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Direito Penal I Aline Sayuri Kazari USJT - Direito 1 Direito Penal I Aula IV –03/03/2015 Professor: Fernando Bolque A lei penal no tempo De acordo com o princípio tempus regit actum (o tempo rege o ato), a lei rege, em geral, os fatos praticados durante a sua vigência. Em regra, a lei penal é irretroativa e não se aplica a fatos ocorridos após a sua revogação. Entretanto, por disposição do próprio diploma legal, é possível a ocorrência da retroatividade (aplicar a lei a fatos anteriores a sua vigência) e a ultratividade (aplicação da lei após a sua revogação), aplicados nos casos de benefício do réu. “Art. 5º, XL da CF. A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.” No caput do art. 2º do CP, quando a lei determina que “ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”, está aplicando o princípio da abolitio criminis (nova lei supressiva incriminadora). Este princípio trata da lei nova que deixa de incriminar fato que anteriormente era considerado como ilícito penal. Assim, não mais podem ser responsabilizados penalmente os infratores diante da revogação da lei, ainda que praticado anteriormente à vigência da nova lei. O dispositivo alcança também os fatos definitivamente julgados. Ocorrerá a extinção da punibilidade e o sentenciado será posto em liberdade se estiver cumprindo pena, voltará à condição de réu primário, terá direito a suspensão condicional da pena, livramento condicional, entre outros efeitos penais. O parágrafo único do caput determina que “a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”, assim, além da abolitio criminis, a lei nova pode favorecer o agente de várias maneiras (novatio legis mellius), ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Nestes casos, haverá uma adequação da pena pelo juiz de execução. Combinação de leis Existem duas teorias a respeito da combinação de leis conflitantes no tempo, para benefício do réu. Uma favorável e outra contrária. Direito Penal I Aline Sayuri Kazari USJT - Direito 2 A teoria contrária defende que, o juiz, ao aplicar pedaço da lei benéfica, mas não aplicando a parte prejudicial desta mesma lei, estaria criando uma nova lei, o que lhe é vedada por não ter caráter legislativo. A teoria favorável defende que o juiz estaria apenas movimentando-se na aplicação da mais benéfica, interpretando-a. Contudo, a combinação de leis foi vetada pelo STF, por entender que configura a criação de uma nova lei, estando assim o Pode Judiciário, interferindo no campo de atuação do Poder Legislativo (RE 600.817/MS, de 07 de novembro de 2013 – fundamentação: violação do princípio da legalidade e separação dos poderes). A Súmula do STJ pacificou o assunto, vedando a combinação de leis.
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