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19/08/2018 1 LESÃO DO MANGUITO ROTADOR - SÍNDROME DO IMPACTO SUBACROMIAL Prof.ª Ludmilla Brandão É o conceito que descreve o movimento de relacionamento entre a cintura escapular e a articulação do ombro. Zero – 30° de abdução ombro > 30° de abdução ombro + cintura escapular PROPORÇÃO 2:1 Para cada 3° abdução do ombro 2° de abdução da glenoumeral e 1° rotação superior da escápula – até 90° Depois de 90° ocorre 1° de movimento glenoumeral e 1° de movimento escapulotorácico Ritmo escapulo-umeral Baseando-se em um ritmo escapuloumeral geral de 2:1, a abdução ativa do ombro de 180° ocorre como resultado de 120° de abdução da GU e 60° de rotação escapulotorácica para cima. Ritmo escapulo-umeral Arco coracoacromial (teto funcional– espaço subacromial) • Formado pela: superfície ântero-inferior do acrômio, ligamento coracoacromial e articulação acrômioclavicular. • Aproximadamente 1cm de altura • Contém: Tendão e Músculo supraespinhoso Bursa subacromial (acima do supraespinhoso) Cabeça longa do bíceps Parte da cápsula superior 19/08/2018 2 O MANGUITO ROTADOR Os tendões de 4 músculos: • Supraespinhoso; • Infraespinhoso; • Redondo menor; • Subescapular; • Deve apresentar boa capacidade de geração de torque para manter estabilidade e garantir a centralização da cabeça do úmero na cavidade glenoide. • Os atletas que executam movimentos repetitivos com os membros superiores em elevação têm alta demanda do manguito rotador. O MANGUITO ROTADOR • Todos eles se originam na escápula e se inserem nas tuberosidades da cabeça do úmero. • O manguito rotador possui três funções essenciais: estabilidade, mobilidade e nutrição da articulação glenoumeral (proporciona um espaço para conter o líquido sinovial). • A maioria dos pacientes com ruptura completa do manguito, não lembram de qualquer trauma direto, ou seja, o M.R envelhece biologicamente e a maioria das lesões ocorre após os 40 anos de idade. O MANGUITO ROTADOR • Com o manguito rotador normal + pivôs escapulares normais + sem contraturas capsulares – translação superior da cabeça do úmero menor do que 3mm • Aumento da translação superior com elevação ativa pode resultar em aprisionamento do arco coracoacromial – produz compressão de estruturas supraumerais contra a região ântero-inferior do acrômio e do ligamento coracoacromial O MANGUITO ROTADOR O manguito rotador apresenta uma variedade de lesões: • Estiramento ou esforço repetitivos que causam lesão aguda; • Lesão crônica, que causa fibrose no manguito ainda intacto; • Lesão incompleta; • Lesão completa; • Associação de lesão completa com degeneração cartilaginosa da articulação glenoumeral. O MANGUITO ROTADOR PATOMECÂNICA: A Síndrome do Impacto foi primeiramente identificada pelo Doutor Charles Neer, que observou o impacto envolvendo a compressão mecânica do tendão supra-espinhoso, da bursa subacromial e tendão da cabeça longa do bíceps sob o arco coracoacromial, formado pela porção ântero-inferior do acrômio, ligamento coracoacromial e articulação acromioclavicular. Esta síndrome é descrita como uma condição, na qual a compressão repetitiva acaba por provocar irritação e inflamação, que progridem para fibrose e, eventualmente, para ruptura do manguito rotador. Síndrome do Impacto Subacromial http://dicas.mytraining.pro/category/sou-esportista/natacao/ 19/08/2018 3 A Síndrome do Impacto caracteriza-se por um processo degenerativo e inflamatório das estruturas que fazem parte do arco coracoacromial. Síndrome do Impacto Subacromial A área do impacto está centrada na “área crítica” do supra-espinhal e na cabeça longa do bíceps, além da bursa subacromial. Conjunto de alterações biomecânicas – excesso de movimentação acima da cabeça + pinçamento de estruturas Achado importante: Dor na elevação do braço – arco doloroso – potencializado pela rotação interna da glenoumeral. Síndrome do Impacto Subacromial Impacto primário – processo degenerativo das estruturas que ocupam o espaço subacromial, ocorre quando a região superior do manguito é comprimida e danificada pelos tecidos ósseos e moles circundantes. Tipicamente ocorre em pacientes com mais de 40 anos. Síndrome do Impacto Subacromial Impacto secundário – decorre da instabilidade glenoumeral e/ou sobrecarga de tensão do manguito rotador, resultante em controle deficiente da cabeça do úmero durante as atividades de com movimentos acima da cabeça. Encontrado em indivíduos mais e jovens, mais comum em pessoas com menos de 35 anos. A etiologia da lesão do manguito rotador é ainda discutida. Associa-se a causam da lesão inflamatória à envelhecimento, sobre-uso ou lesão traumática. Há discordância quanto aos mecanismos específicos que causam a Síndrome do Impacto do ombro. Tem sido proposto que o impacto mecânico pode ser resultante: • De Causas Estruturais • De Causas Funcionais Síndrome do Impacto Subacromial Fisiopatologia da SIS e das disfunções do manguito rotador pode envolver: 1. Formato do acrômio – Tipo I (RETO); Tipo II ( CURVO); Tipo III (GANCHOSO); O acrômio ganchoso aumenta a possibilidade de impacto e de ocorrer lesão no manguito rotador. Síndrome do Impacto Subacromial Procedimento cirúrgico - Acromioplastia CAUSA ESTRUTURAL 2. A quantidade de vascularização do manguito – a elevação do braço acima de 30°, aumentam a pressão intramuscular no supraespinhal de modo que pode impedir a perfusão sanguínea normal. Aumentos da pressão subacromial podem reduzir a microcirculação. A “área crítica de Codman”, localizada ligeiramente próxima à inserção do músculo supra-espinhal, é o local onde a patologia degenerativa do manguito se inicia. É uma área hipovascularizada, pois se encontra continuamente comprimida entre o acrômio e a grande tuberosidade. Zona crítica de insuficiência vascular no tendão do supra espinhoso, que está localizada 1 cm próximo a sua inserção distal do úmero. Síndrome do Impacto Subacromial http://www.medicinageriatrica.com.br/2007/09/03/lesoes-do-manguito-rotador-tendinite-e-ruptura/ http://www.artroscopiadeombro.com.br/sindrome_do_impacto.php 19/08/2018 4 3. O funcionamento correto dos estabilizadores dinâmicos – se estão fracos ou lesionados, ocorre aumento da translação da cabeça do úmero. Pode resultar em instabilidade e/ou impacto; 4. Condição da articulação AC – mudanças degenerativas, como formação de osteófitos, podem acompanhar a síndrome do impacto; 5. Idade – importante fator etiológico no desenvolvimento do impacto subacromial associado com o movimento repetitivo; Síndrome do Impacto Subacromial DISCINESE ESCAPULAR Realiza os movimento, mas com um mau posicionamento da escápula, levando a padrões de movimentos anormais É um termo mais correto quando se fala em alterações do Ritmo escapulo-umeral Tem relação com a Síndrome do Impacto DISCINESE ESCAPULAR Classificação de Kibler – Tipos I, II,III Avaliar Flexibilidade de músculos escapulares e estruturas glenoumerais Avaliar déficit no Desempenho muscular (controle motor e força) DISCINESE ESCAPULAR Tipo I: Ângulo Inferior Proeminente (Déficit de flexibilidade de Peitoral Menor e Déficit de desempenho de SA e TI) Tipo II: Borda Medial (Postura Cifótica e Déficit de desempenho de SA e Trapézio) Tipo III: Excessiva Elevação (Déficit de flexibilidade do Elevador da Escápula) DISCINESE ESCAPULAR Avaliação: Teste da retração escapular – o examinador estabiliza a escápula retraída (em rotação externa na acromioclavicular e escápulotorácica) contra o tórax. Teste de assistência escapular – o examinador estabiliza a borda superior da escápula e auxiliar a rotação superior da escápula. Teste para avaliar a capacidade do Serrátil Anterior de realizar a rotação externa da escapulotorácica 19/08/2018 5 6. Posição do braço durante as atividades – por causa do vetor da contração do deltoide, a tendência para translação superior da cabeça do úmero é maior entre 60° e 90° de elevação. Assim atividades repetitivas nesse alcance colocam alta demanda sobre o manguito rotador. Além disso,a posição traz o tubérculo maior, inserção do supraespinhal, mais próximo do arco coracoacromial; 7. Atividades repetitivas – atividades que envolvem as elevações repetitivas do úmero além de 90° têm o potencial de provocar distúrbios do manguito rotador; indivíduos envolvidos em atividades de elevação repetitiva costumam exibir hipermobilidade e significativa lassidão capsular (relacionadas à instabilidade quando os músculos do manguito não conseguem manter a posição da cabeça do úmero em relação à glenoide – translação excessiva) Nos atletas, o impacto ocorre mais freqüentemente, nas atividades repetitivas acima da cabeça como no arremesso, na natação, no tênis, no vôlei e nas paradas de mão na ginástica. Quando o úmero é abduzido e rodado internamente, ocorre uma diminuição do suprimento sanguíneo deste tendão. Caso isso ocorra repetidamente, como o saque no vôlei ou na braçada da natação, a irritação e a inflamação podem acabar provocando a ruptura parcial ou total deste tendão. Síndrome do Impacto Subacromial CAUSAS FUNCIONAIS Atividades esportivas relacionadas Manguito rotador pode colidir no lábio glenoidal póstero- superiormente e na cabeça do úmero – Inflamação na superfície do tendão do manguito Rupturas póstero- superiores no lábio glenoidal Lesões na região posterior da cabeça do úmero posterior Análise biomecânica com a elevação e rotação interna do membro superior 8. Resistência insuficiente dos pivôs escapulares – os pivôs escapulares precisam manter a rotação superior apropriada durante os movimentos de elevação acima da cabeça, a sua fraqueza (serrátil anterior) pode resultar ou contribuir para o impacto devido a rotação assimétrica fraca. O atraso escapular não deixa o acrômio rodar o suficiente com o úmero, promovendo uma redução do espaço acromioumeral; Síndrome do Impacto Subacromial 9. Assimetria estrutural – estudo de Waner e colaboradores observou que a assimetria escapular postural estática estava presente em 57% de seus paciente com síndrome do impacto e todos apresentaram fraqueza dos rotadores escapulares (romboides, trapézio inferior, serrátil anterior; além do manguito rotador) Síndrome do Impacto Subacromial http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23518 http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23518 19/08/2018 6 10. Rigidez capsular – os indivíduos evitam atividade dolorosa acima da cabeça, o que pode levar a rigidez capsular, o que pode levar ao início ou maior grau de compressão subacromial, principalmente em planos elevados de movimento. Uma contratura capsular posterior pode levar a um aumento da translação antero-superior durante a elevação ativa e a rigidez capsular antero- inferior impedindo o tubérculo maior de se movimentar na rotação externa suficiente para “limpar” o arco coracoacromial; Síndrome do Impacto Subacromial 11. Desequilíbrio Postural – a postura da cabeça anteriorizada pode causar mudanças nos padrões de ativação comprimento-dependente das forças acopladas; um ombro protruso também contribui para o posicionamento da escápula que leva a uma diminuição do espaço subacromial durante os movimentos de elevação do braço; Síndrome do Impacto Subacromial CAUSAS ESTRUTURAIS Protrusão da cabeça Ombros rodados internamente Aumento da curva cifótica Sujeitos que realizaram a elevação do membro superior na postura desleixada apresentaram menor rotação superior e maior inclinação anterior da escápula Uma outra possibilidade de causa de Lesão do Manguito Rotador seria as lesões traumáticas, o paciente refere que: • caiu sobre o membro afetado • uma luxação traumática ocorreu no passado • um estiramento abrupto tenha ocorrido enquanto realizava alguma atividade com os membros elevados • etc Síndrome do Impacto Subacromial Neer, identificou três estágios da Síndrome do Impacto: ESTAGIO OU FASE I EDEMA E HEMORRAGIA REVERSÍVEIS Idade típica: < 25 anos – paciente preferencialmente jovem Arco doloroso: entre 60° e 120°, aumento com resistência em 90º Testes musculares: enfraquecimento por causa da dor Teste de Neer positivo Diagnóstico diferencial: subluxação, artrite acromioclavicular Evolução clínica: reversível Radiografia: tipicamente normal Tratamento: Conservador( Medicamentoso + Fisioterapia + Acupuntura ) Síndrome do Impacto Subacromial ESTAGIO OU FASE II FIBROSE E TENDINITE Idade Típica: 25-40 anos Crônica e intermitente Diagnóstico diferencial: ombro congelado Evolução clínica: recidiva da dor com a atividade e dor noturna Radiografia: possíveis osteófitos sob o acrômio e alterações degenerativas da articulação acromioclavicular. Tratamento: Conservador( Medicamentoso + Fisioterapia + Acupuntura ) Cirúrgico (Acromioplastia – aliviar sintomas dolorosos e prevenir ruptura do manguito) ESTAGIO III ESPORÕES ÓSSEOS E RUPTURA TENDINOSA Idade típica: > 40 anos Diagnóstico diferencial: radiculite cervical, neoplasia Evolução clínica: incapacidade progressiva Tratamento: Cirúrgico ( Acromioplastia e Reparo do manguito rotador) Obs: Se a ruptura for parcial, ainda tenta-se o tratamento conservador Síndrome do Impacto Subacromial 19/08/2018 7 Síndrome do Impacto Subacromial Quadro Clínico 1. Dor: • Proporcional ao grau de inflamação • Piora à noite pelo estiramento das estruturas com o braço estendido ao longo do corpo • Espontânia e pode aumentar com os movimentos • Presente em todas as fases da lesão – mais intensa enquanto o músculo está íntegro ou com ruptura parcial • Localizada ou irradiada até a escápula e cotovelo Síndrome do Impacto Subacromial Quadro Clínico 2. Crepitação • Ruptura da Bursa subacromial acompanhada ou não da ruptura parcial do supra-espinhal • Pode estar presente nas Fases II ou III de Neer 3. Força Muscular • Diminuição da força de abdução e rotação externa significativas – atrofia de supra-espinhoso e infra-espinhoso Síndrome do Impacto Subacromial Quadro Clínico 4. Sinal do “braço caído” • Ocorre quando o membro superior é elevado passivamente até 120° a 150° e o paciente não consegue mantê-lo. Haverá queda pela força da gravidade. É uma característica das lesões maciças. 5. Contratura (capsulite adesiva) • Devido a imobilidade do membro causada pela dor 6. Tendinite ou ruptura da cabeça longa do bíceps • Na presença de tendinite ou ruptura do bíceps pode haver processo de impacto O exame físico é essencial para a identificação dos principais fatores relacionados ao impacto subacromial. Na avaliação serão realizadas todas as etapas buscando pistas que levam às possíveis causas do quadro clínico. ETAPAS DA AVALIAÇÃO: Anamnese Inspeção (estática) Testes funcionais: movimento ativo livre (inspeção dinâmica), movimento passivo (osteocinemática, artrocinemática, sensação final de movimento), teste resistido (isométrico e/ou dinâmico) Provas Funcionais Goniometria Perimetria Síndrome do Impacto Subacromial - Diagnóstico ETAPAS DA AVALIAÇÃO: Palpação : do relevo osteoarticular, dos ventres musculares e dos tendões e suas inserções. - Articulação EC verificar se tem dor, edema e crepitação, sinais de traumatismo recente. - Articulação AC verificar se há dor, edema, crepitação e mobilidade anormal (em casos de luxação – Sinal da Tecla) - Região muscular – verificar consistência elástica do tecido muscular - Bursa, tubérculo maior e menor Crepitação – palpação associada ao movimento passivo ou ativo – indicativo de processo crônico na Bursa e/ ou tendões. E no caso da escápula – indicativo de processos patológicos musculares, brusais, fasciais e ósseos, escapulares ou costais. ETAPAS DA AVALIAÇÃO: Testes específicos: que simularão o impacto e testarão a integridade do manguito rotador e demais estruturas. 1. Teste do Arco Doloroso 2. Teste de Jobe 3. Teste de impacto de Neer 4. Teste de impacto de Hawkins-Kennedy 5. Teste de impacto de Yokum 6. Teste de Gerber 7. Teste de Speed ou palm up test 8. Teste do infra-espinhal Síndrome do Impacto Subacromial - Diagnóstico19/08/2018 8 Exames de Imagem Os exame de imagem são realizados para complementar o diagnóstico médico. A radiografia de ombro é o primeiro exame. Em casos crônicos e quando há suspeita de ruptura do manguito rotador a ressonância magnética é o exame mais indicado. Pode ser indicada também a ultrassonografia (ecografia). Síndrome do Impacto Subacromial - Diagnóstico Exame radiológico Referências Dutton, M. Fisioterapia Ortopédica: Exame, avaliação e intervenção. 2ª ed. São Paulo, Editora Artmed, 2010. Hebert, S; Barros Filho, T.E.P; Xavier, R; Pardini JR, A.G e cols. Ortopedia e Traumatologia: princípios e práticas. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. PRENTICE, W. E. Fisioterapia na prática esportiva: uma abordagem baseada em competências. 14 ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. SOUZA, M. Z. Reabilitação do Complexo do Ombro. São Paulo: Manole, 2001. Obrigada!
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