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COAÇÃO IRRESISTIVEL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE ENTORPECENTES DA COMARCA DE CAMPINA GRANDE/ PB
Proc. Nº 0011277-30.2016.815.0011
	CAROLAINE MEDEIROS DA SILVA, já devidamente qualificada nos autos do processo por seu advogado legalmente constituído, vem respeitosamente â presença de Vossa Excelência, com fundamento legal no artigo 55 da lei de nº 11.343/ 06, apresentar defesa prévia, pelos motivos e fatos passa a expor:
I- DOS FATOS
	No dia 21 de outubro de 2016, por volta das 09h0m, na Penitenciária Padrão de Segurança Máxima, bairro Serrotão, nesta cidade, a denunciada foi presa em flagrante, em razão de trazer consigo substância entorpecente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
	Narram nos autos que, agentes penitenciários de plantão naquele estabelecimento, ao realizar a revista na denunciada, perceberam que ela trazia consigo certa quantidade de substância entorpecente semelhante a maconha, no interior de sua vagina, totalizando 89,1(oitenta e nove gramas e um decigrama de maconha), conforme laudo pericial e ao ser questionada sobre o produto que trazia, a denunciada retirou a substância de suas partes íntimas.
	Em ato contínuo, a denunciada chegando à esfera policial confessou que trazia consigo, nas partes íntimas, a droga que seria entregue ao seu companheiro, além de ter afirmado que adquiriu a droga no bairro do José Pinheiro, a uma pessoa desconhecida, pelo valor de R$200,00(duzentos reais).
	Encaminhada a delegacia de Policia, o delegado diante dos fatos narrados tipificou a conduta da acusada nas penas do art. 33, caput e art. 40, III, ambos da lei nº 11.343/ 06.
	Este é o breve relatório.
II- DO DIREITO
	Conforme consta nos autos, à denunciada confessou que trazia consigo, nas partes íntimas, a droga que seria entregue ao seu companheiro, mas, em que nenhum momento tentou comercializar a droga.
	Partindo da premissa que acusada é vítima do seu próprio companheiro, onde o mesmo ameaçou de morte se ela não entregasse a droga a ele. Sendo assim, à acusada ficou sem nenhuma defesa ou saída.
	Portanto, não há como imputar o crime de tráfico de entorpecentes art. 33 da lei de nº 11.343/ 06 e nem o crime do art. 40, III, da mesma lei, pois se trata de um direito disponível, onde a própria constituição informa que a vida é um direito fundamental e indiscutível.
	Ora Excelência, trata-se de coação irresistível, onde à acusada foi coagida e amedrontada a praticar tal conduta, vamos espelhar o art. 22 do código penal onde: 
	“Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.”
	Assim sendo, fica óbvio que o único responsável e acusado é o companheiro da denunciada, onde que por meio de ameaça fez com que a mesma praticasse o ato delitivo. 
	
	A Jurisprudência:
	O desembargador Nereu José Giacomolli também comunga dessa solução, mas por fundamento diverso, conforme ementa que transcrevo, em que menciona a dignidade da pessoa humana.
				“TRÁFICO DE DROGAS. MULHER QUE TENTA 					INGRESSAR NO ESTABELECIMENTO PRISIONAL 					COM DROGA NA CAVIDADE ANAL. 							ABSOLVIÇÃO. 
	O poder de polícia do Estado e a persecutio criminis não são absolutos. Encontram limites na convencionalidade, na constitucionalidade e na legalidade. A interferência nas esferas da dignidade e integridade física submete-se, para fins de prova criminal, às reservas legais e jurisdicionais. No caso, a interferência advio de notícia criminis anônima e houve condução coercitiva à realização da invasidade.
	APELAÇÃO PROVIDA ( A.C 70051956548, julgada em 9 de maio de 2013).
	Essa, portanto, a perversidade do sistema: prende, pune e condena mulheres que estavam tentando ingressar no presídio com substâncias entorpecentes. Vale dizer: prender pessoas em razão de outros presos e em razão da ineficiência do sistema prisional e do Estado.
	Por fim, observe-se que não se trata de declarar inconstitucional parte do artigo 33 da lei 11.343/ 2006. Para ficar perfeitamente claro, o que se pretende dizer é que não incide, no caso dos autos, em aplicação racional e razoável, o texto legal.
III- DO PEDIDO
	Ante o exposto, principalmente dos fatos apresentados a defesa requer a desclassificação do crime de tráfico de drogas e que seja desconsiderada à pena do artigo 40, III, da mesma lei, CAROLAINE MEDEIROS DA SILVA, filha de José Ilton Silva e de Maria Aparecida Medeiros da Silva,nos termos do arts. 316 e 321 por ser medida de inteira justiça.
Nestes termos,
Pede deferimento
Campina Grande-PB,

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