processo de ensino-aprendizagem. Algumas atividades em sala de aula podem promover a reflexão sobre as partes orais e partes escritas das palavras .Morais nos apresenta duas possibilidades : os textos da tradução oral e os jogos . A exploração de textos poéticos da tradição oral (cantigas, parlendas, quadrinhas etc.) são propostas que as crianças aprendem com facilidade e fazem parte da cultura infantil do brincar, favorecem a exploração dos efeitos sonoros acompanhada da escrita das palavras. Os jogos com palavras e situações lúdicas permitem a ludicidade, a exploração com a sonoridade e o texto escrito, provocando reflexões sem conduzir os alfabetizandos a treinos cansativos. Concepções que a criança adquire sobre os símbolos linguísticos antes da alfabetização (Cócco e Hailer,1996): Tem consciência da diferença entre a leitura silenciosa e a leitura em voz alta. Reconhece que a leitura de histórias é feita em livros e as notícias são lidas em jornais. Percebe que a leitura de uma bula tem a função de orientar o uso do remédio. Sabe que as receitas podem ser lidas, compreendidas e utilizadas em algo concreto. Compreende que os manuais de brinquedos e jogos servem para orientar o modo como estes devem ser montados e usados. Verifica que as palavras têm quantidade, que apresentam letras diferentes umas das outras. Percebe que a leitura pode ser feita de cima para baixo e da esquerda para a direita. Quais seriam as intervenções frente ao realismo nominal?: Situações como brincadeiras de “faz de conta”, em que um brinquedo representa determinado objeto. Atividades de adivinhação que utilizem mímica, desenhos, para representar o que pensamos. Registros de atividades planejadas com o intuito de não esquecermos compromissos agendados. Anotações por representações da rotina da sala etc. A novidade na alfabetização com Emilia Ferreiro: Segundo Ferreiro (1996), leitura e escrita são sistemas que podem ser paulatinamente construídos pela criança: O desenvolvimento da alfabetização ocorre sem dúvida em um ambiente social, mas as praticas sociais e informações sociais não são recebidas passivamente pelas crianças. O entendimento das fases da escrita da teoria da psicogênese devem desencadear uma didática da alfabetização, ou seja, o como intervir como propor desafios à criança. Soares (2003) afirma que, dentre as falsas inferências ou os equívocos cometidos com a adoção da perspectiva cognitivista da psicogênese da escrita, podem ser destacadas duas: o obscurecimento da faceta linguística fonológica da alfabetização e o sentido negativo atribuído a adoção de métodos de alfabetização. Língua é cultura : Para Ferreiro (1996), a língua é um patrimônio de uma cultura, e sua representação gráfica faz parte dessa cultura. Por outro lado não se deve partir do princípio que todas as crianças desde a pré-escola, podem produzir e interpretar a escrita. A interpretação está diretamente relacionada ao desenvolvimento da compreensão do mundo da criança, e isto é um processo individual no desenvolvimento. Ler e escrever fazem parte de um processo : É necessário que se permita e se estimule que a criança tenha interação com a língua escrita, nos mais variados contextos, permitindo assim junto com a alfabetização um processo de letramento, ou seja, de familiaridade com a própria escrita. Ferreiro (1999, p. 47) afirma que “a alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é, na maioria dos casos, anterior à escola e que não termina ao finalizar a escola primaria. Aprendizagem: O desenvolvimento linguístico avança à medida que a criança apreende a forma como a linguagem escrita é elaborada. Os princípios relacionais são aprendidos à medida que a criança resolve o problema de como a linguagem escrita é significativa para esta cultura. Assim, a criança começa a compreender, com a linguagem escrita, a representação das ideias e os conceitos que as pessoas, os objetos no mundo real e a linguagem oral possuem. Nenhuma prática pedagógica é neutra: Segundo Ferreiro (2000, p. 30), um método nada mais é do que a forma de se conhecer um sistema, pois a conexão entre as informações além dos próprios elementos formadores das informações, precisam ser aprendidas porque, de outra forma, não será transformada em conhecimento operante. Isto quer dizer que temos de aceitar métodos para conhecer as coisas, pois são sugestões que indicam um caminho para se alcançar um objetivo. Entenda a representação : A escrita é uma representação da linguagem, que opera como um sistema notacional para a transcrição gráfica das unidades sonoras. Quando a escrita é simplesmente apresentada como um código de transição entre fonemas e sinais, sua aquisiçao se organiza enquanto técnica. Por outro lado, se ela é aprendida enquanto um sistema de representação, ela se torna instrumento de representação e interpretação do mundo. . Neste momento, o conhecimento deixa de ser apenas um objeto externo à criança e passa a ser uma forma de realidade. As mudanças continuam : A invenção da escrita foi um processo histórico no qual foram experimentados muitos sistemas de representação da oralidade até que chegamos ao nosso atual alfabeto. Nada assegura que este sistema de representação não evolua e venha ser substituído no futuro. Portanto considerara a escrita uma codificação imutável se constitui num erro de percepção. A criança cria seus significados: Nossa escrita alfabética, enquanto representação grafonômica, tem como motivo primeiro representar as diferenças entre os significantes. Assim a criança: opera com signos e significados dentro de um mundo pleno de valores, sentidos e significados socialmente marcados, e é dessa experiência que decorre a autonomia de ler e grafar; antecipar o ensino das letras, em vez de trazer o debate da cultura escrita no cotidiano, é inverter o processo e aumentar a diferença. Alfabetização um processo complexo : Se pensamos a língua escrita como uma práxis de compreensão de um modo de construção de um sistema de representação muda -se a forma de ensinar. O importante passa a ser controlar as discriminações perceptivas (ver, ouvir e falar), que são necessárias, mas que precisam articular-se para que a criança aprenda a se expressar e a buscar formas de expressão da realidade. A partir daí, temos de compreender a natureza deste complexo sistema de representação do mundo. Alfabetização : Longo processo circunscrito entre duas vertentes indissociáveis: a aquisição do sistema de escrita e a efetiva possibilidade de uso no contexto social . “Mais do que conhecer as letras, as regras ortográficas, sintáticas ou gramaticais, o ensino da língua escrita requer a assimilação das práticas sociais de uso, contribuindo assim para a conquista de um novo status na sociedade” A linguagem escrita : Cócco e Hailer (1996) propõem dois eixos no trabalho de alfabetização da criança:1 : o trabalho textual, porque permite à criança compreender como funciona a escrita e como pode ser empregada socialmente. 2 - a análise linguística, porque embasa a aquisição do valor sonoro convencional à criança e a ajuda na reconstrução do código linguístico. Escrita e conhecimento : O que deve estar em foco, na ação pedagógica, é a ideia de que o conhecimento da escrita não se faz pela codificação e decodificação de mensagens . O princípio que orienta a ação educativa é o da vivência no universo cultural, incluindo a oralidade espontânea e as expressões características do discurso da escrita. Morais (2012, p.51) traz as propriedades do SEA que o aprendiz deverá reconstruir para se tornar alfabetizado: 1- escreve-se com letras que não podem ser inventadas, que têm repertório finito e que são diferentes de números e de outros símbolos; 2-as letras têm formatos fixos e pequenas variações produzem mudanças em sua identidade ( p, q, b, d), embora uma letra possa assumir formatos variados ( P, p, P, p) 3 - a ordem das letras nointerior das palavras não pode ser mudada; 4-uma letra pode se repetir no interior de uma palavra e em diferentes palavras ao mesmo tempo que palavras distintas compartilham as mesmas letras. 5 - nem todas as letras podem ocupar certas posições no interior das palavras e nem todas as letras podem vir juntas de quaisquer outras; 6 -as letras notam ou substituem a pauta sonora das palavras que pronunciamos e nunca levam em conta as características físicas ou funcionais dos referentes que os substituem; 7 - as letras notam segmentos sonoros menores que as sílabas orais que pronunciamos; 8 - as letras têm valores sonoros fixos, apesar de muitas terem mais de um valor sonoro e certos sons poderem ser notados com mais de uma letra; 9 - além de letras, na escrita de palavras são usadas, também, algumas marcas (acentos) que podem modificar a tonicidade ou o som das letras ou sílabas onde aparecem; 10 - as sílabas podem variar quanto às combinações entre consoantes e vogais (CV, CCV, CVV, CVC, V, VCC, CCVCC...), mas a estrutura predominante no português é a sílaba CV (consoante – vogal) , e todas as sílabas do português contêm, ao menos, uma vogal. Para Morais (2012) : O conjunto de regras sobre o sistema alfabético é automático para o adulto alfabetizado, uma vez que ele nem pensa sobre o sistema, é um conhecimento apreendido de tal forma que se torna automático. Mas para a criança esse conjunto de regras somente será internalizada se ela tiver a oportunidade de refletir sobre ele por meio de situações planejadas para isto. Textos e Jogos : A maioria das crianças chega à escola com pouca experiência em leitura de textos diversos. Portanto podemos dizer sem dúvida que esse trabalho é ponto central de uma proposta alfabetizadora. A sala de aula deve conter grande quantidade e variedade de material escrito, como livros, jornais, gibis, revistas e cartazes que estimulem a leitura da criança .Como a criança aprende a ler e escrever: Nos últimos anos, apesar do número de estudos e discussões sobre como a criança aprende a ler e escrever e das contribuições de teóricos na educação, alguns professores ainda acreditam nos velhos métodos tradicionais para alfabetizar. Nesse sentido, reafirmamos que as concepções de criança, conhecimento e aprendizagem que o professor tem, determinam sua pratica pedagógica docente. O conhecimento preexistente e o letramento : Quando as crianças começam a alfabetização, chegam à sala de aula com um repertório de conhecimentos prévios, habilidades, crenças e conceitos que vão influenciar significativamente a sua percepção sobre o meio ambiente, a forma como se organizam e a maneira de interpretar as informações. Por sua vez, o repertório prévio interfere na capacidade da criança de lembrar, raciocinar ,resolver problemas e adquirir novos conhecimentos. E o que dizem as pesquisas: Verificou-se que as diferentes oportunidades socioculturais exercem influência no ritmo de apropriação do SEA. Ao lado disso, dados de pesquisa revelam diferenças de ritmo na apropriação da escrita, especialmente por parte das crianças do meio popular, tendo em vista as poucas crianças do meio popular, tendo em vista as poucas oportunidades que estas têm com a cultura letrada. Para tanto, há que se acreditar no trabalho pedagógico docente, com o emprego de jogos de palavras e situações de reflexão de textos da produção oral, conforme constatou a pesquisa de Vieira Souza e Morais ser possível um bom avanço dessas crianças. O conhecimento preexistente e o letramento : Mesmo os bebês são aprendizes ativos que trazem de casa um ponto de vista da configuração da aprendizagem. O mundo que o bebê percebe não é uma “confusão , um crescente zumbido”, onde todos os estímulos são igualmente importantes. O cérebro infantil dá prioridade a algumas formas de informação: a linguagem, os conceitos básicos dos números , as propriedades físicas, e o movimento de animar os objetos inanimados ( todos os seus brinquedos e utensílios próximos ). Uma conclusão lógica da afirmação de que o conhecimento novo deve ser construído a partir do conhecimento existente é que os professores precisam prestar atenção ao entendimento incompleto da criança, assim como para as falsas crenças e as interpretações ingênuas dos conceitos que os alunos trazem de casa a respeito de um determinado assunto. Os professores devem se esforçar para ajudar cada aluno a construir o conhecimento verdadeiro a partir destas ideias, para que o aluno alcance um compreensão mais madura. Há um equívoco comum a respeito do “construtivismo”, de que o conhecimento existente deve ser usado para construir um conhecimento novo. Assim, tem-se a falsa ideia de que os professores nunca devem dizer nada aos alunos diretamente, mas devem permitir que estes construam o conhecimento por eles mesmos. Esta perspectiva confunde uma teoria da pedagogia ( ensino ) com a teoria do conhecimento. Trabalhar de forma construtivista não é negar a história do conhecimento e assumir que todo conhecimento é construído a partir de conhecimentos prévios individuais, independentemente de como se é ensinado. Implicações para o ensino : Um ensino eficaz com postura crítica é aquele que provoca os alunos a explicitarem o seu conhecimento preexistente do assunto a ser ensinado fornecendo assim oportunidades para que eles construam um novo conhecimento sobre o que já sabem, ou então desafiem seus preconceitos iniciais. É possível melhorar o ensino e a aprendizagem: Perceber como os alunos aprendem também ajuda os professores a irem além das dicotomias de escolha que têm assolado o campo da educação. A capacidade dos alunos para fazer a aquisição de conceitos organizadores do pensamento que tornam a educação um conjunto de fatos e de habilidades é reforçada quando eles estão conectados à resolução de problemas significativos para as atividades pertinentes a cada matéria. Quando os alunos entendem o porquê das coisas, eles também acabam entendendo como e quando tanto os fatos como as habilidades são pertinentes e relevantes. .Projetando ambientes para a sala de aula : Apresentam-se algumas diretrizes para ajudar a orientar o projeto e a avaliação de ambientes que podem aperfeiçoar o aprendizado. São propostos alguns atributos inter- relacionados de ambientes de aprendizagem que pode servir de ponto de partida para o seu projeto ou adaptação do ambiente de sala de aula. Tanto as escolas quanto as salas de aula devem ser centradas no aluno. Os professores devem prestar muita atenção no conhecimento, habilidades e atitudes que os alunos trazem para a sala de aula. A aprendizagem é influenciada, de forma fundamental, pelo contexto em que ela ocorre: A abordagem possível é desenvolver normas para a escola e para a sala de aula que apoiem as conexões com o mundo exterior de forma que se crie um núcleo forte de valores que determinem a aprendizagem. As normas estabelecidas na sala de aula têm um efeito profundo na maneira como os alunos resolvem alcançar seus objetivos. Assim, os alunos poderão se ajudar mutualmente a resolver problemas por meio da construção do conhecimento. O pouco tempo relativo que os alunos passam na sala de aula, cria muitas oportunidades para que os professores preparem sugestões para seu comportamento na comunidade. A entrada no primeiro ano : A entrada para a escola coloca exigências linguísticas e cognitivas que muitas vezes não são compatíveis com os hábitos até então desenvolvidos. É de conhecimento de todo educador que qualquer informação deve ser compreendida por todos, mas a rotina marca uma ruptura na vida da criança, pois a informação na é compatível com o seu mundo de agora. Quando chega à escola para aprender a ler, a criança sabe que a escrita quer dizer alguma coisa, embora não saiba de que maneira os sinais escritos funcionam para transmitir a mensagem. Para a criança, a alfabetização constitui o primeiro passo de um longo caminho escolar, que provavelmente terminará na universidade Ela usará a leitura como forma de prazer e universidade. Ela usará a leituracomo forma de prazer e instrumento de comunicação pessoal. O primeiro passo, então, é abrir os olhos para o mundo da palavra escrita, tornar-se atento ao que está escrito na vida cotidiana, perceber os vários usos sociais dessa escrita e que a leitura faz parte do processo de letramento. Metodologias de alfabetização : Apesar dos estudos sobre como a criança aprende a ler e a escrever, alguns adultos acreditam que a prática pedagógica deve ser fundamentada em exercícios repetitivos a serem aplicados em sala de aula e lições a serem feitas em casa. Muitos pensam que essa repetição contribui para que a criança leia e escreva melhor. Temos crianças que copiam textos, têm a letra desenhada, mas nada do que escreve tem sentido ou significado. Não fazem uso da leitura e da escrita habitualmente nem as têm como instrumento de expressão de suas ideias e seus sentimentos, ou como uma forma de comunicação com os outros e de leitura de mundo. Como um professor pode promover uma “boa atividade” na sala de aula? A “boa atividade” é a que promove a aprendizagem da criança, a construção de seu conhecimento. Com certeza, não é aquela aula show, farta em jogos e brincadeiras, da qual o aluno quer participar, mas a que promove a mudança de atitudes, procedimentos e conceitos dos alunos. Característica de uma boa atividade : Naspolini (2006) aponta que a “boa atividade”, promotora do desenvolvimento do conhecimento do aluno, pode ser significativa produtiva e desafiadora. Atividade significativa: Para Naspolini (2006, p. 12), a atividade é significativa “quando gera conhecimento útil para a vida do aluno; quando lhe oferece condições de tendo consciência do quando lhe oferece condições de, tendo consciência do conhecimento apropriado, vir a utilizá-lo nas diferentes situações de sua vida”. As pesquisas a respeito do baixo aproveitamento escolar de nossos alunos apontam para uma de suas dificuldades: a de relacionarem o que aprenderam na escola com o seu a de relacionarem o que aprenderam na escola com o seu dia a dia. Relacionar os textos escritos e aprendidos na escola com a sua necessidade de ler, escrever, ter conhecimento e interpretar o que lê e escreve Cabe a reflexão sobre as atividades aplicadas em sala de aula. Paulo Freire criticou as cartilhas e as comparou às roupas de tamanho único, que servem para todo mundo e, ao mesmo tempo, para ninguém; as cartilhas estão longe de abordar a realidade vivida por nossos alunos(ARANHA 1989). Atividade produtiva: Quando o aluno aprende, constrói o conhecimento e, além de desenvolvê-lo, ele o aperfeiçoa nas atividades cotidianas. Frequentemente os trabalhos escolares são requeridos pelos professores sem que os alunos sintam a necessidade de escrever; simplesmente os fazem porque o professor mandou. Torna-se uma atividade que não é produtiva desvinculada do contexto da criança, uma escrita mecânica. Atividade desafiadora: Atividades que apresentam dificuldades possíveis de serem solucionadas pelo aluno, mas que exigem a sua reflexão, análise de hipóteses, busca de ações possíveis, portanto contribuem para o desenvolvimento de sua capacidade cognitiva. Naspolini (2006) sugere que o professor trabalhe com situações de aprendizagem desafiadoras, provocativas e instigantes que devem ser construídas sobre aspectos conhecidos do aluno e que provoquem desafios. Como a escola pode contribuir: Desde a alfabetização, a escola precisa apresentar variedade de textos e favorecer o contato com a escrita social. É necessário que a criança leia na sala de aula cartazes, identificações de caixas, latas, listas, embalagens e rótulos de produtos variados. O contato com diferentes escritas e textos promove na criança o reconhecimento e a distinção do desenho (sinal) e da escrita ( signo ), o que contribui para que ela compreenda que se escreve, que se fala. Isso facilita a aprendizagem da grafia, das letras e a construção de palavras de forma significativa : na prática é ler e escrever. Sugestão de atividades significativas : Adriane Andaló (1996) sugere como atividades significativas de leitura e escrita as seguintes atividades, que objetivam o que denominou de redes de significado: 1 -trabalhar com o nome dos alunos, identificando palavras, silabas e letras do próprio nome da criança e de seus colegas em outras atividades.2 - escrever listas de palavras do mesmo campo lexical, como nomes de animais, nomes de frutas, nomes de brinquedos e compras de supermercado.3- recortar e colar figuras e associá-las com a escrita de letras móveis de plástico; 4 – utilizar em sala de aula a letra bastão maiúscula, até as crianças estarem alfabetizadas. 5- montar e desmontar palavras. 6 - montar quebra-cabeças com palavras e gravuras 7 - fornecer palavras e pedir às crianças que as representem por meio de desenhos. Propostas para acompanhar o processo de alfabetização: Atividades de sondagem: estão relacionadas às atividades de avaliação do desempenho do aluno, visam detectar o conhecimento que a criança construiu e como esse conhecimento foi construído. A partir do que foi coletado pelo professor, planejam se as atividades de ensino e de aprendizagens novas e específicas ao aluno. Atividades de sondagem: Naspolini (2006) destaca alguns pontos das atividades de sondagem: retratam o momento especifico da atividade executada pelo aluno em um certo momento, o aluno apresenta um determinado conhecimento e, em outro momento, outro conhecimento. As intervenções do professor favorecem a compreensão de como a criança pensa um determinado conhecimento. Possibilitam o registro, em fichas, da produção do aluno e podem fundamentar o planejamento de novas atividades. As atividades de sondagem e o material utilizado devem ser inéditos, para não estimular a memorização de como se aplica determinado conhecimento pela criança. A sondagem é feita periodicamente e os resultados devem ser comparados com os resultados da sondagem anterior. Ao analisar os resultados da sondagem, o professor pode agrupar crianças que apresentam determinada dificuldade e planejar atividades diversificadas de ensino e de aprendizagem. As atividades diversificadas são compostas por jogos e variam conforme a evolução do conhecimento dos alunos. Atividades de ensino - aprendizagem : Segundo Naspolini (2006), são atividades que intervêm nos saberes construídos anteriormente pelo aluno e promovem a aquisição de novos conhecimentos. Como exemplo, cita a atividade de correspondência título-texto, em que o professor lê um texto em sala de aula e apresenta vários títulos: os alunos devem escolher um título adequado a história narrada pela professora. Atividades de aplicação : São exercícios específicos que visam a aplicação de conhecimentos apreendidos pela criança por meio das atividades de ensino – aprendizagem ( Napole2006 ) sugere que devem ser aplicados, preferencialmente, em grupos de alunos. A autora distingue dois períodos ou características das atividades de aplicação: a repetição e a transformação. A repetição devido aos fatos dos conhecimentos adquiridos pelos alunos, serem utilizados repetidas vezes em momentos diferentes das atividades. A transformação se refere ao fato de os exercícios serem mudados, e não seus objetivos, que devem ser a aplicação de determinados conhecimentos aprendidos anteriormente. O exemplo dado por Naspolini (2006) é que a mesma atividade de correspondência texto-título pode ser empregadas de diferentes formas como : corresponder um texto com a escolha de um título, dentre outros; corresponder um título com a escolha de um texto, dentre outros; corresponder os textos com a escolha dos respectivos títulos, dentre outros. Atividades de avaliação : O objetivo das atividades de avaliação é diagnosticar o que o aluno é capaz de realizar sozinho, o que o aluno aprendeu e o que precisa melhorar podendo ter a finalidade qualitativa ou quantitativa, segundo Naspolini (2006).A finalidade qualitativa está ligada ao diagnóstico do conhecimento construído pelo aluno e subsidia o planejamento do professor, a medidaque este planeja futuras atividades de ensino – aprendizagem ( sondagem ); e a finalidade quantitativa está ligada ao diagnóstico e à medição do que o aluno construiu de determinado conteúdo. O trabalho com leitura : De acordo com Naspolini (2006), “ler é o processo de construir um significado a partir do texto”.A leitura será compreendida se houver concordância entre os conhecimentos prévios do leitor e os elementos textuais. O ato de ler significa compreender o que está escrito com as letras e o que se quis dizer com as letras; é muito mais do que decodificar os códigos linguísticos. O professor : O professor deve ser um facilitador no processo de desenvolvimento das competências leitora e escritora do aluno desde a Educação Infantil Porém será nos do aluno desde a Educação infantil, porém será nos anos iniciais do ensino fundamental que sua pratica poderá ser intensificada. Tanto a leitura como a escrita devem ser significativas para o aluno. Assim, precisam relacionar-se com o seu uso cotidiano, desvendar conhecimentos que esteja ligados a interesses próprios da faixa etária de que se encontram os alunos, possibilitar a resolução de problemas de ordem prática e oferecer possibilidades para que possam, autonomamente, ir além do que lhes é proposto. O trabalho com textos: A leitura e a escrita não devem se restringir ao trabalho com o livro didático. Em uma sociedade letrada como a nossa, o professor precisa trabalhar com os mais variados tipos de textos, com o objetivo de que a criança construa estruturas cognitivas necessárias à leitura e à escrita de textos variados. Isso não significa que o aluno tenha apenas de identificar ou reconhecer as diferentes modalidades de texto, mas escrevê-las, utilizá-las mediante suas necessidades. Com um fim didático, Naspolini (2006) classificou os textos em práticos, informativos ou científicos, literários e extraverbais, mas ressaltou que um único texto pode pertencer a mais de um grupo dos citados. Gênero: uso cotidiano: Textos práticos: São textos comuns em nosso dia a dia. Por exemplo: cartas, contas de agua, luz e telefone, cheques, embalagens de todos os tipos, manuais de aparelhos eletrônicos, listagens, itinerários, ingressos, passagens, carnes, bulas de remédio, cardápios, receitas culinárias ,notas fiscais, bilhetes e telegramas. O professor pode utilizar uma data comemorativa, como o dia dos pais, e desenvolver uma atividade de confecção de uma carta. Textos informativos ou científicos : A função dos textos informativos é trazer conhecimentos novos aos leitores. Eles são encontrados em jornais, revistas enciclopédias, entrevistas, tabelas, gráficos etc. Textos literários: São textos que expressam sentimentos, pensamentos e fantasias do homem na relação com o mundo à sua volta e consigo mesmo. Textos extraverbais: Existem textos escritos não com palavras, mas com outros códigos linguísticos e não linguísticos. Por exemplo, os textos escritos com figuras, ilustrações, arquitetura, histórias em quadrinhos, quadros de arte, músicas, gestos, etc. Pensando desta forma, quando vamos ao Museu e lá apreciamos um quadro como o de Tarsila do Amaral, dando como exemplo a obra A Feira , estamos diante de um texto escrito com figuras e ilustrações que retratam a situação de uma feira, tudo isso dentro de um estilo de pintura próprio da artista. Mas os nossos olhos, ao contemplarem tal quadro, estão fazendo uma leitura da situação que ela tentou retratar. Outros textos : Enfoque conteudístico : A partir de um texto, questões são formuladas para que os alunos respondam segundo as palavras e ideias expostas no texto.( Nápoli 2006 ) define como o objetivo desse tipo de atividade decodificar a leitura. Enfoque estruturalista : Todos os textos apresentam determinadas estruturas que os identificam e que são chamadas de superestrutura esquemática: a distribuição e a organização da estrutura interna do texto. A gramática na contramão : Algumas possibilidades para o trabalho com a produção de textos: trabalhar com textos escritos individualmente em pequenos grupos ou coletivamente; propor aos alunos a escrita de vários tipos de textos – relatórios, contos, poesias. Pedir aos alunos que descrevam fotos e paisagens; solicitar que criem histórias a partir do recortes de gibis, paisagens, etc; Orientarem os alunos a entrevistarem conhecidos e descreverem como foi a entrevista; Sugerir que escrevam jornais da sala ,reportagens da escola entre outros. Sugestão de produção de texto com os alunos: Essa é uma atividade que vai além da vida escolar. O aluno a utiliza por toda vida. Desafios para ensinar : Vale a pena lembrar que leitura e escrita são articulados. Portanto um dos propósitos da escrita é a leitura : 1- escrever repertório de textos no gênero a ser escrito. 2 – Fazer um planejamento do que vai ser escrito . 3 – Textualizar . 4- Revisar.
O jogo e a brincadeira – um caminho para alfabetizar letrando : Consciência fonológica e a alfabetização. “Algumas habilidades fonológicas (e não necessariamente fonêmicas) são essenciais para a criança avançar em suas hipóteses sobre o sistema alfabético, no entanto os autores defendem que só a consciência fonológica, por si só, não faz uma criança se tornar alfabética.” Consciência fonológica : As cantigas de roda, as poesias da tradição oral e os jogos de consciência fonológica ajudam os alunos refletir sobre as palavras suas partes orais e escritas. Cenas apresentadas por Morais (2012) e transcritas abaixo: Cena 1: Marina com 3 anos e 5 meses = “Ge-la-ti-na”. Cena 2 : Pedro com 1 ano e 9 meses = “Tu -ba -rão ” / “Já -bu -ti ”. Leque de possibilidades (MORAIS, 2012): 1 : computador maior que casa (quatro pedaços e dois pedaços ).2: identificar entre quatro palavras as que começam de forma parecida – palito, morango, parede, cavalo.3 : falar a palavra “chuveiro”, quando solicitado a dizer uma palavra que termine com uma palavra coqueiro, lembrando que ambas terminam com eiro. 4: identificar que, no interior da palavra “tucano”, temos outras : cano, tu, tuca. Jogos que desenvolvem a consciência fonológica: Batalha de palavras (jogo que leva refletir sobre o tamanho das palavras) , jogos de rima (Trina mágica e caça- rimas ). Bingo dos sons iniciais e o Dado Sonoro (no caso, a percepção de aliterações nas primeiras sílabas das palavras cantadas). Palavra dentro de palavra ( dentro de tucano, está a palavra “cano “

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