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As Bases Cromossômicas da Hereditariedade: alterações cromossômicas numéricas e estruturais, principais cromossomopatias humanas Profa Renata Canalle Universidade Federal do Piauí Campus Ministro Reis Velloso – Parnaíba Curso Biomedicina Disciplina Genética Humana e Médica Alterações cromossômicas (AC) numéricas e estruturais Por quê estudar as anomalias cromossômicas? 1.000.000 de concepções 850.000 nativivos 150.000 Abortos espontâneos 833.000 crianças 17.000 † perinatais/ natimortas 75.000 anomalias cromossômicas 5.165 anomalias cromossômicas 50% Infância : doenças genéticas contribuem para 50% de todos os casos de deficiência visual, surdez ou deficiência intelectual severa 0,8% 10% Alterações cromossômicas (AC) numéricas e estruturais Por definição: 1. Perda precoce – perda da gestação em menos de 6 meses. 2. Aborto espontâneo – perda da gestação entre 6 e 22 semanas. 3. Crianças natimortas – perdas após ou iguais a 23 semanas. Anomalias cromossômicas A perda gestacional é comum em humanos, com aproximadamente 1/3 das gestações perdidas espontaneamente após a implantação Pelo menos 95% das concepções com anomalias cromossômicas são perdidas antes do nascimento → abortos espontâneos Taxa Global de aborto espontâneo: 15% 50% das anomalias cromossômicas são trissomias; 20% monossomias (45,X); 15% triplóides e 15% tetraplóides e anomalias estruturais Anomalia isolada mais comum nos abortos é a S. Turner 45,X (20%) Trissomia do 16 → a mais comum nas concepções, mas nunca foi vista em nativivos (1/3 das trissomias abortos) Abortos espontâneos X Abortos espontâneos recorrentes Síndromes cromossômicas convencionais Schaefer & Thompson Jr. Genética Médica, 2015 Resultado de 10.000 gestações Nussbaum, RL. Thompson & Thompson Genética Médica. 8 ed. Elsevier, 2016 Frequências estimadas de aberrações cromossômicas (perinatal) Schaefer & Thompson Jr. Genética Médica, 2015 Frequências estimadas de anomalias cromossômicas Schaefer & Thompson Jr. Genética Médica, 2015 • Aneuploidias para cromossomos sexuais ocorrem mais comumente do que para autossomos em nascidos vivos AC numéricas ou estruturais AC numéricas aumento ou diminuição do número do cariótipo normal da espécie humana: aneuploidias e euploidias AC estruturais um ou mais cromossomos apresentam alterações de sua estrutura, que resultam de uma ou mais quebras em um ou mais cromossomos Alterações cromossômicas (AC) numéricas e estruturais • Erros de recombinação • quebras que não são corretamente reparadas durante a replicação 55.000 quebras de fita simples 9 quebras de fita dupla no DNA em cada núcleo por dia Anomalias cromossômicas Thompson & Thompson, 2008 Anomalias cromossômicas Thompson & Thompson, 2008 • As consequências fenotípicas de uma anomalia cromossômica dependem de sua natureza específica, do desequilíbrio resultante nas partes envolvidas do genoma, dos genes específicos contidos ou afetados, e da probabilidade da sua transmissão. Euploidias: múltiplo exato do número cromossômico haplóide (n) somática (2n=46), gameta (n=23) Triploidia: triplóide (3n = 69) falha de uma das divisões da maturação no ovócito ou no espermatozóide, na divisão meiótica (pré-zigóticas) Resulta da fecundação por 2 espermatozóides. Tetraploidia: tetrapóide (4n=92) 92, XXXX ou 92, XXYY Falha da conclusão de uma divisão por clivagem inicial do zigoto (pós-zigóticas) Euploidias: múltiplo exato do número cromossômico haplóide (n) somática (2n=46), gameta (n=23) Triploidia: triplóide (3n = 69) falha de uma das divisões da maturação no ovócito ou no espermatozóide, na divisão meiótica (pré-zigóticas) Resulta da fecundação por 2 espermatozóides. Tetraploidia: tetrapóide (4n=92) 92, XXXX ou 92, XXYY Falha da conclusão de uma divisão por clivagem inicial do zigoto (pós-zigóticas) Na espécie humana não se conhecem indivíduos que sejam totalmente poliplóides (3n ou 4n) Alterações cromossômicas (AC) numéricas Eupolidias: múltiplo exato do número cromossômico haplóide (n) somática (2n=46), gameta (n=23) Eupolidias: múltiplo exato do número cromossômico haplóide (n) somática (2n=46), gameta (n=23) Dispermia = fecundação por dois espermatozóides Diandria = espermatozóide diplóide (2n) Diginia = ovócito diplóide (2n) Zigoto Triploidia: triplóide (3n = 69) Alterações cromossômicas (AC) numéricas Mecanismos de Origem de Poliploidias reter um corpúsculo polar Alterações cromossômicas (AC) numéricas Euploidias: múltiplo exato do número cromossômico haplóide (n) somática (2n=46), gameta (n=23) Euploidias: múltiplo exato do número cromossômico haplóide (n) somática (2n=46), gameta (n=23) Tetraploidia: tetraplóide (4n=92) Falha mitótica (falha na clivagem) Fusão de dois zigotos Células poliplóides são encontradas no fígado e na medula óssea, tumores sólidos e em leucemias Alterações cromossômicas (AC) numéricas 69,XXX Triploidia Alterações cromossômicas (AC) numéricas •Conjunto extra de chr paternos: placenta anormal (molas hidatiformes parciais) •Conjunto extra de chr maternos: espontaneamente abortados precocemente • A poliploidia, em especial a alopoliploidia, dá origem a novas espécies e é particularmente importante na evolução das plantas florescentes. • A duplicação genômica por poliploidia é o principal contribuinte para o sucesso da evolução nos vários grupos. Por exemplo, Saccharomyces cerevisiae (levedura) é um tetraploide que sofreu duplicação do genoma inteiro há cerca de 100 milhões de anos. • O genoma dos vertebrados duplicou duas vezes, uma no ancestral comum dos vertebrados com mandíbulas e novamente no ancestral dos peixes. Alguns grupos de vertebrados, como determinados sapos e peixes, sofreram poliploidia adicional. • Os cereais sofreram vários eventos de duplicação do genoma. Importância da poliploidia na evolução Trissomia: (2n+1) três cromossomos em vez do par normal de cromossomo. Ex. Síndrome de Down. Um cromossomo inteiro quase sempre é incompatível com a vida Monossomia: (2n-1) um representante de um cromossomo. Ex. S. Turner. Monossomia de um cromossomo inteiro quase sempre é letal Nulissomia: ausência de um par cromossômico. Encontrados em abortos; em geral, letais Aneuploidias: células que não contêm um múltiplo exato de 23 cromossomos, envolvendo um ou mais cromossomos de cada par Alterações cromossômicas (AC) numéricas Ocorre em pelo menos 5% das gestações conhecidas Trissomias mais comuns: 13, 18, 21 (autossomos com menor número de genes), X e Y Síndrome de Down Trissomia do 21 Alterações cromossômicas (AC) numéricas Aneuploidias: células que não contêm um múltiplo exato de 23 cromossomos Monossomia do X Síndrome de Turner Alterações cromossômicas (AC) numéricas Aneuploidias: células que não contêm um múltiplo exato de 23 cromossomos Alterações cromossômicas (AC) numéricas Síndrome de Klinefelter49,XXXXY Tetrassomia do X Aneuploidia não-disjunção meiótica durante a anáfase Erro ocorre na Meiose I falha na separação de cromossomos homólogos, os gametas apresentam um representante de ambos os membros do par de cromossomos (materno e paterno) ou não possuem todo um cromossomo. Erro ocorre na Meiose II erro na separação das cromátides- irmãs, os gametas anormais contém duas cópias de um cromossomo parental (materno ou paterno) ou não possuem um cromossomo. Alterações cromossômicas (AC) numéricas 1 mutação por 25 a 50 divisões celulares meióticas Mecanismo de não-disjunçãoMEIOSE Alterações cromossômicas (AC) numéricas Meiose I Meiose II Meiose I Normal Não-disjunçãoNormalNormal Normal Não- disjunção Dissomia Uniparental (heterodissomia, isodissomia, imprinting e distúrbio monogênico) Mecanismo de não-disjunção MITOSE Metáfase Retardo Anafásico perda de um cromossomo normal alterada normal alterada Alterações cromossômicas (AC) numéricas PRÉ-ZIGÓTICA PÓS-ZIGÓTICA Meiose Idade materna avançada Hipotireoidismo Exposição radiação, drogas Infecção viral Nenhum fator identificado Mitose Mecanismo de não-disjunção Alterações cromossômicas (AC) numéricas Aneuploidias primeiras divisões do zigoto (mitóticas) acontecimentos pós-zigóticos • Caso a não-disjunção ocorra na mitose, somente certas células somáticas são anormais mosaicismo ocorrência de dois ou mais cariótipos diferentes, em um mesmo indivíduo, duas linhagens celulares derivadas do mesmo zigoto. Ex. 46,XX/45,X Não-disjunção mitótica MOSAICISMO Mosaicos – possuem duas ou mais linhagens celulares geneticamente diferentes derivadas de um único zigoto Quimera – derivado de dois zigotos que são geralmente normais, mas geneticamente distintos. Ex. quimera sexual MOSAICISMO Os efeitos do mosaicismo dependem de vários fatores: 1. O estágio do desenvolvimento no qual surge a segunda linhagem de células 2. O tipo de célula ou tecidos envolvidos 3. O tipo de anomalia cromossômica (numérica ou estrutural) ORIGEM DO MOSAICO Mosaico sexual humano 46,XY/45,X pela perda do cromossomo Y na primeira divisão mitótica do zigoto. Consequências clínicas de anomalias cromossômicas numéricas Alterações cromossômicas (AC) estruturais Alterações Cromossômicas Estruturais Estáveis Instáveis Quebras cromossômicas Rearranjos Balanceados Complemento normal de informação genética Rearranjos Não-Balanceados Informação genética a mais ou a menos Ocorrem espontaneamente ou induzidas por agentes clastogêncos Rearranjos não-balanceados: Quando o conjunto cromossômico possui informações a mais ou a menos; há alteração no número de genes Deleção (mais grave) Duplicação Cromossomos em anel Isocromossomos Alterações cromossômicas (AC) estruturais Perda de informação Desbalanceamento gênico Inativação de genes (quebra) Justaposição de genes Deleção: resulta em desequilíbrio do cromossomo por perda de um segmento cromossômico Uma deleção pode ser terminal ou intersticial Alterações cromossômicas (AC) estruturais Segmento cromossômico acêntrico (sem centrômero) perde-se na próxima divisão celular Acarreta uma monossomia parcial DELEÇÃO 46,XY,del(12)(q14)Haploinsuficiência* Incidência – 1:7.000 nativivos *Incapacidade de uma única cópia do material genético realizar a função normal desempenhada pelas duas cópias Pseudodominância - em heterozigotos a expressão de uma mutação recessiva; é uma indicação de que um dos cromossomos homólogos tem uma deleção. Síndromes de deleção autossômica: Síndrome do Cri du Chat (miado de gato) (5p-) Choro similar a um miado de gato hipoplasia da laringe Aspecto facial característico, arredondado Microcefalia Hipertelorismo ocular (distância exagerada entre os dois olhos) Estrabismo Pregas epicânticas Implantação baixa das orelhas Nariz achatado (base) Micrognatia Retardo mental grave (QI 20) Defeitos cardíacos46, XX, 5p- Prevalência: 1 em 50.000 nascimentos Maior no sexo feminino (2F:1M) Sem relação com idade materna Sobrevida: Variável Síndrome do Cri du Chat • 10-15% dos pacientes são prole de portadores de translocações equilibradas (risco de recorrência elevado 25%) • Deleção de genes em 5p15 – braço curto do chr 5 – esporádica, risco recorrência desprezível 5p15 Síndrome do Cri du Chat A-C, três crianças não aparentadas com síndrome de cri du chat: fáceis típicas com hipertelorismo, epicanto e retrognatia. Síndrome do Cri du Chat D, mapa fenótipo-cariótipo do cromossomo 5p por microarranjo de uma série de pacientes del(5p). E, análise cromossômica por microarranjo de deleção 5 Mb na banda 1p36.3 (rosa), não detectada por cariotipagem convencional – síndrome de deleção cromossômica 1p36 idiopática (de novo) Síndrome de Wolf- Hirschhorn (4p-) - Deleção da extremidade terminal do braço curto do chr 4 - Microcefalia - Aparência facial característica - Ponte nasal bastante proeminente, deficiência intelectual - Lábio leporino com ou sem fenda palatina - de novo ou hereditário Síndromes de genes contíguos (microdeleções - CNV) Distúrbios Genômicos Pacientes com deleções 22q11.2 (síndrome de DiGeorge) Fenótipo parcial Fenótipo síndrome velo-cardio-facial - Ela apresenta alterações craniofaciais típicas, deficiência intelectual - Fenda palatina e defeito cardíaco conotruncal - Autossômica dominante (90% de novo, 10% hereditário) - com expressividade variável e penetrância reduzida 1:4.000 Modelo de rearranjos subjacentes a distúrbios genômicos Crossing over desigual entre cromátides irmãs mal alinhadas ou cromossomos homólogos contendo cópias altamente homólogas de sequências segmentarmente duplicadas (do inglês, low-copy repeats) pode levar à deleção ou duplicação de produtos, que diferem no número de cópias de genes normalmente localizados entre as repetições (genes A, B e C). Síndromes de microdeleções FISH, MLPA, CGH e microarranjos CGH Novas descobertas: anomalia cromossômica submicroscópia responsável por 10% dos casos de deficiência intelectual idiopática Síndrome Williams (chr 7), Angelman e Prader-Willi (chr 15), DiGeorge (chr 22q11), Tumor de Wilms (chr 11) Síndromes de microdeleções A e B, desenho de indivíduo com síndrome velocardiofacial, apresentando fendas palpebrais estreitas, nariz proeminente e de aspecto tubular e dedos afilados. C, Técnica do MLPA demonstrando uma quantidade reduzida de sondas na região cromossômica 22q11.2 (em rosa), característica da síndrome velocardiofacial. Duplicação: um segmento cromossômico aparece mais de duas vezes em uma célula diplóide normal Duplicações transmitidas às gerações subsequentes Alterações cromossômicas (AC) estruturais Segmentos duplicados segmento deletado Aspecto evolutivo - genes duplicados podem, por mutação, dar origem a novos genes, com novas funções (ex. cadeias de globina) Acarreta uma trissomia parcial Duplicação: crossing desigual mau pareamento das tétrades (cromossomos homólogos) durante a prófase I da meiose I normal deleção duplicação normal Risco de 50% de produzir gametas desbalanceados Duplicação parece ser menos prejudicial do que deleção Cromossomo em anel: deleções terminais nos dois braços extremidades livres se soldam → um cromossomo em anel Dividem-se durante mitose/meiose sujeitos à degeneração mosaicos Alterações cromossômicas (AC) estruturais extremidades sem os telômeros → tendem a reunir-se perdem-se Cromossomo marcador: nenhuma parte identificada, muito pequeno Chr 15 e sexuais 1:2.500 46,X,r(X) Cromossomo em anel Fenótipo semelhante ao da S. Turner 46,X,r(X) Cromossomo em anel Fenótipo semelhante ao da S. Turner FISH telomérico Isocromossomo: apresentam deficiência total de um dos braços e duplicação completa do outro Uma hipótese plausível cromossomo sofre fratura exatamente junto ao centrômero, pouco antes da anáfase mitótica ou da meiose II Alterações cromossômicas (AC) estruturais metacêntrico Monossomia parcial de um braço Trisssomia parcial do outrobraço 46,X,i(Xq) Isocromossomo Monossomia do braço curto (p) – fenótipo semelhante ao da S. Turner X-duplicação do braço longo Síndrome de Turner (45,X) Incidência: 1:2000 a 1:5.000 (2.500) Linha baixa de implantação dos cabelos Pescoço alado (palmado) Tórax largo e em escudo com mamilos muito espaçados Baixa estatura Disgenesia gonadal (gônadas malformadas); 95% estéreis Amenorréia primária ou secundária Inteligência média ou acima da média deficiência na percepção espacial, organizacional motora perceptiva ou na execução motora fina Frequência elevada de anomalias renais e cardiovascularesAusência de corpúsculo de Barr • Mais comuns: 45,X (20% dos abortos espontâneos) • ¼ mosaicos (45,X/46,XX); aumento de sobrevida • X materno em 70% dos casos (erro meiótico paterno) • X em anel 46,X,r(X) pacientes com baixa estatura • 46,X,i(Xq) fenótipo clássico (15% de todos os casos) 45,X (99% aborto) Síndrome de Turner Síndrome de Turner Tratamento com hormônio de crescimento, quando do diagnóstico precoce aumento da altura adulta final (10 cm) Menina com síndrome de Turner sem características típicas desta síndrome Portanto, mesmo na ausência de características físicas, meninas com baixa estatura sem outra explicação devem realizar um cariótipo • Mais comuns: 45,X (20% dos abortos espontâneos) Síndrome de Turner Natimorto – síndrome de Turner Rearranjos balanceados quando o conjunto cromossômico possui o complemento normal de informações, mas acondicionadas de modo diferente; há mudança na localização dos genes Inversão: 1) Inversão paracêntrica 2) Inversão pericêntrica Translocação: 1) Translocações recíprocas 2) Translocações robertsonianas Alterações cromossômicas (AC) estruturais Quebra de genes (mutação) Efeito de posição Fusão gênica Ativação de oncogenes Inativação – região de heterocromatina 1:500 indivíduos Rearranjos balanceados Alterações cromossômicas (AC) estruturais É importante distinguir entre o rearranjo verdadeiramente balanceado e aqueles que parecem citogeneticamente balanceados, mas que são, na realidade, desbalanceados em nível molecular Sequenciamento de genoma completo, array CGH Inversão paracêntrica Inversão pericêntrica 1) Inversão paracêntrica: ocorrem no mesmo braço cromossômico 2) Inversão pericêntrica: o fragmento cromossômico invertido inclui o centrômero Inversão paracêntrica 1) Inversão paracêntrica: cromossomos recombinantes desbalanceados são acêntricos ou dicêntricos, podendo não levar a uma prole viável → baixo risco de prole com cariótipo anormal. 2) Inversão pericêntrica: gametas desbalanceados com duplicação ou deleção de segmentos chr → alto risco de produzir uma criança com cariótipo anormal – 5% a 10%. Significância clínica para a progênie 46,XX,inv(1)(p11q12) Inversão pericêntrica Risco de criança com cariótipo desbalanceado: 5 a 10% 1 em 1.000 pessoas apresenta uma inversão (fenótipo normal) Um exemplo de inversão pericêntrica no cromossomo 8 (46,XX,inv[8]). Cerca de 5% dos filhos das pessoas portadoras desta inversão recebem uma deleção ou duplicação da porção distal de 8q. Esta combinação resulta na síndrome recombinante 8: retardo mental, defeitos cardíacos, convulsões e um aspecto facial característico (dismorfismo). Síndrome San Luis Valley. Formação de uma alça durante alinhamento de homólogos na meiose – crossing-over nesta alça produz duplicações ou deleções no gameta. Padrão autossômico dominante Síndrome recombinante 8 - Deleção 8p e duplicação 8q Inversão pericêntrica: duplicação e deficiência do chr 3 inv(3)(p25q21) Uma criança com um cariótipo anormal, descendente de um portador de uma inversão pericêntrica. Síndrome do cromossomo 3 duplicado q21-qter e deletado p25-pter Estudo em 9 indivíduos com a inversão e 53 gestações registradas: 22/53 = +40%) • Envolvida na evolução dos genomas; eventos de inversão ocorreram nos cromossomos entre os primatas • As inversões também podem ter um papel importante na evolução, ao suprimir a recombinação entre um conjunto de genes. • o crossing over em uma inversão de um indivíduo heterozigoto para uma inversão pericêntrica ou paracêntrica produz gametas não balanceados e nenhum descendente recombinante. • Essa supressão da recombinação permite que conjuntos particulares de alelos coadaptados que funcionam bem juntos permaneçam intactos, não misturados pela recombinação. • Os gametas recombinantes não são viáveis porque os genes estão ausentes ou presentes em muitas cópias INVERSÃO E EVOLUÇÃO INVERSÃO E EVOLUÇÃO Em um indivíduo heterozigoto, um crossing over único em uma inversão pericêntrica gera gametas anormais Translocações: dois cromossomos sofrem quebras e há a soldadura de um segmento cromossômico a uma região fraturada de outro; transferência de segmentos de um cromossomo para outro 1) Translocações recíprocas: resultam de quebra de cromossomos não homólogos, com trocas recíprocas de segmentos soltos Na meiose figura quadrivalente (forma de cruz) Alterações cromossômicas (AC) estruturais Translocação recíproca Metáfase de Células CHO em Cultura Seta: Figura quadrivalente (forma de cruz) Adjacente 1 – centrômeros homólogos em células-filhas separadas (heterólogos) Adjacente 2 (rara) – centrômeros homólogos na mesma célula-filha (homólogos) Monossomias e trissomias Heterozigoto para translocação 46,XY,t(5;20)(q12;p13) Translocação recíproca Translocação recíproca A nível molecular, os novos pontos de união podem interromper sequências genéticas importantes, levando a inativação ou mutação Embora os portadores de translocações balanceadas tenham, em geral, fenótipos normais, sua prole pode apresentar uma trissomia parcial ou monossomia parcial, e um fenótipo anormal (consulta genética: risco de 1 a 10%) Principal alteração cromossômica (1/2 a 1/3 das anomalias cromossômicas) encontrada em casais com abortamento (perdas gestacionais recorrentes) Muitas vezes podem causar diferentes graus de esterilidade e deficiência intelectual (homens inférteis) Causa redução de 50% na fertilidade (gametas desbalanceados) Incidência: 1 em cada 600 neonatos Translocação recíproca • Envolvem alterações na ligação entre os genes → ativação de proto-oncogene Linfoma de Burkitt: uma rara neoplasia do linfócito B monoclonal; alteração do gene C-MYC (oncogene) Translocação t(8:14) 2) Translocações robertsonianas: envolve dois cromossomos acrocêntricos que se fundem próximos à região do centrômero com perda dos braços curtos Há risco de gametas não-balanceados e de prole não-balanceada Alterações cromossômicas (AC) estruturais 46,XX,-14,+t(14q21q) 46,XY,-14,+t(14q21q) S. Down Portador translocação balanceada Gametas 45,XX,-14,-21,+t(14q21q) D (14) G (21) Monossomiatrissomia Alterações cromossômicas (AC) estruturais 45,XX,-14,-21,+t(14q21q) 45,XX,der(13;14)(q10;q10) ou 45,XX,rob(13;14)(q10;q10) Translocação robertsoniana 1:1.300 pessoas Derivativo ou derivado: cromossomo com o centrômero intacto Cromossomopatias humanas 1866 Langdon Down 1959 Lejeune → maioria das crianças 47 cromossomos (+21) Condição aneuplóide mais comum compatível com a sobrevivência a termo (incidência: 1/800) Primeira causa de deficiência intelectual de origem genética QI entre 30 e 60 (podem se alfabetizar, são imitativos, afetuosos e cooperativos) Doença cardíaca congênita: presente em 1/3 dos nativivos e com frequência maior em abortos (75% das concepções com trissomia do 21são espontaneamente abortadas) Trissomia do 21 (Síndrome de Down) Cariótipo: 47, XX ou XY, +21 Cromossomopatias humanas Os homens com síndrome de Down são estéreis e as mulheres manifestam, com frequência, hipogonadismo e amenorréia primária – algumas tornam-se mães Mães – metade da prole afetada, dada a trissomia presente (na prática frequência inferior; 75% das concepções com trissomia do 21 são espontaneamente abortadas) Suscetíveis a infecções das vias respiratórias e defeitos do tubo digestivo, além da cardiopatia congênita em 40% ( todas responsáveis pela morte precoce) aumento no risco de 15 vezes para leucemia aguda Trissomia do 21 (Síndrome de Down) Cariótipo: 47, XX ou XY, +21 Síndrome de Down Cariótipo: 47, XX, +21 Síndrome de Down Pescoço curto e grosso expectativa de vida reduzida em 15-20% dos casos: morte por doenças respiratórias ou cardíacas Língua protrusa (Prega simiesca) Espectativa média de vida: 50 a 60 anos microcefalia Síndrome de Down Eles podem apresentar o quinto dedo mais curto, um amplo espaço entre o primeiro e segundo dedos dos pés e um vinco palmar transversal único. Incidência de Síndrome de Down em nativivos e fetos em relação à idade materna Aspectos genéticos: Trissomia do cromossomo 21 95% dos casos, como resultado da não-disjunção meiótica do par 21 materno (75% meiose I) Apenas em 10% dos casos é de origem paterna, em geral na meiose II Translocação Robertsoniana cerca 4% dos pacientes com S. Down 46 cromossomos translocação robertsoniana entre o cromossomo 21q e o braço longo de um dos outros cromossomos acrocêntricos (em geral o 14 ou o 22) não envolve a idade materna; Síndrome de Down familiar (risco para próximo filho) Síndrome de Down Aspectos genéticos: Translocação 21q21q (1%) cromossomo constituído de dois braços longos do cromossomo 21 isocromossomo Mosaicismo de Síndrome de Down (1-2%) apresentam populações de células com um cariótipo normal e outra com trissomia do 21 A Síndrome de Down no Mosaico origem pós-zigótica (não-disjunção mitose) Mosaicismo expressão clínica mais branda (variável) Síndrome de Down 47,XY,+21[10]/46,XY[10] Síndrome de Down Menina com mosaicismo para trissomia do 21 (7 de 30 células do sangue periférico com trissomia). Ela apresenta atrasos leves de desenvolvimento; a única característica física da síndrome de Down é um amplo espaço entre o primeiro e o segundo dedos do pé. Aspectos genéticos: Trissomias parciais – apenas determinadas regiões do cromossomo 21 em triplicata (banda 21q22) – mais raro Gene DYRK1A – considerado o principal para explicar o fenótipo de deficiência intelectual Síndrome de Down Trissomia do braço 21q proteínas em excesso 1) APP (proteína precursora amilóide) 21q21.5 inibição da serina protease, adesão celular, neurotoxicidade e crescimento celular desenvolvimento do sistema nervoso central; Alzheimer 2) EST-2 (gene AML1) sub-banda 21q22.2 - É o oncogene da leucemia mielóide aguda translocação cromossômica 8;21 [t(8;21)] 3) SOD-1 – superóxido desmutase 21q22.1 neurônios ou neuroglias do sistema nervoso central Em níveis aumentados retardo mental e aceleração na taxa de envelhecimento; progeria 4) alfa-A-cristalina sub-banda q22.3 - Proteína estrutural do cristalino 3% das crianças cataratas congênitas Síndrome de Down Risco de Síndrome de Down – aconselhamento genético Síndrome de Down Risco de qualquer casal tomado ao acaso de que uma criança nasça com defeito ou doença genética é avaliado em cerca de 3 a 4%. risco depende da idade materna e do cariótipo de ambos os genitores - Mulher 30 anos – 1 em 800; 45 anos – 1 em 25 - filho de uma mulher de mais de 44 anos: 3 a 4% acrescido do risco de 3,5% (específico da síndrome de Down) – total 6,5 a 7,5% - frequência de embriões e fetos com S. Down em exames pré-natais é bem maior (talvez o dobro) – alta incidência de abortos espontâneos Síndrome de Down Risco de recorrência (importância da análise cromossômica por bandamento em uma criança com S. Down) Cerca de 1% no geral – trissomia livre do 21 ou mosaico 46/47 1,4% para mães com menos de 30 anos (com história prévia de S. de Down) 2% até os 40 anos, 3% até os 43 anos e 5% daí em diante Devido a translocação robertsoniana – muito mais alto (1 em 3) mãe portadora: 10 a 20% pai portador: 1 a 3% (5 a 10%) Isocromossomo 21q21q (em um dos progenitores) – risco de 100% Síndrome de Down Risco de recorrência viáveis1/3 Abordagens cromossômica e genômica no diagnóstico da trissomia do 21 A- cariótipo paciente sexo masculino B- Análise de FISH em interfase usando sonda locus-específica chr 21 (vermelho), e autossomo controle (verde) C- Detecção da trissomia do 21 em paciente feminino por microarranjo cromossômico de genoma completo (seta vermelha) D- Sequenciamento de genoma completo, com super- representação das sequências do cromossomo 21 (razão de 1,5) Translocação X; autossomo X estruturalmente anormal (anomalias estruturais não balanceadas: deleções, duplicações e isocromossomo) → o cromossomo estruturalmente anormal é sempre o X inativo – menor impacto no fenótipo Translocações X; autossomo: - translocação balanceada → cromossomo X normal é preferencialmente inativado, e as duas partes do cromossomo translocado permanecem ativas (mas pode ter fenótipos homozigotos em mulheres heterozigotas; ruptura gênica; indicada análise cromossômica de alta resolução) - na prole não-balanceada de portadores balanceados → der(X) invariavelmente inativado; X normal sempre ativo INATIVAÇÃO NÃO-ALEATÓRIA DO X Translocação X; autossomo INATIVAÇÃO NÃO-ALEATÓRIA DO X TRANSLOCAÇÃO E EVOLUÇÃO • As translocações são, com frequência, importantes na evolução dos cariótipos. • Chimpanzés, gorilas e orangotangos têm 48 cromossomos, enquanto os seres humanos têm 46. O cromossomo 2 humano é um grande cromossomo metacêntrico, com padrões de bandeamento G que combinam com os encontrados em dois cromossomos acrocêntricos diferentes dos macacos. • Aparentemente, uma translocação robertsoniana ocorreu em um ancestral humano, criando um grande cromossomo metacêntrico a partir de dois braços longos dos cromossomos acrocêntricos ancestrais, e um pequeno cromossomo que consiste em dois braços curtos. O pequeno cromossomo foi perdido, levando ao número reduzido de cromossomos nos seres humanos em relação aos cromossomos dos macacos. TRANSLOCAÇÃO E EVOLUÇÃO O cromossomo 2 humano tem uma translocação robertsoniana que não existe nos chimpanzés, gorilas ou orangotangos. O bandeamento G revela que uma translocação robertsoniana em um ancestral humano trocou os braços longos e curtos de dois cromossomos acrocêntricos que ainda são encontrados nos outros três primatas. Essa translocação criou o grande cromossomo 2 humano metacêntrico. As linhas conectoras em cinza destacam algumas, mas não todas as regiões da homologia entre os cromossomos. Mecanismos de Anomalias Cromossômicas e Desequilíbrio Genômico Nussbaum, RL. Thompson & Thompson Genética Médica. 8 ed. Elsevier, 2016 NOMENCLATURA Mulher → 46,XX Homem → 46,XY Criança do sexo masculino com síndrome de Down devida à trissomia livre do 21 → 47,XY,+21 Menina com deleção do braço curto do cromossomo 5 (síndrome do miado do gato) → 46,XX,5p- ou 46,XX, del(5p) Homem com translocação recíproca envolvendo o braço curto do cromossomo 2, na região 2 banda 3 e o braço longo do cromossomo 4, na região 2 banda 5 → 46,XY,t(2;4)(p23;q25) NOTAÇÕES CROMOSSÔMICAS: Alterações cromossômicas devem ser precedidas por vírgula após os cromossomos sexuais p qfra pat r c dic + - / ter : :: chr braço curto braço longo sítio frágil paterna anel (ring) constitucional dicêntrico ganho de perda de mosaicismo terminal de para quebra quebra e reunião cromossomo 22p 17q 46,X,fra(X)(q27.3) 47,XY,+der(1)pat 46,X,r(X) 48,XY,+21c,+21 45,XX,dic(13;15)(q22:q24) 47,XX, +21 45,XX, -14,-21,+t(14q21q) 46,XY/47,XY,+8 pter qter 5qter5p15: 2pter 2q21::8p13 8pter NOMENCLATURA Abreviaturas da ISCN: International System for Human Cytogenetics Nomenclature, Basel, Karger, 2005 NOMENCLATURA s rob rcp h ace t cen del der dup ins inv i mat mar ish satélite translocação robertsoniana translocação recíproca constrição secundária acêntrico translocação centrômero deleção derivativo duplicação inserção inversão isocromossomo materna marcador hibridização in situ rob(13;21)(q10;q10) sem centrômero 46,XY,t(2;5)(p21;q31) 46,XX,del(1)(pterq21) 46,XX,der(1)t(1;3)(p32;q21)t(1;11)(q25;q13) 46,XY,dup(1)(q22q25) 46,XY,ins(2) 46,XX,inv(2)(p13p23) 46,X,i(Xq) 46,XX,+der(1)mat 47,XX,+mar 46,XX.ish del(22) (q11.2q11.2) (D22S75-) Nomenclatura de anomalias cromossômicas
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