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RESENHA CRÍTCA FILME GERMINAL

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Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Departamento de Psicologia 
Psicologia Das Organizações e do Trabalho
Professor: Alberto de Oliveira
Aluna: Julia Albuquerque
RESENHA CRÍTCA FILME GERMINAL
O filme Germinal retrata um momento crítico na história da França, quando trabalhadores ligados a atividade de minérios de carvão, após anos de exploração, começam a reivindicar melhores condições de trabalho e de salário. O autor insere no filme vários debates interessantes, como conceitos capitalistas e comunistas, debates sobre valores da família x trabalho, filhos como fonte de renda e de trabalho. Podem ser observadas também algumas situações de negociação e barganha em situações de conflito. Além disso, o filme trata de questões bem polêmicas, como os abismos sociais – enquanto os ricos, capitalistas, proprietários das minas, tem de tudo – moradia confortável, refeição requintada, etc., o proletariado luta com bastante dificuldade para ter o mínimo e não consegue nem mesmo atender às suas necessidades básicas.
No início do filme um dos personagens está desempregado e chega até a companhia de mineração a fim de conseguir empregar-se, se depara com um outro senhor, que na verdade não é tão senhor assim, mais devido as condições de vida as quais foi exposto desde os 8 anos de idade trabalhando na mina possui uma saúde bastante debilitada, pode-se observar isso pela sua tosse constante e pela visível intoxicação, toda a sua família trabalha também na mesma mina; o personagem recém-chegado à procura de emprego se choca com as dificuldades das condições de trabalho, constituída de pura exploração e pobreza, o personagem de Gerard D’epardieu por ser um funcionário mais antigo e respeitado consegue arranjar-lhe uma vaga devido a morte de uma outra companheira de trabalho. A mina aparenta ser bem profunda, tipo mais de quatrocentos metros, os carros dela descem com cinco operários, as condições de trabalho são de enojar, vivem em regime de exploração constante, as mulheres ficam desesperadas por não terem o que dar de comer as crianças, e se endividam com um comerciante inescrupuloso e espertalhão, este nem sempre está disposto a permitir crédito, devido o pagamento frequentemente estar atrasado, mas costuma aceitar favores sexuais em troca de comida, as mães desesperadas com a fome aceitam tal aproveitamento cedendo suas filhas ou a elas mesmas ao promíscuo e depravado comerciante.
Em um trecho do filme, os líderes do movimento (que se iniciou com uma tentativa de negociação e culminou como um movimento grevista), fazem uma interessante declaração, de que “hoje, vê-se claramente: o operário reflete graças ao ensino.” Com essa declaração o autor registra que quanto mais estudo, com um mínimo que seja de educação, uma pessoa ou um grupo possui mais condições de exigir, pois começam a entender seus direitos ou questionar os deveres e direitos não atendidos. Em um determinado momento, um determinado personagem cita a questão da inutilidade da greve diante do sistema capitalista. Inclusive, ele sabe que os estoques estão cheios e sinaliza para seus companheiros de que não obterão sucesso apenas com a greve, pois parar a produção seria, no momento, até uma ajuda para os patrões, pois esses não precisariam pagar pelos dias não trabalhados (pois a remuneração era apenas sobre os carrinhos que saiam cheios de carvão) e ainda aliviariam o espaço ocupado pelos estoques de carvão que estavam sobrando.
Interessante, ao longo do processo, observar as diferentes lideranças que emergem do movimento. Enquanto que uma liderança pensa claramente na coletividade, sacrificando sua vida e a de sua família em prol da melhoria das condições exigidas para todos, alguns pensam apenas em si mesmos e em sua necessidade de ganhar seu sustento. Tem dificuldade de enxergar a médio e longo prazo as conquistas que poderiam advir desse movimento. Outra questão interessante de observar, principalmente na condição de Administradores, é analisar a postura de dois diretores envolvidos nas situações de greve: em uma das fábricas, ao tomar conhecimento do ocorrido, o diretor tenta minimizar o problema e enfraquecer o grupo, trazendo à tona questões pessoais e interesses familiares, ameaçando cortar direitos já adquiridos e atingir a liderança de maneira pessoal. Uma frase que marca esse momento é “A Cia tem tanto a perder quanto vocês, nessa crise. Tem que ser competitiva, para não se arruinar.”
Enquanto isso, em outra fábrica onde os operários, influenciados também por seus “vizinhos” da outra fábrica já em greve, estão tentando iniciar um movimento de greve, o diretor descobre o líder informal que emergiu em meio a situação e “traz ele pra si”, conquistando-o através de uma oferta irrecusável (principalmente para alguém que visava principalmente questões financeiras e individuais), a de promove-lo e torna-lo um capataz. Com isso o movimento fica enfraquecido e o líder “passa para o lado” da Administração, representando os interesses patronais e ficando impedido de participar do movimento. Tanto um Administrador como outro usaram a ameaça e o medo como “estilo de gestão, trazendo à tona a questão do trabalho pela sobrevivência como na fala: “A greve matará a todos de fome – como os trabalhadores ganham por carrinho de carvão, deixarão de receber enquanto não trabalharem.”
Enfim, é um belo filme, infelizmente com perdas e ganhos, retratando um momento complicado de nossa história, e demonstrando quantas coisas, e até algumas vidas, tiveram que ser sacrificadas para que os direitos que conhecemos hoje, como registro profissional, direito de greve (sem prejuízos salariais e com estabilidade para os líderes sindicais – evidentemente para evitar retaliações) e a preocupação com as condições de trabalho e saúde ocupacional pudessem ser hoje uma realidade dentro das organizações.

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