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Jornalismo e Sociedade 6

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JORNALISMO E SOCIEDADE 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Guilherme Carvalho 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Seja bem-vindo à última aula da disciplina “Jornalismo e Sociedade”! 
No percurso trilhado até o momento, pudemos compreender melhor as 
relações entre jornalismo e sociedade. Nesta aula, vamos continuar nesse 
caminho, procurando aprofundar um pouco mais o conhecimento, desta vez 
focando na sua atuação no mercado de trabalho. Bons estudos! 
 
CONTEXTUALIZANDO 
O jornalista é um profissional dotado de uma série de responsabilidades. 
Não é fácil para ele lidar com a informação, sobretudo quando sabe da 
importância do seu trabalho para a vida das pessoas. Trata-se de uma atividade 
com caráter público, mas que, no Brasil e na maior parte dos países, está sob o 
domínio da iniciativa privada. 
Essa situação gera uma série de desafios e problemas, que abrangem as 
questões relacionadas às condições de trabalho e aos riscos aos quais estão 
expostos os jornalistas, incluindo questões de segurança. 
Como atividade ligada ao interesse empresarial, devemos entender que o 
produto jornalístico é feito para atrair audiência. Ao verificarmos que a lógica de 
faturamento dos meios de comunicação está inserida na proposta comercial, 
podemos entender que o jornalismo está direcionado para a atuação em duas 
frentes: 
 Uma mais tradicional e já consolidada, que chamamos de 
jornalismo para as massas; 
 Outra que vem surgindo com maior força em tempos de internet e 
que é apontada como tendência de mercado, chamada de jornalismo para 
segmentos. 
 
 
3 
Nessa aula, vamos aprofundar este debate, procurando ajudar você a 
encontrar respostas e a fazer suas escolhas para o seu futuro profissional. 
Problematização 
Há pessoas que afirmam que o jornalismo está em crise. Uma série de 
fatores leva a essa conclusão, como a redução de faturamento das empresas, a 
precarização das condições de trabalho, os equívocos cometidos por jornalistas, 
entre outros aspectos. Por outro lado, há uma série de possibilidades que se 
abrem com a internet. A partir dessas informações, é importante refletir sobre 
uma questão: 
Quais tendências são perceptíveis no jornalismo atualmente e que podem 
ser observadas como um jornalismo que se consolidará para as próximas 
décadas, diante de tantas transformações tecnológicas que afetam diretamente 
as relações sociais? 
 
TEMA 1 – O PERFIL PROFISSIONAL DO JORNALISTA 
A profissão de jornalista é regulamentada no Brasil pelo Decreto-Lei n. 
83.284/79. Apesar de antigo e bastante desatualizado, ele dispõe sobre a 
atividade jornalística e serve de parâmetro para decisões judiciais, como as 
relacionadas às questões trabalhistas. 
Acesse o link a seguir e leia o texto na íntegra! 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D83284.htm 
Nesse Decreto-Lei, você encontra várias funções que podem ser 
entendidas como de jornalistas: 
- Redator: aquele que, além das incumbências de redação comum, tem 
o encargo de redigir editoriais, crônicas ou comentários; 
- Noticiarista: aquele que tem o encargo de redigir matérias de caráter 
informativo, desprovidas de apreciações ou comentários, preparando-
as ou redigindo-as para divulgação; 
 
 
4 
- Repórter: aquele que cumpre a determinação de colher notícias ou 
informações, preparando ou redigindo matéria para divulgação; 
- Repórter de Setor: aquele que tem o encargo de colher notícias ou 
informações sobre assuntos predeterminados, preparando-as ou 
redigindo-as para divulgação; 
- Rádio Repórter: aquele a quem cabe a difusão oral de acontecimento 
ou entrevista pelo rádio ou pela televisão, no instante ou no local em 
que ocorram, assim como o comentário ou crônica, pelos mesmos 
veículos; 
- Arquivista-Pesquisador: aquele que tem a incumbência de organizar 
e conservar cultural e tecnicamente o arquivo redatorial, procedendo à 
pesquisa dos respectivos dados para a elaboração de notícias; 
- Revisor: aquele que tem o encargo de rever as provas tipográficas de 
matéria jornalística; 
Ilustrador: aquele que tem a seu cargo criar ou executar desenhos 
artísticos ou técnicos de caráter jornalístico; 
- Repórter Fotográfico: aquele a quem cabe registrar fotograficamente 
quaisquer fatos ou assuntos de interesse jornalístico; 
- Repórter Cinematográfico: aquele a quem cabe registrar 
cinematograficamente quaisquer fatos ou assuntos de interesse 
jornalístico; 
- Diagramador: aquele a quem compete planejar e executar a 
distribuição gráfica de matérias, fotografias ou ilustrações de caráter 
jornalístico, para fins de publicação (BRASIL, 1979). 
 
Essas funções estão mais direcionadas para atividades exercidas em 
redação. Mas também há diretrizes para o desenvolvimento de atividades em 
assessoria de imprensa. O Manual de Assessoria de Imprensa da Federação 
Nacional dos Jornalistas (Fenaj) estabelece quais atividades devem ser 
atribuídas a um jornalista em assessoria e de que maneira o profissional deve 
atuar: 
Um assessor eficiente facilita a relação entre o seu cliente - empresa, 
pessoa física, entidades e instituições - e os veículos de comunicação. 
Cabe a esse profissional orientar seu assessorado sobre o que pode 
ser notícia, o que interessa aos veículos e à sociedade, o que não 
interessa e o que deve, ou não, ser divulgado (FENAJ, 2007, p. 9). 
 
Segundo esse manual, são funções de um assessor de imprensa: 
- elaboração de press-releases, sugestões de pauta e press-kits, 
- relacionamento formal e informal com os pauteiros, repórteres e 
editores da mídia; 
- acompanhamento de entrevistas de suas fontes; 
- organização de coletivas (entrevista que reúne jornalistas para um 
mesmo entrevistado); 
- edição de jornais, revistas, sites de notícia e material jornalístico para 
vídeos; 
 
 
5 
- preparação de textos de apoio, sinopses, súmulas e artigos; 
- organização do mailling de jornalistas; 
- clipping de notícias (impressos, internet e eletrônicos); 
- arquivo do material jornalístico; 
- participação na definição de estratégias de comunicação (FENAJ, 
2007, pp. 10-11). 
 
Mas em cada estado também se determinam condições específicas por 
meio de convenções coletivas de trabalho, assinadas entre sindicatos de 
jornalistas e de empresas. É nas convenções, por exemplo, que estão definidas 
questões como o valor do piso salarial, negociado anualmente. 
Dica! Acesse o link a seguir e confira o piso salarial em cada estado: 
http://www.fenaj.org.br/pisosalarial.php 
No Brasil, a situação do jornalista era bastante desconhecida até pouco 
tempo atrás, onde se estima que haja cerca de 150 mil profissionais. Uma 
pesquisa realizada com jornalistas do pais inteiro, em um trabalho censitário, 
conseguiu trazer muitas informações interessantes sobre suas condições. 
O conteúdo integral pode ser consultado no “Perfil do Jornalista 
Brasileiro”, um trabalho realizado pela Fenaj, em conjunto com a Universidade 
Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2012. Acesse o link a seguir e confira o 
conteúdo na íntegra! 
http://www.fenaj.org.br/relinstitu/pesquisa_perfil_jornalista_brasileiro.pdf 
Alguns dados chamam atenção: 
 Idade: se trata de uma categoria bastante jovem, já que 48% têm entre 
23 e 30 anos. 
 Gênero: há uma predominância de mulheres, que são cerca de 64%. 
 Formação: nove em cada dez eram diplomados em Jornalismo, 
majoritariamente em instituições de ensino privadas, e quatro em cada 
dez já tinham cursos de pós-graduação. 
 
 
6 
 Salário: dois terços tinham renda até cinco salários mínimos e quase 
metade dos jornalistas trabalhava mais de oito horas por dia, em boa 
parte, porque muitos acabavam tendo mais de um emprego. Colocação: de cada dez jornalistas, um era professor, quatro 
trabalhavam predominantemente fora da mídia e cinco trabalhavam 
principalmente em mídia, como você pode conferir no gráfico a seguir: 
 
Fonte: http://www.fenaj.org.br/relinstitu/pesquisa_perfil_jornalista_brasileiro.pdf 
Dos que trabalham em mídia, nota-se a seguinte divisão por área de 
trabalho: 
 Meios impressos: 63,9; 
 Internet: 44,6% 
 TV, Rádio ou Cinema: 33,6%; 
 Outras mídias: 20,5%. 
Também nesse grupo, os jornalistas estavam empregados 
predominantemente no setor privado, metade deles em micro e pequenas 
empresas, um quarto em grandes empresas e o outro quarto, em empresas de 
porte médio. 
 
 
7 
Já no que diz respeito aos jornalistas que atuam fora da mídia os locais 
de trabalho por contratação apontam o seguinte: 
 
 
 
Fonte: http://www.fenaj.org.br/relinstitu/pesquisa_perfil_jornalista_brasileiro.pdf 
Para mais informações sobre o perfil profissional do jornalista, acesse o 
material on-line e confira o vídeo do professor Guilherme! 
 
TEMA 2 - RESPONSABILIDADE E RISCOS DA PROFISSÃO 
Você já parou para pensar nos problemas éticos que a “fome” da imprensa 
em obter informações pode causar? Veja um exemplo a seguir: 
Em setembro de 2009 o cineasta franco-polonês Roman Polanski, de 76 
anos, foi preso nos Estados Unidos acusado de abusar de uma garota de 13 
anos em 1977. Em um primeiro instante ele negou, mas depois acabou se 
declarando culpado não de estupro, mas de ter corrompido a menor, na época. 
Ele ficou foragido por um bom tempo, mas acabou preso mais de 30 anos 
depois do acontecido. A imprensa deu grande repercussão ao caso. Além de 
 
 
8 
Polanski, a vítima também teve sua vida superexposta e muito associada ao 
crime cometido pelo diretor de cinema. 
Ou seja, a imprensa não considerou o impacto da divulgação dos 
acontecimentos na vida dos envolvidos em prol da audiência que ela gerou. Para 
mais informações, acesse o link a seguir e leia um texto sobre o assunto: 
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Cultura/Polanski-e-a-menina-uma-
dura-denuncia-da-midia-e-da-maquina-do-judiciario%0A/39/29342 
O jornalista de hoje enfrenta uma série de desafios diários, os quais têm 
relação direta com a qualidade do seu trabalho e da sua vida. Se algumas 
questões não forem respeitadas, ele acaba ficando sujeito a condições precárias 
e é aí que os erros costumam aparecer. 
A legislação brasileira prevê que o jornalista que age de maneira 
irresponsável, colocando a vida de pessoas em perigo ou noticiando informações 
falsas, por exemplo, está sujeito a punições como o ressarcimento por danos 
morais e até prisão, conforme previsto no código civil brasileiro. 
Também existem regras previstas para questões éticas na profissão. 
Hoje, no Brasil, há vários códigos ou normas de conduta. O mais conhecido é o 
Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, o qual você lê na íntegra acessando 
o link a seguir: 
http://www.fenaj.org.br/federacao/cometica/codigo_de_etica_dos_jornalis
tas_brasileiros.pdf 
Nele estão previstas regras a serem seguidas por aqueles que atuam com 
jornalismo, seja dentro ou fora da mídia. O maior problema é que ainda não há 
grandes punições para os que agem contra o código, e esse talvez seja um dos 
principais motivos para existência do sentimento de impunidade e a repetição 
dos atos ilícitos. 
 
 
9 
O grande problema é não existir um conselho profissional que garanta 
recursos legais para punir aqueles que exercem a profissão de maneira a ferir a 
ética e manchar o nome dos demais jornalistas. Afinal, quando um jornalista age 
de maneira antiética, não é apenas o nome dele que está sendo jogado na lama, 
mas de toda a profissão, certo? 
Uma das bandeiras defendidas por jornalistas que prezam pela ética é 
justamente criar mecanismos para punir os antiéticos da mesma maneira como 
ocorre em outras profissões, como de médicos, advogados e engenheiros. 
Nessas outras áreas, quando alguém age de maneira antiética, fica sujeito, 
inclusive, a cassação do direito de exercer a profissão. A diferença é que para 
elas existem conselhos profissionais que regulam questões como essa, 
enquanto no jornalismo isso ainda é um projeto. 
A discussão sobre a necessidade de criação de um órgão de fiscalização 
profissional do jornalismo que substituísse as Delegacias e Superintendências 
Regionais do Trabalho é bastante antiga. Vários projetos já foram encaminhados 
ao Congresso Nacional, o primeiro em 1965. 
Na década de 1980, esse debate foi retomado com vigor entre os 
jornalistas. A criação do Conselho Federal de Jornalismo entrou na pauta de 
discussões dos Congressos Nacionais de Jornalistas em 1990 (Florianópolis), 
1991 (Brasília), 1996 (Porto Alegre) e 1997 (Extraordinário - Vila Velha). 
Para mais informações, acesse o link a seguir e leia o texto “Após dez 
anos de espera, Conselho Federal de Jornalistas deve ser discutido este ano”: 
http://www.portalimprensa.com.br/noticias/brasil/64340/apos+dez+anos+
de+espera+conselho+federal+de+jornalistas+deve+ser+discutido+este+ano 
A valorização da profissão de jornalista passa, sobretudo, por duas 
questões centrais: 
 Garantia do direito à liberdade jornalística; 
 
 
10 
 Qualificação do trabalho, isto é, realização de um trabalho de 
qualidade que contribua para a vida do cidadão. 
A seguir, listaremos os principais problemas atuais enfrentados pelos 
jornalistas: 
Censura 
 É tudo aquilo que representa uma tentativa de evitar que determinado 
conteúdo de interesse público seja divulgado. São os casos de jornalistas que 
sofrem ameaças, ofensas ou agressões, além das empresas ou dos políticos 
que exigem que o jornalista não divulgue determinado conteúdo para não afetar 
seus interesses particulares. 
Pressão por metas 
 Uma das maneiras de fidelizar o público a um determinado veículo é 
garantir que as notícias sejam publicadas primeiramente nele. Com a internet, a 
questão do tempo ganhou ainda mais importância. Ocorre que o jornalista passa 
também a ter menos tempo de investigar fatos e analisar informações. O 
resultado é que muitas notícias acabam sendo publicadas com informações 
incompletas ou que não foram verificadas. É aí que mora o perigo. 
Flexibilização da jornada de 5 horas diárias 
 A jornada de 5 horas diárias para jornalistas está prevista na 
Consolidação das Leis do Trabalho. Porém, nos últimos anos, tem aumentado a 
pressão para que trabalhem muito além disso. 
Essa flexibilização ocorre por meio de banco de horas ou acordos de 
extensão de jornada e afeta, sobretudo, os jornalistas que atuam em 
assessorias. O principal problema está na saúde dos profissionais, que em longo 
prazo começa a se deteriorar. Infelizmente, são comuns os problemas físicos e 
mentais, decorrentes da alta carga de estresse. 
 
 
11 
Jornalismo multitarefa 
 As novas tecnologias da informação têm revolucionado o mercado da 
comunicação e o jornalismo de modo geral. Do ponto de vista das condições de 
trabalho, o que pode ser percebido é a concentração de tarefas em uma mesma 
atividade, o que exige uma velocidade cada vez maior de produção. 
Hoje o jornalista deve realizar várias tarefas, às vezes, simultâneas, 
fechando até três pautas diárias. Em alguns casos, ele deve fazer a matéria, a 
foto, editar ambos, publicar ou diagramar entre outras atividades que deveriam 
ser destinadas a outro profissional. 
 A multitarefa, no entanto, é mais intensa nas assessorias de imprensa, 
sejam empresas, órgãos governamentais, não governamentais ou outras 
organizações. 
Um dos maiores erros da história do jornalismo foio caso Escola Base, 
ocorrido em 1994. Uma história mal apurada, na qual os jornalistas estavam mais 
interessados em correr atrás do chamado “furo jornalístico” (publicação de um 
fato novo antes dos concorrentes), do que da própria verdade. 
A cobertura resultou em uma série de reportagens em diferentes veículos 
de comunicação do Brasil baseados em uma mentira. O caso arruinou a vida de 
duas famílias donas de uma escola, em São Paulo, acusados injustamente de 
abusar das crianças. 
Acesse o link a seguir e assista ao interessante documentário “Escola 
Base – 20 anos depois”, feito pela TV Brasil, e entenda o caso: 
https://www.youtube.com/watch?v=vGRIuXESqco 
Leitura obrigatória: acesse a Biblioteca Virtual, por meio do Único, e 
procure pelo livro “Teoria do Jornalismo”, de Felipe Pena (São Paulo: Contexto, 
2013). Nas páginas 103 a 124 você encontra um conteúdo que complementa o 
que foi visto até aqui. 
 
 
12 
TEMA 3 – O CONSUMO DA INFORMAÇÃO 
O pesquisador brasileiro Ciro Marcondes Filho, no livro “O capital da 
notícia” diz que: 
Notícia é a informação transformada em mercadoria em todos os seus 
apelos estéticos, emocionais e sensacionais; para isso a informação 
sofre um tratamento que a adapta às normas mercadológicas de 
generalização, padronização, simplificação e negação do subjetivismo. 
Além do mais, ela é um meio de manipulação ideológica de grupos de 
poder social e uma forma de poder político (MARCONDES FILHO, 
1986, p.13). 
 
A visão dele é extremamente crítica ao jornalismo comercial, uma vez que 
entende que está definitivamente a serviço dos interesses particulares. Esse 
debate está fundamentado na dicotomia do jornalismo como atividade de 
interesse público ou atividade de interesse privado. 
Nessa perspectiva, devemos levar em conta alguns pressupostos do 
jornalismo comercial que ajudam a caracterizá-lo: 
 
 Primeiro: o jornalismo surge para atender a uma demanda empresarial 
por informações que possam ser úteis para que empresários decidirem 
onde investir seu dinheiro. 
 Segundo: a notícia, a reportagem ou qualquer outro conteúdo jornalístico 
é um produto resultante de uma produção de cunho industrial voltado para 
a venda. Nesse sentido, o jornalismo é sustentado pela relação de compra 
e venda de notícias, na qual prevalece o objetivo-fim do lucro. Assim, em 
geral, é pautado pelos assuntos que mais chamam a atenção ou aqueles 
que vendem mais. 
 Terceiro: o jornalismo se tornou uma indústria própria organizada 
internamente para vender serviço para grupos de pessoas. Entre esses 
serviços estão as notícias e a possibilidade de divulgação de outros 
serviços ou produtos de anunciantes para o público consumidor de 
 
 
13 
informação. Esse serviço é de caráter privado, mas tem um sentido 
público, uma vez que a notícia cumpre um papel social importante. Assim, 
as empresas jornalísticas, apesar de serem de propriedade de alguém ou 
de um grupo, aparentam ser atividades públicas. 
 Quarto: a imprensa, de modo geral, detém um monopólio da divulgação 
de informações que lhe garante um significativo controle da opinião 
pública sobre os mais diversos assuntos. Nenhuma outra pessoa 
consegue estar em tantos lugares ao mesmo tempo para dar conta de 
uma cobertura cotidiano dos acontecimentos. 
 Quinto: há uma tendência do negócio do jornalismo em concentrar meios 
de comunicação em grandes empresas que controlam diferentes canais. 
O resultado é o crescimento do poder de influência desses meios. 
Esses pressupostos contribuem para que possamos compreender o 
funcionamento da imprensa de modo geral. A questão central é que o conteúdo 
jornalístico é um produto e, como tal, passa por um processo de produção, num 
sistema econômico cujo principal objetivo é a venda ou o consumo de 
informações. 
Nessa perspectiva, o jornalismo está sujeito a determinados objetivos que 
colocam em xeque seu fundamento ideológico de ser uma atividade de interesse 
público, uma vez que existem, mesmo nas empresas privadas, interesses 
particulares. A questão, então, é se é possível conciliar os interesses públicos 
aos privados. 
Cuidado: Não confunda interesse público com interesse do público. O 
público ao qual estamos nos referindo é o conjunto da sociedade que está sujeita 
ao consumo de informações. 
Interesse público Interesse do público 
É aquilo que propõe o bem comum e 
contribui para uma sociedade melhor. 
É aquilo que dá audiência, ou seja, o fato 
das pessoas se interessarem por 
determinados assuntos. 
 
 
14 
 Uma parte dos pensadores acredita que o jornalismo, como empresa, 
está submetido aos interesses particulares exclusivamente e que isso 
transparece de várias maneiras no resultado do que é publicado. Seja na seleção 
dos fatos, na escolha das fontes, na maneira como se narra um acontecimento 
ou nas palavras e nos recursos utilizados. 
Há uma associação, por exemplo, entre o jornalismo popular, ou seja, o 
jornalismo voltado para classes sociais mais baixas, com o que se chama de 
sensacionalismo. 
O sensacionalismo é a transformação de um determinado acontecimento 
em algo sensacional, ou seja, que cria uma sensação entre as pessoas. Já ouviu 
alguém dizer que determinado vídeo é sensacional? É por aí. Muitas vezes, o 
fato pode nem ser tão relevante, mas ganha atenção da mídia por algum aspecto 
que faz com que o público se interesse em consumir o produto jornalístico. 
Portanto, está ligado ao princípio da audiência. 
Programas como os comandados por José Luiz Datena ou Marcelo 
Resende se enquadram neste padrão, por exemplo. Em geral, são programas 
que falam basicamente de crimes ou problemas nas cidades e que são marcados 
por uma exacerbação de certos aspectos negativos da experiência humana, com 
comentários marcantes “em nome da justiça”. 
Para outros pensadores, a presença de um jornalismo sensacionalista 
exerce outro papel além do exercício do interesse privado. Jesus Martin-Barbero, 
por exemplo, no livro “Dos meios às mediações”, defende que o jornalismo 
popular é nada menos do que a expressão da própria cultura popular. Os meios 
precisam exibir determinados conteúdos justamente porque as pessoas se 
identificam com isso. Se as emissoras brasileiras resolvessem transmitir um 
conteúdo mais elitista, por exemplo, a audiência cairia e aí as empresas teriam 
prejuízos. 
O jornalismo, assim como os conteúdos midiáticos, precisa exibir as 
mazelas sociais e qualquer outro aspecto da realidade, de modo a expressar 
 
 
15 
determinadas contradições da sociedade. Desse ponto de vista, o jornalismo 
também acaba cumprindo o interesse público, não é mesmo? 
Você já ouviu falar do termo imprensa marrom? Ele está associado à 
ideia de sensacionalismo, que, como vimos, remete a algo popular. Surgiu de 
uma história em quadrinhos chamada “O garoto amarelo” (The yellow kid), nos 
Estados Unidos, que foi pivô de uma disputa entre dois jornais que queriam 
publicá-la. Lá foi chamado de jornalismo amarelo. 
O termo é encarado como ofensa por muitos, já que virou sinônimo de 
jornalismo mal feito. Na verdade, é uma alusão ao jornalismo baseado em 
narrativas mais simplificadas e que tem como público-alvo as classes mais 
baixas. 
Para finalizar o debate, devemos também considerar de que maneira a 
internet influência essa questão. Ao considerarmos que ela possibilita que várias 
pessoas tenham acesso a diferentes fontes de informação, produzindo e 
reeditando conteúdos, temos um fluxo de informação não apenas dos meios para 
as massas, mas de grupos sociais para toda a sociedade, incluindo os meios de 
comunicação. Nesse sentido, o jornalismo acaba pressionado a reproduzir 
conteúdosde interesse geral, expressos em canais paralelos aos meios 
tradicionais, como as redes sociais e os blogs. 
Assim, observamos um processo de mudança de paradigma, já que o 
jornalismo, mesmo o comercial, precisa dar voz para certas demandas sociais, 
sob o risco de perder credibilidade. Ou seja, a internet contribui também para 
tornar os interesses menos concentrados para quem detém a propriedade dos 
meios de comunicação, de modo promover diferentes interesses particulares 
que movem os grupos sociais. 
 
 
 
 
16 
Paradigmas da comunicação 
Antes Agora 
Era dos meios tradicionais Era dos meios digitais 
Interesse privado x Interesse público 
Disputa entre grupos; diferentes 
interesses privados; diferentes interesses 
públicos 
 
 
TEMA 4 – JORNALISMO PARA AS MASSAS 
O conceito de massa se liga a uma percepção crítica sobre os meios de 
comunicação em relação ao público. Quando dizemos que determinado veículo 
se comunica com a massa, estamos dizendo que ele tem um conteúdo que visa 
estabelecer gostos e um padrão de consumo entre as pessoas. 
Quando os gostos são uniformizados, fica estabelecida uma 
homogeneidade, como se as pessoas fossem todas uma coisa só. É como a 
massa de um bolo, em que todos os ingredientes ficam misturados, 
transformando-se em algo único. 
Para atingir o público médio, os meios de comunicação, portanto, 
precisam ter claro quem é o cidadão comum ou o “tipo médio”, que representa a 
grande maioria. É a partir disso que são estabelecidos critérios e padrões de 
produção. 
Os grandes meios de comunicação tendem a tratar o público como 
consumidores em potencial para garantir a lucratividade do negócio. Mas a 
homogeneização dos conteúdos ocorre por dois motivos básicos: 
 Redução de custos de produção: ao estabelecer um modelo 
único de produção e de divulgação, os meios de comunicação conseguem criar 
uma rotina produtiva que permite uma aceleração da produção, aumentando a 
quantidade. 
 
 
17 
 Busca do consenso: os meios buscam definir os gostos da grande 
maioria do público, de modo a, posteriormente, vender o conteúdo para uma 
grande quantidade de pessoas ao mesmo tempo. 
Ambos os itens têm relação direta com as questões financeiras, certo? 
Resumindo: quando falamos em meios de comunicação de massa ou mídia, 
estamos nos referindo a veículos que buscam estabelecer um processo 
comunicativo de longo alcance e para muitas pessoas ao mesmo tempo. 
O jornalismo desenvolvido nesses meios procura se enquadrar nos 
princípios da comunicação massiva. Vejamos quais questões são consideradas 
nesse sentido: 
Seleção de fatos 
 São selecionados aqueles assuntos que têm potencial para gerar mais 
audiência. É o que podemos entender como “valores-notícia”, conforme descrito 
por Nelson Traquina. Os acontecimentos devem interessar a uma maioria, o que, 
na maior parte das vezes, não passa de uma intuição dos jornalistas que 
acreditam que determinados acontecimentos são mais atrativos do que outros. 
Sotaque da equipe 
 Nos veículos de rádio ou tevê, é comum que se evitem os regionalismos 
no sotaque da equipe de reportagem. Assim, os jornalistas tendem a falar um 
sotaque que não existe. Isso é mais comum na tevê do que no rádio. 
O “globês”, por exemplo, é uma mistura de sotaque paulista com carioca 
que visa agradar a todos os brasileiros. Mas nós sabemos que no Brasil existem 
milhares de sotaques e que eles acabam sendo suprimidos, tendo em vista a 
necessidade de se criar um jeito de falar que seja compreensível por todos. 
Talvez, muito da maneira como se fala em uma determinada região esteja 
mudando justamente por influência da televisão. 
 
 
18 
Adequação narrativa 
O conteúdo jornalístico deve ser facilmente compreendido para evitar o 
desinteresse das pessoas. Você já ouviu falar que o jornal é feito para o “Homer 
Simpson”? Pois é isso mesmo. O jornal precisa ser compreendido por todos. 
Esse é um desafio e tanto para os jornalistas. Não é fácil reduzir um 
acontecimento de dias em alguns poucos minutos ou em alguns caracteres, não 
é mesmo? Mas o conteúdo deve ser curto ou sintético para que o cidadão, 
geralmente não acostumado à leitura, sinta-se motivado a acompanhar. Para 
isso, são usados alguns recursos: 
Recursos audiovisuais 
 Para acompanhar os conteúdos de texto ou de áudio, os veículos utilizam 
recursos agradáveis, que ajudam não apenas a complementar a informação, 
mas também a valorizar o produto e torná-lo atrativo. É muito mais fácil entender 
algo quando existem desenhos, gráficos e imagens do que apenas com a 
narração, não é mesmo? 
Uso de padrões gráficos ou de áudio 
 Tudo que diz respeito a cores, formas, tipografia (formato de letras), 
disposição de conteúdos, entre outros aspectos, é elaborado a partir do uso de 
certos padrões que dão identidade para o veículo e que facilitam a compreensão 
do cidadão. 
Por exemplo, se você assiste ao telejornal de alguma emissora, sabe que: 
 Ele começa e termina em um determinado horário; 
 Há uma abertura (escalada), na qual são apresentadas as reportagens 
que serão exibidas; 
 Há uma ordem para a exibição de cada uma, normalmente apresentada 
pelo “jornalista da bancada”; 
 
 
19 
 Geralmente, começa-se com os temas mais “pesados”, como crimes, para 
finalizar com os mais “leves”, como esporte ou bons exemplos. 
 Quando o cidadão muda de canal, ele consegue rapidamente saber em 
qual emissora está sintonizado, sem muito esforço. Isso acontece porque 
existem pequenas diferenças na qualidade da imagem e porque existe um 
padrão visual que facilita essa compreensão. 
No caso do rádio, é comum o uso de vinhetas, que são aquelas 
musiquinhas utilizadas na abertura de um programa, efeitos sonoros ou trilhas, 
também chamadas de background ou simplesmente BG. 
Para fazermos jornalismo em massa, não é necessário fazer o melhor 
telejornal, mas um telejornal que agrade ao cidadão médio e que seja 
compreensível por ele. É por isso que encontramos, em algumas emissoras, 
programas jornalísticos que abusam do sensacionalismo, os quais tem como 
foco um tipo de pessoa que compreende e gosta do conteúdo. Não se trata de 
falta de inteligência da equipe ou de amadorismo, nada disso. Aquele programa 
é feito daquela maneira porque vende. Se não fosse assim, não estaria no ar, 
não é mesmo? 
É por isso que alguns consideram que o jornalismo de cada país é um 
retrato do nível intelectual e cultural de cada sociedade. Certamente, na 
Inglaterra vamos encontrar um jornalismo mais sofisticado do que o nosso. A 
questão é que jornalismo feito para as massas lá segue uma demanda por 
informações e por uma maneira de fazer jornalismo que está adequada para o 
público médio de lá. 
Então pense duas vezes antes de criticar aquele programa 
sensacionalista que você odeia. É óbvio que, em geral, eles são péssimos 
exemplos de jornalismo e que a credibilidade é bastante questionável. Mas 
certamente há uma parcela da população que assiste e compra as ideias 
daquele apresentador, que parece mais um palhaço de circo do que um 
jornalista. 
 
 
20 
Para mais informações sobre o jornalismo para as massas, acesse o 
material on-line e confira o vídeo do professor Guilherme! 
 
TEMA 5 - JORNALISMO PARA SEGMENTOS 
A Netflix, empresa que se tornou um fenômeno ao oferecer filmes e séries 
pela internet, tem como segredo do sucesso a aposta na diversificação dos 
conteúdos, a fim de atender a vários segmentos por meio do serviço on demand 
(sob demanda). Com uma receita fantástica no ano passado, a empresa agora 
pretende investir no jornalismo, produzindo documentários não fictícios. 
Ouseja, ela compreendeu o novo momento que passa a busca pela 
informação e lucrou muito com isso. Seu sucesso pode ser uma pista para o 
novo jornalismo que está surgindo, que atende públicos cada vez mais 
exigentes. 
Para mais informações sobre o jornalismo na era digital, acesse o link a 
seguir e leia um interessante texto: 
http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-
questao/_ed840_o_jornalismo_nao_entende_o_digital/ 
Se no jornalismo para as massas a ideia é que exista um conteúdo padrão 
para um público distinto, no jornalismo para segmentos ou segmentado a ideia 
é que haja um conteúdo específico para cada tipo de público. Ou seja, o 
jornalismo é feito “sob demanda” para agradar a determinados gostos de 
públicos específicos. 
Por segmento, podemos entender um grupo de pessoas com interesses 
comuns que são um público potencial para determinados conteúdos. Por 
exemplo, podemos dizer que o jornal de bairro é segmentado, porque não busca 
estabelecer a comunicação com diferentes pessoas, mas com pessoas daquela 
localidade específica. O mesmo acontece com uma rádio comunitária. 
 
 
21 
O jornalismo para segmentos, que engloba o jornalismo comunitário, 
ganhou espaço inicialmente nesse tipo de veículo, mas com a internet foram 
abertas várias possibilidades que permitem a ampliação e diversificação de 
iniciativas como essa, a ponto de alguns acharem que esse é o futuro da 
comunicação. 
O economista Chris Anderson, autor do livro “A cauda longa”, fala sobre 
a redução da cultura de massa e o avanço de um novo mercado que está se 
transformando em força cultural e econômica baseada no atendimento de 
demandas para grupos específicos. 
É o que ele chama de mercado de nicho, que é amplificado pela conexão 
mundial via internet e está em igualdade com o mercado de hits. Além disso, 
nele é possível atingir um alto índice de audiência, porque o público tem 
condições de filtrar melhor seus interesses na internet e de encontrar o que 
deseja. 
Nesse sentido, o jornalismo para segmentos deve considerar alguns 
aspectos que são fundamentais para garantir o seu sucesso: 
Identificação de grupos de interesse 
 O primeiro passo é saber quais temas interessam a um determinado 
grupo de pessoas e, então, verificar se há identificação dessas pessoas como 
um segmento. Com a internet, isso ficou mais fácil, pois as redes sociais e os 
blogs permitem a constituição de grupos de interesse para troca de informações. 
O ideal é que o jornalista que pretenda trabalhar com segmentos tenha 
afinidade com os temas, porque no jornalismo segmentado há uma exigência 
maior do público para o tratamento das questões específicas que lhes 
interessam. Ou seja, trabalhar com segmentos que não são do conhecimento do 
jornalista é sempre um risco maior. 
 
 
22 
Conhecimento do público 
 É importante saber quem são as pessoas, quais canais de comunicação 
e linguagem elas utilizam, quais espaços frequentam, entre outros hábitos que 
contribuem para entender como funciona a dinâmica das relações do segmento. 
Na medida do possível, dados estatísticos também ajudam muito no trabalho, já 
que se trata de um conteúdo mais direcionado para um grupo específico e não 
para o cidadão médio. 
Personalização do conteúdo 
 Um aspecto importante apontado como tendência no jornalismo em geral 
e que tem um peso ainda maior no jornalismo segmentado é a personalização 
dos conteúdos. Significa que diante de uma concorrência maior com diversos 
outros conteúdos e da exigência maior do público por informações mais 
direcionadas para os seus interesses, o jornalista precisa buscar atender as 
demandas de cada indivíduo, elaborando um conteúdo que possa ser 
direcionado para ele. 
Para isso, é preciso pensar como um dos integrantes dos grupos e 
imaginar o que ele gostaria de saber. Depois, deve-se apurar os fatos e preparar 
o conteúdo de modo que ele possa consumir aquilo da maneira como preferir. É 
preciso dar opções para o indivíduo, permitindo que ele aprofunde o conteúdo 
se desejar ou oferecendo informações adicionais que façam com que ele 
permaneça o máximo de tempo possível conectado aos conteúdos do veículo. 
Enfim, a personalização é a produção pensada para atender interesses 
individuais. 
Interatividade 
Por fim, é fundamental que estejam estabelecidos canais de contato e 
interatividade com as pessoas que participam do grupo, porque é justamente o 
que permite ao jornalista medir a qualidade do seu trabalho e os resultados que 
estão sendo obtidos. 
 
 
23 
Nesse sentido, o jornalista deve possibilitar a participação do público de 
alguma maneira, de modo que um indivíduo que consumiu seu conteúdo possa 
retribuir o serviço dando dicas ou sugestões de novos fatos ou informações que 
podem ser úteis para a produção de uma outra reportagem. O princípio é 
simples: se aquele assunto interessa a um dos indivíduos do grupo, 
possivelmente deve interessar aos demais membros do mesmo grupo. 
O crescimento do mercado de nicho obrigou as grandes empresas a 
reverem suas estratégias. Hoje é comum que as corporações ou os grandes 
jornais apostem em conteúdos voltados para grupos sociais ou comunidades. A 
incorporação de blogs nos sites de notícia, por exemplo, é uma evidência muito 
forte dessa tendência no mercado jornalístico. 
É comum encontrarmos em um site de notícias blogs sobre moda, música, 
política, entre tantos outros temas, os quais têm uma inserção em grupos 
específicos. Esses conteúdos são compartilhados pelos membros da 
comunidade e também alimentam o próprio blog, garantindo um acréscimo 
significativo de audiência nos sites. Quer um exemplo? 
A Folha de São Paulo aposta na produção de jornalismo para crianças. A 
Folhinha existe em versão impressa e pode ser acessada também na internet. O 
texto é escrito de maneira acessível e os temas predominantes são 
entretenimento e cultura, mas política e economia também estão presentes. 
Que tal uma atividade prática? Primeiramente, acesse no link a seguir 
uma reportagem da Folhinha: 
http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/2015/09/1683351-criancas-fogem-
de-seus-paises-entenda-quem-sao-os-refugiados.shtml 
 Em seguida, faça uma análise da página, procurando identificar aspectos 
sobre os canais de contato utilizados, as ferramentas de interatividade, as 
opções para personalização da navegação entre outros aspectos que reforçam 
um jornalismo voltado para determinado segmento. 
 
 
24 
Leitura obrigatória: acesse a Biblioteca Virtual, por meio do Único e 
procure novamente pelo livro “Teoria do Jornalismo”, de Felipe Pena (São Paulo: 
Contexto, 2013). Nas páginas 184 a 188 há um capítulo sobre jornalismo 
comunitário. 
 
TROCANDO IDEIAS 
O mercado para o jornalismo é bastante fluído, não? Ou seja, é muito 
sensível às transformações da sociedade. Podemos ver aí um aspecto positivo 
e outro negativo: 
Positivo Negativo 
Sempre haverá espaço para novas ideias 
e isso ajuda a repensar a profissão 
constantemente. 
Isso obriga os jornalistas a manterem uma 
busca frenética pelo acompanhamento 
das mudanças sociais. 
Qual sua opinião em relação a isso? Entre no fórum, dê sua opinião e veja 
o que seus colegas têm a dizer! Esse é o momento de compartilhar informações 
e opiniões, não deixe de participar! 
 
NA PRÁTICA 
Com todo o conhecimento acumulado das rotas anteriores, você está em 
condições de ir um pouco mais longe. Essa é sua opinião também, com certeza! 
Em uma outra aula, você realizou uma entrevista com o objetivo de escrever um 
perfil, está lembrado? Então, agora é a hora de transformá-lo em um texto 
jornalístico para ser publicado! 
Eladeve ter entre 1.500 e 2.000 caracteres, contendo título, nomes 
completos dos entrevistados e seu nome. Mãos à obra! 
 
 
25 
SÍNTESE 
Ser um bom jornalista nem sempre é sinônimo de ser um jornalista bem 
colocado no mercado. Isso não é uma exclusividade dessa profissão e se deve 
principalmente ao modelo de sociedade no qual vivemos, organizado de modo a 
garantir lucratividade. 
Ele é, salvas raras exceções, é um negócio e, como tal, precisa vender 
serviços. Além da notícia, o jornal precisa vender audiência para empresas. Você 
não leu errado, é isso mesmo! Vender audiência para outras empresas, as quais 
querem atingir um público que pode comprar outros produtos e serviços. 
Boa parte dos problemas do jornalismo se deve a essa condição básica, 
que interfere numa atividade cujo princípio é o do interesse público. O jornalista 
precisa achar as brechas para poder fazer um bom jornalismo, que garanta 
credibilidade e valorize a carreira e a própria profissão. 
O desafio não para por aí. É preciso se adaptar constantemente às 
mudanças da sociedade e saber como se comunicar para garantir que a 
mensagem cumpra seu papel social. 
 
REFERÊNCIAS 
ANDERSON, Chris. A cauda longa: do mercado de massa para o 
mercado de nicho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 
BERGAMO, Alexandre; MICK, Jacques (Coord.); LIMA, Samuel. Perfil do 
jornalista brasileiro. Florianópolis: UFSC; Brasília: Fenaj, 2013. Disponível em: 
<http://www.fenaj.org.br/relinstitu/pesquisa_perfil_jornalista_brasileiro.pdf>. 
Acesso em: 1º abr. 2016. 
FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas. O Manual de Assessoria 
de Imprensa. 4. ed. revista e ampliada. Fenaj: 2007. Disponível em: 
 
 
26 
<http://www.fenaj.org.br/mobicom/manual_de_assessoria_de_imprensa4.pdf>. 
Acesso em: 1º abr. 2016. 
MARCONDES FILHO, Ciro. O capital da notícia. São Paulo: Ática, 1986. 
MARTIN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, 
cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: UFRJ, 2009. 
PENA, Felipe. Teoria do jornalismo. São Paulo: Contexto, 2013. 
RAMONET, Ignacio. A explosão do jornalismo: das mídias de massa à 
massa de mídias. São Paulo: Publisher Brasil, 2012.

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