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Direito Previdenciário apostila

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROTEÇÃO SOCIAL
1. Introdução:
O estudo de qualquer ramo do direito ou instituto jurídico exige a compreensão do contexto histórico. Isso porque o fenômeno jurídico não é um fato isolado, mas ao contrário, é resultado da injunção de fatores históricos, culturais, políticos e sociais.
Por isso, faz-se necessário o estudo da evolução da proteção social não só no Brasil, mas também em outros países.
2. O desenvolvimento da proteção social nos países do mundo ocidental:
Já na família romana, por meio do pater famílias, havia a obrigação de prestar assistência aos servos e clientes, em uma forma de associação, mediante contribuição de seus membros, de modo a ajudar os mais necessitados.
Em 1344 houve a celebração do primeiro contrato de seguro marítimo, posteriormente surgindo a cobertura de riscos contra incêndios.
As confrarias eram as associações com fins religiosos, que envolviam sociedade de pessoas da mesma categoria ou profissão, tendo por finalidade objetivos comuns. Quando tinham características religiosas, também eram chamadas de guildas. Seus associados pagavam taxas anuais, visando ser utilizadas em caso de velhice, doença, pobreza.
Na Inglaterra foi editada a Poor Relief Act (lei de amparo aos pobres) em 1601, que instituía a contribuição obrigatória para fins sociais, reunindo outras leis sobre assistência social.
Com essa lei o indigente tinha direito de ser amparado pela paróquia e os juízes da comarca tinham o poder de lançar um imposto de caridade a ser pago por todos os ocupantes e usuários de terras.
Otto von Bismarck introduziu vários seguros sociais. Em 1883 criou o seguro-doença, o qual era custeado por contribuições dos empregados, empregadores e do Estado. Em 1884 criou o seguro contra acidentes do trabalho custeado pelos empresários. Em 1889 criou o seguro de invalidez e velhice custeado pelos trabalhadores, empregadores e pelo Estado. O objetivo de Bismarck era impedir movimentos socialistas que ganhavam força com a tensão social que se instalava na sociedade capitalista.
A Igreja Católica sempre externou a sua preocupação com os infortúnios que atingiam a classe trabalhadora. Essa preocupação ficou evidente com a Encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII, de 1891 e com a Quadragésimo Ano, de Pio XI, que traziam a idéia do solidarismo.
Na França foi promulgada uma lei em 1898 que criava a assistência à velhice e aos acidentados do trabalho.
Em 1897 foi instituído na Inglaterra o Workmen’s Compensation Act que criou o seguro obrigatório contra acidentes do trabalho. Essa lei trouxe o princípio da responsabilidade objetiva, segundo o qual o empregador era responsável pelo infortúnio, mesmo sem ter concorrido com culpa para o acidente, sendo responsável pela indenização.
Em 1907 foi instituído o sistema de assistência à velhice e acidentes do trabalho.
Em 1908 foi criado o Old Age Pensions Act que concedeu pensões aos maiores de 70 anos independentemente de contribuições.
Em 1911 foi criado o National Insurance Act, instituindo um sistema compulsório de contribuições sociais a cargo do empregador, do empregado e do Estado.
Com a Constituição de 1917 do México é inaugurada a fase do constitucionalismo social, na qual os países passaram a introduzir no texto de suas respectivas constituições os direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. A Constituição Mexicana foi a primeira a incluir no seu texto o seguro social.
A Constituição de Weimar de 1919 atribuía ao Estado o dever de prover a subsistência do cidadão alemão caso este não pudesse ganhar a vida com um trabalho produtivo.
A OIT criada em 1919 manifestava a necessidade de um programa sobre previdência social, o qual foi criado em 1921.
A Convenção n° 12 discorria sobre acidentes do trabalho na agricultura e a de n° 17 tratava sobre a indenização por acidente do trabalho.
Em 1929 foi instituído o New Deal nos Estados Unidos que contemplou a doutrina do Welfare State (Estado do bem-estar social).
Em 1935 foi criado o Social Security Act para ajudar os idosos e estimular o consumo, instituindo também o auxílio-desemprego.
Na Nova Zelândia foi instituída a lei sobre proteção a toda a população, implantando o seguro social, deixando de existir o seguro privado.
Em 1941 foi criado o Plano Beveridge na Inglaterra com os seguintes objetivos:
unificar os seguros sociais existentes
estabelecer o princípio da universalidade, para que a proteção se estendesse a todos os cidadãos e não apenas aos trabalhadores;
igualdade de proteção;
tríplice forma de custeio, mas compredominância do custeio estatal.
Em 1946 foi implantado definitivamente o sistema de previdência social inglês com base no Plano Beveridge.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 no seu art. 85 estabelece que: “todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, o direito à seguridade no caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice, ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle”.
A Comunidade Econômica Européia do Carvão e do Aço unificou o tratamento previdenciário para os países que a compõem.
3. O desenvolvimento da proteção social no Brasil:
a) Constituição de 1824:
O art. 179 da Constituição de 1824 previa os socorros públicos.
O Montepio Geral dos Servidores do Estado surgiu em 22 de junho de 1835, sendo a primeira entidade privada a funcionar no país. Previa um sistema típico do mutualismo (sistema por meio do qual várias pessoas se associam e vão se cotizando para a cobertura de certos riscos, mediante a repartição dos encargos com todo o grupo).
O Código Comercial de 1850 já no seu art. 79 assegurava que “os acidentes imprevistos e inculpados que impedirem aos prepostos o exercício de suas funções não interromperão o vencimento de seu salário, contanto que a inabilitação não exceda três meses contínuos”.
O Regulamento n° 737 de 1850 assegurava aos empregados acidentados no trabalho os salários por no máximo 3 meses.
O Decreto n° 2711 de 1860 regulamentou o financiamento de montepios e sociedades de socorros mútuos.
O Decreto n° 3397 de 1888 criou a Caixa de Socorro para o pessoal das estradas de ferro do Estado.
O Decreto n° 9212 de 1889 estatuiu o montepio obrigatório para os empregados dos Correios.
O Decreto n° 10.269 de 1889 estabeleceu um fundo especial de pensões para os trabalhadores das Oficinas de Imprensa Régia.
b) Constituição de 1891:
O art. 75 da Constituição de 1891 instituiu a aposentadoria aos funcionários públicos em caso de invalidez no serviço da Nação.
O Decreto Legislativo n° 3724 de 1919 estabelecia detalhes sobre acidentes do trabalho.
A Lei Eloy Chaves (Decreto n° 4682 de 1923) foi a primeira norma a instituir no Brasil a previdência social, com a criação de Caixas de Aposentadorias e Pensões para os ferroviários.
A Emenda Constitucional de 1926 estabeleceu por meio do § 29 do art. 54 que o Congresso Nacional estava autorizado a “legislar sobre licença, aposentadoria e reformas, não se podendo conceder, nem alterar, por leis especiais”.
As pessoas passaram a se reunir em um mesmo grupo profissional, mediante cotização, para assegurar entre si determinados benefícios, esboçando a idéia do mutualismo.
Assim, surgiram leis e decretos que estendendo o regime da Lei Eloy Chaves a outras categorias de trabalhadores.
As Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) eram organizações de seguro social estruturadas por empresa. Mais tarde foram fusionadas na Caixa Geral e no Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos.
A partir de 1930 o sistema previdenciário deixou de ser estruturado por empresa, passando a abranger categorias profissionais. Cada categoria profissional passavaa ter um fundo próprio com tríplice contribuição: do empregado, do empregador e do governo. A contribuição dos empregadores incidia sobre a folha de pagamentos. O Estado financiava o sistema por meio de uma taxa cobrada dos artigos importados. Além das aposentadorias e pensões, o instituto prestava serviços de saúde, internação hospitalar e atendimento ambulatorial.
O Decreto n° 22872 de 1933 criou o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos que foi seguido por outros.
c) Constituição de 1934:
A alínea “c” do inciso XIX do art. 5° da Constituição de 1934 estabelecia a competência para a União fixar regras de assistência social, enquanto que o art. 10 dava também aos Estados-membros a responsabilidade para cuidar da saúde e da assistência pública.
Esta Constituição já estabelecia a forma tríplice de custeio.
Havia a aposentadoria compulsória para os funcionários públicos que atingissem 68 anos de idade. Assegurava-se aposentadoria por invalidez, com salário integral, ao funcionário público que tivesse no mínimo 30 anos de trabalho. O funcionário público acidentado tinha direito a benefícios integrais. O § 7° do art. 170 já apontava o princípio de que “os proventos da aposentadoria ou jubilação não poderão exceder os vencimentos da atividade.”
Essa Constituição foi a primeira a fazer referência à expressão “previdência”.
d) Constituição de 1937:
A Constituição de 1937 não evoluiu em relação à Previdência Social.
O Decreto n° 7526 de 1945 determinou a criação de um só tipo de instituição de previdência social, o Instituto de Serviços Sociais do Brasil (ISSB). O sistema cobriria todos os empregados ativos a partir de 14 anos, tendo um único plano de contribuições e benefícios. Houve a consolidação de todos os recursos existentes em um único fundo. O ISSB na prática não foi implementado.
e) Constituição de 1946:
Com a Constituição de 1946 iniciou-se uma sistematização constitucional da matéria previdenciária que foi incluída no mesmo artigo que versava sobre Direito do Trabalho (art. 157).
Nessa constituição surge pela primeira vez a expressão “previdência social”.
No inciso XVI do art. 157 constava “previdência, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado, em favor da maternidade e contra as conseqüências da doença, da velhice, da invalidez e da morte”. No inciso XVII do art. 157 constava sobre a “obrigatoriedade da instituição do seguro pelo empregador contra os acidentes do trabalho”.
Através do Decreto nº 35448 de 1954 foi criado o Regulamento Geral dos Institutos de Aposentadorias e Pensões, uniformizando os princípios gerais aplicáveis a todos os institutos de aposentadorias e pensões.
A Lei nº 38078 de 1960, Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), padronizou o sistema social, criando vários auxílios, tais como: auxílio-natalidade, auxílio-funeral e auxílio-reclusão, e ainda estendeu a área de assistência social a outras categorias profissionais.
A Lei nº 4214 de 1963 criou o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL), no âmbito do Estatuto do Trabalhador Rural.
O salário-família foi criado pela Lei nº 4266 de 1963.
A emenda Constitucional nº 11 de 1965 trouxe o princípio da precedência da fonte de custeio, segundo ao qual nenhum benefício poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
O Decreto-lei nº 72 de 1966 unificou os institutos de aposentadorias e pensões, centralizando a organização previdenciária no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que foi realmente implantado em 21/01/1967.
f) Constituição de 1967:
A Constituição de 1967 não inovou em matéria previdenciária em relação à Constituição de 1946.
Com a Lei nº 5316 de 1967 o sistema de seguro de acidente do trabalho é integrado no sistema previdenciário.
A partir do advento do Decreto-lei nº 959 de 1969 as empresas passaram a recolher a contribuição previdenciária sobre o trabalho do autônomo.
g) Emenda Constitucional nº 1 de 1969:
Esta emenda Constitucional também não inovou na matéria previdenciária em relação às Constituições de 1946 e à de 1967.
A Emenda Constitucional nº 18 de 1981 previu a aposentadoria para o professor após 30 anos e, para a professora, após 25 anos de efetivo exercício em funções de magistério, com salário integral.
A Lei Complementar nº 11 de 1971 instituiu o Programa de Assistência ao Trabalhador rural (Pro-Rural). Não havia contribuição por parte do trabalhador, que tinha direito à aposentadoria por velhice, invalidez, pensão e auxílio-funeral, todas no valor de meio salário mínimo.
A Lei nº 5859 de 1972 incluiu s empregados domésticos como segurados obrigatórios da Previdência Social.
O Decreto nº 77077 de 1976 criou a Consolidação das Leis da Previdência Social.
A Lei nº 6439 de 1977 instituiu o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS) com o objetivo de reorganizar a Previdência Social. Tinha a seguinte divisão:
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) que concedia e mantinha os benefícios e demais prestações previdenciárias;
Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), que prestava assistência médica;
Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA) que tinha a incumbência de prestar assistência social à população carente;
Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM), que promovia a execução da política do bem-estar do menor;
Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (DATA-PREV), que cuidava do processamento de dados da Previdência Social;
Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (IAPAS), que tinha competência para promover a arrecadação, a fiscalização e a cobrança das contribuições e de outros recursos pwertinentes à previdência e assistência social;
Central de Medicamentos (CEME), distribuidora de medicamentos, gratuitamente ou a baixo custo.
O Decreto-lei nº 2283 de 1986 instituiu o seguro-desemprego.
h) Constituição de 1988:
A Constituição de 1988 trata da Seguridade Social num capítulo (arts. 194 a 204). A Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde passaram a fazer parte do gênero Seguridade Social.
Com o advento da Lei nº 8029/1990 e do decreto nº 99350/1990 foi criado o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), autarquia federal vinculada ao então Ministério do Trabalho e Previdência Social, mediante a fusão do IAPAS com o INPS.
O Decreto nº 99060/1990 vinculou o INAMPS ao Ministério da Saúde.
Em 24/07/1991 entraram em vigor a Lei nº 8212, que trata de custeio do sistema da seguridade social, e a Lei nº 8213, que versa sobre os benefícios previdenciários, visando atender o art. 59 do ADCT.
A Lei nº 8689/1993 extinguiu o INAMPS.
A LBA foi extinta.
A Medida Provisória nº 1576 e o Decreto nº 2283/1997 desativaram a Central de Medicamentos (CEME).
A Lei nº 9548/1997 modificou as Leis 8212 e 8213, alterando contribuições e extinguindo as aposentadorias especiais de aeronauta, telefonista, jogador de futebol, jornalista e juiz classista da Justiça do Trabalho.
O Ministério da Previdência e Assistência Social é assim dividido:
Conselho Nacional de Previdência Social;
Conselho Nacional de Assistência Social;
Conselho de Recursos da Previdência Social;
Conselho de Gestão da Previdência Complementar;
Secretaria de Previdência Social;
Secretaria de Estado de Assistência Social;
Inspetoria-Geral da Previdência Social.
A emenda Constitucional nº 20 trouxe várias alterações ao sistema previdenciário.
O Decreto nº 3048/1999 aprovou o Regulamento da Previdência Social.
A Lei nº 9876/1999 complementou a reforma previdenciária e criou o fator previdenciário, prevendo expectativa de vida do segurado para o cálculo do benefício.
A emenda Constitucional nº 29/2000 alterou a Constituição para assegurar os recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde.
A Lei Complementar nº 108/2001 traçaos requisitos entre os entes políticos e as entidades fechadas de previdência complementar. E a Lei Complementar nº 109/2001 regulamenta a Constituição quanto ao regime de previdência complementar.
Princípios constitucionais da Seguridade Social
1- Introdução
A Constituição Federal estabeleceu, como norma, fixar uma gama de princípios e objetivos regentes da Seguridade social, e outros deles, disciplinadores dos campos de atuação em que ela se desdobra. A Lei Maior, em seu artigo 194, enumera, em sete incisos, os chamados princípios constitucionais da Seguridade Social. São eles:
Universalidade da cobertura e do atendimento;
Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
Irredutibilidade do valor dos benefícios;
Eqüidade na forma de participação no custeio;
Diversidade da base de financiamento;
Caráter democrático e descentralizado da administração;
A doutrina, por sua vez, também classificou princípios basilares da Seguridade Social, dentre os quais merecem destaque: 
Obrigatoriedade de filiação
Da solidariedade ou da compensação nacional
Da Unicidade das prestações
Da compreensibilidade
Da Automaticidade das Prestações
Da imprescritibilidade do Direito ao Benefício
Da expansividade Social
Princípio do in dubio pro operario 
Princípios constitucionais da Seguridade Social
Universalidade da cobertura e do atendimento
Por universalidade da cobertura entende-se que a proteção social deve alcançar todos os eventos cuja reparação seja premente, a fim de manter a subsistência de quem dela necessite. A universalidade do atendimento significa, por seu turno, a entrega das ações, prestações e serviços de seguridade social a todos os que necessitem, tanto em termos de previdência social – obedecendo o princípio contributivo – como no caso da saúde e da assistência social.
 II – Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais
O mesmo princípio já contemplado no art. 7º da Carta Magna trata de conferir tratamento uniforme a trabalhadores urbanos e rurais, havendo assim idênticos benefícios e serviços (uniformidade), para os mesmos eventos cobertos pelo sistema (equivalência).
III- Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços
O princípio da seletividade pressupõe que os benefícios são concedidos a quem deles efetivamente necessite, razão pela qual a Seguridade Social deve apontar os requisitos para a concessão de benefícios e serviços. Vale dizer, para um trabalhador que não possua dependentes, o benefício salário-família não será concedido; para aquele que se encontre incapaz temporariamente para o trabalho, por motivo de doença, não será concedida a aposentadoria por invalidez, mas o auxílio-doença. Não há um único benefício ou serviço, mas vários, que serão concedidos e mantidos de forma seletiva, conforme a necessidade da pessoa. Por distributividade, entende-se o caráter do regime por repartição, típico do sistema brasileiro, embora o princípio seja de seguridade, e não de previdência. O princípio da distributividade, inserido na ordem social, é de ser interpretado em seu sentido de distribuição de renda e bem-estar social ou seja, pela concessão de benefícios e serviços visa-se ao bem-estar e à justiça social (art. 193 da Constituição).
IV – Irredutibilidade do valor dos benefícios 
Princípio equivalente ao da intangibilidade do salário dos empregados e dos vencimentos dos servidores, significa que o benefício legalmente concedido – pela Previdência Social ou pela Assistência Social – não pode ter seu valor nominal reduzido, não podendo ser objeto de desconto – salvo os determinados por lei ou ordem judicial –, nem de arresto, seqüestro ou penhora. Dentro da mesma idéia, o art. 201, § 2º, estabelece o reajustamento períódico dos benefícios, para preservar-lhes, em caráter permanente, seu valor real.
V – Eqüidade na forma de participação no custeio 
Com a adoção deste princípio, busca-se garantir que aos hipossuficientes seja garantida a proteção social, exigindo-se dos mesmos, quando possível, contribuição equivalente a seu poder aquisitivo, enquanto a contribuição empresarial tende a ter maior importância em termos de valores e percentuais na receita da seguridade social, por ter a classe empregadora maior capacidade contributiva.
VI – Diversidade da base de financiamento 
Estando a Seguridade Social brasileira no chamado ponto de hibridismo entre sistema contributivo e não contributivo, o constituinte quis estabelecer a possibilidade de que a receita da Seguridade Social possa ser arrecadada de várias fontes pagadoras, não ficando adstrita a trabalhadores, empregadores e Poder Público. Assim, com base nesse princípio existe a contribuição social incidente sobre a receita de concursos de prognósticos. 
VII- Caráter democrático e descentralização da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados
A gestão dos recursos, programas, planos, serviços e ações na três vertentes da Seguridade Social, em todas as esferas do poder, deve ser realizada mediante discussão com a sociedade. Para isso, foram criados órgãos colegiados de deliberação: o Conselho Nacional de Previdência Social, o Conselho Nacional de Assistência Social e o Conselho Nacional de Saúde. Todos estes conselhos têm composição paritária e são integrados por representantes do governo, dos trabalhadores, dos empregadores e dos aposentados.
Princípios doutrinários da Seguridade Social
A) Obrigatoriedade de Filiação
Este é um princípio fundamental e técnico. A obrigatoriedade é essencial para caracterização do seguro social, que é custeado por contribuições dos trabalhadores, empregadores e Estado. A obrigatoriedade de filiação decorre da natureza do seguro social, como forma de garantir a todos, a proteção social no momento da ocorrência dos eventos geradores das necessidades sociais. 
B) Princípio da Solidariedade 
O princípio fundante de um sistema de seguridade social é o da solidariedade. A Constituição menciona, em seu art. 3º, inc. I, que um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
Solidariedade social significa a contribuição do universo dos protegidos em benefício da minoria. O sistema protetivo visa amparar necessidades sociais que acarretem a perda ou diminuição dos recursos, mbem como situações que provoquem o aumento dos gastos. No momento da contribuição é a sociedade quem contribui, no momento da percepção da prestação é o indivíduo quem usufrui. Daí vem o pacto de gerações ou princípio da solidariedade entre gerações. Os não necessitados de hoje, contribuintes, serão os necessitados de amanhã, custeados por novos não necessitados que surgem.
Através do princípio da solidariedade social, o Estado, utilizando vários instrumentos, distribui os efeitos econômicos das contingências entre o maior número de pessoas, com o que se efetiva o dever inescusável de prestação mútua diante da adversidade.
A solidariedade social tem como limite a própria sociedade, que a delimita com o princípio da universalidade.
Importante ressaltar que, mesmo em subsistemas contributivos por opção constitucional, como o previdenciário brasileiro, pode ocorrer uma redistribuição da renda dos mais abastados para os menos favorecidos. O art. 201 da Constituição Federal estabelece o caráter contributivo e a filiação obrigatória à Previdência social, mandando observar-se o critério que preserve o equilíbrio financeiro e atuarial.
C) Princípio da Unicidade 
Este princípio informa que o segurado via de regra temdireito a apenas um benefício substituidor da remuneração, já que a relação jurídica previdenciária é intuitu personae. O art. 124 da Lei nº 8.213/91 elenca os benefícios que não podem ser cumulados, salvo no caso de direito adquirido. São eles: aposentadoria e auxílio-doença; mais de uma aposentadoria; aposentadoria e abono de permanência em serviço; salário-maternidade e auxílio-doença; mais de um auxílio-acidente; mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direto de opção pela mais vantajosa. Além disso, o seguro-desemprego também não pode ser recebido em conjunto com qualquer benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxílio-acidente.
D) Princípio da compreensibilidade 
 
Visa proteger todas as eventualidades, e não apenas determinados eventos típicos ou riscos.
E) Princípio da Automaticidade das prestações
Este princípio implica na obrigação do órgão previdenciário pagar as prestações previdenciárias aos segurados empregados e trabalhadores avulsos e seus dependentes, independentemente do empregador ter recolhido sua contribuição, pois o ônus de fiscalizar pertence ao órgão fiscalizador e não ao segurado.
F) Princípio da imprescritibilidade do Direito ao Benefício
O direito previdenciário (fundo de direito) não prescreve. O que prescreve é o direito às prestações. No Brasil tal prazo é de 10 (dez) anos, conforme previsão do art. 103 da Lei nº 8.213/91, com redação dada pela MP 138, de 19/11/2003. As previsões do art. 103 da lei de benefícios não se aplicam aos direitos dos menores, incapazes e ausente na forma da lei civil.
G) Princípio da Expansividade Social
Este princípio determina que o sistema previdenciário deve garantir o acesso do maior número possível de pessoas, quer como segurados obrigatórios, quer como facultativos.
H) Princípio do In Dubio Pro Operario
O princípio do in dubio pro segurado ou favor operarii não deve ser utilizado extensivamente, posto que, como o sistema é contributivo, o que se concede inadequadamente a um segurado será retirado dos outros que podem estar numa situação de necessidade social mais extrema. Deve prevalecer o interesse coletivo em face dos interesses pessoais. Nesse sentido, a Previdência Social abarca não somente empregados, estendendo seu manto protetivo a empregadores, a profissionais liberais, a diretores de empresa, cidadãos de situação econômica privilegiada, resultando a aplicação do in dubio pro operario indiscriminadamente num desserviço à justiça social, consistindo num ônus sistêmico adicional. 
FONTES DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO
1. Introdução:
Fontes formais são as formas de exteriorização do direito.
Ex.: leis, costumes, etc.
Fontes materiais são o complexo de fatores que ocasionam o surgimento de normas, envolvendo fatos e valores.
Ex.: fatores sociais, psicológicos, econômicos, históricos, etc.
As fontes podem ser classificadas de várias formas.
Quanto à existência de agente externo podem ser heterônomas e autônomas.
Heterônomas são as impostas por agente externo.
Ex.: Constituição, leis, decretos, sentença normativa, regulamento de empresas, quando unilateral.
Autônomas são as elaboradas pelos próprios interessados.
Ex.: costume, convenção e acordo coletivo, regulamento de empresa, quando bilateral, contrato de trabalho.
Quanto às pessoas que as elaboram, podem ser estatais, extra-estatais e profissionais.
Estatais são as normas jurídicas elaboradas pelo Estado.
Ex.: Constituição, leis, etc.
Extra-estatais são fontes em que as próprias partes elaboram a norma.
Ex.: costume, contrato, etc.
Profissionais são as fontes estabelecidas pelos próprios trabalhadores e empregadores interessados.
Ex.: convenção e acordo coletivo de trabalho, que poderiam criar complementação de aposentadoria, complementação de auxílio-doença etc.
Quanto à vontade das partes envolvidas, as fontes podem ser voluntárias e imperativas.
Voluntárias, quando elaboradas voluntariamente pelas partes, como no contrato, na convenção ou acordo coletivo.
Imperativas, quando são determinadas pelo Estado, como as Constituições, as leis atc.
As fontes formais do Direito da Seguridade Social são a Constituição, as leis complementares e ordinárias, os decretos, as portarias e as ordens de serviço expedidas pelo Poder Executivo.
Segundo Sergio Pinto Martins a legislação é a verdadeira fonte do Direito da Seguridade Social.
Para ele a jurisprudência não pode ser considerada fonte, pois não é norma obrigatória, mas apenas um caminho predominante em que os tribunais entendem aplicar a lei, suprimindo, inclusive, eventuais lacunas desta última.
Ele aponta como exceção apenas as decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF nas ações declaratórias de constitucionalidade (§ 2º do art. 102 da CF).
No entanto, Fábio Zambitte Ibrahim argumenta que a jurisprudência é fonte de Direito pois suas sentenças são vinculantes para as partes. Ele lembra que as decisões judiciais muitas vezes alteram o conteúdo dos atos administrativos, os quais são adaptados às interpretações oriundas do Judiciário.
Martins sustenta ainda que a doutrina também não é fonte pois os juízes não estão obrigados a observá-la.
Miguel Horvath Jr também sustenta que a doutrina não é fonte, mas sim “conjunto de repertório de estudiosos sobre determinado assunto”.
A analogia, a eqüidade, os princípios gerais de Direito e o Direito Comparado não constituem fontes formais, mas critérios de integração da norma jurídica, segundo Sergio Pinto Martins.
O Direito Tributário é fonte subsidiária do Direito da Seguridade Social, especialmente em matéria de custeio.
2. Constituição:
A primeira constituição a tratar de seguro social foi a do México, em 1917 (art. 123).
As constituições brasileiras sempre disciplinaram regras de Direito da Seguridade Social ou de Previdência Social.
A Constituição de 1988 especifica algumas regras sobre seguridade social no Capítulo II.
No parágrafo único do art. 194 estão os princípios da Seguridade Social, no art. 195 estão as regras das contribuições, dos arts. 196 a 200 as regras da Saúde, os arts. 201 e 202 versam sobre a Previdência Social e a Assistência Social foi tratada nos arts. 203 e 204.
3. Leis:
A Lei nº 8212/1991 trata do custeio, enquanto que a Lei nº 8213/1991 versa sobre os benefícios.
A Lei nº 8742/1993 trata da organização da Assistência Social e a Lei nº 8080 trata sobre a Saúde.
A Lei Complementar nº 108/2001 dispõe sobre a relação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, suas autarquias e fundações públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas e suas respectivasentidades fechadas de previdência complementar.
A Lei Complementar nº 109/2001 versa sobre a Previdência Privada Complementar.
4. Atos do Poder Executivo:
O Poder Executivo pode expedir medidas provisórias sobre matéria previdenciária desde que atendidos os requisitos do art. 62 da CF.
Também pode emitir decretos e regulamentos, conforme inciso IV do art. 84 da CF.
Há o Decreto nº 3048/1999 que trata do Regulamento da Previdência Social.
O Ministério da Previdência Social também expede portarias, ordens de serviço, instruções normativas, orientações normativas, circulares, resoluções etc.
As portarias geralmente são emitidas pelo Ministro da Previdência e Assistência Social, com fundamento no inciso II do parágrafo único do art. 87 da CF, visando expedir instruções para a execução de leis, decretos e regulamentos. Também podem ser baixadas pelo Conselho de Recursos da Previdência Social.
As ordens de serviço têm por objetivo complementar ou divulgar questões mencionadas nas portarias, estabelecendo procedimentos a serem observados.
As orientações normativas também complementam as portarias, esclarecendo o seu conteúdo.
Circular é o instrumwento utilizadopara transmissão de ordens internas uniformes a seus subordinados.
As resoluções também complementam as portarias.
E as instruções são ordens escritas e gerais com o objetivo de orientar a aplicação das normas.
5. Normas Coletivas e Regulamentos de Empresa:
No âmbito trabalhista verifica-se que em muitos casos as normas coletivas e os regulamentos de empresa criam complementações de benefícios previdenciários.
6. Hierarquia entre as normas:
No topo do nosso sistema jurídico encontra-se a Constituição Federal. Todas as demais normas devem harmonizar-se com a Constituição.
Em seguida estão as demais normas, cada qual em campos diversos: leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias, leis delegadas, decretos legislativos e resoluções.
Os decretos emitidos pelo Poder Executivo são inferiores.
Por fim, temos as normas internas da administração, tais como as circulares portarias, ordens de serviço etc.
O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL
1. Introdução:
O financiamento da Seguridade Social é previsto no art. 195 da CF como um dever imposto a toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições sociais (fontes diretas).
O modelo de financiamento da Seguridade Social baseia-se no sistema contributivo, ainda que o Poder Público tenha participação no orçamento da Seguridade, mediante os impostos (fontes indiretas) que são utilizados no caso de insuficiência financeira do sistema.
O orçamento da Seguridade Social tem receita própria, que não se confunde com a receita tributária federal, aquela destinada exclusivamente para as prestações da Seguridade Social nas áreas da Saúde Pública, Previdência Social e Assistência Social, obedecida a Lei de Diretrizes Orçamentárias - , LDO. Para tanto, este deve ser objeto de deliberação conjunta entre os órgãos competentes – Conselho Nacional de Previdência Social, Conselho Nacional de Assistência Social e Conselho Nacional de Saúde - , e a gestão dos recursos é descentralizada por área de atuação.
A Constituição ainda prevê outras fontes de custeio no § 4º do art. 195, que se reporta ao inciso I do art. 154 (exigência de que a nova fonte de custeio seja instituída por lei complementar, não podendo ter fato gerador ou base de cálculo de outro imposto já existente e que não seja cumulativa). A não-cumulatividade deve ser compreendida no sentido de que é impossível a criação de uma contribuição social sobre valor já tributado.
O orçamento da Seguridade Social é autônomo, não se confundindo com o orçamento do Tesouro Nacional, conforme previsto no item III do § 5º do art. 165 da CF. sendo assim, as contribuições arrecadadas com fundamento no art. 195 da CF ingressam diretamente nesse orçamento, não constituindo receita do Tesouro Nacional.
A Emenda Constitucional nº 20 introduziu o inciso X no art. 167 da CF, vedando a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, “a”, e II, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do Regime Geral de Previdência Social de que trata o art. 201 da CF.
2. Sistema contributivo:
Todos têm o dever de colaborar para a cobertura dos riscos provenientes da perda ou redução da capacidade de trabalho ou dos meios de subsistência.
É uma relação jurídica compulsória pois a lei impõe.
Há duas formas de se obter o custeio da Seguridade Social: uma é pela receita tributária, a qual se chama de sistema não-contributivo; e a outra é pelas contribuições individuais, a que se chama de sistema contributivo.
No sistema não-contributivo os valores são retirados diretamente do orçamento do Estado, que os obtém através da arrecadação de tributos.
No sistema contributivo há duas espécies:
sistema de capitalização: as contribuições individuais servirão somente para o pagamento de benefícios aos próprios segurados, sendo colocadas numa reserva ou conta individualizada (sistema adotado pelo FGTS);
sistema de repartição: as contribuições são todas reunidas num fundo único, que serve para o pagamento das prestações no mesmo período, a quem delas necessite. Este é o sistema vigente em termos de Seguridade no Brasil.
3. Participação da União:
A União participa atribuindo dotações do seu orçamento à Seguridade Social, fixados obrigatoriamente na Lei Orçamentária anual, além de ser responsável pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras da Seguridade, em razão do pagamento de benefícios de prestação continuada pela previdência social (art. 16 da Lei nº 8212/91).
Por outro lado, a União pode socorrer-se do “caixa” da Seguridade Social para pagar seus “encargos previdenciários”. A União, para fazer frente a esses encargos, é autorizada a utilizar-se dos recursos provenientes das contribuições incidentes sobre o faturamento e o lucro (art. 17 da Lei nº 8212/91).
Também podem ser utilizados os recursos da Seguridade Social para custear despesas com pessoal e administração geral do INSS, salvo os provenientes da arrecadação da contribuição sobre concursos de prognósticos, cuja destinação é somente para custeio dos benefícios e serviços prestados pela Seguridade Social (art. 18 da Lei nº 8212/91).
4. Contribuições sociais:
A contribuição para a Seguridade Social é uma espécie de contribuição social, cuja receita tem por finalidade o financiamento das ações nas áreas da saúde, previdência e assistência social. (Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari)
De acordo com o parágrafo único do art. 195 do Decreto nº 3.048/1999 são contribuições sociais:
as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga, devida ou creditada aos segurados e demais pessoas físicas a seu serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
as dos empregadores domésticos, incidentes sobre o salário de contribuição dos empregados domésticos a seu serviço;
as dos trabalhadores, incidentes sobre seu salário de contribuição;
as das associações desportivas que mantém equipe de futebol profissional, incidentes sobre a receita bruta decorrentes dos espetáculos desportivos de que participem em todo o território nacional em qualquer modalidade esportiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos desportivos;
as incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural;
as das empresas, incidentes sobre a receita ou o faturamento e o lucro;
as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos.
No tocante à natureza jurídica das contribuições sociais há três teorias significativas:
a) teoria fiscal: a contribuição para a Seguridade Social tem natureza tributária, pois se trata de uma prestação pecuniária compulsória instituída por lei e cobrada pelo ente público arrecadador com a finalidade de custear as ações nas áreas da saúde, previdência e assistência social. A instituição das contribuições sociais está prevista no art. 149 da CF, que compõe o capítulo “Do Sistema Tributário Nacional”.
b) teoria parafiscal: a contribuição para a Seguridade Social tem natureza de parafiscalidade, pois busca suprir os encargos do Estado, que não lhe sejam próprios, no caso, o pagamento de benefícios previdenciários. Sua arrecadação e administração são descentralizados, sendo feita por um órgão paralelo, no caso o INSS, que é uma autarquia federal, ente administrativo autônomo. As receitas vão para um orçamento próprio, distinto do orçamento da União, e o destino dos recursos é o atendimento das necessidades econômicas e sociais de determinados grupos ou categorias profissionais e econômicas. Embora a exigência da contribuição seja compulsória, o regime especial de contabilização financeira afasta a natureza fiscal.
c) teoria da exação sui generis: a contribuição para a Seguridade Socialseria uma imposição estatal atípica, prevista na Constituição e na legislação ordinária, cuja natureza jurídica é especial.
O STF adotou o entendimento no sentido de que a contribuição para a Seguridade Social seria modalidade de tributo que não se enquadraria na espécie de imposto, taxa ou contribuição de melhoria (RE n. 217.252-1/MG, 2ª Turma, rel. Min. Nelson Jobim, DJU de 16.04.99; AGRAG n. 174.540-2/AP, 2ª Turma, rel. Min. Maurício Corrêa, DJU de 26.4.96).
As normas gerais em matéria de legislação tributária, a que estão sujeitas as contribuições sociais, estão previstas no Código Tributário Nacional.
A instituição das contribuições sociais obedece aos princípios da legalidade e da anterioridade, ressalvando, quanto a este último, a regra especial de que o prazo de exigibilidade é de 90 dias após a publicação da lei, conforme § 6º do art. 195 da CF.
As contribuições previstas nos incisos I, II, III e IV do art. 195 da CF podem ser instituídas por lei ordinária.
No entanto, para a instituição de outras fontes de custeio destinadas a garantir a manutenção ou expansão da Seguridade Social, o § 4º do art. 195 estabelece que deve ser observado o inciso I do art. 154 da CF, segundo o qual a União poderá instituir por lei complementar impostos não previstos no artigo anterior desde que não sejam cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na CF.
O princípio da anterioridade previsto no art. 150, III, letra “b”, da CF veda a cobrança de tributo no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. O exercício financeiro começa no dia 1º de janeiro e se prolonga até o dia 31 de dezembro de cada ano.
A regra da anterioridade está prevista no § 6º do art. 195 da CF estipulando que as contribuições sociais só poderão ser exigidas após decorridos 90 dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado.
As contribuições sociais estão, em regra, sujeitas ao lançamento por homologação. O sujeito passivo antecipa o pagamento respectivo sem que a autoridade administrativa tenha examinado os elementos com base nos quais foi a mesma calculada.
5. Outras receitas da Seguridade Social:
De acordo com o art. 27 da Lei nº 8212/91 são outras receitas da Seguridade Social:
as multas (moratórias e por descumprimento de obrigações acessórias), a atualização monetária e os juros moratórios;
a remuneração recebida por serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança prestados a terceiros – art. 274 do Decreto nº 3.048/99;
as receitas provenientes de prestação de outros serviços e de fornecimento ou arrendamento de bens;
as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras;
as doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais;
50% dos valores obtidos a aplicados na forma do parágrafo único do art. 243 da CF;
40% do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Receita Federal; e
outras receitas previstas em legislação específica.
As companhias seguradoras que mantêm o seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres, de que trata a Lei nº 6.194/1974 deverão repassar à Seguridade Social 50% do valor total do prêmio recolhido, destinado ao SUS para custeio da assistência médico-hospitalar dos segurados vitimados em acidentes de trânsito.
	Os contribuintes: os empregadores; os trabalhadores e a sociedade
Introdução
No âmbito do Direito Previdenciário é importante esclarecer que o termo “contribuinte” guarda diferenças para com o termo “segurado”. O conceito de contribuinte deve ser buscado no Direito Tributário, por meio do qual verifica-se ser aquele o sujeito passivo da obrigação tributária, podendo ser pessoa física ou jurídica, sendo assim considerada toda pessoa que, por determinação legal, está sujeita ao pagamento de tributo. 
O CTN classifica os sujeitos passivos em sujeito passivo da obrigação principal e sujeito passivo da obrigação acessória. Os primeiros são os que estão obrigados ao pagamento do tributo ou penalidade pecuniária, enquanto os outros são aqueles obrigados às prestações que constituam o seu objeto. O sujeito passivo da obrigação principal pode assumir a condição de contribuinte ou responsável. Será contribuinte quando tiver relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador, ao passo em que será chamado de responsável sempre que, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Dessa forma, os segurados empregados, empregados domésticos e trabalhadores avulsos são contribuinte da Seguridade Social; entretanto, não são os responsáveis pela obrigação principal (recolhimento da contribuição por eles devida), já que a legislação de custeio cometeu tal encargo aos tomadores de seus serviços (art. 30, I, da Lei 8.212/91), ficando estes responsáveis também por eventuais inadimplementos. 
Assim, na acepção técnica, contribuinte é aquele que está diretamente ligado com a obrigação legal de pagar o tributo. Será, pois, o contribuinte, aquele que tem relação pessoal, direta com o pressuposto de fato que irá dar origem à obrigação de pagar a contribuição devida à seguridade social. A Constituição Federal, em seu artigo 195, incisos I, II, III e IV, estabeleceu quem será o contribuinte do sistema da Seguridade Social, a saber:
o empregador, a empresa e a entidade a ela equiparada;
o trabalhador e os demais segurados da Previdência Social;
os apostadores de concursos de prognósticos;
o importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar
2 – Os contribuintes
2.1 – Segurados da Previdência Social
		Os segurados da Previdência são os principais contribuintes do sistema de seguridade social previsto na ordem jurídica nacional. São contribuintes em função do vínculo jurídico que possuem com o regime de previdência, uma vez que, para obter os benefícios, devem teoricamente verter contribuições ao fundo comum. Diz-se teoricamente, devido aos casos em que não há carência de um mínimo de contribuições pagas, situação em que a contribuição pode ainda não ter ocorrido.
		Os segurados são classificados em obrigatórios e facultativos. Obrigatórios são os segurados de quem a lei exige a participação no custeio, concedendo-os, em contrapartida, benefícios e serviços, se presentes os requisitos para concessão. Facultativos são aqueles que, não tendo regime previdenciário próprio, nem se enquadrando na condição de segurados obrigatórios do regime geral, resolvem verter contribuições para fazer jus a benefícios e serviços.
		São segurados obrigatórios, e por tal razão contribuintes do sistema, os indivíduos enquadrados nos conceitos de: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial. Já os facultativos são as pessoas naturais maiores de 14 anos que se filiarem de forma não compulsória ao RGPS.
2.2 – Empresa e entidades equiparadas 
		Empresa, de acordo com o art. 15, I, da Lei nº 8.212/91, é a firma individual ou sociedade que assume o risco da atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional, estes quanto aos seus exercentes de cargos efetivos e em comissão e empregos públicos, filiados obrigatoriamente ao RGPS, quando não amparados por regime previdenciário próprio. Equipara-se à empresa, para fins previdenciários, de acordo com o art. 12, parágrafo único, do decreto nº 3.048/99:
o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço;
a cooperativa;
a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade;
a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras;
o operador portuário e o órgão gestor de mão-de-obra de que trata a Lei nº 8.630, de 1993;
o proprietário ou dono de obra de construção civil,quando pessoa física, em relação a segurado que lhe presta serviço;
O ilustre doutrinador e magistrado Sérgio Pinto Martins acredita que, de certa forma, seria possível dizer que a empresa é a pessoa que tem segurado a lhe prestar serviço, porque o que interessa para a seguridade social não é apenas se a empresa tem empregado, mas se tem segurados que lhe prestam serviços, como empregados, autônomos, empresários, etc. 
Vale dizer que se aplicam às microempresas e às empresas de pequeno porte todas as obrigações estabelecidas pela legislação previdenciária para as empresas em geral, permitida, nas hipóteses previstas em lei, a opção pelo sistema próprio de recolhimento de contribuições e tributos – o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições – o SIMPLES. A pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa ou empresa de pequeno porte que optar pela inscrição no SIMPLES contribuirá na forma do art. 23 da Lei nº 9.317/96, em substituição às contribuições para a Seguridade Social a cargo da pessoa jurídica.
2.2.1 – Matrícula da Empresa
		A matrícula é o ato pelo qual a empresa é cadastrada como contribuinte da Seguridade Social, sendo obrigatória, na forma da Lei nº 8.212/91. Para as firmas individuais e sociedades mercantis, a matrícula ocorre juntamente com a inscrição, registro ou arquivamento dos atos constitutivos na Junta Comercial, ou inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes – CGC/MF até 30/06/98, e, após, no cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ. Já para as demais (exemplo dos contribuintes desobrigados à inscrição no CNPJ, obras de construção civil em geral, produtor rural pessoa física equiparado a autônomo, o autônomo e equiparado que remunere outros autônomos ou empregados, etc) a matrícula deverá ser feita junto ao INSS, no prazo de 30 dias contados do registro dos atos constitutivos em cartório, por meio do Cadastro Específico do INSS – CEI.
		O INSS poderá proceder à matrícula de obras de construção civil em duas hipóteses: mediante comunicação obrigatória do responsável por sua execução, no prazo de 30 dias a contar da sua atividade; e também de ofício, quando ocorrer omissão por parte da empresa ou do responsável pela obra. Em caso de omissão, cabe a aplicação de multa. Ressalte-se que é obrigatória a apresentação de comprovante de matrícula no INSS ao órgão municipal competente, no caso de obra de construção civil, para fornecimento de alvará de licenciamento para construção, reforma ou acréscimo de edificação.
		Deverá ser emitida matrícula para cada consórcio simplificado de produtores rurais e para cada propriedade rural pertencente a um mesmo produtor rural, bem como para cada contrato com produtor rural, parceiro, meeiro, arrendatário ou comodatário.
		Não tendo a empresa ou entidade a ela equiparada procedido à matrícula no prazo, ocorre então a possibilidade de matrícula providenciada ex officio por qualquer servidor do INSS da área de arrecadação.
			
2.3 – Empregador Doméstico 
		O empregador doméstico, que não pode ser confundido com o empresário, é a pessoa física ou família que admite a seu serviço, mediante remuneração, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico (art. 15, II, da Lei nº 8.212/91), ou seja, para prestação laboral não eventual, no âmbito residencial, sem exploração de atividade econômica.
		O tratamento dispensado ao empregador doméstico pela legislação previdenciária difere das pessoas consideradas como empresa, salvo quanto à responsabilidade de arrecadar a contribuição do empregado doméstico a seu serviço e recolhê-la juntamente com a parcela a seu cargo.
		O empregador doméstico recolhe contribuições na qualidade de contribuinte mas não de segurado. Apenas será segurado do RGPS se exercer atividade que o enquadre como segurado obrigatório ou venha a contribuir como segurado facultativo, observadas as vedações legais.
2.4 – Apostadores de Concursos de Prognósticos
		A contribuição social incidente sobre apostas feitas em concursos de prognósticos é prevista pelo art. 195, III, da Constituição Federal e disciplinada pelo art. 26 da Lei nº 8.212/91. Os contribuintes, no caso, são os indivíduos que vertem valores em apostas feitas em concursos de loterias, reuniões hípicas e sorteios patrocinados pelo Poder Público., além de concursos realizados por sociedades comerciais ou civis (caso dos ‘bingos’).
As contribuições dos empregadores:
Contribuição sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro
Introdução
A Constituição Federal de 1988 prevê, em seu artigo 195, que a Seguridade Social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e de várias contribuições sociais. Alguns doutrinadores aduzem que o termo mais correto a ser empregado não seria financiamento e sim custeio, pois este não envolveria a idéia exclusiva de lucro. Nesse sentido, as contribuições sobre o custeio também incidem sobre o faturamento, a folha de salários, etc.
A Lei Maior prevê, no inciso I do artigo 195, a incidência de contribuições sociais a cargo do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei. Tais contribuições incidem sobre:
folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
receita ou o faturamento;
lucro;
Contribuição sobre a Folha de Salários
Salário é o conjunto de prestações fornecidas diretamente pelo empregador ao trabalhador em decorrência do contrato de trabalho, seja em função de contraprestação do trabalho, da disponibilidade do trabalhador, das interrupções contratuais, seja em função das demais hipóteses previstas em lei. Folha de salários deve ter uma interpretação restrita, pois só tem salário quem é empregado. 
A Constituição Federal, ao tratar das contribuições do empregador, faz referência não só à folha de salários, mas também aos demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física. Dessa forma, aí estão englobadas também, além do salário, a remuneração e a gorjeta.
Remuneração, na verdade, seria o conjunto de retribuições recebidas habitualmente pelo empregado pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, mas decorrentes do contrato de trabalho. Assim, a remuneração pode ser paga diretamente pelo empregador, o que constitui o salário, como também pode ser feita por terceiro, exemplo da gorjeta.
Com relação à contribuição sobre a folha de salários, a cobrança é feita com base no inciso I do artigo 22 da Lei nº 8.212/91, cuja alíquota é de 20% sobre “o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa”.
Nota-se que, diferentemente da contribuição do empregado e do trabalhador avulso, que é calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre seu salário de contribuição mensal, a contribuição da empresa é de 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês aos segurados empregados que lhes prestam serviços. Isso significa que se, por exemplo, a remuneração do empregado for de R$ 5.000,00, este contribuirá sobre o valor máximo do salário de contribuição, ou seja, contribuirá sobre o valor de R$ 5.645,80, enquanto a empresa contribuirá sobre R$5.000,00.
Observe-se, ademais, que o texto legal abre espaço para que a empresa que, mesmo sem intenção manifesta, deixar de pagar valores de natureza remuneratória a seus trabalhadores no prazo que a lei assina para o cumprimento desta obrigação, torne-se devedora perante a Seguridade Social, no que tange às contribuições que deveria fazer sobre a soma dos valores que, mesmo devidos, não foram pagos a seus empregadores e contribuintes individuais.
A empresa ainda recolherá: a) 20% sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais (empresários, autônomos, eventuais, etc.) que lhe prestem serviços; b) 15% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura da prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados, por intermédio de cooperativas de trabalho (art. 22, III e IV, da Lei nº 8.212/91).
Os bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência abertas e fechadas, pagarão o adicional de 2,5% sobre as remunerações pagas ou creditadas aos segurados empregados, trabalhadores avulsos e aos segurados individuais que lhes prestem serviços. Sua contribuição será, portanto, de 22,5% sem que haja qualquer teto. Com relação a esse adicional, alguns doutrinadores, como Sérgio Pinto Martins, entendem ser o mesmo inconstitucional, por violar o princípio da isonomia e o princípio da eqüidade na forma de participação no custeio.
Frise-se, ainda, que há contribuição patronal devida pelos entes de direito público interno quanto ao pagamento de vencimentos, remuneração ou subsídios a agentes públicos que não estão acolhidos por regime próprio de previdência social.
Já no caso de autônomos que remunerem outros autônomos, inscritos ou não perante o Regime de Previdência Social, aqueles terão de pagar o encargo pertinente de 20%. Exemplo seria o advogado que remunera outro advogado.
2 – Contribuição sobre o faturamento 
 
 A contribuição incidente sobre a receita e o faturamento está prevista na letra b do inciso I do art. 195 da Constituição. A redação atual está de acordo com a Emenda nº 20/98, que acrescentou o termo “receita” ao texto constitucional. As contribuições instituídas com base de cálculo incidente sobre a receita e o faturamento são a COFINS e o PIS/PASEP.
É importante traçar a distinção entre os termos ‘receita’ e ‘faturamento’. Receita é toda a entrada de numerário na empresa. É, portanto, um termo mais amplo que faturamento. Certas empresas não têm exatamente faturamento, como os bancos, mas têm receita. O faturamento, nesse sentido, seria o somatório das faturas emitidas dentro de um certo período de tempo. Fatura é o documento em que são relacionadas as mercadorias vendidas, que são remetidas ou entregues ao comprador.
2.1 - Cofins
A Cofins é uma contribuição social sobre o faturamento, tendo por base o inciso I do art. 195 da Constituição, destinada a financiar a seguridade social. O art. 1º da Lei Complementar nº 70/91 menciona que seu fundamento é o inciso I do art. 195 da Lei Maior. O STF já entendeu ser a Cofins constitucional, embora existam doutrinadores que pensem de forma diversa, como Sérgio Pinto Martins.
São contribuintes da Cofins as pessoas jurídicas em geral e a elas equiparadas pela legislação do imposto de renda, observadas as imunidades e isenções. As pessoas físicas que não são equiparadas à jurídica para o fim de imposto de renda estarão fora do campo de incidência da Cofins.
São cinco as hipóteses de incidência do tributo: a) venda de mercadorias; b) venda de mercadorias e serviços; c) venda de cigarros; d) venda de combustíveis; e) prestação de serviços.
A alíquota da contribuição social sobre o faturamento é de 3%.
A partir de Fevereiro de 1999 passaram a pagar a Cofins as seguintes pessoas jurídicas: bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedade de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguro privado e de capitalização, entidades de previdência privada abertas e fechadas e sociedades corretoras de seguros (art. 2º da Lei nº 9.718/98).
O prazo para o pagamento da Cofins é até o último dia útil da primeira quinzena do mês subseqüente ao da ocorrência do fato gerador. A Secretaria da Receita Federal é que administra e fiscaliza a Cofins.
 
 
2.2 – PIS/PASEP
O PIS (Programa de Integração Social) foi criado pela Lei Complementar nº 7, de 07/09/1970, e o PASEP (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) foi instituído pela Lei Complementar nº 8 de 03/12/1970. O objetivo da criação do Pis-Pasep era promover a integração do trabalhador na vida e no desenvolvimento da empresa, tentando materializar a participação do trabalhador nos lucros das empresas, porém não se confundindo com aquela.
O art. 239 da Constituição estabeleceu que a partir de 5 de Outubro de 1988 o PIS e o Pasep iriam financiar, nos termos da lei, o programa de seguro-desemprego e o abono do PIS. Esse último passou a ser devido apenas aos empregados que percebessem até 2 salários mínimos de remuneração mensal, sendo assegurado o pagamento de 1 salário mínimo (§ 3º do art. 239 da Lei Maior).
Tem o PIS/Pasep natureza de contribuição social destinada ao custeio da seguridade social. O STF entendeu que a legislação do PIS/Pasep anterior à Constituição de 1988 foi recepcionada por esta.
A contribuição do PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. O total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica.
A base de cálculo do PIS/Pasep é o valor do faturamento. A alíquota é de 1,65%.
O contribuinte do PIS/Pasep é a pessoa jurídica que auferir as receitas. Isso indica que a pessoa física não é contribuinte do tributo, como os profissionais liberais.
O prazo para o recolhimento do PIS é até o último dia útil da primeira quinzena do mês subseqüente ao da ocorrência do fato gerador. A Secretaria da Receita Federal é que administra e fiscaliza o PIS.
3 – Contribuição Social sobre o Lucro
O art. 195, I, c, da Constituição prevê a incidência da contribuição sobre o lucro. O lucro será apurado mediante a soma das receitas da empresa, a diminuição das despesas e certos ajustes que serão feitos, de acordo com a previsão legal.
Inexistindo lucro, não haverá contribuição social sobre ele incidente. Nesse sentido, as entidades sem fins lucrativos não recolhem a contribuição sobre o lucro, como as fundações, associações e sindicatos.
A periodicidade da apuração é mensal e o prazo e sistemática de recolhimento são idênticos ao do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, cabendo à Secretaria da Receita Federal a arrecadação e fiscalização dessa contribuição. 
As contribuições dos trabalhadores
Contribuições dos Segurados Empregados, Empregados Domésticos e Trabalhadores Avulsos
A previsão legal de tais contribuições é encontrada no art. 20 da Lei 8.212/91. O sujeito ativo dessas contribuições é o INSS, sendo sujeito passivo o contribuinte (empregado, empregado doméstico e trabalhadores avulsos).A base de cálculo é o salário-de-contribuição mensal.
O salário-de-contribuição para o empregado e o trabalhador avulso corresponde à remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato, ou ainda, de convenção coletiva de trabalho ou sentença normativa.
O salário-de-contribuição para o empregado doméstico corresponde à remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social. A MP nº 284/2006 estabeleceu que o empregador doméstico poderá deduzir do Imposto de Renda a contribuição patronal paga a Previdência Social, nos limites estabelecidos.
O limite mínimo do salário-de-contribuição corresponde à remuneração mínima definida em lei. O art. 7º da Constituição Federal assegura aos trabalhadores urbanos e rurais garantia de salário-mínimo nunca inferior a um salário- mínimo para trabalhadores com jornada de trabalho não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais e garantia de um salário nunca inferior a um salário-mínimo para os que recebem remune​ração variável.
lncidem as contribuições previdenciárias sobre os valores recebidos a títu​lo de 13° salário (gratificação natalina), ressalvando-se que estas contribuições não são consideradas para efeito de cálculo dos benefícios previdenciários.
Discussão atual diz respeito à legalidade da incidência previdenciária relativa ao 13° em separado. A grande discussão fulcra-se na legalidade da previsão do art. 37, § 7° do Decreto 612/92 que, ao regulamentar o art. 28, § 7° da Lei de custeio, previu a incidência da contribuição previdenciária em separado da contribuição relativa ao mês 12.
Há decisões judiciais no sentido de que esta previsão extrapolaria a finali​dade do decreto regulamentar que não serve para preenchimento de eventuais lacunas ou omissões, não podendo acrescentar conteúdo material novo, devendo restringir-se ao fim propício de facilitar a correta aplicação da lei. Porém, também temos decisões em outro sentido.
 
Em relação ao contribuinte empregado, empregado doméstico e avulso temos as alíquotas de acordo com a tabela definida pelo Anexo II da Portaria Interministerial nº 1/2016 a seguir:
�
Salário de contribuição (R$) 	Alíquota para fins de recolhimento ao INSS (%) 
�
Até 1.693,72						8%		
De 1.693,73 até 2.822,90				9%
De 2.822,91 até 5.645,80				11%																												
Contribuição dos Segurados Contribuintes Individuais e Facultativos													
O critério material de tais contribuições consiste em auferir remuneração em uma ou mais empresas ou exercício de atividade por conta própria (contribuinte individual) ou inscrever-se volitivamente junto à previdência social (contribuinte facultativo). O sujeito ativo é a Secretaria da Receita Previdenciária e o sujeito passivo o contribuinte individual e o contribuinte facultativo. Fica a empresa obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu cargo, descontando-a da respectiva remuneração e a recolher o valor da arrecadação junto com a contribuição a seu cargo até o dia 2 do mês seguinte ao da competência (Lei 10.666/2003, art. 4º).
As contribuições previdenciárias serão pagas tendo por base de cálculo o salário-de-contribuição. O salário-de-contribuição para o segurado contribuinte individual corresponde à remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo do salário-de-contribuição.
Para os contribuintes individuais que prestem serviços a uma ou mais empresas, poderão deduzir de sua contribuição mensal, o percentual de 45% das contribuições das empresas contratantes, efetivamente recolhida ou declarada, limitada a 9% do respectivo salário-de-contribuição. Esta regra se aplica também no caso de contribuinte individual que presta serviço a outro contribuinte individual, equiparado a empresa ou a produtor rural pessoa física ou à missão diplomática e repartição consular de carreira estrangeira. Fará jus ainda a esta dedução o contribuinte individual que presta serviço a empresas optantes pelo SIMPLES, à microempresa, a empregador rural pessoa física e jurídica, e ainda à associação desportiva que mantém equipe de futebol. Esta dedução não se aplica ao segurado facultativo e ao contribuinte individual, inclusive cooperado que preste serviço à entidade beneficente, isentas da cota patronal e ministro de confissão religiosa, membros de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa que receber valores de entidades religiosas e instituições de ensino vocacional, nos termos da Lei n° 10.170/00.
Para efeito de dedução serão considerados os valores declarados na GFIP (Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social) ou declaração fornecida pela empresa ao segurado onde se identifique: a empresa tomadora dos serviços através do número no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), o número de inscrição do trabalhador (NIT) do contribuinte individual, o valor da re​tribuição pago e o compromisso da empresa de efetivar a declaração destes valores na GFIP.
O salário-de-contribuição para o segurado facultativo corresponde ao valor por ele declarado, observado o limite máximo do salário-de-contribuição.
As regras acima são válidas para os segurados filiados a partir da publicação da Lei 9.876/99, de 26 de novembro de 1999.
Para os segurados contribuinte individual e facultativo filiados ao Regime Geral de Previdência Social até o dia anterior à data da publicação da Lei 9.876/99, o salário-de-contribuição corresponderá ao salário-base determinado conforme o art. 29 da Lei 8.212/91, com a redação vigente naquela data.
Contribuinte individual e facultativo:
Salário de contribuição (R$) Alíquota para fins de recolhimento ao INSS (%)
880,00					11%
880,00 até 5.189,82			20%
CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA DE
CONCURSOS DE PROGNÓSTICOS
Concurso é competição, certame. Prognóstico tem sentido de previsão, predição. Concurso de prognóstico envolve a previsão por uma pessoa do resultado do concurso. Envolve o fator sorte.
"Loteria", do gótico hlauts, tem o significado de "sorte". A loteria, segundo o art. 10 do Decreto-lei 6.259, de 10-2-1994, é "toda operação, jogo ou aposta para obtenção de um prêmio em dinheiro ou em bens de outra natureza, mediante colocação de bilhetes, listas, cupons, vales, papéis, manuscritos, sinais, símbolos ou qualquer outro meio de distribuição de números e designação dos jogadores ou apostadores". O Decreto-lei 3.688, de 3-10-1941 (Lei de Contravenções Penais) considera loteria "toda ocupação que, mediante a distribuição de bilhetes, listas, cupons, vales, sinais, símbolos ou meios análogos, faz depender de sorteio a obtenção de prêmio em dinheiro ou bens de outra natureza" (§ 2º do art. 51). O bilhete de loteria habilita seu portador a participar do sorteio.
Foi instituída a loteria esportiva federal pelo Decreto-lei 594, de 27-5-1969. Os Decretos 66.118, de 26-1-1970, e 68.702/71 regulamentaram a referida nor​ma. A Caixa Econômica Federal faz a arrecadação e paga os prêmios.
A Loto foi instituída pela Lei 6.717, de 12-11-1977.
O inciso 111 do art. 195 da Constituição estabelece contribuição social incidente sobre a receita de concursos de prognósticos. São considerados concursos de prognósticos: todo e qualquer sorteio de números, loterias, apostas, inclusive a realizada em reuniões hípicas, nos âmbitos federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, comoloto, se na, loteria federal, esportiva etc.
A receita da Seguridade Social será a renda líquida de tais concursos, assim considerada o total da arrecadação, deduzidos os valores destinados a pagamento de prêmios, impostos e despesas de administração, conforme for determinado na legislação específica.
A Lei 8.436, de 25-6-92, deu nova redação ao art. 26 da Lei 8.212, excluindo da renda líquida "os valores destinados ao Programa de Crédito Educativo". O inciso 111 do art. 5º da referida norma estabelece que a totalidade do resultado líquido de três edições extras de loterias administradas pela Caixa Econômica Fede​ral são destinadas ao Programa de Crédito Educativo. Daí por que há a exclusão dos valores destinados ao Programa de Crédito Educativo.
Não estão incluídos entre as loterias os concursos realizados por entidades privadas, como bingos, sorteios de 0800 ou 0900.
Prestação por acidente de trabalho
1- Introdução
De acordo com o art. 19 da Lei nº 8.213/1991 acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 da Lei 8.213/91 (segurado especial: produtor, parceiro, meeiro, arrendatários rurais, garimpeiro, pescador artesanal e o assemelhado que exerçam suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros bem como de seus respectivos cônjuges e companheiros e filhos maiores de 16 anos ou a eles equiparados desde que trabalhem comprovadamente com o grupo familiar respectivo) que provoque lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho.
O atual Regulamento da Previdência Social (Decreto nº 3.048/99) assim define o acidente do trabalho:
“Entende-se como acidente de qualquer natureza ou causa aquele de origem traumática e por exposição a agentes exógenos (físicos, químicos e biológicos), que acarrete lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda, ou a redução permanente ou temporária da capacidade laborativa.” 
O fundamento da tutela dos direitos do trabalhador que sofre acidente do trabalho é o princípio da solidariedade social, no qual o Estado como emanação da vontade de seus integrantes tem o dever de garantir a todos os cidadãos os meios necessários para o efetivo gozo dos direito civis e políticos.
O art. 201, § 10 da CF resultante da EC 20/98, estabelece que lei disciplinará a cobertura do risco de acidente de trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo Regime Geral da Previdência Social e pelo setor privado. Assim, por força da Constituição Federal o INSS não é mais o detentor do monopólio da proteção contra os acidentes do trabalho, porém, em face do vazio legislativo regulamentador, até o presente momento somente o INSS está autorizado a atuar nesse segmento.
A legislação também protege a perda ou redução da capacidade funcional decorrente de acidente de qualquer natureza (alteração introduzida pela Lei nº 9.032/95).
O acidente de trabalho tem três espécies: típico, atípico ou equiparado e de trajeto.
O acidente típico é o que ocorre dentro da empresa, no horário de trabalho.
Atípico ou equiparado é o acidente que, embora não tenha sido a causa única, tenha contribuído diretamente para a morte do trabalhador, para a perda de sua capacidade ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação. As doenças ocupacionais (doença do trabalho e doença profissional) são espécies de acidente atípico.
Acidente de trajeto ou in itinere é o que ocorre no trajeto casa-trabalho e trabalho-casa. Neste sentido, o inciso IV, d, do art. 21 da Lei nº 8.213/1991 é claro ao se referir que o acidente de trajeto é o ocorrido no percurso casa-trabalho e vice-versa, independentemente do itinerário escolhido, se mais distante ou mais curto.
Os tribunais têm entendido que um pequeno desvio de curso, como virar num quarteirão fora do itinerário apenas para parar na padaria e comprar pão, para só depois prosseguir, não impede a caracterização do acidente, pois ainda presente o nexo causal. Para afastar o acidente é necessário um desvio relevante no percurso, como passar na casa da namorada e ficar horas por lá ou parar num restaurante e jantar com os amigos.
Ter sofrido um acidente de trabalho, adquirido uma doença profissional ou doença do trabalho, tipificada na Lei da Previdência é um dos requisitos para a aquisição da estabilidade. Tanto a doença profissional quanto a doença do trabalho equiparam-se ao acidente de trabalho – art. 19 da Lei nº 8.213/1991.
A Lei nº 8.213/1991 considera acidente de trabalho:
Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015)
(...)
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
(...)
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou

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