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Módulo E – GESTÃO ADMINISTRATIVA DISCIPLINA – CONTRATOS E CONVÊNIOS DE SERVIÇOS HOSPITALARES PROFESSOR – CÉLIO LUIZ BANASZESKI MATERIAL DE APOIO AULA 4 - Aspectos técnicos atuariais e de gestão para contratos e convênios. 1. Aspectos Gerais Importante entender que muitas pessoas utilizam os serviços de um plano de saúde e existem diversas formas de contratação, cobertura e amplitude. Desde modo é importante verificar quais são as nuances legais que permitem os cálculos atuarias e de gestão de contratos e convênios médicos ou odontológicos. Os planos de saúde devem ter proporcionar coberturas previstas na Lei 9.656/98 ou, mesmo continuar com as coberturas previstas em seu contrato caso firmado anteriormente à lei citada. Antes da citada Lei, a relação entre consumidor dos planos de saúde e as operadoras de saúde sempre foi firmada por um contrato, que previam obrigações e os deveres das partes. Neste tipo de contrato a relação é securitária, pois servem também para os contratos de seguro por exemplo, onde podemos considerar que os planos de saúde são uma forma de seguro, por isso usam como base um cálculo atuarial. O cálculo atuarial é realizado sempre no inicio de cada exercício, ele é obrigatório e será realizado por um profissional que se chama atuário, que irá pesquisar e avaliar diversas variáveis, tais como: Valor dos benefícios atuais Valor dos benefícios que serão concedidos Idades dos beneficiários Índice médio de evolução dos salários, se pertinente Tabela de sobrevivência Tabela de expectativa de vida Epidemiologia Deste modo temos o conceito de Cálculo Atuarial: É o estudo técnico baseado em levantamentos de dados da população analisada, no qual o atuário busca medir os recursos necessários para garantir os benefícios oferecidos pelo plano de seguro, avaliar o histórico e a evolução da entidade, de forma a apresentar estratégias que permitam a sua adaptação a novos cenários. Teremos assim a verificação da condição atual do regime e suas necessidades futuras. Portanto, são os cálculos atuariais que determinam quanto deve ser as contribuições dos órgãos e dos servidores para garantir o pagamento dos benefícios contidos na Lei. Também é importante ressaltar que normalmente os contratos possuem a solidariedade entre seus usuários através do mutualismo decorrente da característica coletiva que tais contratos possuem. O princípio do mutualismo é a necessária cooperação da coletividade de segurados para a formação do fundo comum, sem o qual o seguro não pode existir financeiramente para suportar suas obrigações contratuais. A legislação no Brasil prevê que os planos e seguros de saúde tenham como princípios: Solidariedade Justiça atuarial: Deste modo todos os contratos têm bases coletivas, apesar de se tratar de uma relação entre o consumidor e a operadora. Só assim haverá garantia de que os custos dos tratamentos médicos ou odontológicos conseguirão ser cumpridos e pagos pelo convênio médico. Assim todos as pessoas vinculadas ao plano pagam um valor que constituirá um fundo comum. Este fundo é importante e necessário para que os planos e seguros de saúde possam funcionar com segurança financeira. Portanto todos os planos ou seguros de saúde devem com seu fundo financeiro pagar as coberturas que são firmadas em lei e no contrato. Deste modo toda vez que contratamos um plano ou seguro de saúde, transferimos para a operadora o risco do custo da assistência médica, hospitalar ou odontológica, trocando as eventuais possibilidade de grandes pagamentos por uma mensalidade. O plano de saúde então distribui o custo de suas operações com todos os seus consumidores, ou seja, uma espécie de solidariedade coletiva. O regime jurídico dos contratos de plano de saúde prevê a proteção do sujeito mais fraco das relações de consumo. 2. Cálculo Atuarial O cálculo atuarial do contrato de plano de saúde é a relação estabelecida entre a cobertura de serviços ofertada pela operadora do plano de saúde e a retribuição paga pelo segurado, em forma de pagamento das mensalidades recebidas pela administradora. Essa relação de obrigação de remuneração deve ser mantida durante toda a existência do contrato, caso contrário passará a fornecer desequilíbrio para uma das partes. Para a operadora o desequilíbrio ocorre quando ocorrera uma ampliação da cobertura sem o reajuste ou quando o índice de utilização pelo usuário aumentar e não lhe ser permitido reajustar o preço cobrado. Ou seja temos algumas formas de desequilíbrio: Inadimplência; Atraso de pagamento; Pagamento de procedimentos ou honorários não previstos; Aumento da longevidade; Novas tecnologias e tratamentos; Aumento da incidência de determinadas doenças; Novas doenças; Essas situações estão ligadas ao cálculo atuarial feito quando o seguro ou plano é comercializado. Itens importantes para o cálculo atuarial; Método probabilístico’ Avaliação do preço das coberturas ofertadas Sexo e idade do segurado Custos e efeitos de doenças Custos e efeitos de acidentes Situação de risco de cada segurado ou contratante Estes itens são importantes, pois caso contrário a carteira de clientes da operadora se torna deficitária e inviável economicamente. No caso dos planos de saúde essa lógica não é diferente, uma vez que os seus usuários, por meio das mensalidades pagas à operadora, vão constituindo um fundo, que é administrado pela administradora. Nesse sentido, Antônio Joaquim Fernandes Neto explicaa: “a saúde privada, cuja principal fonte de custeio são os fundos mantidos pelas operadoras de planos privados de assistência à saúde, orienta-se pela solidariedade e pelo mutualismo, fortes características herdadas dos contratos de seguro e dos fundos de previdência”. Cabe salientar que apesar das normativas, regras estabelecidas em contrato e princípios como o mutualismo os planos de saúde e/ou seguros são constituídos à partir das mensalidades pagas dos segurados e administrados pela da operadora, que pode inclusive visar lucro. Para evitar abusos a legislação brasileira, via ANS exerce fiscalização e controle sobre as reservas financeiras das operadoras. Uma forma de controle é a obrigação de manter um fundo garantidor do segmento de saúde suplementar. Portanto as Hipóteses Atuariais podem ser definidas como um conjunto de valores esperados para as variáveis do plano de saúde: Rotatividade ou desligamento do plano Reposição Dinâmica das ocorrências de entrada em invalidez e morbidez Mortalidade do grupo de segurados ativos, inativos, pensionistas e dependentes Taxas de natalidade. 3. Legislação Como exemplo podemos citar a Lei 9.656/98, que estabelece a obrigatoriedade de elaboração de cálculo atuarial: Art. 1o Submetem-se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade, adotando-se, para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) I - Plano Privado de Assistência à Saúde: prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós estabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente escolhidos, integrantesou não de rede credenciada, contratada ou referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e odontológica, a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e ordem do consumidor; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177- 44, de 2001) II - Operadora de Plano de Assistência à Saúde: pessoa jurídica constituída sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, ou entidade de autogestão, que opere produto, serviço ou contrato de que trata o inciso I deste artigo; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) III - Carteira: o conjunto de contratos de cobertura de custos assistenciais ou de serviços de assistência à saúde em qualquer das modalidades de que tratam o inciso I e o § 1o deste artigo, com todos os direitos e obrigações nele contidos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) § 1o Está subordinada às normas e à fiscalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS qualquer modalidade de produto, serviço e contrato que apresente, além da garantia de cobertura financeira de riscos de assistência médica, hospitalar e odontológica, outras características que o diferencie de atividade exclusivamente financeira, tais como: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) a) custeio de despesas b) oferecimento de rede credenciada ou referenciada c) reembolso de despesas; d) mecanismos de regulação e) qualquer restrição contratual, técnica ou operacional para a cobertura de procedimentos solicitados por prestador escolhido pelo consumidor; f) vinculação de cobertura financeira à aplicação de conceitos ou critérios médico-assistenciais. Art. 22. As operadoras de planos privados de assistência à saúde submeterão suas contas a auditores independentes, registrados no respectivo Conselho Regional de Contabilidade e na Comissão de Valores Mobiliários - CVM, publicando, anualmente, o parecer respectivo, juntamente com as demonstrações financeiras determinadas pela Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. § 1o A auditoria independente também poderá ser exigida quanto aos cálculos atuariais, elaborados segundo diretrizes gerais definidas pelo CONSU. (Renumerado pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001) § 2o As operadoras com número de beneficiários inferior a vinte mil usuários ficam dispensadas da publicação do parecer do auditor e das demonstrações financeiras, devendo, a ANS, dar-lhes publicidade. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001 Resolução Normativa 191, de 08 de maio de 2009. Art. 1º As disposições desta Resolução Normativa instituem o Fundo Garantidor do Segmento de Saúde Suplementar - FGS. Art. 5º As obrigações decorrentes da constituição do FGS têm origem no contrato firmado entre as partes, motivo pelo qual as Operadoras de Planos de Assistência à Saúde poderão utilizar-se de todos os meios legalmente admitidos para a execução das obrigações assumidas e não cumpridas pelas demais. Lei Nº 13.003, DE 24 DE JUNHO DE 2014. Art. 17-A. As condições de prestação de serviços de atenção à saúde no âmbito dos planos privados de assistência à saúde por pessoas físicas ou jurídicas, independentemente de sua qualificação como contratadas, referenciadas ou credenciadas, serão reguladas por contrato escrito, estipulado entre a operadora do plano e o prestador de serviço. § 1o São alcançados pelas disposições do caput os profissionais de saúde em prática liberal privada, na qualidade de pessoa física, e os estabelecimentos de saúde, na qualidade de pessoa jurídica, que prestem ou venham a prestar os serviços de assistência à saúde a que aludem os arts. 1o e 35-F desta Lei, no âmbito de planos privados de assistência à saúde. § 2o O contrato de que trata o caput deve estabelecer com clareza as condições para a sua execução, expressas em cláusulas que definam direitos, obrigações e responsabilidades das partes, incluídas, obrigatoriamente, as que determinem: I - o objeto e a natureza do contrato, com descrição de todos os serviços contratados; II - a definição dos valores dos serviços contratados, dos critérios, da forma e da periodicidade do seu reajuste e dos prazos e procedimentos para faturamento e pagamento dos serviços prestados; III - a identificação dos atos, eventos e procedimentos médico-assistenciais que necessitem de autorização administrativa da operadora; IV - a vigência do contrato e os critérios e procedimentos para prorrogação, renovação e rescisão; V - as penalidades pelo não cumprimento das obrigações estabelecidas. § 3o A periodicidade do reajuste de que trata o inciso II do § 2o deste artigo será anual e realizada no prazo improrrogável de 90 (noventa) dias, contado do início de cada ano-calendário. § 4o Na hipótese de vencido o prazo previsto no § 3o deste artigo, a Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, quando for o caso, definirá o índice de reajuste. § 5o A ANS poderá constituir, na forma da legislação vigente, câmara técnica com representação proporcional das partes envolvidas para o adequado cumprimento desta Lei. § 6o A ANS publicará normas regulamentares sobre o disposto neste artigo.” Referências PRETA, H.L.N.C. Gerenciamento de Operadoras de Planos Privados de Assistência à Saúde. Funenseg, 2004. SABATOVSKI, E.; FONTOURA, I.P. Planos e seguros de assistência à saúde. 4 ed. Curitiba: Juruá, 2001. FOLLAND, S.; GOODMAN, A.C.; STANO, M. A economia da saúde. Porto Alegre: Bookman, 2008. BOTTESINI, M.A.; MACHADO, M.C. Lei dos planos e seguros de saúde: comentada artigo por artigo : doutrina - jurisprudência. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. COHN, A. Saúde no Brasil. Cortez – CEDEC, 2001. COLETÂNEA DE SEGUROS.Funenseg, 2001. TEIXEIRA, R. Seguro, Prev. Priv. e Capitalização. Forense, 2002. FGV. Saúde e Previdência Social. Prentice Hall, 2002. *
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