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ARTIGO A TRAJETÓRIA DO CONCEITO DE INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO AVANÇOS E RETROCESSOS

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EnANPAD 2017 São Paulo / SP - 01 a 04 de Outubro de 2017
A TRAJETÓRIA DO CONCEITO DE INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO:
AVANÇOS E RETROCESSOS
Autoria
Vanessa Marques Daniel - nessa.daniel@gmail.com
Prog de Pós-Grad em Admin/Esc de Admin – PPGA/EA/UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Resumo
O conceito de inovação surge no campo empresarial, como forma das firmas
diferenciarem-se de seus concorrentes e obterem lucros superiores. Este conceito que nasce
na esfera privado é transposto para o setor público, tendo seu crescimento e disseminação
aliado às reformas gerenciais, que ocorreram majoritariamente entre as décadas de 1980 e
1990. As reformas trouxeram preceitos da administração privada para o setor público,
introduzindo nessa esfera fortemente questões como desempenho, qualidade e eficiência,
como forma de modernizar o Estado e superar o modelo burocrático de gestão que era
tachado como moroso. Assim, a inovação no setor público, em meio a esse discurso passou a
ser uma das formas de viabilizar as reformas, pautando-se na eficiência como o principal
resultado da inovação. A parti do que foi exposto busca-se neste ensaio apresentar como as
reformas gerenciais implementaram os preceitos do setor privado no campo da inovação no
setor público, percebendo a inovação nesse contexto relacionada à busca por eficiência e a
transposição direta de ferramentas do setor privado. Dessa forma, propõe-se que a inovação
no setor público deve ir além da eficiência, almejar a efetividade das ações inovadoras,
entendendo as externalidades desejadas a respeito do fenômeno de maneira mais ampla,
incorporando a esfera política.
EnANPAD 2017 São Paulo / SP - 01 a 04 de Outubro de 2017
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A TRAJETÓRIA DO CONCEITO DE INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO: AVANÇOS 
E RETROCESSOS 
RESUMO 
O conceito de inovação surge no campo empresarial, como forma das firmas diferenciarem-se 
de seus concorrentes e obterem lucros superiores. Este conceito que nasce na esfera privado é 
transposto para o setor público, tendo seu crescimento e disseminação aliado às reformas 
gerenciais, que ocorreram majoritariamente entre as décadas de 1980 e 1990. As reformas 
trouxeram preceitos da administração privada para o setor público, introduzindo nessa esfera 
fortemente questões como desempenho, qualidade e eficiência, como forma de modernizar o 
Estado e superar o modelo burocrático de gestão que era tachado como moroso. Assim, a 
inovação no setor público, em meio a esse discurso passou a ser uma das formas de viabilizar 
as reformas, pautando-se na eficiência como o principal resultado da inovação. A parti do que 
foi exposto busca-se neste ensaio apresentar como as reformas gerenciais implementaram os 
preceitos do setor privado no campo da inovação no setor público, percebendo a inovação nesse 
contexto relacionada à busca por eficiência e a transposição direta de ferramentas do setor 
privado. Dessa forma, propõe-se que a inovação no setor público deve ir além da eficiência, 
almejar a efetividade das ações inovadoras, entendendo as externalidades desejadas a respeito 
do fenômeno de maneira mais ampla, incorporando a esfera política. 
Palavras-chave: inovação no setor público; Nova Administração Pública; eficiência; efetividade. 
 
EnANPAD 2017 São Paulo / SP - 01 a 04 de Outubro de 2017
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1. INTRODUÇÃO 
Estudos que enfocam inovação no setor público são recentes comparados ao seu 
surgimento na esfera privada. A inovação no setor privado emerge no contexto mercadológico, 
em que as firmas, para perpetuarem-se no mercado, precisavam buscar incessantemente meios 
para se manterem competitivas. Schumpeter (1997), ao tratar do tema, afirma que com a 
concorrência existente as firmas buscam diferenciarem-se de seus concorrentes, para assim 
obter lucros extraordinários. Dessa forma, a firma torna-se inovadora no momento que ela se 
apropria desses lucros, pois caso a novidade concebida não seja explorada comercialmente deve 
ser tratada somente como invenção. Cabe ressaltar que o conceito de inovação, em sua 
concepção, estava atrelado somente à inovação tecnológica oriunda da indústria. 
Apesar de o conceito de inovação ter se originado e disseminado dentro do contexto 
industrial ele também se difundiu para o setor de serviços, tanto em âmbito público quanto em 
âmbito privado. No setor privado as diferenças estão pautadas em características como o fato 
de oferecer algo intangível, ou seja, uma experiência ao cliente. Diversos pesquisadores, 
entendendo a importância de estudar esse fenômeno, iniciaram pesquisas dedicando-se a este 
setor produtivo (Sundbo & Gallouj, 1998a; Sundbo & Gallouj, 1998b; Lima & Vargas, 2012; 
Morrar, 2014). Eles perceberam a urgência em consolidar uma teoria de inovação em serviços, 
visto que como é um campo com particularidades no seu “produto” entregue, faz com que a 
teoria já consolidada, focada na indústria, seja ineficiente para entender o fenômeno da 
inovação (Lima & Vargas, 2012). 
Da mesma maneira, a literatura que tem como enfoque o setor público passa a ser 
desenvolvida, pois se entende que o setor possui especificidades distintas do âmbito privado, 
além de ter enfrentado mudanças em sua forma de organizar a partir da década de 1990. Entre 
as diferenças existentes entre o setor público e privado está a sua finalidade. No setor público 
suas atividades, quando visam a prestação de serviços, não possuem o propósito de lucrar. Tais 
atividades são financiadas através da arrecadação de tributos, não existindo relacionamento com 
clientes, como na iniciativa privada, mas sim com cidadãos que possuem as mais diversas 
demandas socioeconômicas. Outro ponto a destacar é a necessidade no setor de enfatizar a 
transparência das ações, o uso de princípios como isonomia, imparcialidade e previsibilidade 
(Christensen, Lægreid, Roness & Røvik, 2007). 
O setor público tem passado por transformações que vem ocorrendo desde a década de 
1980. Emergiu nesse campo “um conjunto de ideias administrativas, rotulado por muitos 
autores como nova administração pública (NAP)”, as quais vêm causando transformações em 
organizações desse âmbito (Seabra, 2001, p.19). O principal argumento de implantar a reforma 
na gestão pública era para formar um Estado mais forte e mais eficiente (Bresser-Pereira, 1996, 
1998). Entre as características primordiais desse novo sistema de gestão podem ser citadas a 
busca pelo aumento da eficiência, a melhoria da gestão dos recursos, os processos de 
privatizações, a descentralização e a inserção de mecanismos de responsabilização 
(accountability) (Bresser-Pereira, 1998). Assim, pode-se inferir que a NAP foi utilizada na 
esfera governamental para inserir uma necessidade de melhorias e promoção da eficiência nos 
serviços públicos, tendo como resposta para isso a adoção de padrões gerenciais amplamente 
utilizados na esfera privada (Pollitt, 1990). 
É no contexto das reformas que a inovação no setor público se desenvolve. O conceito 
para Mulgan (2014, p.5) “envolve a criação, desenvolvimento e implementação de ideias 
práticas que alcancem um benefício público. Essas ideias devem ser pelo menos novas em 
partes (ao invés de melhorias); e devem ser úteis”. Por sua vez, Farah (2006) apresenta que 
inovar nesse âmbito também pode significar a superação de características críticas presentes 
em um período anterior, tanto da administração pública quanto das políticas públicas. 
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O tema inovação no setor público passou a receber destaque em diversas esferas, tendo 
espaço em congressos, sendo criadas premiações, gerando assim um espaço para discussão e 
busca por inovação no setor. Na América Latina, há anualmente um grande congresso 
organizado pelo Centro Latino-americano de Administraçãopara o Desenvolvimento (CLAD), 
em que o tema possui uma área temática, e até mesmo em congressos com foco 
tradicionalmente na área privada, como o Congresso Latino-Ibero-Americano de Gestão 
Tecnológica (ALTEC), tem disponibilizado sessão que enfoca a inovação no setor público. 
A inovação nesta perspectiva está diretamente ligada aos preceitos da NAP, tendo a 
inovação como objetivo a busca pela eficiência (Farah, 2006) das ações, programas e políticas 
públicas. Nos estudos de Farah (2006) e Klering e Andrade (2006) é apresentado que a 
eficiência recebe grande importância, sendo tratada como o grande objetivo da inovação. 
Partindo dessas questões presume-se neste ensaio que a inovação do setor público deve 
ter como objetivo externalidades mais amplas, não somente com finalidades incrementais, 
ligadas à eficiência da utilização dos recursos públicos. De forma a dar maior amplitude e 
coerência ao conceito de inovação, insere-se neste ensaio o conceito de efetividade, 
contrapondo o reducionismo produzido pela ênfase no conceito de eficiência. O conceito 
efetividade, que deriva de Responsiveness, deve representar a capacidade de dar respostas as 
demandas oriundas da sociedade (Sander, 1995). Em suma, tomada como critério de 
desempenho administrativo, a efetividade mensura “a capacidade de produzir as respostas ou 
soluções para os problemas politicamente identificados pelos participantes da comunidade mais 
ampla” (Sander, 1995, p.4). Assim, para apontar possibilidades de superação dos limites dessa 
transposição, apresenta-se como suporte teórico para este debate o conceito de efetividade, 
como forma de superar as limitações impostas pelo entendimento de inovação como a utilização 
de ferramentas da esfera privada, ou tratá-la como meramente uma maneira de alcançar a 
eficiência. 
Assim, o argumento deste ensaio é que as reformas gerenciais implementaram os 
preceitos do setor privado no campo da inovação no setor público, percebendo a inovação nesse 
contexto relacionada à busca por eficiência e a transposição direta de ferramentas do setor 
privado. Desse modo, propõe-se que a inovação no setor público deve ir além da eficiência, 
almejar a efetividade das ações inovadoras, entendo as externalidades de uma forma mais ampla 
sobre o fenômeno. A transposição direta de ideias oriundas de um contexto substancialmente 
diferente do setor público pode precarizar o entendimento da inovação no setor. 
Ressalta-se também que pensar o debate sobre inovação no setor público remete ao debate 
político sobre a concepção de Estado. O mainstream do debate atual sobre inovação no setor 
público, de forma mascarada/subliminar, assume o mercado como resposta mais adequada às 
demandas da sociedade de massa, cabendo ao Estado apenas àquelas atividades as quais não 
interessam ao setor privado. Obviamente que nesta concepção de Estado, a inovação que se 
defende vai ter um caráter reducionista de alcance apenas de eficiência. Ao defender a 
efetividade, ainda que não coloque em cheque a presença do mercado, amplia a dimensão 
política do papel da inovação. Embora o ensaio não se proponha a fazer um debate sobre os 
fundamentos ontológicos e epistemológicos que norteiam a pesquisa e a prática da inovação no 
setor público, explicita que ao estabelecer a crítica a visão reducionista da inovação como 
objetivando apenas eficiência e eficácia, traz novas possibilidades de produção de 
conhecimento e de desenvolvimento de novos instrumentos de administração pública. 
O presente ensaio está organizado em cinco tópicos além desta introdução. No tópico dois 
é apresentado o desenvolvimento do conceito de inovação, mostrando seus fundamentos e sua 
trajetória até chegar ao campo da administração pública. No tópico três são apresentados os 
fundamentos da Nova Administração Pública, que acabaram influenciando a inovação no setor. 
Já no tópico quatro é realizada a discussão sobre como o conceito de inovação no setor público 
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está estabelecido, traçando o contraponto ao trazer o conceito de efetividade para discutir o que 
se busca com a inovação. Por fim, no quinto tópico são apresentadas as considerações finais. 
2. O DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO INOVAÇÃO: DO SETOR PRIVADO AO 
SETOR PÚBLICO 
Para abordar o conceito de “Inovação no setor público” é necessário apresentar a trajetória 
do conceito de inovação, bem como sua evolução ao longo do tempo com seus respectivos 
desdobramentos. Como apresentado na introdução deste ensaio, o pesquisador que ficou 
conhecido como o criador do conceito de inovação foi Joseph Schumpeter. A partir de uma visão 
distinta da teoria neoclássica, que considera as firmas agentes passivos frente às mudanças na 
economia, o autor redefine a função delas no processo de desenvolvimento econômico. Para ele 
a firma passa a ser o agente que promove a inovação, desempenhando um papel importante no 
que permeia o progresso tecnológico (Schumpeter, 1997). O desenvolvimento econômico, 
promovido pelas inovações, trata-se de um processo contínuo, crescente e dinâmico que deslocará 
o estado de equilíbrio permanentemente (Schumpeter, 1997). 
Para alcançá-lo, como apresenta Schumpeter, é necessário realizar novas combinações. 
Como novas combinações entende-se “o emprego diferente da oferta de meios produtivos 
existentes no sistema econômico” (Schumpeter, 1997, p.78). Essas combinações podem ocorrer 
de cinco maneiras. A primeira relaciona-se à introdução de um novo bem, que pode ser tanto 
aquele com o qual o consumidor não esteja acostumado, quanto ‘uma nova qualidade’ de um 
bem já existente. A segunda maneira refere-se à inserção de um novo método produtivo. O novo 
método não precisa estar baseado em uma descoberta científica, podendo ser também uma 
“nova maneira de manejar comercialmente uma mercadoria” (Schumpeter, 1997, p. 76). Por 
sua vez, a terceira maneira diz respeito à abertura de um novo mercado, em que a firma ainda 
não realiza operações comerciais, tendo este mercado já existido ou não. A quarta maneira vem 
da descoberta de novas matérias-primas ou de artefatos semimanufaturados, seguindo a mesma 
prerrogativa de não ser relevante à existência anterior do mesmo. Por fim, a quinta e última 
maneira ocorre a partir de uma mudança organizacional, uma nova forma de organizar. É 
preciso ressaltar o lucro é a condição necessária para que a inovação exista, se não há lucro, 
não há inovação. 
Outros autores como Nelson e Winter (1982), Dosi (1988), Freeman e Soete (2008) e 
Tidd, Bessant e Pavitt (2008), neoschumpeterianos, também se dedicaram a tratar do tema. 
Entende-se que o sucesso das firmas está diretamente relacionado à inovação (Tidd, Bessant & 
Pavitt, 2008). Ela pode ser entendida como “a busca e descoberta, experimentação, 
desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, novos processos e novas configurações 
organizacionais” (Dosi, p.222). Contudo, para inovar é necessário atentar para o fator incerteza 
presente no processo, uma vez que distintos tomadores de decisões e firmas realizam apostas 
diferentes, mesmo estando expostos as mesmas influências econômicas, e entre tais apostas, 
algumas confirmam-se como adequadas e outras não (Nelson & Winter, 1982). Além disso, 
trata-se de um caminho sem volta e contínuo, pois a mudança tecnológica representa algo 
decisivo no âmbito da firma, visto que optar por não inovar pode vir a acarretar extinção da 
mesma (Freeman & Soete, 2008). 
Baseado nos estudos de Schumpeter e dos autores Neoschumpeterianos apresentados 
até então, eles focaram na inovação de base tecnológica, ligada à indústria. Eles, de maneira 
geral, entendem a inovação como uma novidade ou mudança. Essa novidade ou mudança 
podeemergir através da criação de um novo produto ou modificação de um produto existente, 
de novos processos, de novos arranjos organizacionais, de novas maneiras de comercializar e 
da conquista de novos mercados. No contexto competitivo em que as firmas se situam, a 
inovação se apresenta como forma de elas se perpetuarem no mercado e desenvolverem uma 
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vantagem competitiva frente aos concorrentes. É necessário destacar que somente existe 
inovação se ela proporcionar ganhos financeiros à firma, caso contrário o que existe é apenas 
uma invenção. Autores contemporâneos que abordam o tema incluíram ao conceito de 
inovação, sobre seu resultado, a criação de um novo valor aos clientes (Crossan & Apaydin, 
2010). Há o reconhecimento da inovação mais do que simplesmente a concepção de algo novo, 
mas incorporando o elemento ‘agregar valor’ tanto para consumidores, quanto para as firmas. 
No final da década de 1980, início da década de 1990, iniciou-se um movimento de 
pesquisadores que entendiam a inovação oriunda do setor industrial distinta da inovação no 
setor de serviços - por exemplo os autores Sundbo e Gallouj, (1998a). De acordo com Bohrer e 
Vargas (2014), a produção científica embrionária nesse campo se relaciona à expressiva 
produção acadêmica da inovação industrial e a certos mitos sobre o setor de serviços, como por 
exemplo, de que não é possível inovar em serviços. O setor passou a ser entendido recentemente 
como uma das válvulas propulsoras para o crescimento econômico. Anteriormente isso não 
ocorria pelo fato de que os serviços eram considerados atividades não inovativas, ou quando 
eram consideradas inovadoras estavam ligadas à adoção e uso de tecnologias. Assim, por algum 
tempo, a inovação em serviços foi discutida a partir do prisma da fabricação (Morrar, 2014). 
O processo de inovação em empresas de serviços possui um conjunto de características 
que as distinguem das empresas de manufatura. Este pressuposto é baseado nos estudos de 
Sundbo e Gallouj (1998a), os quais formularam uma síntese das características típicas da gestão 
da inovação em organizações de serviços. A primeira característica é a flexibilidade da gestão 
da inovação. Assim, identifica-se a ausência de estruturas dedicadas à inovação, como 
departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), sendo essa atividade geralmente posta 
a cargo de um departamento de marketing ou de times de projeto ad hoc. Segundo os autores, 
trata-se do desenvolvimento informal de um conjunto de pessoas que desenvolvem atividades 
de inovação (Sundbo & Gallouj, 1998a). 
Outra característica é a necessidade de qualificação dos trabalhadores. Independente do 
ramo dos serviços, ao se comprar um serviço adquire-se o modo de fazê-lo. Portanto, torna-se 
um elemento importante a qualificação dos trabalhadores, assim como, a necessidade de a 
organização desenvolver mecanismos de aprendizagem que tornem esta qualificação 
corporativa e não individual (Sundbo & Gallouj, 1998a). Por fim, o envolvimento de agentes 
externos é outra importante característica das empresas de serviços, especialmente dos clientes 
e fornecedores. Embora se perceba a tendência para que a inovação em serviços se torne mais 
sistemática, integrando a estratégia das organizações, ela é ainda administrada de maneira 
bastante contingencial (Sundbo & Gallouj, 1998). 
Assim, é possível afirmar que a inovação no setor de serviços ocorre a partir da 
resolução de um problema (Bohrer, 2010). No passado, as firmas para ter vantagem frente a 
seus concorrentes, optavam por ações como economias de escala, preços e custos reduzidos. 
Essas ações ao longo do tempo passaram a ser insuficientes tendo as firmas que se pautar na 
inovação como forma de desenvolver serviços capazes de atender as demandas deste mercado 
competitivo e em constante evolução, com necessidades cada vez mais distintas. 
No final dos anos 1980 o interesse pela inovação no setor público aumentou 
consideravelmente (Borins, 2006). O crescimento desse interesse se deu através do movimento 
da modernização da administração pública, que nasce com base no debate sobre as reformas na 
administração pública, que por sua vez, está relacionado a Nova Administração Pública. Como 
modernização neste contexto entende-se a busca pela a satisfação dos usuários, a melhoria da 
qualidade dos serviços públicos e na promoção de transparência, aliado à introdução de 
técnicas de gestão mais robustas que agreguem eficiência e eficácia nas atividades de 
instituições públicas (Tohá & Solari, 1997) 
De acordo com Borins (2006), o surgimento de relevantes prêmios de inovação na 
gestão pública, concebidos por instituições não governamentais, funcionaram como um 
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dinamizador importante. Entre os objetivos dessas premiações destaca-se o combate as 
críticas da mídia e a hostilidade política ao serviço público, encorajando o desenvolvimento 
e a propagação da inovação (Borins, 2006). Nos Estados Unidos a premiação mais relevante 
na área é a da Fundação Ford de Inovação, administrado pela Universidade de Harvard 
(Borins, 2006). No Brasil, em 1996, um ano após o início da implementação da Reforma 
Gerencial, foi instituído o Concurso Inovação no Setor Público, organizado pela a Escola 
Nacional de Administração Pública (ENAP) juntamente com o Ministério do Planejamento, 
Orçamento e Gestão. O objetivo da premiação é reconhecer equipes de servidores públicos que 
se dedicam em suas atividades a busca por inovação (ENAP, 2015). 
A inovação no âmbito público pode ser incentivada por diferentes demandas e pressões 
oriundas do ambiente (Vries, Bekkers &Tummers, 2014). Entre os fatores estão a atenção da 
mídia às pressões públicas, a demandas políticas e até mesmo à influência de um líder político, 
que pode mudar dada realidade. Osborne e Brown (2005) elencaram outros motivos que 
levaram a essa “necessidade” de mudanças nas Organizações do Serviço Público (OSP), que 
possuíam características baseadas na Burocracia Weberiana. Entre os fatos que marcam isso 
estão: (a) a imposição de que as organizações públicas deveriam centrar-se em princípios como 
eficiência e eficácia dos recursos escassos; (b) a expansão da abordagem gerencial para os 
serviços públicos; (c) o envelhecimento da população; (d) o aumento da expectativa dos 
cidadãos frente a qualidade dos serviços; e (e) as mudanças políticas relacionadas a questões de 
governança de múltiplas relações entre prestadores de serviço. 
A inovação no setor público difere-se do setor privado, visto que essencialmente no 
setor público não há a busca pelo lucro e não existe relacionamento com clientes. Allison 
(1992) apresentou uma série de diferenças existentes entre a gestão pública e a gestão privada, 
apontando que é preciso atentar para os pontos em que gestão pública e privada divergem, 
pois existem diferenças expressivas entre os setores. Entre os pontos que elas divergem está 
no fato de o setor privado dar ênfase na busca por eficiência e desempenho competitivo, 
enquanto no setor público, teoricamente, a ênfase deveria estar na busca por equidade. Outro 
exemplo está na duração dos cargos dos gestores: no setor privado eles possuem contratos de 
longo prazo, tendo responsabilidade de treinar seu sucessor; já no setor público, os cargos são 
cíclicos e possuem período de duração fixado de acordo com o tempo do governo eleito, não 
tendo preocupação com sucessão. Também foi ponderada a questão da publicização de ações 
e informações que, no setor privado, não é necessária (respeitando exceções, como em 
empresas de capital aberto) e no setor público as ações e informações devem estar disponíveispara o escrutínio público. Outro ponto importante são as questões financeiras: no setor 
privado há objetivos bem definidos, sendo eles a busca pelo lucro, desempenho de mercado 
e sobrevivência; no setor público isso não é bem definido, contudo se sabe que, 
fundamentalmente, a administração pública direta não visa lucro (Alison, 1992). 
Da mesma forma como há diferenças na gestão pública e privada há também quando se 
aborda o tema inovação. Normalmente quando se fala da inovação no setor privado tem-se a 
ideia do desenvolvimento de algo novo, que acarretará ganhos financeiros, por outro lado, as 
inovações em serviços públicos não possuem essa finalidade, buscam modificar uma realidade 
em prol de melhorias na condição de vida dos cidadãos. Como afirma Hartley (2005, p.27) 
“aqui a inovação não é um artefato físico [...], mas uma mudança no relacionamento entre 
provedores de serviços e seus usuários”. Nessa relação existe o provedor de serviços, 
representado pela figura do Estado através da administração pública, relacionando-se com o 
usuário, no caso os cidadãos (Hartley, 2005). A inovação pode ser definida como uma condição 
necessária para a modernização do governo, a fim de responder a novos desafios societais”. 
(Bekkers, Edelenbos & Steijn, 2011, p.14). 
Hartley (2005, p. 30) defende que a inovação no setor público se justifica somente quando 
“aumenta o valor público em qualidade, eficiência ou adequação a um propósito de governança 
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ou serviços”. Apesar de o autor afirmar que assim como na esfera privada, os policy-makers, 
os gestores e os pesquisadores do setor público devem entender o contexto em que estão 
inseridos, de maneira mais nítida, ainda apresenta uma visão limitada sobre a inovação no setor 
público, entendendo que é possível utilizar o mesmo arcabouço teórico para explicar o 
fenômeno em ambas as esferas. Alinhado a isso, Potts e Kastelle (2010) argumentaram que os 
modelos de inovação na esfera privada não podem ser facilmente utilizados pela esfera pública, 
atribuídos, em particular, as estruturas de incentivos diferentes existentes em ambos os setores. 
Vries et al. (2014) ao realizarem uma revisão sistemática sobre estudos em inovação no 
serviço público verificaram que nos últimos seis anos (de 2009 a 2014) ocorreu um crescimento 
importante no número de publicações, concentrando-se no período 60% do total das 
publicações. Além disso, do total delas 25% foram concebidos no Reino Unido e outros 21% 
oriundos dos Estados Unidos. Isso representa a hegemonia anglo americana dos estudos em 
inovação do setor público, e talvez, não coincidentemente, o maior número de publicações é 
oriundo dos países que foram pioneiros no que tange as reformas. 
Outra ponderação importante encontrada na pesquisa de Vries et al. (2014) foi que, dos 
artigos catalogados, quando analisados os dados referentes aos objetivos da inovação no setor 
público 31% (total de 72 artigos) dos estudos o objetivo da inovação é a busca pela eficácia e 
pela eficiência. Outro dado interessante é de que 8% dos artigos, que representa 18 artigos, 
tratam como o objetivo da inovação a busca pela melhoria da satisfação dos clientes (tratando 
o cidadão como clientes). Além disso, nos trabalhos que entendem o objetivo da inovação a 
eficácia e a eficiência em alguns casos destacavam a noção de realizar mais com menos, dando 
como exemplo o estudo de Kim e Lee (2009). 
De acordo com os autores isso foi verificado também no estudo que tinha como enfoque 
o setor de saúde britânico visto em Turner, Allen, Bartlett e Pérotin (2011), em que os 
programas governamentais estimulavam adotar certas práticas de gestão, principalmente 
devido aos preceitos da NAP. Outro ponto relevante citado é que os termos eficácia e 
eficiência foram muitas vezes utilizados como termos substitutos, sem sua devida 
diferenciação. Corroborando com isso, Potts e Kastelle (2010) entendem que as instituições 
públicas também são conduzidas pelo princípio da eficiência econômica, com o objetivo de 
minimizar desperdícios e maximizar resultados, tendo em vista os recursos limitados. 
Comparando os conceitos de inovação em âmbito público e em âmbito privado o aspecto 
de trazer algo novo, da novidade, que irá mudar dada realidade são questões inerentes a ambas 
as áreas. Contudo, as semelhanças acabam por aqui. No setor privado existe uma relação 
consumidor-empresa, em que a busca por inovações pelas firmas é imprescindível à sua 
perpetuação no ambiente competitivo, tendo como resultado do processo de inovação ganhos 
financeiros para as firmas e a existência de uma vantagem competitiva. 
Ao falar de inovação no setor público existe uma relação entre governo e sociedade, 
composta por cidadãos. Diferente da inovação tecnológica que se sabe o resultado almejado 
através das inovações (lucros extraordinários e desenvolvimento econômico como apresentado 
por Schumpeter) no setor público não há um consenso sobre o que se busca através das 
inovações. Vries et al. (2014) perceberam essa lacuna em sua pesquisa sobre o tema inovação 
no serviço público como a busca pela eficiência e pela eficácia, utilizando-os como sinônimo 
(utilizados de maneira errada, pois os termos possuem conotações distintas). Além disso, em 
dados momentos tratavam que o resultado da inovação era “fazer mais por menos”, questões 
ligadas ao conceito de eficiência. Outro ponto grave mencionado é a busca pela satisfação dos 
clientes, forma que não pode ser abordada quando se encontra no âmbito público, pois como 
mencionado existe uma relação entre o Estado (provedor de serviços) e a sociedade (composta 
por cidadãos). 
Resgatando o conceito apresentado por Osborne e Brown (2005) que trata inovação no 
setor público como a inserção de novos elementos na forma de novo conhecimento, uma nova 
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organização, e/ou habilidades processuais, será que somente a implementação dessas mudanças 
configura-se em uma inovação? E as externalidades provocadas por essas mudanças? Que 
objetivo se busca através da realização dessa mudança, dessa ruptura com o presente? 
A Figura 1 apresenta a síntese dos conceitos de inovação tecnológica, em serviços e no 
setor público. 
3. A NOVA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: O CONTEXTO DA INOVAÇÃO NO 
SETOR PÚBLICO 
Quando se aborda o tema inovação em âmbito público é necessário expor o contexto 
que emerge essas iniciativas: a Reforma do Aparelho do Estado, que traz consigo os preceitos 
da Nova Administração Pública, aliada à modernização da gestão pública. Assim, na década 
de 1980 e 1990 observou-se tanto em países desenvolvidos, quanto em países ditos em 
desenvolvimento um movimento de transformações na gestão pública. O estímulo a essas 
mudanças tem origem em críticas rigorosas feitas ao modelo burocrático de gestão e a 
incorporação de práticas oriundas do setor privado no setor público (Secchi, 2009). 
Para falar da Nova Administração Pública é necessário pontuar questões como onde 
emergiu o movimento das reformas. Elas iniciaram no Reino Unido, pela ação de Margareth 
Thatcher e nos Estados Unidos por Ronald Reagan. Ambos foram os protagonistas e pioneiros 
nesse processo na Europa e na América, respectivamente (Paes de Paula, 2005). Nesses 
governos prevalecia como meta principal a busca por uma administração pública mais eficiente 
e flexível, tanto em sua dinâmica interna como a possibilidade de adaptação as demandas 
externas (Kettl, 2006). 
Na América Latina a Reforma Gerencial passou a ser implementada na década de 1990 a 
partir de pressões de organismos externos. O Consenso de Washington foi o marco que 
formalizou as recomendações do que deveriaser feito. A partir deste encontro que reuniu atores 
como economistas latino americanos, pessoas ligadas ao Fundo Monetário Internacional (FMI), 
ao Banco Mundial, ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ao governo norte-
americano, resultou uma série de ‘prescrições’ a serem colocadas em prática pelos países que 
fossem angariar recursos em órgãos como o FMI. Esses países deveriam adequar-se as novas 
regras econômicas, realizando as chamadas reformas estruturais. Entre as prescrições estavam a 
busca pela disciplina fiscal, a privatização, a liberação do comércio exterior, a reforma tributária, 
a permissão de investimento de capital estrangeiro, entre outras deliberações (José Negrão, 1998). 
No Brasil a reforma da administração pública foi introduzida em 1995, através do Plano 
Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, idealizado por Bresser-Pereira, que na época ocupava 
o cargo de Ministro da Administração Federal e Reforma do Estado. De acordo com o plano 
diretor o escopo da reforma do aparelho do estado estava restrito a alcançar o status de uma 
administração pública mais eficiente, orientada para cidadania (BRASIL, 1995). 
As motivações da reforma podem variar de local para local. Contudo, um dos principais 
motivos surge no contexto de crise econômica (nas décadas de 80 e 90), tendo como finalidade 
economia financeira (Pollitt & Bouckaert, 2002). Os governos encararam o ‘movimento de 
tesoura’, visto que os custos para prover o bem-estar social aos cidadãos crescem 
consideravelmente ao longo do tempo, à medida que as possibilidades de aumento de receitas 
(criação de novos tributos) são decrescentes (Pollitt & Bouckaert, 2002; Toonen, 2010). 
Entre as principais características da NAP destaca-se o uso de pensamentos e ferramentas 
utilizados por empresas privadas; descentralização do aparelho do estado; terceirização de 
atividades que anteriormente eram de responsabilidade governamental, sendo o governo um 
agente regulador e privatizações; controle por resultados e primazia da qualidade do serviço 
público (Paes de Paula, 2014; Gomes, 2012). Pollitt e Bouckaert (2002) definiram quatro 
estratégias chave que norteiam qualquer reforma pelo mundo, são eles: (a) manter: preservar a 
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aparelho do estado, ajustando-o quando necessário; (b) modernizar: promover mudanças 
substanciais em estruturas e processos. Exemplos: agências autônomas, mudanças da forma de 
contratação dos servidores, mudanças na orientação orçamentária, dentre outros; (c) 
mercantilizar: inserção de práticas de mercado no setor público, com o objetivo de acarretar 
melhor desempenho e alcançar eficiência; (d) minimizar: redução da máquina pública, 
utilizando de artifícios como privatizações e contratações externas. Tal estratégia revela a 
conduta cética frente ao potencial da boa gestão do setor público. 
Apresentadas as diversas motivações e objetivos da NAP agora é necessário expressar 
que não há um consenso sobre ela. Existem autores que a entendem como algo importante e 
benéfico para o setor (por exemplo Osborne & Gaebler, 1992; Bresser-Pereira, 1996; Bresser-
Pereira, 2002; Seabra, 2001), contudo outros entendem como algo que trouxe diversos 
problemas e reducionismos para a esfera pública (por exemplo Pollitt; Bouckaert, 2002; 
Denhardt & Denhardt, 2000; Pollitt; Bouckaert, 2011; Peters, 2013). 
Entre os estudiosos que consideram estas reformas algo inerente de acontecer no âmbito 
da gestão pública, os discursos se justificam a partir de um rol de críticas sobre o modelo 
burocrático de gestão, afirmando que o mesmo não estava dando respostas às demandas da 
sociedade que eram cada vez mais distintas e crescentes. Entre as principais questões 
assinaladas pelos pesquisadores estão: a inflexibilidade, a lentidão, a ineficiência. Como 
promessa de dias melhores para a esfera pública estava a ideia de aproximação das formas de 
gestão privada para esfera pública. Assim, prevendo-se que o governo ao funcionar como uma 
empresa passaria a ser, principalmente, mais flexível e eficiente, voltada para resultado 
(Osborne & Gaebler, 1992; BRASIL, 1995; Bresser-Pereira, 1996; Bresser-Pereira, 2002; 
Seabra, 2002). Outro ponto importante sobre a ‘necessidade’ das reformas pautava-se sobre o 
alto custo para manter a máquina pública. Dessa forma seria importante torná-la mais enxuta, 
modificando o papel do governo (Osborne & Gaebler, 1992). 
Entre os autores que possuem uma postura distinta sobre as reformas e, 
consequentemente, sobre a NAP, estão Denhardt e Denhardt (2000). Eles entendem que a NAP 
está visivelmente relacionada à “perspectiva da escolha de mercado na administração pública” 
(Denhardt & Denhardt, 2000, p.551). Nesta perspectiva se vislumbra o governo a partir da 
relação mercado e clientes. Ao seguir esse caminho (e alguns acreditam que seja o certo) busca-
se a redução do governo, tornando-o menos oneroso. Outro ponto a destacar sobre a Nova 
Administração Pública é que ela não se configura somente na aplicação de novas técnicas, mas 
também um conjunto de valores oriundos da esfera privada (Denhardt & Denhardt, 2000). 
Os autores Denhardt e Denhardt (2000, p.555) acreditam na visão de que o Estado deve 
servir ao cidadão e não ao cliente. Eles defendem a ideia de que os resultados do governo devem 
partir de valores compartilhados, ao invés de agregação de interesses individuais. Nessa relação 
Governo-cidadão (o governo representado através dos servidores públicos) não deve restringir-
se a corresponder às imposições dos ditos ‘clientes’, mas sim concentrar-se “na construção de 
relações de confiança com e entre os cidadãos”. 
Outro ponto a considerar é que na NAP há um estímulo que os gestores públicos exerçam 
e pensem suas atividades como o proprietário de empresa. Isso acarreta limitação frente aos 
objetivos almejados. Esses acabam sendo voltados para otimização da ‘produtividade’ do 
governo e a busca pela satisfação dos ‘clientes’, desfrutando de oportunidades que pudessem 
emergir. Já no Novo Serviço público proposto por Denhardt e Denhardt (2000) caracteriza-se 
claramente que o gestor público não é proprietário de negócios de suas respectivas agências e 
programas, mas que o governo pertence aos cidadãos. O gestor, no contexto apresentado pelos 
autores, deve estar a serviço do cidadão, promovendo mudanças sociais, diferente da postura 
de um empresário que visa alcançar lucro e eficiência. 
Um ponto importante destacado por Pollitt (2013) é que passado em torno de três décadas 
do surgimento das reformas sabe-se pouco sobre os resultados e impactos que elas geraram 
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10 
sobre a sociedade. Não se sabe se quer se a mesma teve efeito positivo ou negativo, ou se no 
período aumentaram os níveis de eficiência. O que há de informações decorrem sobre mudanças 
estruturais e em processos dentro das organizações públicas, e não dos resultados produzidos 
pelas reformas (Pollitt, 2013). 
Para Peters e Pierre (2010) apesar de as reformas no setor público terem inspirado-se nos 
preceitos do mercado (da esfera privada) existem críticas a serem feitas sobre essa transposição. 
A principal delas é de que a eficiência não pode tornar-se a importância essencial, as 
preocupações devem concentrar-se em questões como efetividade e accountability. Os autores 
ainda complementam que aos olhos da população talvez a eficiência seja o valor menos 
importante neste contexto. O destaque deve ser dado a prestação de serviços realizada de forma 
mais responsável e humana. Tal questão não significa entender a eficiência como algo 
desnecessário, mas que não deve ser o valor preponderante na administração pública. 
Apresentadasas posições dos diversos atores sobre a NAP, acredita-se neste ensaio que 
esse movimento trouxe severas consequências ao setor público, corroborando com os autores 
que possuem visão crítica sobre o fenômeno (Denhardt & Denhardt, 2000; Paes de Paula, 2005; 
Peters & Pierre, 2010; Pollitt, 2013). Transferir os preceitos da administração privada para 
administração pública trouxe para os governos a perspectiva de mercado (competitividade), 
transpondo o ferramental que no contexto de empresas privadas origina resultados positivos. 
Contudo, a finalidade entre setor público e setor privado é distinta, uma visando o lucro, e a 
outra o almejando melhores condições de vida aos cidadãos. A simples transposição desses 
preceitos não garante os mesmos resultados, pois se trata de contextos e propósitos distintos. 
4. O SETOR PRIVADO COMO NORTEADOR DA INOVAÇÃO NO SETOR 
PÚBLICO: CRÍTICA AOS LIMITES DO FOCO NA EFICIÊNCIA E A PROPOSIÇÃO 
DA EFETIVIDADE 
Pensar em inovação no serviço público é algo recente. Como foi visto, no final da década 
de 1980 e início da década de 1990 começou o desenvolvimento desse campo teórico. Tal 
conceito emergiu originalmente em um contexto muito distinto daquele em que foi replicado: 
o setor privado. Neste setor, para que as firmas consigam se perpetuar, é necessário diferenciar-
se de seus concorrentes. 
Na fala dos autores clássicos do tema é recorrente o termo mudança quando se fala de 
inovação (por exemplo Schumpeter, Nelson e Winter, Freeman e Soete). Ao inovar busca-se 
mudar algo ou alguma coisa. Contudo, as mudanças conduzidas pela inovação no setor público 
e no setor privado possuem motivações diferentes. De maneira simplificada o primeiro 
preocupa-se com os interesses dos cidadãos, o segundo o centro de sua atenção é o lucro dos 
acionistas e a satisfação dos clientes. Os modelos de inovação utilizados na esfera privada não 
podem ser facilmente transpostos para a esfera pública, visto que existe questões estruturais que 
os diferem substancialmente. No setor público não há a busca por lucro ou uma situação 
concorrencial que leve a ansiar por inovação. 
Percebe-se que os pesquisadores que se dedicam a investigar a inovação no setor público 
apropriam-se de conceitos e técnicas oriundas do setor privado para determinar a que a inovação 
se propõe. Para eles pode-se inovar para criar novas maneiras de organizar (Meeus & Equist, 
2006), para melhorar a qualidade e eficiência do setor público (Walker, 2014), para criar novos 
serviços (Damanpour, 2009), para conceber e utilizar novas tecnologias (Koivisto, Pohjola & 
Pitkänen, 2015), entre outros motivos. É notável a partir das definições o entendimento limitado 
de inovação como mudanças somente organizacionais ou tecnológicas. Apesar disso, o que é 
comum quando se pensa em inovar no setor público é a mudança de uma realidade. 
Walker (2014) afirma que as inovações acontecerão para dar respostas às mudanças que 
ocorrem no ambiente externo, como por exemplo, escassez de recursos e “demanda de clientes”, 
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11 
dando respostas a lacunas de desempenho do serviço, buscando ampliar sua qualidade. Essa 
afirmação reforça a existência do ideário empresarial ao abordar o tema inovação, visto que para 
conceituar o tema o autor utilizou quatro expressões vindas desse contexto: escassez de recurso, 
demanda de clientes, desempenho e qualidade. 
A NAP apresenta em seu discurso a visão pessimista frente ao modelo burocrático de 
gestão adotado até então, que não conseguia mais dar respostas ao aumento dos gastos e as 
demandas cada vez maiores e específicas da população. Caracterizavam o modelo burocrático 
de gestão como moroso e ineficiente. Como alternativa para superar tais limitações foi 
apresentado como solução um novo modelo de gestão para o campo, baseado na transposição 
de práticas e de técnicas do setor privado para a esfera pública. Os indivíduos que 
implementaram reformas certamente foram influenciados por um número expressivo de ideias 
de diferentes campos de conhecimento do setor privado. Essas reformas implementadas pelo 
mundo foram visivelmente influenciadas pelo ideário do mundo empresarial, realizando uma 
transposição simplista de métodos e ferramentas, que em certa maneira, foram positivas para 
as empresas privadas em busca de competitividade, e deveriam se ajustar à esfera pública. Da 
mesma forma, a inovação no setor público recebeu a influência das reformas em sua concepção, 
seguindo em grande parte a lógica institucional do setor privado para pensar e conceber 
inovações no setor público. 
A pesquisa sistemática realizada por Vries et al. (2014) (já apresentada) dá indícios de 
que tal questão é verídica. A primeira questão a pontuar é de a maioria dos estudos analisados, 
são oriundos do Reino Unido e dos Estados Unidos, berços da NAP. A busca pela satisfação 
dos clientes é outro ponto relevante, visto que quando lidamos com a esfera pública não lidamos 
com clientes e sim com cidadãos. A questão de entender a inovação como algo que busca a 
eficiência ou a eficácia também ficou evidente na pesquisa dos autores, em que a maioria dos 
estudos abordavam essa questão. E, além disso, quando tratavam da eficácia a confundiam com 
eficiência. Existe um domínio dos pressupostos do setor privado quando falamos de inovação 
no setor público. 
A inovação no setor público emana da necessidade de mudança, constatado um problema 
em dado contexto. Pensar em inovar neste setor deve ir além da racionalização dos recursos, da 
busca de boas práticas de gestão, mas sim pensar no fim social que a inovação se propõe a 
atingir. Nesse momento o conceito de efetividade é inserido. Efetividade no sentido de entender 
as necessidades e as possibilidades que a ação governamental irá se propor, entendendo que 
benefícios essa ação se propõe a promover, que camada da população será atendida através da 
inovação (Torres, 2004). 
A real inovação deve superar as práticas vistas de implementação de ferramentas já 
existentes, deve partir de sua própria realidade. Inovação no setor público deve ser pensada a 
partir de seu contexto, de suas peculiaridades, para assim promover mudanças expressivas na 
vida dos cidadãos. Não cabe a este ensaio desconsiderar o que hoje é tido como inovação no 
setor público, nem mesmo desprezar a eficiência no setor, mas sim alertar que entender a 
inovação como busca de eficiência somente é limitar o conceito e a prática. 
A inovação hoje está estritamente ligada à lógica do setor privado inserida através da 
Nova administração Pública. Tal fato tem consequências na forma como hoje são concebidas 
as inovações. Pensá-la através da lógica do setor privado é pensar em inovações de curto prazo, 
imediatistas, que busca a melhoria majoritariamente nos processos, que beneficia uma parcela 
limitada de indivíduos e que se propõe a tornar os processos mais eficientes e a buscar por 
desempenho. Inovação essa focada nos preceitos que introduz a ideia do Estado mínimo. 
Ana Paula Paes de Paula (2005) entende que as transformações econômicas e sociais, que 
ocorreram com as reformas impuseram mudanças na forma de organizar o Estado e gerenciar a 
economia, tendo como desafio na área pública a “evolução das práticas administrativas em 
direção ao interesse público e a democracia”. Os pesquisadores tentam buscar “diálogo entre 
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12 
administração e ciência política, mas enfrentam dificuldades, pois os dois campos de 
conhecimento tendem a se distanciar” (Paes de Paula, 2005, p.21). Ao longo da história o campo 
da administração tem enfatizado a busca por soluções técnicas, destacando aspectos 
instrumentaisda administração e deixando de lado os aspectos sociopolíticos envolvidos. O 
foco fica na busca pela eficiência e transfere-se o entendimento de seus impactos para a ciência 
política (Paes de Paula, 2005). Entender a inovação como algo focado somente na questão 
técnica acaba deixando de lado os aspectos políticos da administração pública. 
Ao pensar a inovação pautada na eficiência, a preocupação está centrada em procurar por 
“meios mais econômicos e viáveis, utilizando a racionalidade econômica que busca maximizar 
os resultados e minimizar os custos, ou seja, fazer o melhor com os menores custos, gastando 
com inteligência os recursos pagos pelo contribuinte” (Torres, 2004, p.174). 
Esse conceito limita os resultados das ações, programas e políticas governamentais a fins 
econômicos, não há como enfoque as externalidades das ações, a seus aspectos políticos. Para 
compreender o papel do Estado para além da esfera técnica, dando destaque a questão política, 
o entendendo de forma ampliada, é necessário promover uma gestão mais responsável e 
humanizada, focando na efetividade (Peters & Pierre, 2010). O conceito de efetividade está 
relacionado com a qualidade do resultado promovido e a necessidade da ação pública, 
sobressaindo-se as questões econômicas relacionadas a ajustes fiscais (que é um dos ‘ditos’ 
motivos das reformas gerenciais) (Torres, 2004). Como afirmou Torres (2004, p.174), a 
efetividade é um conceito complexo, tendo no cerne da sua concepção examinar a real 
necessidade e oportunidade de determinadas ações estatais, deixando claro que setores são 
beneficiados e em detrimento de que outros atores sociais. Essa averiguação da necessidade e 
oportunidade deve ser a mais democrática, transparente e responsável possível, buscando 
sintonizar e sensibilizar a população para a implementação das políticas públicas. 
Percebe-se a inserção do caráter político as ações públicas quando inserimos o conceito 
de efetividade, dando respostas a problemas politicamente identificados, atendendo a demandas 
da comunidade (Sander, 1995). Sander (1995) ainda pontua estar relacionada ao conceito de 
accountability, que se refere a responsabilização sobre seus atos. Fica claro no conceito de 
efetividade permanece questões como responder as demandas externas, mas apresenta-se aqui 
o elemento político importante, a preocupação em suprir problemas de uma comunidade, dar 
respostas a essas demandas. Assim, o sentido do conceito de efetividade exposto pelo autor 
mantém a questão do atendimento de expectativas externas, ou seja, atender a problemas 
politicamente identificados, e ainda acrescenta a questão da responsabilização. 
A efetividade centra-se em externalidades mais amplas, voltada a sociedade onde se busca 
o desenvolvimento econômico, mas também social, além de respeitar questões como igualdade 
e justiça, observando direitos e deveres tanto do cidadão quanto do Estado. Por isso, efetividade 
difere-se dos conceitos eficiência e eficácia, que segundo o autor são objetivos restritos para o 
que se propõe a administração para o desenvolvimento (Motta, 1996). 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A motivação para construção desse ensaio ocorreu com o objetivo de aprofundar os 
estudos sobre inovação no serviço público. Ao iniciar o entendimento da literatura sobre 
inovação neste âmbito percebeu-se um certo direcionamento dos resultados que se busca ao 
inovar no setor público: pauta-se majoritariamente na busca por eficiência. Como foi exposto, 
essa situação está relacionada aos princípios da NAP que foram incorporados na administração 
pública, reduzindo o papel do Estado e inserindo ferramentas e ideias oriundas do setor privado 
no setor público. O argumento central seria: se funciona nas empresas, por que não funcionaria 
em organizações públicas? De forma sucinta a resposta é: não funciona porque Estado e 
empresas possuem características e objetivos distintos. 
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13 
Entender a inovação no setor público dessa forma limita o que ela poderia vir a ser. A 
inovação pode apoiar de forma mais incisiva os governos para promover questões como 
equidade e a efetividade das políticas públicas. Isso pode ocorrer ao entender o papel do Estado 
de maneira ampliada, não se restringindo apenas a esfera técnica, mas contemplando a esfera 
política. Quando busca-se inserir na inovação do setor público a busca por efetividade, a 
preocupação passa a focar nos benefícios gerados à população através da ação governamental 
(Castro, 2006). Assim, nesse ensaio se assume a postura de que o conceito de eficiência é 
insuficiente para justificar os resultados das inovações no setor público. Quando se trabalha 
com o conceito de efetividade há um arcabouço maior, um pensar democrático, que percebe o 
papel do Estado, voltado à melhoria das condições de vida dos cidadãos. 
Para além de tratar questões conceituais da inovação, esse ensaio buscou discutir como o 
resultado almejado através da inovação limita a ação no setor público ao âmbito técnico. São 
necessárias novas perspectivas para repensar o setor público, que se baseie em suas próprias 
características. Ao apropriar-se de preceitos oriundos de uma esfera com uma lógica de 
funcionamento distinta da sua de origem, isso restringe e limita a forma como a inovação no 
setor público tem sido entendida e disseminada. 
Dessa forma, mudar na prática a maneira como a inovação é entendida e implantada no 
setor é um desafio, visto que o discurso da eficiência e racionalização de recursos nessa esfera 
se disseminou e se institucionalizou. Para inserir uma nova forma de pensar a inovação no setor 
público seria necessário investimento na capacitação interna dos servidores públicos. São eles 
os agentes que podem apoiar essa mudança de concepção. É preciso problematizar a inovação 
no setor que esteja a serviço de questões políticas, que envolvem entender o Estado de maneira 
ampla, que busque a efetividade de suas políticas e ações. Outra questão a pontuar é a 
necessidade do desenvolvimento de estudos na área que fomentem novas perspectivas da 
inovação no setor, apresentando novas possibilidades para essa prática que hoje possui uma 
aplicação reducionista frente as suas possibilidades de atuação. 
 
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