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1ª aula revisando obrigações e noções iniciais sobre contratos

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DIREITO DOS CONTRATOS
PROFESSORA LIDIA CALDEIRA
1ª AULA
I -REVISANDO O DIREITO DAS OBRIGAÇÕES:
O direito obrigacional e dos contratos e sua importância no mundo globalizado.
Divisão do direito em ramos, segundo a expressão patrimonial:
Direitos não patrimoniais (direitos de personalidade e os de família – dizem respeito à pessoa humana).
Direitos patrimoniais – têm expressão econômica: a. direitos reais e pessoais, obrigacionais ou de crédito. Estes últimos compõem o direito das obrigações, objeto de nosso estudo.
Direito das obrigações
“O direito das obrigações consiste, portanto, num complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem patrimonial, que têm por objeto prestações de um sujeito em proveito de outro. Disciplina relações jurídicas de natureza pessoal, visto que seu conteúdo é a prestação patrimonial , ou seja, a ação ou omissão do devedor, tendo em vista o interesse do credor, que, por sua vez, tem o direito de exigir o seu cumprimento, podendo movimentar a máquina judiciária, se necessário.” Carlos Roberto Gonçalves.
Em resumo: direito do credor x dever do obrigado.
Fonte das obrigações:
Imediata: lei
Mediatas: fatos humanos 
1. Contrato
2. a declaração unilateral de vontade : negócios jurídicos que se aperfeiçoam pela manifestação de vontade de apenas uma das partes.(promessa de recompensa – art. 854 - gestão de negócios – art. 861 - , pagamento indevido art. 876 - e enriquecimento sem causa – art. 884 – todos do CC) . 
 3. ato ilícito (civil, administrativo e penal – dolosos ou culposos).
II - CONTRATO	
Conceito:
Negócio jurídico que resulta do acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica , destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o objetivo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial.
Elementos inerentes à função do contrato:
a. Estrutural – fusão de duas vontades contrapostas. Nenhum dos contraentes pode alterar unilateralmente o contrato. Regra geral há a composição de duas vontades.
O direito pátrio admite o autocontrato ou contrato consigo mesmo. Ver art. 117 CC. Uma pessoa pode agir em representação a outra, compondo sua própria vontade, mas deve agir sem prejuízo do representado. 
Funcional - função de adquirir, resguardar, modificar, ou extinguir direitos. É a razão determinante da tutela jurídica.
Requisitos para a validade do contrato:
O contrato pode existir, porém, não entrar no plano de validade. Para a validade é necessária a observância de requisitos. A falta de um dos requisitos previstos no artigo 104 do Código Civil, aliado à declaração espontânea (não viciada) de vontade, torna o negócio jurídico nulo.
O negócio jurídico que tenha sido celebrado com todos os elementos do art. 104 CC , mas tiver a vontade viciada, será anulável.
Se o vício for a simulação, será declarado nulo.
Requisitos subjetivos: dizem respeito aos sujeitos contratantes.
existência de duas ou mais pessoas, já que o contrato é um negócio jurídico bilateral, ou , excepcionalmente, plurilateral. 
Capacidade dos contratantes para a prática dos atos da vida civil.
Aptidão especifica para contratar , já que a ordem jurídica impõe certas limitações: ver art. 496 CC, 497 CC, etc.
Consentimento das partes contratantes. Vontade livre, isenta de vícios (erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo, simulação e fraude). O acordo volitivo é a força propulsora do contrato.
Requisitos objetivos: dizem respeito ao objeto do contrato.
Licitude do objeto. Não pode ser contrário à lei, à moral, aos princípios de ordem pública, aos bons costumes.
Ex. encomenda de assassinato, exercício ilegal da profissão, atualização monetária por moeda estrangeira, etc.
Possibilidade física ou jurídica do objeto. O objeto deve ser física e materialmente possível. Contraria as leis físico-naturais ou vai além das forças humanas.
Ex: Mudar o Pão de Açúcar de lugar. Dar a volta ao mundo em 2 horas.
Mas a impossibilidade deve existir no momento da contratação, se posterior, dar-se-á a inexecução contratual.
Determinação do objeto. O objeto deve ser certo e , pelo menos, determinável. O objeto deve ser individualizado: gênero, quantidade, qualidade,caracteres diferenciados).
Objeto de natureza patrimonial. 
Requisitos formais: atinentes à forma do contrato. 
A simples declaração volitiva já estabelece o liame contratual. A forma pode ser oral , escrita (instrumento particular ou público) ou tácita (decorre de fatos que autorizam o reconhecimento do contrato).
A regra é a liberdade de forma, mas se a lei exigir, é inerente à validade do certame (nulidade).Ver art. 107 e 108 CC.
Não confundir:
“Forma é o conjunto de solenidades que se devem observar para que a declaração de vontade tenha eficácia jurídica.” Clóvis Beviláqua.
“Prova é o conjunto de meios empregados para demonstrar, legalmente, a existência de negócios jurídicos”. C. Beviláqua.
III – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO CONTRATUAL:
Teoria clássica.
Princípio da autonomia da vontade :
Liberdade contratual, poder de estipular, livremente, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica. 
“Segundo Carvalho Mendonça , o domínio da vontade dos contratante foi uma conquista advinda de um lento processo histórico, culminando com “o respeito à palavra dada” , principal herança dos contratos romanos e expressão propulsora da ideia central do contrato como fonte obrigacional.” (TARTUCE, p.57, 2016).
Abrange:
A liberdade de contratar ou não contratar.
A liberdade de escolher o outro contraente.
A liberdade de fixar o conteúdo do contrato, escolhendo contratos típicos (nominados) ou adotando novos tipos contratuais distintos dos modelos previstos pela ordem jurídica (contratos inominados).
Obs: A liberdade contratual não é ilimitada ou absoluta, está limitada à supremacia da ordem pública e à função social do contrato. Ver como exemplo o artigo 497 CC.
Princípio do consensualismo:
Regra geral, o acordo de duas vontades é suficiente para gerar um contrato válido. Exceção para os casos em que a lei exige formalidade.
O contrato resulta do consenso, independentemente da entrega da coisa.
Obrigatoriedade da convenção (pacta sunt servanda):
As regras estabelecidas devem ser, fielmente, cumpridas, sob pena de execução patrimonial contra o inadimplente. Isto porque o contrato validamente celebrado incorpora-se ao ordenamento jurídico, fazendo lei entre as partes. O contrato é intangível, a menos que as partes o rescindam voluntariamente., ou haja excludente de responsabilidade por caso fortuito ou força maior. O inadimplemento do contrato autoriza o credor a executar o devedor através do Poder judiciário. Também chamado Princípio da Intangibilidade do contrato.
Da relatividade dos contratos.
Os contratos atingem somente as partes contratantes, já que deriva do acordo de vontade de duas partes, sem afetar terceiros.
Exceções: 1. herdeiros que são compelidos a honrar o contrato celebrado pelo de cujus, mas tão-somente nas forças da herança.
2. Estipulação em favor de terceiros.
PRINCÍPIOS QUE DERIVAM DO TEXTO CONSTITUCIONAL:
Princípio da boa-fé:
As partes envolvidas deverão executar o contrato com lealdade, honestidade, honradez, probidade, denodo e confiança.
“Exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato.
O princípio da boa-fé se biparte em:
Boa-fé subjetiva: diz respeito ao conhecimento ou à ignorância da pessoa em relação a certos fatos, sendo levada em consideração pelo direito para os fins específicos da situação regulada.
Boa-fé objetiva: concepção ética. Regra de conduta exigida aos contratantes.”Prof. Carlos Roberto Gonçalves.
Ver art. 422 CC.
Princípio da Função social. 
“Objetiva promover a realização da justiça comutativa, aplainando as desigualdades substanciais entre os contraentes.” Jorge Figueiredo Alves.
 Ver art.421 CC.
Limitação da autonomia da vontade caso esta esteja em confronto com o interesse social.
 Enunciado 23 CJF/STJ, aprovado na I Jornada de Direito Civil:
“A função social do contrato, prevista no artigo 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio, quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana.”
BIBLIOGRAFIA:
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Vol. 3. Teoria das obrigações contratuais e extracontratuais. SP: Saraiva, 2007.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol. 3. Contratos e atos unilaterais. SP/Saraiva, 2014.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Vol.3: Teoria geral dos contratos e contratos em espécie. SP/Gen & Forense, 2016.
VENOSA, Sílvio de Salvo Venosa. Direito Civil. Contratos. SP: Gen & Atlas, 2017.
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