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SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO Prof.ª Msc. Vanessa M. Cocco REVISÃO ANATÔMICA • O complexo do ombro é formado: • Articulação glenoumeral • Articulação esternoclavicular • Articulação acromioclavicular • Articulação escapulotorácica • Art. Glenoumeral mais móvel do corpo. Nordin e Frankel (2003); Ciullo (1996) “O Ombro trocou a estabilidade pela mobilidade”. REVISÃO ANATÔMICA A estabilidade é mantida por ligamentos e complexo muscular. Halbach JW, Tank RT, 1993 SÍNDROME DO IMPACTO - DEFINIÇÃO “É a redução do espaço subacromial levando ao impacto dos tendões do manguito rotador contra o arco coracoacromial”. Neer (1972) SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO Compressão das estruturas que se situam no espaço subacromial, durante a elevação do MS. Microtraumas de repetição, entre o tubérculo maior e o arco coracoacromial Inflamação, edema e diminuição do espaço subacromial Whiting; Zernicke, 2001 ESTRUTURAS ENVOLVIDAS a= acrômio b= lig. coracoacromial c= processo coracóide d= tendão do supraespinhal ARCO SUBACROMIAL TIPOS DE IMPACTO 1. Externo/extrínseco • Contato anormal entre o manguito rotador e o ligamento coracoacromial ou acrômio. • Etiologia: espaço subacromial apertado (osteófitos), instabilidade anterior, rigidez capsular posterior. Seitz et al. (2011) TIPOS DE IMPACTO 2. Interno/intrínseco • Espaço subacromial parece normal. • Pacientes jovens que repetem movimentos acima da cabeça. • Etiologia: impacto do manguito rotador contra o lábio glenoidal póstero-superior e cabeça do úmero durante elevação e RI, translação anterior excessiva da cabeça umeral. Seitz et al. (2011) TIPOS DE IMPACTO Dois outros tipos de impacto Relacionados com distúrbios crônicos do manguito rotador 1. Primário 2. Secundário 1. Impacto primário • Processo degenerativo intrínseco das estruturas do espaço subacromial. • Redução do espaço subacromial. • Pacientes com mais de 40 anos. • Abdução horizontal e RI limitadas (<50°). • Quadro clinico geral é de Hipomobilidade. 2. Impacto secundário • Decorre da instabilidade GU e/ou da sobrecarga de tensão no MR controle deficiente da cabeça umeral durante as atividades com mov. acima cabeça. • Ind. Velhos e também mais jovens. • Mais relacionado à instabilidade anterior. • RI limitada, RE excessiva e translação excessiva da cabeça umeral. Síndrome do Impacto do Ombro Fatores Extrínsecos Anatômicos e Biomecânicos Tipo de Acrômio Articulação acrômio- clavicular Cinemática escapular Comprimento do Músculo Peitoral Músculos escapulares Desequilíbrio Postural Cinemática umeral Cápsula articular Manguito rotador Fatores Intrínsecos Características do Tendão Idade Michener et al. (2003); Seitz et al. (2011) FISIOPATOLOGIA 1. FATORES INTRÍNSECOS: • Diminuição da vascularização do tendão do supra-espinhal (“zona crítica” de Coodman). • Idade. 1. FATORES INTRÍNSECOS: Zona crítica Síndrome do Impacto do Ombro Fatores Extrínsecos Anatômicos e Biomecânicos Tipo de Acrômio Articulação acrômio- clavicular Cinemática escapular Comprimento do Músculo Peitoral Músculos escapulares Desequilíbrio Postural Cinemática umeral Cápsula articular Manguito rotador Michener et al. (2003); Seitz et al. (2011) 2. FATORES EXTRÍNSECOS Tipos de acrômio • Classificação de Bigliani Reto Curvo Ganchoso 2. FATORES EXTRÍNSECOS Tipos de acrômio Síndrome do Impacto do Ombro Fatores Extrínsecos Anatômicos e Biomecânicos Tipo de Acrômio Articulação acrômio- clavicular Cinemática escapular Comprimento do Músculo Peitoral Músculos escapulares Desequilíbrio Postural Cinemática umeral Cápsula articular Manguito rotador Michener et al. (2003); Seitz et al. (2011) 2. FATORES EXTRÍNSECOS Articulação acromio-clavicular 2. FATORES EXTRÍNSECOS Articulação acromio-clavicular • Durante a Elevação Ombro Ocorre um deslizamento inferior 2. FATORES EXTRÍNSECOS Articulação acromio-clavicular • Durante a Protrusão Move-se para traz em relação ao esterno 2. FATORES EXTRÍNSECOS Articulação acromio-clavicular • Rotação Anterior e Posterior da Clavícula • FLX – Rotação Posterior • EXT – Rotação Anterior • RI- Rotação Anterior • RE- Rotação Posterior Síndrome do Impacto do Ombro Fatores Extrínsecos Anatômicos e Biomecânicos Tipo de Acrômio Articulação acrômio- clavicular Cinemática escapular Comprimento do Músculo Peitoral Músculos escapulares Desequilíbrio Postural Cinemática umeral Cápsula articular Manguito rotador Michener et al. (2003); Seitz et al. (2011) 2. FATORES EXTRÍNSECOS Cinemática escapular • Movimentos da escápula 2. FATORES EXTRÍNSECOS Cinemática escapular 1. Discinesia escapular 2. FATORES EXTRÍNSECOS Cinemática escapular 1. Discinesia escapular – conceito: • Alterações da posição da escápula em repouso ou durante o movimento. • Usado para descrever a falta de controle do movimento e da posição da escápula em relação ao gradil costal. Kibler et al., 2003 2. FATORES EXTRÍNSECOS Cinemática escapular 1. Discinesia escapular – causas: • Má postura corporal (hipercifose ou hiperlordose cervical) • Lesões nervosas • Disfunções proprioceptivas • Fraturas da clavícula ou lesões acromioclaviculares • Alteração da ativação e coordenação dos músculos estabilizadores da escápula • Falta de flexibilidade, fraqueza ou contratura dos músculos e/ou ligamentos do ombro Burkhart et al., 2003 2. FATORES EXTRÍNSECOS Cinemática escapular • Segundo Kibler et al. (2003) • 68% dos pacientes que apresentam síndrome do impacto • 94% dos que apresentam lesão labral • 100% dos que apresentam instabilidade glenoumeral Possuem Discinesia Escapular! 2. FATORES EXTRÍNSECOS Cinemática escapular 1. Discinesia escapular – classificação: ESCALA DE KIBLER • Avaliação clínica da escápula (posterior do tronco). • Observar a escápula em repouso e durante a ABD do ombro no plano da escápula. • Observar as anormalidades como ROT e ou elevação das escápulas em relação ao gradil costal, assimetrias e ritmo durante o movimento ascendente e descendente do ombro. • Classifica em 3 categorias que correspondem aos 3 planos de movimentos da escápula em relação ao tórax. Kibler et al., 2003 Discinesia escapular ESCALA DE KIBLER Tipo I - é caracterizado pela proeminência do ângulo inferior da borda medial da escápula. • ROT anormal por volta eixo transversal. • Indica fraqueza do Trapézio inferior, latíssimo do dorso e Serrátil anterior. • Aumento da tensão do peitoral maior e\ou menor. Kibler et al., 2003 Discinesia escapular ESCALA DE KIBLER Tipo II - proeminência de toda a borda medial da escápula • ROT anormal por volta eixo axial. • Indica fraqueza do serrátil anterior, romboides e todas as fibras do Trapézio. Kibler et al., 2003 Discinesia escapular ESCALA DE KIBLER Tipo III - translação superior da escápula e proeminência da borda medial superior da escápula. • Indica hiperatividade do elevador da escápula. • Desequilíbrio entre a força couple do trapézio superior e inferior. Kibler et al., 2003 Força couple, o que é? • É definida como duas forças (coplanares) que apresentam a mesma magnitude, linhas de ação paralelo mas o sentido oposto. • Têm puro efeitos de rotação no corpo. Força couple 2. FATORES EXTRÍNSECOS Cinemática escapular 2. Comprimento do Músculo Peitoral Maior e Menor: Posiçãoescapular alterada. 3. Função diminuída dos músculos escapulares: Cinemática alterada. 4. Desequilíbrio postural: Cabeça anteriorizada e hipercifose torácica. Ludwig et al. (2000); Kibler et al. (2008); Kibler e Sciascia (2010) 2. FATORES EXTRÍNSECOS Cinemática escapular • Peitoral Maior • Peitoral Menor • Serrátil Anterior • Grande Dorsal • Elevador da escápula • Trapézio Superior • Trapézio Inferior • Rombóides RESUMO - Avaliar os músculos: Síndrome do Impacto do Ombro Fatores Extrínsecos Anatômicos e Biomecânicos Tipo de Acrômio Articulação acrômio- clavicular Cinemática escapular Comprimento do Músculo Peitoral Músculos escapulares Desequilíbrio Postural Cinemática umeral Cápsula articular Manguito rotador Michener et al. (2003); Seitz et al. (2011) Michener et al. (2003); Seitz et al. (2011) 2. FATORES EXTRÍNSECOS Cinemática umeral 1. Rigidez capsular: • Rigidez da cápsula posterior translação ântero- superior da cabeça umeral durante elevação. 2. FATORES EXTRÍNSECOS Cinemática umeral 2. Função diminuída dos estabilizadores dinâmicos (manguito rotador): • Aumento da translação superior da cabeça umeral. Michener et al. (2003); Seitz et al. (2011) Tração do Deltóide Tração do Supraespinhal Deltóide Infraespinhal Subescapular Redondo Menor 2. FATORES EXTRÍNSECOS Cinemática umeral Resumindo…Ações musculares na elevação do ombro: Deltóide: • distância perpendicular pequena no início • aumenta ao longo da ADM. Supraespinhal: • tem a vantagem mecânica no início da ADM • Com os outros musc. manguito faz compressão articular ao longo do movimento Infraespinhal, redondo menor e subescapular: • estabilizam a cabeça umeral inferiormente. 2. FATORES EXTRÍNSECOS Cinemática umeral Elevação do ombro: deltóide e supraespinhal PROCESSO DE PERPETUAÇÃO DA SÍNDROME Impacto Diminuição do espaço subacromial Rigidez da cápsula posterior Debilidade dos depressores umerais SÍNDROME DO IMPACTO Evolução possível Irritação do supraespinhal aumento da bolsa subacromial (bursite) microlesões e rupturas parciais do manguito osteófitos sob o arco acromial ruptura completa do manguito Fatores necessários para minimizar a compressão do espaço subacromial 1. Formato do arco coracoacromial que permite liberdade ao mecanismo do manguito rotador. 2. Face profunda da articulação acromioclavicular normal. 3. Bolsa subacromial normal. 4. Função normal dos estabilizadores da cabeça do úmero e da escápula. 5. Frouxidão capsular normal. 6. Face superior lisa do mecanismo do manguito rotador. SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO • Diagnóstico Clínico (Anamnese e testes específicos) • Apley • Neer • Patte • Jobe (Lata Vazia) • Gerber • Howkins • Yegarson SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO Principais achados na avaliação • Teste de Hawkins anormal. • Teste de Neer muitas vezes positivo. • Teste irritativo do supraespinhal positivo. • Arco doloroso durante a abdução presente. SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO Avaliação TESTE DE NEER • Elevação de forma passiva com RI SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO Avaliação TESTE DE HAWKINS • FLEX de 90° com RI SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO Avaliação TESTE DA “LATA VAZIA” (JOBE) • Supraespinhal • ABD de 90° e RI • Examinador aplica resistência contra o movimento ativo do paciente para elevar os ombros. SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO Avaliação Arco doloroso SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO • Diagnóstico • Exames Complementares • US • Rx • RNM SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO Esclerose da tuberosidade maior do úmero SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO Quadro Clínico • DOR (depende do grau inflamatório; piora a noite; espontâneo ou aumenta aos movimentos; pode irradiar região escapular ou cotovelo). • CREPITAÇÃO. • DIMINUIÇÃO ADM. • PERDA FORÇA MUSCULAR (ABD e RE). • CONTRATURA (pode levar capsulite adesiva devido inflamação e restrição mobilidade). ESTÁGIOS DA SÍNDROME DO IMPACTO (NEER) • Estágio I: • Condição reversível. • Inflamação localizada, sangramento leve e edema do MR • Pacientes < 25 anos. • Desconforto na inserção do supraespinhal e acrômio anterior. • Testes de Neer e Hawkings positivos. • Arco doloroso entre 60° e 120°. • Tratamento conservador. ESTÁGIOS DA SÍNDROME DO IMPACTO (NEER) • Estágio II: • Indivíduos 24-40 anos. • Alterações fibróticas do tendão do supraespinhal (tendinite) e da bolsa subacromial (restrição de ADM passiva). • Alterações degenerativas e osteófitos no acrômio. • Dor para elevação do ombro, localizada na região superior, irradiando para inserção do deltóide. • Tratamento conservador ou cirúrgico. ESTÁGIOS DA SÍNDROME DO IMPACTO • Estágio III: • Raramente ocorre em indivíduos com menos de 40 anos. • Longa história de dor. • Formação de osteófitos na articulação acrômioclavicular e ruptura parcial/total do manguito rotador. • Atrofia muscular. • Limitação de ADM ativa e passiva. • Tratamento conservador ou cirúrgico. SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO TRATAMENTO •Cirúrgico: • Descompressão acromial (acromioplastia). • Ressecção da parte interna da região acromial. • Ressecção parcial do ligamento coracoacromial. • Reparo do manguito rotador (dependendo do caso). SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO TRATAMENTO •Conservador: • Afastamento dos estímulos nocivos. • AINEs. • Injeções de esteróides (lidocaína) * • Fisioterapia TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO •Objetivos • Diminuição do quadro álgico e inflamatório • Aumento da mobilidade articular • Aumento da flexibilidade • Aumento da força muscular • Estabilidade articular • Correção postural TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 1. Diminuição do quadro álgico e inflamatório Termo, eletro e fototerapia TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 2. Aumento de mobilidade articular - Artic. Escapulotorácica TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 2. Aumento de mobilidade articular – Articulação Glenoumeral TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 2. Aumento de mobilidade articular – Articulação Glenoumeral Exercício Pendular TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 2. Aumento de mobilidade articular – Articulação acromioclavicular TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 2. Aumento de mobilidade articular – Rotação Clavicular TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 2. Aumento de mobilidade articular – Articulação Esternoclavicular TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 2. Aumento de mobilidade articular – • Liberação Cápsula Posterior TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 3. Aumento Flexibilidade – Liberação Muscular TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 4. Aumento força muscular • Manguito Rotador • Bíceps • Rombóides • Trapézio médio e inf. • Serrátil Anterior • Deltóide TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 4. Aumento força muscular • Manguito Rotador • Bíceps • Rombóides • Trapézio médio e inf. • Serrátil Anterior • Deltóide TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 4. Aumento força muscular TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 4. Aumento força muscular • Manguito Rotador • Bíceps • Rombóides • Trapézio médio e inferior • Serrátil Anterior • Deltóide TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 5. Estabilização articular TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 6. Correção postural SÍNDROME DO IMPACTO - TRATAMENTO “Specific Guidelines” 1. Evitar atividades irritativas por uma semana a 10 dias. • Diminuição do processo inflamatório. 2. Normalizar cinemática glenoumeral e a mobilidade capsular. • Rigidez escapular posterior = deslizamentoântero- superior anormal da cabeça umeral = impacto. SÍNDROME DO IMPACTO - TRATAMENTO “Specific Guidelines” 3. Melhorar a estabilidade dinâmica das articulações glenoumeral e escápulo-torácica. • Alongar peitoral menor. • Reforçar manguito (estabilização) e trapézio inferior (+ tilt escapular posterior). SÍNDROME DO IMPACTO - TRATAMENTO “Specific Guidelines” 4. Melhorar a postura corporal (cervical, torácica e escapular) • Protração escapular = diminuição espaço subacromial • Reforço dos músculos que fazem a retração escapular 5. Retorno gradual às atividades laborais e/ou atléticas
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