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1 UNIP – Universidade Paulista Curso de DIREITO APOSTILA MÉTODOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS - Com inclusão das alterações na Lei da Arbitragem e a Nova Lei de Mediação Prof. Esc. Lister de Freitas Albernaz Goiânia 2018 2 MÉTODOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS APRESENTAÇÃO DA MATÉRIA. OBJETIVOS. Promover a compreensão e a importância dos métodos alternativos de resolução de conflitos, assim como apresentar e discutir aos conhecimentos teóricos e práticos a respeito das formas alternativas de solução de controvérsias e sua interação com o Poder Judiciário. Apresentar os fundamentos dos métodos alternativos de resolução de conflitos. Preparar para utilização de elementos de doutrina, jurisprudência e legislação componentes dos métodos alternativos de resolução de conflitos. Analisar criticamente os recursos – normalmente privados – para a solução de conflitos, controvérsias, litígios e impasses. INTRODUÇÃO Com o advento da globalização e competição mais acirrada no mundo dos negócios, torna-se importante e necessário que as decisões relativas a conflitos de ordem negocial sejam tomadas com rapidez, de forma efetiva, criativa, amigável e econômica. O modelo tradicional de solução de controvérsias, pela via do Judiciário, não tem acompanhado a expansão da economia de mercado e poderá interferir no desenvolvimento de nosso País. O sistema emperrado e o desfuncionamento do atual modelo do Judiciário brasileiro ocorre: burocracia da Justiça, morosidade nos processos, sobrecarga dos tribunais e elevado custo da demanda judicial. Em transações comerciais, não mais se admite que cargas de produtos perecíveis fiquem paradas em razão de entraves burocráticos e discussões judiciais, para somente serem liberadas após seu perecimento. O NOVO CPC, no art. 3º erigiu os métodos alternativos de resolução de conflitos como norma fundamental do Processo Civil de ordem Constitucional, apontando que no § 1º é permitida a arbitragem, na forma da lei, no § 2º, o Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos, e no § 3º, a conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. 3 TEORIA DO CONFLITO QUE SÃO CONFLITOS? Existem várias definições de Conflito e do que pode ser o conflito mas podemos dizer que os conflitos são situações que se caracterizam por uma escassez de recursos onde se associa um sentimento de hostilidade. Também podemos definir o conflito como sendo o processo que se inicia quando uma parte percepciona que a outra o tem afetado negativamente ou está com intenções de o fazer em algo importante. Ele faz parte da nossa vida pessoal, social, empresarial, etc. O Conflito é sustentado pelas ações e reações de ambas as partes, ou seja pela interação entre ambas. Pelo menos uma das partes percepciona que a situação se caracteriza pela incompatibilidade de objetivos, metas, valores, e que tal pode dificultar ou inviabilizar o que pretende. Existem vários níveis de conflitos: Intrapessoais - O conflito ocorrer dentro do indivíduo. Pode tratar-se de um conflito atração– atração, repulsão–repulsão ou ainda atração-repulsão. Interpessoal – O conflito ocorre entre indivíduos. Organizacionais - Os conflitos organizacionais podem ser divididos em várias vertentes. Temos o conflito intragrupal, quando o conflito ocorrer dentro de um pequeno grupo. Existe também o conflito intergrupal onde o conflito ocorrer entre grupos de uma mesma organização. De referir que temos ainda os conflitos inter-organizacionais que ocorrem entre organizações e os conflitos intra-organizacionais que abrangem a generalidade das partes da organização. Identicamente existem outras designações para os níveis de conflitos. Diversos autores indicam que os conflitos podem ser divididos em dois grupos: Cognitivos – Que resultam da divergência na avaliação de dados empíricos ou factuais e expressam-se controversamente. Normativos – Da qual resultam de divergências em assuntos e matérias relacionadas com as formas apropriadas de comportamento. SITUAÇÕES QUE GERAM CONFLITOS Para se fazer uma boa gestão de conflitos e também os prevenis é necessário conhecer as situações que têm tendência a gerar conflitos. A interdependência de funções são das situações chave que dão origem a conflito, pois se o trabalho de uma pessoa esta dependente do trabalho de outra é bastante provável que surjam conflitos. Outra situação que se deve referir é a indefinição das “regras do jogo”. Quando se instala a 4 ambiguidade quer seja em relações profissionais como pessoais, dá origem a interpretações às quais as partes intervenientes podem não estar de acordo. Igualmente geradora de conflitos está a situação de interdependência de recursos. Em todas as situações em que os recursos são escassos em relação ao desejado vai ocorrer uma discordância em como reparti-los. O conflito esta presente em situações onde existe um sistema de recompensas competitivas pois basicamente se verifica que para um indivíduo ganhar e ser premiado o outro não o será. Possivelmente a situação mais geradora de conflitos será a mudança. O ser humanos é um animal de hábitos e nem sempre encara a mudança como algo positivo ou desejável, pois a mudança provoca ansiedade. Ansiedade essa que depois se vai traduzir em falta de segurança e num esforço adicional para se adaptar à nova realidade. Podem igualmente surgir situações de conflito quando a mudança é imposta ao indivíduo. Basicamente o receio da mudança é devido a incerteza do futuro, perda de privilégios adquiridos e que ela constitua uma crítica. QUAIS AS ESTRATÉGIAS FUNDAMENTAIS NA GESTÃO DE CONFLITOS? Neste estudo sobre a gestão de conflitos podemos referir as cinco principais estratégias de gestão de conflitos, salientando as vantagens e desvantagens de cada uma. Uma das cinco estratégias é o evitamento, onde um indivíduo opta por não entrar na divergência e evita a todo o custo a confrontação. A principal vantagem deste tipo de estratégia e o ganho de tempo para resolver o divergência. A desvantagem é que se trata de uma solução provisória que não ataca o problema diretamente. Quando o problema é trivial e impossível de concretizar os interesses de ambas as partes é uma estratégia a ter em consideração. A acomodação também é uma estratégia de gestão de conflito com a vantagem de encorajamento de cooperação futura mas a desvantagem de poder ocorrer o fracasso em lidar com o problema subjacente. Não se aconselha este tipo de atitude quando os problemas são complexos e difíceis. Um exemplo em que este tipo de estratégia e apropriada é quando existe o receio de a outra parte não ter uma ação ética. Uma estratégia muito conhecida na gestão de conflitos é a competição/dominação, onde o próprio 5 nome da estratégia define o tipo de comportamento. A vantagem deste tipo de atitude é que pode estimular a criatividade, a