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Questões: Preparos, Princípios Biomecânicos 1. Discorra sobre os princípios mecânicos relacionados a prótese dentária. R: São quatro os princípios mecânicos relacionados a prótese: retenção, resistência ou estabilidade, rigidez da estrutura e integridade marginal. A retenção é relacionada à inclinação do preparo, sendo a capacidade de atuar contra as forças axiais de deslocamento. Ainda, a retenção se dá de maneira friccional, ou seja, acontece entre o contato da parede interna do material com a superfície externa do dente preparado. Portanto, quanto maior a área 1 de contato, maior a retenção. Ademais, ela ainda é relacionada às inclinações do preparo. Quanto menor a inclinação, maior retenção. Sendo as inclinações ideais de 2º a 5º(1ª inclinação, no terço mediocervical) e 5º a 10º(2ª inclinação, no terço medioincisal/oclusal). A resistência ou estabilidade é a capacidade de resistir ao deslocamento de rotação quando submetido a forças oblíquas. É relacionada a altura/largura do preparo, ou seja, quanto maior a altura, maior resistência ao deslocamento. Ainda é relacionada a integridade do preparo, sendo mais resistente a porção coronária íntegra, quando comparada a porções parcialmente restauradas. E, também se relacionada com a magnitude das forças, pois quanto maior a força, maior o deslocamento. A rigidez estrutural, por sua vez, tem relação com a espessura do material e o nível de desgaste. Sendo o desgaste mínimo de 2 mm em oclusal, para que seja possível resistir às forças mastigatórias. E, por fim, a integridade marginal, se relaciona com o término do preparo, o encaixe correto da prótese, sendo possível a adaptação com uma faixa mínima de cimento. 2. Quais os tipos de preparo cervical ou término de preparo? R: O término de preparo pode ser: Supra, sub e ao nível gengival, sendo o primeiro o ideal, pelo fato de ser melhor para higienização. Porém, em região onde a estética é imprescindível, o ideal é que seja subgengival. Os tipos de término de preparo são: ombro ou degrau arredondado, ombro ou degrau em bisel, chanfrado e chanferete. O ombro ou degrau arredondado é indicado para próteses em cerâmica pura, e, contraindicado em caso de coroas clínicas curtas. O ângulo desse término é disposto em 90º entre as paredes axial e gengival, sendo a intersecção das paredes arredondada. O ombro ou degrau 1 Carolina P. Adorodonto biselado tem ângulo de 90º entre as paredes axial e gengival, com cavossuperficial biselado em pelo menos 45º. É indicado para metalocerâmicas com ligas áureas, e contraindicado para prótese em cerâmica pura. O escoamento do cimento e selamento marginal nesse tipo de preparo é melhor que o anterior, e ainda, possibilita maior resistência da estrutura, visto que o colar de reforço metálico, se contrapõe às forças compressivas do processo de queima da cerâmica. O preparo em chanfrado é considerado ideal, por conta da sua possibilidade de acomodar o metal, a cerâmica, por conta da espessura de desgaste, permitindo bom escoamento do cimento e adaptação da prótese. Ele é disposto em forma de um segmento de círculo entre as paredes axial e gengival. Sendo indicado para metalocerâmica de liga não-áurea, metaloplásticas e restaurações MOD em metal. Por conta do seu término biselado, pode ser aplicado às áreas estéticas. O término em chanferete é em forma de um segmento de círculo pequeno, que deve ter desgaste suficiente para acomodar o metal. Segue os mesmos princípios do preparo anterior em relação ao escoamento do cimento e adaptação da prótese, porém não pode ser usado em áreas onde o fator estético seja essencial. É indicado para coroas metálicas totais e como término cervical de coroas metaloplásticas e metalocerâmicas nas faces linguais e línguoproximais independente da liga utilizada. Por ser um preparo mais conservador, pode ser realizado em pacientes em tratamento periodontal, porém, não são indicados em áreas estéticas. 3. Como é feito um preparo de onlay? R: O preparo onlay é indicado para dentes com necessidade de restauração extensa, envolvendo cúspide, dentes enfraquecidos, com fratura de cúspide e, dentes com necessidade de restabelecimento oclusal. a) Redução de 2mm da face oclusal. b) Realizar profundidade de oclusal de pelo menos 1 mm. c) Canaleta proximal de 1 mm. d) Ângulos internos arredondados e externos vivos. e) Paredes circundantes divergentes para oclusal. f) Canaleta oclusal. g) Término de preparo em ombro - em cúspide de contenção cêntrica, vestibular quando inferior e palatino quando em superior. 4. Paciente possui coroa de metalocerâmica na unidade 46. Frequentemente essa coroa desloca-se do dente. Explique as causas. R: O deslocamento da coroa pode ser justificado por: ● Não respeito ao princípio de retenção, o qual está intimamente relacionado às inclinações do preparo. Sendo as inclinações ideiais: primeira inclinação, em terço médiocervical: de 2º a 5º, e, segunda inclinação, em terço médioincisal/oclusal de 5º a 10º, em direção a incisal/oclusal. ○ Paralelismo acentuado das paredes axiais, que dificulta o escoamento do agente cimentante, e então, provoca desajuste cervical e oclusal da restauração indireta. ○ Desgaste excessivo, o qual diminue a superfície de contato, diminuindo também a retenção. ○ Polimento excessivo, removendo as microrretenções que irão promover o imbricamento do agente cimentante e a estrutura dentária. ● Não respeito ao princípio de resistência/estabilidade, o qual previne o deslocamento da prótese, quando essa é submetida às forças oblíquas, que tendem a promover rotação da restauração. ○ Preparos com altura menor que a largura, terão raio de rotação maior, e as paredes não oferecerão a resistência necessária. ○ Hábitos parafuncionais, como o bruxismo. O paciente incide força de grande intensidade lateralmente sob a restauração. ○ Estrutura dentária fragilizada, semirrestauradas ou destruídas. Uma possível solução é a realização de meio adicionais de retenção: canaletas, sulcos e orifícios, os quais aumentam a área de contato dente x prótese, promovendo o aumento da resistência e retenção. 5. Como é feita uma Inlay? R: O preparo inlay é indicado para dentes com necessidade de restauração em oclusal e/ou proximais, e dentes íntegros. Não envolve cúspide. 1) Caixa oclusal de no mínimo 2mm. 2) Paredes circundantes levemente divergentes para oclusal. 3) Ângulos internos arredondados e externos vivos. 4) Caixa oclusal com broca 1014 de 1,4 mm de diâmetro. 5) Abertura da parede pulpar até parede gengival deve ser de 1,5mm; 6) Quebra de ponto de contato, se acometer proximal. 7) Acabamento. 6. Como é feito um preparo de um dente anterior? R: Segundo Pegoraro, a técnica de silhueta obedece seis passos sendo estes: 1) Sulco marginal cervical: a) Tem o objetivo de estabelecer o término de preparo em chanfrado e a quantidade de desgaste. b) Material: ponta diamantada esférica. Angulação da ponta de 45º em relação à superfície. Alta rotação. c) Desgaste de 0,7mm. d) Faces vestibulare lingual, e em ausência de dentes vizinhos, deve-se estender até proximais. e) Extensão supragengival é indicada. 2) Sulcos de orientação: vestibular, lingual e incisal. a) Objetivo: controle de desgaste para que haja respeito às propriedades mecânicas necessárias. b) Material: Ponta diamantada com parte ativa ogival (3216). Alta rotação. c) Primeiro faz-se um sulco no meio do dente e outro próximo a proximal. Desgaste de 1,2 mm. Seguindo as inclinações mediocervical e medioincisal. d) Sulcos incisais seguem os sulcos das faces livres. Com angulação de 45º em relação ao longo eixo do dente da ponta diamantada, em direção à lingual. Desgaste de 2mm, equivalente a um Diâmetro e meio da ponta diamantada. e) Desgaste cervical: 0,7 mm. 3) União dos sulcos de orientação e desgaste da concavidade lingual: a) Com a mesma ponta diamantada(3216), faz-se a união dos sulcos, mantendo o paralelismo. b) Desgaste de 1,2 mm até proximais - favorecer estética. c) Concavidade lingual: ponta diamantada em formato de pêra. Seguindo a anatomia. d) Terço cervical da face lingual - desgaste de 0,6mm em chaferete: resistência; e) Dificuldade de realizar sulcos na lingual: usar referências oclusais, metade íntegra do dente. f) Avaliar movimentos de lateralidade, lateroprotrusão e protrusão. g) Usar como referência a metade não desgastada para realizar ajustes, afim de promover princípios mecânicos, biológicos e estéticos. 4) Desgaste na metade íntegra e na face proximal: a) Proteger dente vizinho com banda matriz metálica e cunha; b) Ponta diamantada tronco-cônica: 3203 em alta rotação. c) Remover ponto de contato. d) Término de preparo a nível gengival e paredes proximais paralelas entre si. e) Distância mínima entre dente preparado e vizinho: 1 mm; 5) Preparo subgengival/Término de preparo: a) Nível compatível com a biologia: profundidade até 1 mm; b) Contorno expulsivo; c) Ideal: em chanfrado; d) Ponta 4138; 6) Acabamento: a) Broca multilaminada 283; b) Evitar sobrecontorno; c) Arredondar arestas; d) Retirar esmalte sem suporte; e) Definir término de preparo. f) Cuidado: desgaste excessivo: risco à retenção. 7. Quais os princípios biológicos que foram desrespeitados durante um preparo de um dente para ter sido necessário um tratamento endodôntico? R: Desgaste excessivo, que culminou na exposição dos canalículos dentinários. Calor gerado durante a técnica de preparo, causada pelo uso de pontas diamantadas e brocas velhas, que necessitam do emprego de mais força do operador, para que o corte seja efetivo. E ainda, reação exotérmica de materiais usados sob o preparo. Isso pode ser evitado, se houver o cuidado com os materiais utilizados, devendo sempre estar disponível materiais novos, como turbinas e materiais de corte, e também, sempre promover a refrigeração no momento da técnica. 8. Foi realizada uma restauração direta na unidade 25, porém houve um engano, foi feito o preparo dessa unidade como se tivesse feito o 35, isso pode ser feito? R: Não. Devido as cúspides funcionais, as quais estão dispostas em locais diferentes. No 25, a cúspide de contenção cêntrica é a palatina, e no 35 é a vestibular. Caso isso ocorra, não haverá resistência da restauração, que sofrerá com a má distribuição das forças oclusais,e então, estará sujeita a fratura, por falta de suporte da cúspide de trabalho em relação a cúspide de balanceio. 9. Quais os motivos que levam uma coroa a não ter quase nenhuma cerâmica na oclusal? R: Desgaste inferior ao necessário para acomodar a cerâmica, de +/- 2 mm. Por conta do contato oclusal, o laboratório de confecção da prótese tem de compensar a altura, diminuindo a quantidade de material na região. Em vista da necessidade de rigidez estrutural, que está relacionada com a espessura do material, essa restauração não será satisfatória, pois estará sujeita a fratura, causada pela não resistência às forças mastigatórias. 10. Discorra sobre os princípios biológicos da prótese dentária. R: Para que ocorra sucesso na restauração indireta, é necessário estar atento, também, à conservação da saúde pulpar e periodontal. Deve-se realizar o desgaste com cuidado para que não ocorram excessos, pois quanto mais próximo à polpa, maior o diâmetro e o número de canalículos dentinários, e então maior o risco de injúria pulpar. Os materiais (turbinas, pontas e brocas) a serem usados devem ser novos e com emprego de refrigeração. Quanto à saúde periodontal, deve-se ter atenção ao sobrecontorno (pode causar inflamação, causada pelo acúmulo de alimento e microorganismos), ao subcontorno (pode causar trauma gengival). O término de preparo deve ser, no máximo, de 1 mm de profundidade, por ser melhor biologicamente. Términos supragengivais, podem prejudicar os princípios mecânicos, porém, quando necessário pode-se aplicar meio adicionais de retenção, que possibilita também a resistência da restauração. 11. Quais são as inclinações de preparo ideais para os diferentes grupos de dentes? R: Inclinações ideais: 1ª inclinação - 2º a 5º no terço mediocervical, e, 2ª inclinação - 5º a 10º no terço medioincisal. Coroas curtas: Maior paralelismo + meios adicionais de retenção. Coroas longas: Menor paralelismo, com segunda inclinação maior que 10º. 12. Conceitue Retenção Friccional. R: A retenção friccional é estabelecida pelo contato entre a porção externa do dente preparado e a porção interna da restauração indireta. A partir da sua ação conjunta com agente cimentante é possível manter a prótese em posição, através da interface formada entre dente e prótese. 13. Discorra sequência da técnica de silhueta do dente 13. R: De acordo Luiz Pegoraro, a técnica de silhueta compreende 6 passos: 1) Sulco marginal cervical: nas faces vestibular e lingual, em ausência de dente vizinho, se estende até proximal. Tem objetivo de guiar quantidade de desgaste e estabelecer término de preparo. Broca esférica, desgaste de 1,4 mm. 2) Sulcos de orientação: nas faces vestibular, lingual e incisal. Tem objetivo de limitar desgaste. Inicialmente, é realizado em apenas metade do dente. Faz-se um sulco ao meio e um outro próximo a proximal mesial. em lingual o Desgaste só é realizar até cíngulo. Desgaste de 1,2mm em vestibular e lingual e 2mm em incisal. Desgaste deve seguir inclinações mediocervical e medioincisal em vestibular, e somente a inclinação mediocervical em lingual. Ponta diamantada de ponta ativa ogival. 3) União dos sulcos e desgaste da concavidade palatina/lingual: mesma ponta diamantada da etapa anterior para união dos sulcos, a 3216. Manutenção das inclinações/paralelismo. Ponta diamantada em formato de pêra, para desgaste de concavidade, respeitando a anatomia. 4) Desgaste de proximal e da metade íntegra: proteger dente vizinho com cunha e matriz metálica. Eliminando ponto de contato (convexidade). Usar ponta diamantada 3203 para desgaste proximal. Usar metade preparada como referência para desgaste da metade íntegra. 5) Término de preparo: deve ser compatívelcom a biologia, sendo o supragengival o ideal. Profundidade de no máximo 1mm. Contorno expulsivo. 6) Acabamento: ponta diamantada fina ou multilaminada. Remover sobrecontorno e irregularidades. Arredondar arestas e remover esmalte sem contorno. Deve-se ter cuidado com excesso de desgaste. Não deve-se polir, pois dificulta o imbricamento do agente cimentante com a superfície do dente. 14. Relacione tipo de materiais usados na confecção de próteses e término de preparo. R: A cerâmica pura exige término de preparo em ombro ou degrau arredondado, por ser um material friável, necessita de suporte para que resista às forças mastigatórias. Para coroas totais em metal, usa-se o término em chanferete. E as metalocerâmicas também pedem término em ombro ou degrau arredondado. 15. Discorra sobre os fatores que determinam a resistência do preparo. R: Os fatores determinantes para a resistência são: Altura e largura do dente preparado, magnitude e direção das forças, e integridade do preparo. A altura do preparo deve ser no mínimo igual a largura, para que resista às forças oblíquas sofridas. Quanto maior as forças, maior será o deslocamento. E, ainda, a resistência será menor em dentes parcialmente restaurados ou destruídos. 16. Qual a vantagens e desvantagens de realizar o término de preparo em degrau biselado quando comparado a degrau arredondado? R: O término de preparo em ombro biselado apresenta melhor selamento marginal, melhor escoamento do cimento, maior resistência à estrutura, fornecida pelo colar metálico frente às forças compressivas do processo de queima da cerâmica. Entretanto, apresenta fator não estético, por conta da cinta metálica.
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