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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO 
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS 
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DA DANÇA 
 
 
MOVIMENTO EXPRESSIONISTA 
 
Alana Felix Fernandes 
Julian Andrade de Assis 
Maicom Souza e Silva 
Mariana Rodrigues de Almeida Sant’ana 
Rayani Alves Tagarro do Nascimento Pinto 
Thais Silva de Luca 
 
Resumo: O presente trabalho pretende fazer um breve panorama sobre o movimento 
expressionista, recorte na dança. Contextualizando seus fundamentos, momento 
histórico, bem como características. Por conseguinte, apresentam-se os percussores do 
movimento na dança e suas reverberações nas artes no Brasil. O estudo aproxima o 
leitor das produções que surgiram com o expressionismo e sua contribuição resultante 
na filosofia da arte expressionista. 
Palavra-chave: Arte, Expressionismo Alemão, dança. 
 
1 - CONTEXTO HISTÓRICO DO EXPRESSIONISMO 
 
O Expressionismo foi um movimento artístico moderno que surgiu na Europa no 
início do século XX, desenvolveu, sobretudo na Alemanha. Assim como o Romantismo, 
o Expressionismo foi um movimento tão forte que se manifestou em todas as áreas 
artísticas: música, artes plásticas, teatro, literatura, cinema e dança (GUIMARÃES, 
1998, p. 58). 
1
 
O surgimento do expressionismo próximo a Primeira Guerra Mundial não foi 
por acaso. Ele se deu quando o império Alemão, caminhando junto de toda Europa, 
seguia para a fase superior ao capitalismo, o imperialismo, uma época marcada por 
crises e revoluções. “Era uma sociedade dominada pela grande burguesia, militares e 
nobres, que na arte encontravam sua representação em uma estética autoritária, 
acadêmica e oficializada” (SILVA, 2006, p. 2). 2 
O movimento expressionista teve sua maior força na Alemanha. Uma Alemanha 
que passava por um recente processo de unificação, mas que ainda era atrasada 
 
1
GUIMARÃES, Maria Claudia Alves. Vestígios da dança expressionista no Brasil: Yanka Rudzka e Eurel 
Von Milloss. UNICAMP, 1998. Disponível em: 
http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/284178. Acesso em 09 de setembro de 2018. 
2
SILVA, Michel. O cinema expressionista alemão. Revista Urutágua - revista acadêmica multidisciplinar 
Universidade Estadual de Maringá (UEM). Publicada em 03.12.04 - Última atualização: 17 agosto, 2006. 
Disponível em: <http://www.urutagua.uem.br/010/10silva.htm> Acesso em 11 de Set/2018. 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO 
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS 
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DA DANÇA 
 
industrialmente. Ao mesmo tempo em que ocorriam mudanças econômicas, a sociedade 
também mudava socialmente e culturalmente. Algumas crenças religiosas começaram a 
ser questionadas bem como os mistérios sobre vida e morte. O homem não tinha mais 
tanta certeza do futuro e isso lhe causava angústia, solidão e medo. Desencadeado pelo 
contexto histórico citado acima da Europa do final do século XIX, o movimento 
revelava o lado pessimista da vida, a face oculta da modernização, o isolamento, a 
alienação. Neste período artistas da época começam a captar os sentimentos mais 
profundos do ser humano sendo o principal motor deste movimento a angústia 
existencial. Nas artes suas vertentes dizem respeito à angústia, ao grito e à impotência 
do homem frente à barbárie ao seu redor (BEHR, 2000, p. 20).
 3
 
(...) na realidade existiam duas Alemanhas: a Alemanha orgulhosamente 
militar, abjetamente, submissa a autoridade, agressiva na aventura externa, 
obsessivamente preocupada com a forma, e a Alemanha da poesia lírica, da 
filosofia Humanística e do cosmopolitismo pacífico (FERRAZ, 2015, p. 51).
4
 
 
Embora o Expressionismo tenha se dado em todas as artes, o termo começou a 
ser usado na pintura para designar os pintores que reagiam contra o impressionismo. 
Argan (1999, p. 125) 
5
 que diz que expressão é literalmente o contrário de impressão. O 
expressionismo nasce em oposição de uma arte impressionista que não podia ser aceita, 
visto que nela estava a representação de uma “bela superfície externa sem conteúdo 
interno, disfarçando o caráter pernicioso da sociedade de onde surgiam.”6 O artista 
expressionista assume a função de expressar a maneira como esta realidade era sentida. 
Assim, o Expressionismo não poderia deixar de eleger a deformação para expressar essa 
realidade julgada negativamente (GUIMARÃES, 1998, p. 28). 
O expressionismo pode ser posto como um fenômeno europeu de vertentes 
iniciadas no trabalho com a expressão de lugares não legitimados, experimentando 
intensamente as transformações da modernidade e modificando sua interpretação sobre 
a vida urbana. Baseado na vida que ocorria na metrópole, retratando o submundo da 
cidade moderna, trabalhava com temas como suicídio, fantasias eróticas, cenas de 
assassinato, estupro, insanidade, que depois da primeira grande guerra mundial, passam 
a ser retratadas com alto teor de violências e pessimismo (BEHR, 2000, p. 61). 
 
3
BEHR, Shulamith. Expressionismo. São Paulo: Cosac e Naify, 2000. 
4FERRAZ, João Grinspum. O Expressionismo, a Alemanha e a ‘Arte Degenerada’. CADUS – Revista de 
História, Política e Cultura, São Paulo, v.1,n.1, Julho/2015. 
5
ARGAN,G.C. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. 
6
SHPPARD, 1989, p 224-226 Apud GUIMARÃES, 1998 p.27. 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO 
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS 
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DA DANÇA 
 
A 1° Guerra Mundial fortaleceu na Alemanha a divisão da sociedade. Existia 
uma crença na vocação militar como chave para sua afirmação social e 
desenvolvimento, aceito por grande parcela da população como meio para redesenhar o 
equilíbrio europeu após unificação da Alemanha. Desse modo, surgiu uma arte pró-
guerra e uma arte anti-guerra. Os artistas expressionistas, defensores do indivíduo 
contra o sofrimento humano se colocaram ao lado da arte anti-guerra (FERRAZ, 2015, 
p. 54). 
A afirmação do Expressionismo se dá com o Grupo Die Brücke [a ponte], que 
foi criado em 1905 em Dresden. Formado um grupo de artistas [plásticos] que definiram 
objetivos e procedimentos que ficaram associados ao movimento expressionista alemão: 
a crítica social, as figuras deformadas, as cores contrastantes e pinceladas vigorosas, a 
retomada das artes gráficas, especialmente da xilogravura, e o interesse pela arte 
primitiva. (EXPRESSIONISMO, 2018).
7 
Assim a pintura expressionista pode ser caracterizada pelo traço rude, pela 
pasta densa e recoberta de óleo ou pela mancha alastrante da aquarela, pela 
ausência de matizes e esfumaduras, e pela violência das cores. 
(GUIMARÃES,1998, p. 31) . 
 
O teatro Expressionista se inspirou na Idade Média e no Renascimento, 
resgatando o estilo anti-realista de interpretação dos atores. Apresentava tanto uma 
expressão mais pura, sem contar com nenhuma intriga dramática, quanto gestos 
exagerados e uso de recursos como máscaras gigantescas e telões pintados 
(GUIMARÃES, 1998, p. 33). 
 
O teatro expressionista traz um sujeito destituído de identidade – ou 
possuidor de uma identidade fragmentada – ou que esta identidade seja, nos 
dramas, negada através de uma personagem progressivamente mais estática, 
desumana (VASQUES, 2007, p. 8).
8 
 
O expressionismo chegou ao cinema de forma tardia em 1919, quando a 
literatura expressionista já estava em declínio. O cinema expressionista falava de temas 
como a morte, a angústia da grande cidade e o conflito de gerações. O aspecto mais 
importante a ressaltar é o da estética, atores e diretores adotaram técnicas que já7
EXPRESSIONISMO . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú 
Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3784/expressionismo>. 
Acesso em: 11 de Set. 2018. Verbete da Enciclopédia. 
8
VASQUES, Eugénia. Expressionismo e Teatro. Escola Superior de Teatro e Cinema 2ª edição 50 
exemplares. Amadora: Fevereiro 2007. Disponível em <http://hdl.handle.net/10400.21/412> Acesso em: 
11 de Set/2018. 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO 
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS 
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DA DANÇA 
 
estavam sendo empregadas nos palcos, como jogo de luzes e holofotes. Em vez de 
movimentos de câmeras, iluminação de um detalhe, máscaras na lente da câmera. Os 
espelhos também foram usados como recurso importante (SILVA, 2006, 51).
9
 
Na música o Expressionismo se deu com Arnold Schonberg com sua harmonia 
cromática, afastou-se das simples tríades em que se fundamentava a harmonia diatônica 
apostando em uma atonalidade perturbadora com a música dodecafônica 
(GUIMARÃES, 1998, p. 62). 
 
2 - EXPRESSIONISMO NA DANÇA 
 
No final do século XIX, início do século XX fervem novos fundamentos e 
princípios políticos, sociais e culturais na Alemanha. A arte era sinônimo de beleza, 
harmonia, luxo e ostentação econômica. Ao observar, viver e refletir sobre este cenário 
na Europa a classe artística Alemã se indaga sobre seu papel social, e qual sua 
contribuição na implicação do existir humano. Momento que se percebe que arte não é 
imitar a realidade, pelo contrário é inovar, assim os artistas começam a criar/produzir 
pautados em novas técnicas e lógicas (SANTOS, 2000, p. 152).
10
 
O Expressionismo se objetivou em causar estranhezas, como forma de fortalecer 
uma identidade, fomentando uma pluralidade cultural, a ponto de contribuir na fruição 
da técnica e métodos artísticos fortes que influenciam a arte contemporânea. Neste 
cenário em que emergiram artistas precursores, no Pré 1° Guerra Rudolf Van Laban 
(1905-1916), no Pós 1° Guerra Mary Wigman (1916-1933), no final do século XIX 
Isadora Duncan. Na dança este momento de efervescência foi entre 1920 e 1930, na 
Europa e Estados Unidos (ARGAN, 1999, p. 215).
 
O expressionismo na dança é marcado pela ruptura do método clássico e 
explosão dos jogos de linguagens. Período em que arte passa ser reconhecida como 
interação, num elo entre arte performática e práticas performativas. O movimento 
Expressionista Alemão enxerga a arte não como uma questão lógica, pelo contrário, 
evidencia as sensações, valoriza o poder simbólico, onde o artista coloca valor na arte. 
Uma mistura de impressões opostas, num jogo de linguagem que desperte os perceptos 
 
9
SILVA, Michel. O cinema expressionista alemão. Revista Urutágua - revista acadêmica multidisciplinar 
Universidade Estadual de Maringá (UEM). Publicada em 03.12.04 - Última atualização: 17 agosto, 2006. 
Disponível em: <http://www.urutagua.uem.br/010/10silva.htm> Acesso em 11 de Set/2018. 
10
 SANTOS, Maria das Graças Vieira Proença dos. História da Arte. São Paulo: Ética, 2000. 
 
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ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DA DANÇA 
 
e afectos do espectador, transportando-o para outras situações (DELEUZE; 
GUATTARI, 1992, p. 198).
 11
 
Os perceptos não são mais percepções, são independentes do estado daqueles 
que os experimentam; os afectos não são mais sentimentos ou afecções, 
transbordam a força daqueles que são atravessados por eles. As sensações, 
perceptos e afectos, são seres que valem por si mesmo e excedem qualquer 
vivido [...] A obra de arte é um ser de sensação, e nada mais: ela existe em si 
(DELEUZE; GUATTARI, 1992, p. 213). 
 
 Rudolf Van Laban contribuiu para o desenvolvimento da dança expressionista 
com a forma como preparava seus dançarinos, conscientizando-os do próprio corpo, 
com a finalidade de que estes pudessem se expressar melhor e desenvolver a sua 
criatividade, dando lhes condições para que eles além de intérpretes, viessem a ser 
criadores. Além disso, Laban considerava a dança uma arte por excelência e acreditava 
que ela nunca deveria ficar subordinada à música, pelo contrário, a música deveria ser 
empregada a fim de complementá-la. De acordo com suas ideias, o dançarino deveria 
obedecer o seu próprio ritmo corporal e não o da música. Além disso, Laban também 
deu ênfase na teatralidade em seus trabalhos, o que também viria a ser uma das marcas 
da dança expressionista (GUIMARÃES, 1998, p. 34). 
Um grande nome da dança expressionista foi Mary Wigman, seu trabalho ficou 
reconhecido pela gestualidade dramática, suas performances erram narrativas 
construídas para se comunicar com a plateia. Sua perspectiva era construir uma nova 
arte, desenvolvendo sua própria dança conhecida como Ausdrucktanz (literalmente, a 
dança da expressão). Sua metodologia tinha uma relação direta entre música e 
coreografia, estado que ambas deveriam ser criadas juntas, na sua perspectiva essas 
artes se relacionam, dialogam (ARGAN, 1999, p. 230). 
O trabalho de Mary Wigman foi altamente influenciado por Rudolf von Laban 
tendo os dois compartilhado conhecimentos durante alguns anos. Para que a mesma se 
sentisse “ explodindo pelo espaço” , aprofundou-se no trabalho de Laban que estudava o 
movimento a partir de suas pesquisas com o espaço, tempo e força. Na área da dança, 
Rudolf von Laban foi quem especificamente trabalhou para definir o ritmo interno no 
movimento da dança, de onde a sabedoria corporal pode emergir. Após um tempo de 
convivência e trabalhos em conjunto, Mary Wigman e Rudolf Von Laban encerraram a 
parceria. Então, em 1917 Wigman segue sozinha reconhecendo o grande dom de 
 
11
 DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é a filosofia? Trad. Bento Prado Jr. e Alberto Alonso Muñoz. 
Rio de Janeiro: Editora 34, 1992. 
 
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ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DA DANÇA 
 
improvisação de Laban e assumindo tal característica para seu trabalho.Laban 
reconheceu que Wigman foi uma influente dançarina, do tipo que ele sempre desejou, e 
Wigman compreendeu-lhe intuitivamente e dividiu alguns de seus sonhos mais secretos 
com ele, como seu interesse em danças de cultos religiosos. Isa Partsch-Bergsohn,em 
seu livro Modern Dance in Germany and the United States (1994), relata sua 
experiência nas aulas de Wigman em Leipzig, em 1943. A autora diz haver um chamado 
para o inconsciente quando Wigman ensinou os giros dos dervishes (REIS, 2007, p. 
45).
12
 
Isadora Duncan apesar de não se encaixar completamente na atmosfera 
Expressionista de medos e angústias, sua característica marcante foi a expressividade. 
Uma das pioneiras da dança moderna Isadora Duncan fascinou os alemães por sua 
recusa radical das convenções artísticas da dança, seu desejo de emancipação do corpo 
da mulher libertando-se do espartilho, e procurando reencontrar a harmonia do corpo, da 
alma e do espírito, consolidando suas propostas com a abertura de sua escola em Berlim 
em 1904 (GUIMARÃES, 1998, p. 123). 
Outro nome na Dança Expressionista foi Kurt Jooss. Jooss que chegou a 
trabalhar como assistente de Laban, teve como maior objetivo unir dança e teatro. Sua 
obra-prima A Mesa Verde projetou o coreógrafo internacionalmente. Apesar de Jooss 
preferir identificar a obra como Nova Objetividade por considerar que o Expressionismo 
impunha certa limitação técnica, não se pode negar as influências desta corrente em seu 
trabalho. Com a ascensão do nazismo,emigrou para a Inglaterra, trabalhou durante um 
ano no Chile e retornou para a Alemanha em 1949, reassumindo a direção da escola 
Folkwang em Essen onde criou condições para alunos como Jean Cébron, Pina Bausch, 
Reinhild Hoffmann, entre outros, prosseguissem seu trabalho (GUIMARÃES, 1998, 
130). 
 
3 - EXPRESSIONISMO NO BRASIL 
 
 Diversos artistas no Brasil também representaram o expressionismo em suas 
manifestações artísticas, principalmente no campo da pintura. Suas obras partiam da 
 
12
 REIS, Andréia Maria Ferreira. O Corpo rompendo fronteiras: uma experimentação a partir do 
movimento genuíno e do sistema Laban/Bartenioff. Repositório UFBA. Disponível em: 
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/9209/. Acesso em 11 set. 2018. 
 
 
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ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DA DANÇA 
 
premissa de evidenciar e revelar a subjetividade da realidade social, cultural e política 
do país (OBADIA, 2017).
 13
 
Destacam-se no movimento expressionista brasileiro Cândido Portinari, Anita 
Malfatti e Lasar Segall. Um dos pintores mais famosos do país Portinari revela as 
mazelas dos grupos sociais brasileiros, retratando temas de história de opressão de uma 
maioria negra, pobre, nordestina, periférica, sem privilégios. Malfatti com seus estudos 
na Europa teve a oportunidade de acompanhar o movimento expressionista na 
Alemanha, sua aproximação com a técnica possibilitou a desenvolver no Brasil suas 
exposições, renomada por seu gosto pelas novas tendências e técnicas. Segall, também 
estudou na Alemanha, chegou ao Brasil justamente no período que o país sofria 
influências desta corrente (OBADIA, 2017). 
O movimento de dança expressionista deixou vestígios na história da dança 
acadêmica no Brasil, devido a contribuição de inúmeros artistas europeus que se 
radicaram para o país. Devido ao regime nazista e a Segunda Guerra Mundial muitos 
dançarinos, professores e coreógrafos vieram para a América do Sul em exílio, 
estabelecendo principalmente no Chile, na Argentina e no Brasil. Chinita Ullman, Maria 
Duschness, Aida Slon, Renée Gumiel e Rolf Gelewsky, que vieram para o Brasil 
respectivamente em 1932, 1940, 1952, 1957 e 1960, estudaram diretamente com 
expoentes como Laban, Wigman, Jooss, ou com seus discípulos. Vários dançarinos e 
coreógrafos que se formaram com mestres da dança expressionista implantaram escolas 
no Brasil que se desenvolveram e que tiveram grande relevância no cenário artístico. 
(GUIMARÃES, 1998, p. 149). 
 
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 O desenvolvimento do presente estudo possibilitou-nos uma análise de como 
se configurou o movimento expressionista e quais influências ele trouxe para a 
dança/arte, nos dispondo mergulhar, brevemente, a campo bibliográfico para obter 
informações coesas a fim de compreender o Expressionismo. 
 O movimento Expressionista carrega em sua filosofia a compreensão da 
experiência sobre várias perspectivas, como um jogo de linguagem que eleva a 
 
13
 OBADIA, Dafna. A arte expressionista: surgimento, artistas, movimentos, filmes e muito mais. 
UPPERMAG, 2017. Disponível em: http://www.uppermag.com/arte-expressionista/. Acesso em 21 ago. 
2018. 
 
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comunidade cultural a um nível de percepção sobre o que venha ser a matriz do seu 
significado. Um trabalho artístico que se preocupa em sair das artes líricas e também 
possibilitar a estranheza ‘no’ e ‘do’ Outro, numa tentativa de impactar o espectador pela 
diferença, para viabilizar os olhares, ou seja, dar visibilidade para aquilo que não tem 
evidência no cotidiano ou no cenário das artes. Acredita-se que quando o espectador é 
afetado pela obra de arte ele absorve a mensagem do objeto artístico. 
 O objeto da arte, com os meios do material, é arrancar o percepto das 
percepções do objeto e dos estados de um sujeito percipiente, arrancar o afecto das 
afecções, como passagem de um estado para outro. Extrair bloco de sensações, um puro 
ser de sensações. 
 Vimos que arte expressionista primava pela liberdade individual e deixava à 
tona polêmicas e temas que até então quase não eram retratados: o fantástico, o 
perverso, sexual e outros, com o propósito de revelar a expressividade subjetiva desses 
temas da realidade e transmitir uma imagem da condição humana e suas situações no 
mundo. 
 Na dança, o expressionismo trazia um exagero e uma distorção da dança 
clássica, onde os compositores passaram a despejar na dança toda sua carga de emoções 
mais intensas e profundas. Mary Wigman, citada como um dos grandes nomes da dança 
expressionista, “contribuiu para dar um sentido trágico e quase divinatório à dança, para 
liberar o dançarino do vocabulário corporal, atribuindo-lhe total responsabilidade sobre 
a expressão” (BOURCIER, 2001, p. 300),14 
 Essas informações concebidas a partir da pesquisa, é importante para nos 
fazer refletir e entender muitas das características presentes nos contexto da arte que 
vivenciamos hoje. 
 
14
 BOURCIER, Paul. História da Dança no Ocidentes. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.