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RESUMO GERAL PV I

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1. EQUINOS 
A. Nomenclatura Zootécnica 
 
• Cabeça: 
 
1. Fronte e topete 
2. Fonte 
3. Olhal 
4. Olho 
5. Chanfro 
6. Narina 
7. Lábios 
8. Orelha 
9. Nuca 
10. Parótida 
11. Chato da bochecha 
12. Ganacha 
13. Bolsa da bochecha 
14. Barba 
 
 
1. Orelha 
2. Olhal 
3. Olho 
4. Chanfro 
5. Narina 
6. Boca 
7. Nuca 
8. Topete 
9. Fonte 
10. Fronte 
11. Pálpebra 
12. Bochecha 
13. Ponta do focinho 
 
 
• Pescoço 
 
 
 
1. Crineira e bordo superior 
2. Bordo inferior 
3. Tábua 
• Tronco
 
4. Cernelha 
5. Lombo 
6. Lombo 
7. Anca 
8. Garupa 
9. Peito 
10. Interaxila 
11. Axila 
12. Contado 
13. Flanco 
14. Colhadouro 
15. Ventre 
16. Virilha 
17. Cauda 
18. Órgãos genitais 
 
 
 
1. Pescoço 
2. Cernelha, garrote ou cruzeta 
3. Dorso 
4. Lombo ou rins 
5. Anca 
6. Garupa 
7. Fiode lombo 
8. Costado 
9. Vazio do flanco 
10. Cilhadouro 
11. Ventre ou barriga 
12. Virilha 
13. Bainha com bolsa ou prepúcio (no macho) 
14. Pênis ou verga (saindo do prepúcio) 
15. Umbigo 
16. Úbere com as mamas ou tetas (na fêmea) 
17. Bolsa escrotal, saco escrotal / 18. Interaxila / 19. Axila ou sovaco
 
 
 
 
1. Peito 
2. Encontros 
3. Pescoço 
4. Cabeça 
5. Antebraço 
6. Joelho 
7. Canela 
8. Boleto 
9. Quartela 
10. Coroa 
11. Casco 
12. Interaxila 
13. Períneo 
14. Nádega 
15. Cola, Cauda ou Rabo 
16. Ânus 
17. Vulva (na fêmea)
 
 
 
 
 
 
 
• Membros 
 
19. Espádua 
20. Braço 
21. Codilho 
22. Antebraço 
23. Joelho 
24. Canela 
25. Boleto 
26. Quartela 
27. Coroa 
28. Casco 
29. Coxa 
30. Nádega 
31. Soldra 
32. Perna 
33. Jarrete
 
• Casco 
 
1. Cavidade cutigeral 
2. Tecido queratinoso 
3. Bordo coronário 
4. Bordalete perióplico 
5. Regiões parietal 
6. Ombro 
7. Quarto 
8. Talão 
9. Pinça 
10. Guarda – casco 
11. Ferradura 
12. Glomas ou glumas 
13. Talões ou arcobotantes 
14. Barras 
15. Lacunas laterais da ranilha 
16. Ramos de ranilha 
17. Corpo da ranilha 
18. Ponto da ranilha 
19. Sola 
20. Bordo plantar do casco 
21. Linha branca ou linha do ferrados 
22. Lacuna mediana ou central da ranilha
B. Abordagem e Contenção 
 A abordagem do animal deve ser feita de maneira tranquila, evitando 
movimentos bruscos, recomenda-se ao tratador ou médico veterinário que esconda 
o cabresto e a corda do cavalo para que ele não se assuste antecipadamente e a 
aproximação deve ser feita pelo lado esquerdo. Éguas com potrinhos e garanhões 
tendem a serem mais agressivos. 
 Os métodos de contenção são utilizados para o manejo do animal, para 
realização de exames clínicos e qualquer outro procedimento necessário. São 
importantes para garantir a segurança do tratador ou veterinário, e do próprio 
animal. 
 A contenção pode ser Física (direta ou indireta) ou Química, através da 
utilização de anestésicos e sedativos. 
• Métodos de contenção Física: 
- Laço: É constituído pela argola, a ilhapa, o corpo do laço e a presilha. Além da 
contenção, também é utilizado na doma e amansamento, na derrubada e 
imobilização e no transporte e embarque. 
- Cabresto: O cabresto é constituído pela cabeçada e o cabo. Um cabresto 
completo deve ter na cabeçada a focinheira, a testeira e o afogador. Podem ser 
confeccionados em vários tipos de materiais, os mais utilizados são os de nylon, 
porém os mais indicados são os de couro, por serem naturais, resistentes e 
confortáveis. 
- Peias: Conhecido também como Peias de Reprodução, ou Peias de Cobertura. 
São utilizadas na contenção da égua, para evitar acidentes com o garanhão e com o 
condutor. 
- Tronco de Contenção: é a forma mais segura de contenção para realização de 
procedimentos em equinos. Limita a movimentação do animal e permite 
aproximação com menores riscos quando há reação do animal. 
- Boxe de Contenção: Utilizados no transporte de equinos. São pequenos trailers 
de dois eixos fechados nas laterais alguns são cobertos em cima outros não, e 
outros ainda tem a cobertura opcional, a porta de entrada e saída dos animais fica 
atrás onde os animais entram de frente e saem de ré. 
- Pito / Cachimbo: utilizado em animais agressivos ou que não permitam algum tipo 
de manipulação. Para colocar o cachimbo: 
• Segure o cabo do cachimbo com a mão que possua maior firmeza e 
agilidade. 
• Coloque os dedos da mão oposta sob a laçada e segure o lábio superior, 
elevando-o discretamente. 
• Deslize a laçada por entre os seus dedos, envolvendo o máximo que poder o 
lábio superior. 
• Aperte a laçada rapidamente com a mão direita. 
• Fique atento para possíveis reações do animal. 
- Gravata ou Paletó: Puxa-se a região da paleta para fazer a contenção no animal. 
- Pé de amigo: Contenção do membro posterior, tira-se um dos membros do solo, 
tirando-lhe o apoio. 
- Mão de amigo: Contenção do membro anterior, tira-se um dos membros do solo, 
tirando-lhe o apoio. 
- Torção de orelha: Consiste em conter o animal segurando-se manualmente a 
orelha, porém não é um método indicado, pois pode causar dano à cartilagem aural, 
o que causará uma alteração irreversível do seu posicionamento (orelha caída). 
- Abraço (contenção de potros): Deve-se contê-lo na posição quadrupedal, 
posicionando-se ao seu lado, passando uma mão em volta da musculatura peitoral e 
outra por trás da coxa ou na base da cauda (suspendendo-a). 
 
C. Exame clínico: Histórico, Anamnese e Exame Físico. 
 O exame clínico é uma das etapas mais importantes de um atendimento 
médico veterinário, quando uma consulta (anamnese e exame físico) é bem 
realizada, o diagnóstico correto é atingido em cerca de 90% dos casos. 
É constituído basicamente dos seguintes procedimentos: 
- Resenha: Identificação do animal ou dos animais. De maneira geral é importante 
considerar espécie, raça, sexo e idade. Em alguns casos é importante saber a 
coloração da pelagem do animal, já que animais de pelagem escura são mais 
resistentes aos raios solares, ao passo que os de pelagem clara, ou que apresentem 
áreas despigmentadas são mais suscetíveis ao aparecimento de lesões de pele 
causadas pelos raios do sol. 
- Anamnese: Investigação da história do animal. É o levantamento do histórico do 
caso e de outras informações através de informações fornecidas pelo proprietário ou 
tratador. A anamnese deve ser metódica e seguir sempre a mesma sequência, para 
não omitir informações importantes. 
- Exame Físico: é a colheita de sintomas através da inspeção, palpação, percussão 
e auscultação. Inclui o exame do estado geral, das funções vitais, das mucosas, 
dos linfonodos e dos sistemas (digestório, locomotor, respiratório, etc.). O objetivo 
do exame físico é obter informações válidas sobre a saúde do paciente. O exame 
físico pode ser geral ou especial. 
 
• Geral: avaliação do estado geral do animal (atitude, comportamento, estado 
nutricional, estado de hidratação, coloração de mucosas, exame de linfonodos, etc.), 
parâmetros vitais (frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura, movi 
mentos ruminais e/ou cecais); 
• Especial: exame físico direcionado ao(s) sistema(s) envolvido(s). 
 
 
- Exames complementares: Solicitação e interpretação dos exames subsidiários 
(caso necessário). Reúnem os exames laboratoriais, os exames radiográficos e 
outros, como ultrassonografia, endoscopia, cirurgias exploratórias, etc. 
 
 
- Diagnóstico e prognóstico. 
- Tratamento (resolução do problema). 
• Parâmetros clínicos normais: 
− Mucosas (oral, oculares e genitais): devem estar róseas, lisas e úmidas. 
− Tempo de preenchimento capilar (TPC): 
 Animal sadio: 1-2 segundos 
 Animal desidratado: 2-4 segundos 
 Animal gravemente desidratado: > 5 segundos 
− Frequência cardíaca: Adultos – 28 a 40 bpm 
− Frequência respiratória: Adultos – 8 a 16 mpm 
− Movimentos intestinais:devem estar presentes. 
− Temperatura corpórea: Jovens – 37,2 a 38,9 / Adultos – 37,5 a 38,5 
 
D. Vias de Administração 
 
− Via Tópica: o fármaco é aplicado direto no local aonde se deseja a ação, 
geralmente utilizam-se pomadas. A absorção é lenta. 
− Via Ocular: Aplicação de colírios, também tem a absorção mais lenta. 
− Via Intraarticular: utilizada para fins diagnósticos ou terapêuticos.
− Via Oral: Utilizada geralmente para a administração de vitaminas, é uma via 
pouco utilizada em equinos, devido a sua alta palatabilidade. Utiliza-se mais a 
sonda nasogástrica.
− Via Retal: É uma via pouco utilizada, devido ao risco de romper o reto do 
animal, porém é comum utilizar em potros, em casos de retenção do mecônio. 
− Via Subcutânea: É a aplicação do fármaco embaixo da pele, via não utilizada 
em equinos. 
− Via Intramuscular: Aplicação do fármaco direto no músculo, é muito utilizada 
na aplicação de vacinas. Os locais indicados para aplicação em equinos são: 
garupa, nádegas, tábua do pescoço e encontros. 
− Via Intravenosa: É a via de absorção mais rápida, aplica-se o fármaco 
diretamente na corrente sanguínea do animal. As veias mais utilizadas são a 
jugular, a torácica e a cefálica. 
 
E. Técnicas e procedimentos terapêuticos: Imobilização e Bandagens 
− Imobilização: 
 Tem o objetivo de manter um membro, ou apenas um segmento de um 
membro, imóvel, em repouso, e em posição correta. Utilizada em tratamentos de 
emergência, tratamentos definitivos e reabilitação. 
 Pode-se optar pela imobilização na ocorrência de fraturas simples, localizadas 
em extremidade distal dos membros abaixo do osso metacárpico e metatársico – 
após 48 a 72 horas do acometimento, período em que se instala a inflamação da 
região afetada. Esta imobilização deverá ser mantida até a recuperação do osso, 
que deve ser periodicamente avaliado, possibilitando o exame radiográfico sem 
qualquer interferência na qualidade da imagem obtida (FRASER, 1997; 
THOMASSIAN, 2005; RIBEIRO, 2006). 
 A imobilização pode ser feita com ataduras de “gesso sintético” (fibra de vidro) 
ou resinas especais. 
 
− Bandagens: 
 O objetivo da bandagem é aliviar a dor, reduzir edemas, pelo fato de melhorar 
a circulação linfática, gerar maior estabilidade articular e melhorar a contração 
muscular. A bandagem elástica é utilizada na compressão para ajudar no controle 
de inchaços, proteção de machucados, pós-operatórios, ligar para trabalhar animais, 
etc. Possui uma elasticidade que permite o movimento sem que ocorra 
estrangulamento. 
 A utilização de bandagem estéril (principalmente quando for usada após 
artroscopia ou artrotomia) protege a articulação e pode reduzir edema
 
F. Manejo de Feridas 
 As feridas são lesões na pele, geralmente produzidas por ação traumática 
externa, cuja intensidade ultrapassa a resistência dos tecidos atingidos. 
 Tempo de evolução, integridade do suprimento sanguíneo local, grau de 
contaminação, localização da ferida, perda tecidual, porte do animal, ambiente em 
que se encontram, custo e efetividade configuram-se como fatores a serem 
considerados na escolha de estratégias terapêuticas. 
 Segundo Neto (2003), os ferimentos de pele representam uma das mais 
frequentes ocorrências na clínica de equídeos, principalmente os ferimentos 
localizados nos membros locomotores. 
 
Tipos de feridas: 
 De acordo com o grau de contaminação microbiana, as feridas se classificam 
em: lesões limpas, limpo-contaminadas, contaminadas e sujas ou infectadas. 
 Classicamente as feridas são divididas em abrasões, contusões, hematomas, 
incisões, lacerações e perfurações. 
 
Processo de cicatrização: 
 A cicatrização é um processo corpóreo natural de regeneração concomitante 
dos tecidos epidérmico e dérmico. Após uma lesão, um conjunto de eventos 
bioquímicos complexos e orquestrados se estabelece para reparar a o dano. 
Pode ser dividido em cinco etapas: 
1. Coagulação, 
2. Inflamação, 
3. Proliferação, 
4. Contração da ferida 
5. Remodelação 
 
Tipos de cicatrização: 
- Cicatrização por primeira intenção: o ocorre quando os bordos da ferida estão 
próximos e se unem novamente com rapidez. Ocorre em feridas não contaminadas 
(McGavin e Zachary, 2007). É indicada após incisões cirúrgicas, e consiste em 
aproximar os bordos da lesão por meio de suturas, favorecendo a cicatrização 
devido a diminuição do tempo da fase inflamatória e de remodelação do colágeno, 
obtendo uma melhor contração da ferida e posterior reepitelização (Auer e Stick, 
1999; Mandelbaum e Santis, 2003). 
 
- Cicatrização por segunda intenção: As feridas cujos bordos estão distantes, não 
apresentam uma aposição dos mesmos ou ainda que estejam contaminadas por 
agentes infecciosos ou contenham corpos estranhos. 
- Cicatrização por terceira intenção: É feita uma preparação da ferida, para que 
seja possível a reparação secundária. 
 
Fatores que apresentam interferência na cicatrização: 
- Nutrição: desnutrição, deficiências proteicas, vitamínicas, (principalmente C, K), e 
anemia; 
- Alterações circulatórias que resultem em diminuição da oferta sanguínea; 
 -Hormônios: glicocorticóides, cujos efeitos anti-inflamatórios retardam a cicatrização; 
- Infecções: a existência de infecção na área lesionada retarda a cicatrização; 
- Fatores mecânicos: movimentação afastando os bordos; 
- Corpos estranhos: suturas desnecessárias, fragmentos de aço, vidro ou até mesmo 
osso nas lesões impedem a cicatrização; 
- Tamanho, tipo e localização: áreas ricamente vascularizadas e lesões pequenas 
cicatrizam mais rapidamente. 
 Em equinos são reconhecidas especialmente as dificuldades decorrentes da 
formação excessiva de tecido de granulação em feridas cutâneas localizadas em 
extremidades. 
 
Tratamento: 
 O tratamento baseia-se na higienização da lesão e consequentemente o 
curativo local com pomadas que favorecem a cicatrização. 
 O manejo inicial é direcionado para isolar a ferida de contaminantes de 
origem exógena e endógena e preparar a pele vizinha para a manipulação durante o 
tratamento e cicatrização. Na área ao redor da ferida deve-se realizar tricotomia e 
preparação antisséptica para facilitar uma avaliação precisa da mesma e estruturas 
adjacentes (Auer e Stick, 1999). 
 O aspecto mais importante na preparação de feridas traumáticas para 
cicatrização é o debridamento cirúrgico, o qual consiste na remoção de tecido morto 
e desvitalizado para reduzir os níveis de bactérias patogênicas e oportunistas. 
Recomenda-se a aplicação de antimicrobianos na lesão, no qual destaca-se o uso 
do iodo-povidine. 
 
G. Emergências Gastrointestinais 
 O sistema digestório equino é sede de importantes disfunções clínicas que 
levam os animais à morte, a principal disfunção que atinge os equinos é a Síndrome 
Cólica. 
 Essa predisposição a problemas gastrointestinais ocorre devido a vários 
fatores, como a pequena capacidade volumétrica do estômago (8 a 20 litros) quando 
comparado com outras espécies domésticas, a incapacidade do vomito (musculatura 
do cárdia desenvolvida que, quando vencida, leva o alimento às narinas devido ao 
selo formado por palato mole e faringe, que impedem refluxo à boca, além de 
ausência do centro do vomito no sistema nervoso central), longo mesentério no 
jejuno (em média 25 metros) favorecendo as torções, locais com diminuição abrupta 
do diâmetro do lúmen como a flexura pélvica e a transição para o cólon menor, 
favorecendo o acúmulo de alimento, além de uma mucosa retal frágil predisposta a 
rupturas. 
 Uma das principais causas da Síndrome Cólica é o manejo alimentar 
inadequado, além disso, outros fatores podem levar ao aparecimento da síndrome, 
como a criação em regime intensivo, a verminose, problemas odontológicos, entre 
outros. 
 
Sintomas: 
 Escavar o chão (patear), olhar para oflanco, mexer na água com o focinho, 
morder/ escoicear o flanco, rolar, sentar, gemer, sudorese intensa e, conforme a 
fase da enfermidade, hiperexcitabilidade ou depressão. 
Classificação do grau de dor 
Leve Sem alterações circulatórias, Manifestações discretas. 
Moderada Alterações respiratórias, Cavar, deitar, rolar Sudorese intensa. 
Grave Alterações circulatórias Rolar, se jogar. 
 
 A síndrome cólica pode ser não estrangulativa, quando a irrigação é 
comprometida pela distensão intraluminal, decorrente principalmente do acúmulo de 
líquido e gás, e pode ser estrangulativa, quando pode acometer a circulação venosa, 
arteriais ou ambas, causando alterações na mucosa, no TPC, na frequência 
cardíaca e respiratória. 
 
 
 
Primeiros Socorros: 
− Sonda Nasogástrica: pode servir para a descompressão gástrica e diminuir 
a dor, como meio auxiliar de diagnóstico e via de tratamento. Para a 
passagem da sonda nasogástrica deve-se conter o animal adequadamente 
de acordo com o temperamento do cavalo e o grau de dor. Após a contenção, 
a sonda deve ser lubrificada (lidocaína gel, nitrofurazona) e marcada 
externamente na altura da glote (algumas sondas já vêm com uma marca aos 
40cm, média de tamanho da cabeça de adultos, e outras vêm marcadas a 
cada l0cm). Deve-se introduzir a sonda medialmente e ventralmente na 
narina, com o objetivo de se evitar a falsa narina, que fica dorsal e 
lateralmente. A introdução deve ser delicada, com a curvatura da sonda 
acompanhando a curvatura da cabeça. Ao aproximar-se da marca da glote, 
deve-assoprar a sonda com a intenção de se promover a deglutição e, 
simultaneamente, introduzir a sonda. Pode-se também esperar pela 
deglutição espontânea do animal e introduzir a sonda, mas isso pode demorar 
um pouco mais. 
 A passagem da sonda, com lavagem gástrica e administração de 
 analgésico, será eficaz no tratamento de 80 a 90% dos cavalos com síndrome 
 cólica, indicando a importância desse procedimento. 
− Tricotomia: É necessário fazer a tricotomia na região da calha da jugular, 
pois o animal vai precisar utilizar um cateter, para administração de fluido. 
− Hidratação: Por meio da avaliação de alguns parâmetros clínicos, como 
turgor da pele (pregueamento), umidade e viscosidade da mucosa bucal e 
retração do globo ocular , pode-se estimar o estado de hidratação do animal. 
− Parâmetros vitais: É necessário avaliar todos os parâmetros, temperatura 
retal, frequência respiratória, frequência cardíaca, mucosas e tempo de 
preenchimento capilar. 
− Paracentese abdominal: É a avaliação físico-química e citológica do líquido 
peritoneal, é um método auxiliar importante no diagnóstico das doenças 
abdominais nos equinos, utilizada na diferenciação de peritonites sépticas e 
assépticas. 
− Palpação Retal: A palpação retal é um exame de fundamental importância, 
em alguns casos, é o procedimento que vai dar o diagnóstico definitivo ou 
uma forte suspeita se aquele paciente tem ou não indicação cirúrgica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. RUMINANTES 
 Os ruminantes são uma subordem de mamíferos artiodátilos, que inclui os 
veados, girafas, bovídeos e por vezes incluídos até mesmo os camelos, 
caracterizados pela presença de um estômago complexo, com três ou quatro 
câmaras, adaptado à ruminação. 
 Os órgãos envolvidos neste processo digestivo realizam a digestão mecânica, 
proporcionando a fragmentação dos alimentos ingeridos, inicialmente por meio da 
mastigação efetivada na cavidade bucal, em seguida o alimento é conduzido até o 
rúmen por intermédio do esôfago, após o processamento do alimento no rúmen, o 
bolo alimentar formado é transportado até o próximo compartimento denominado por 
retículo, o qual se comunica com outra cavidade, o omaso e deste em direção ao 
abomaso. 
 
A. Nomenclatura Zootécnica 
 
MACHO FÊMEA CRIA INTERMEDIÁRIO 
TOURO VACA BEZERRO NOVILHO (A) 
BÚFALO BÚFALA BEZERRO NOVILHO (A) 
CARNEIRO OVELHA CORDEIRO BORREGO (A) 
BODE CABRA CABRITO BORREGO (A) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
B. Métodos de Contenção 
 A contenção de bovinos é extremamente necessária e utilizada regularmente 
em todos os locais onde se trabalhe com esses animais. Tanto os técnicos, 
fazendeiros, peões, médicos veterinários ou qualquer um que necessite que os 
animais fiquem total ou parcialmente contidos ou imobilizados, terão que adotar 
procedimentos de contenção. 
 Erros na contenção podem acarretar: 
• CABEÇADAS: O BOVINO BALANÇA A CABEÇADA E A UTILIZA PARA BATER 
(CUIDADO COM OS CHIFRES) 
• COICES: O BOVINO NORMALMENTE ESCOICEIA PARA FRENTE E PARA O 
LADO. 
• PISADAS: O BOVINO GERALMENTE CORRE PARA PASSAR POR CIMA DE 
INDIVÍDUOS QUE BLOQUEIAM SUA ROTA DE FUGA 
 
O GRAU DE CONTENÇÃO NECESSÁRIO REFLETE: 
• A ESPÉCIE 
• A RAÇA 
• O USO 
• A FAMILIARIDADE DO ANIMAL COM O MANEJO 
• O GRAU DE INVASIVIDADE 
• A DURAÇÃO PREVISTA DO PROCEDIMENTO 
 
POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES: 
• TRAUMATISMOS (FERIDAS) 
• PARALISIAS 
• DISTÚRBIOS METABÓLICOS 
• HIPERTERMIA 
• ESTRESSE EMOCIONAL 
 
INSTALAÇÕES: 
• BRETE 
• TRONCO 
• TRONCO TOMBADOR 
• GAIOLAS DE PALPAÇÃO 
• SERINGA 
• SWEEP TUB 
 
 
MANUAIS: 
• ENCABRESTAMENTO 
• ELEVAÇÃO DE CAUDA 
• DERRUBAMENTOS 
 
EQUIPAMENTOS: 
• IMOBILIZAÇÃO ELETROMAGNÉTICA 
• FORMIGAS 
• ARGOLAS NASAIS 
 
− Tronco de Contenção: É um equipamento especialmente projetado e 
construído para a contenção ou imobilização completa de um bovino, de 
maneira que se possa realizar no mesmo qualquer procedimento, com total 
segurança para o operador e para o próprio animal. Alguns dos 
procedimentos executados em Troncos de Contenção incluem castração, 
inseminação artificial, marcação, transferência de embriões, palpação, 
casqueamento, colocação de brincos de identificação, medida de perímetro 
escrotal, vacinações, coleta de sangue, aplicação de injeções etc. 
− Peia: é utilizada nos trabalhos de ordenha, tomada de temperatura e combate 
a carrapatos. 
− Formiga: Principal método utilizado para condução e contenção de cabeça, 
introduz-se o instrumento no nariz do animal, e pressiona-se o septo nasal, 
exercendo uma pressão considerável. Normalmente utilizado em animais não 
cooperativos. 
− Derrubamento lateral (caprinos): Segura-se a base da orelha e a 
mandíbula, voltando a cabeça do animal em direção ao tórax. 
− Sentado (Ovinos): 
 
C. Métodos de derrubamento 
 É um método de contenção utilizado quando há necessidade de 
procedimentos com o animal deitado. Normalmente utiliza-se a contenção química 
antes de derrubar o animal, o animal é derrubado com cordas e deve-se sempre 
deixá-lo em decúbito lateral direito. 
− Método Italiano: pode ser aplicado tanto em fêmeas como em machos e 
animais descornados, pois não constringirá mama ou pênis. 
 
 
 
− Método de Rueff: este método é mais empregado em fêmeas com chifres, 
pois em machos é traumático na região do pênis e do prepúcio. 
 
 
 
− Método de Almeida Barros: sua execução é simples, pois necessita apenas 
de uma corda com argola e pode ser executado tanto em machos como em 
fêmeas, dispensando a peia. 
 
 
 
D. Exame clínico: Histórico, Anamnese e Exame Físico. 
 - Exame clínico: 
 
• IDENTIFICAÇÃO: É O REGISTRO DAS CARACTERÍSTICAS DE ESPÉCIE, 
RAÇA, FAIXA ETÁRIA, SEXO, USO, PROCEDÊNCIA, E QUALQUER 
OUTRO FATOR DO INDIVÍDUO QUE POSSA SER RELEVANTE AO CASO. 
• ANAMNESE: É O LEVANTAMENTO DO HISTÓRICO DO CASO E DE 
OUTRAS INFORMAÇÕES ATRAVÉS DE INFORMAÇÕES FORNECIDAS 
PELO PROPRIETÁRIO OU TRATADOR. 
 
• HISTÓRICO: É O LEVANTAMENTO DOS ANTECEDENTES MÉDICOS DO 
PACIENTE INDEPENDENTEMENTE DE SUA RELAÇÃO COM O CASO 
CORRENTE.- Exame físico: 
 
 
• ESTADO GERAL 
 
 
 
 
• FUNÇÕES VITAIS 
 
Parâmetros Vitais Espécie Parâmetros normais 
 Frequência cardíaca 
Bovinos 
Adultos 50 a 70 bpm 
Jovens 60 a 90 bpm 
Caprinos e Ovinos 70 a 110 bpm 
Suínos 
Adultos 60 a 90 bpm 
Jovens 100 a 130 bpm 
Frequência Respiratória 
Bovinos 
Adultos 10 a 30 mpm 
Jovens 20 a 50 mpm 
Caprinos 20 a 40 mpm 
Ovinos 12 a 22 mpm 
Suínos 8 a 18 mpm 
Temperatura retal 
Bovinos 
Adultos 37,5 a 39,5°C 
Jovens 38,5 a 39,5°C 
Ovinos e Caprinos 
Adultos 38,3 a 39,5°C 
Jovens 38,6 a 40,3°C 
Lanados até 40°C 
Suínos 39 a 40°C 
Movimentos Ruminais Bovinos 
7 a 10 mr a cada 5 minutos ou 
1 a 2 mr por minuto 
 
 
 
 
 
 
 
E. Vias de Administração 
 
• Local: 
 
- PROCEDIMENTOS TÓPICOS 
• FINALIDADE: ADMINISTRAR MEDICAMENTOS DIRETAMENTE SOBRE A PELE, 
ALGUMAS MUCOSAS OU CASCOS PARA OBTER SEUS EFEITOS LOCAIS OU 
SUA AÇÃO SISTÊMICA APÓS A ABSORÇÃO PELA PELE. 
• MATERIAL: POMADAS, SPRAYS, PÓ, BRINCOS, SOLUÇÕES AQUOSAS OU 
SUSPENSÕES OLEOSAS. 
 
- PROCEDIMENTOS OFTÁLMICOS 
• FINALIDADE: ADMINISTRAR MEDICAMENTOS NOS OLHOS 
• MATERIAL: COLÍRIOS, POMADAS OFTÁLMICAS, SOLUÇÕES OU OUTROS 
MEDICAMENTOS. 
• COMPLICAÇÕES: ATENÇÃO COM POSSÍVEIS TRAUMAS OCULARES 
 
 
• Enteral: 
- VIA ORAL 
• FINALIDADE: ADMINISTRAR MEDICAMENTOS POR VIA ORAL, AGENTES ANTI-
HELMÍNTICOS E OUTROS. 
• MATERIAL: BALLING GUN, SERINGAS DOSADORAS, ESPÉCULO DE FRICK, 
SONDAS GÁSTRICAS E DRENCHS. 
• VANTAGENS: 
 - GRANDES VOLUMES PODEM SER ADMINISTRADOS. 
 - BAIXO CUSTO (NÃO SÃO NECESSÁRIAS SOLUÇÕES ESTÉREIS). 
 
• DESVANTAGENS: 
 - PROPORCIONAIS AS COMPLICAÇÕES. 
 - DIFICULDADES CORRELACIONADAS A PALATABILIDADE DO FÁRMACO. 
• COMPLICAÇÕES: 
 - SUBSTÂNCIAS QUE PRECISAM TER AÇÕES SISTÊMICAS PODEM 
 DILUIR-SE NO RÚMEN OU TER SEU EFEITO RETARDADO POR ESTE. 
 - A DROGA ADMINISTRADA PODE EXERCER EFEITO NOCIVO AOS 
 MICRORGANISMOS RUMINAIS. 
 - RISCO DE FALSA VIA (PNEUMONIA POR ASPIRAÇÃO). 
 - TRAUMAS NA MUCOSA ORAL, FARINGE OU ESÔFAGO. 
 
• Parenteral: 
- VIA SUBCUTÂNEA 
• FINALIDADE: ADMINISTRAR MEDICAMENTOS, OU AGENTES BIOLÓGICOS, 
POR VIA SUBCUTÂNEA PARA ABSORÇÃO LENTA E CONTÍNUA. 
• MATERIAL: MATERIAL PARA ANTISSEPSIA, SERINGA E AGULHA. 
• COMPLICAÇÕES: POSSÍVEL APLICAÇÃO IM, INFECÇÕES IATROGÊNICAS. 
• DESVANTAGENS: NECESSIDADE DE MATERIAL ESTÉRIL, MAIORES CUSTOS 
E NECESSIDADE DE MAIS TÉCNICA PARA APLICAÇÃO. 
 
- VIA INTRAMUSCULAR 
• FINALIDADE: ADMINISTRAR MEDICAMENTOS, OU AGENTES BIOLÓGICOS, 
POR VIA INTRAMUSCULAR PARA ABSORÇÃO E DISTRIBUIÇÃO RÁPIDAS. 
• MATERIAL: MATERIAL PARA ANTISSEPSIA, SERINGA E AGULHA. 
• COMPLICAÇÕES: POSSÍVEL APLICAÇÃO IV, INFECÇÕES IATROGÊNICAS, 
MIOSITES. 
• DESVANTAGENS: NECESSIDADE DE MATERIAL ESTÉRIL, MAIORES CUSTOS 
E NECESSIDADE DE MAIS TÉCNICA PARA APLICAÇÃO. 
 
- VIA INTRAVENOSA 
• FINALIDADE: ADMINISTRAR MEDICAMENTOS, POR VIA INTRAVENOSA PARA 
ABSORÇÃO RÁPIDA. 
• MATERIAL: MATERIAL PARA ANTISSEPSIA, SERINGA E AGULHA. 
• COMPLICAÇÕES: POSSÍVEL PUNÇÃO ARTERIAL, INJEÇÃO EXTRAVASCULAR, 
HEMATOMAS, FLEBITES, INFECÇÕES IATROGÊNICAS. 
• VANTAGEM: 
 - GRANDES VOLUMES PODEM SER LENTAMENTE ADMINISTRADOS, EFEITO 
 RÁPIDO. 
 - PODEM SER ADMINISTRADAS SOLUÇÕES TIDAS COMO IRRITANTES 
 (DILUÍDAS) FORA DOS VASOS SANGUÍNEOS. 
• DESVANTAGENS: 
 - PROPORCIONAIS AS COMPLICAÇÕES, NECESSIDADE DE MATERIAL 
 ESTÉRIL, MAIORES CUSTOS E NECESSIDADE DE MAIS TÉCNICA PARA 
 APLICAÇÃO (INFECÇÕES, FLEBITES E TROMBOS). 
 
 
 
- DISPOSITIVOS INTRA-VAGINAIS 
• FINALIDADE: ADMINISTRAR MEDICAMENTOS POR MEIO DA ABSORÇÃO 
ATRAVÉS DA MUCOSA VAGINAL. 
• MATERIAL: DISPOSITIVO INTRA-VAGINAL. 
• COMPLICAÇÕES: INFECÇÕES IATROGÊNICAS E TRAUMAS NO APARELHO 
REPRODUTOR DA FÊMEA. 
 
- APLICAÇÕES INTRA-MAMÁRIAS 
• FINALIDADE: ADMINISTRAR MEDICAMENTOS NO INTERIOR DA GLÂNDULA 
MAMÁRIA VIA CANAL DO TETO. 
• MATERIAL: BISNAGAS INTRA-MAMÁRIAS OU SONDA MAMÁRIA. 
• COMPLICAÇÕES: ATENÇÃO COM POSSÍVEIS INFECÇÕES IATROGÊNICAS. 
 
F. Emergências Gastrointestinais 
 Podemos dividir o sistema digestório em seis porções: 
- vias digestivas anteriores (boca, faringe e esôfago) 
- pré-estômagos: 
• retículo ou barrete 
• rúmen ou pança 
• omaso ou folhoso 
• Abomaso ou coagulador 
• Intestinos (grosso e delgado) 
• Fígado 
 
� Primeiros Socorros: 
 - Sondagem esofágica 
 - Trocarterização no vazio do flanco esquerdo 
 - Ruminotomia em casos crônicos 
 
- Abordagem na anamnese e no exame geral 
 Além das informações tradicionais, devem-se pesquisar durante a anamnese 
os dados sobre a alimentação do animal. Convém verificar a composição 
(qualidade), a quantidade e a forma (freqüência, horário) de administração dos 
alimentos. Eventuais alterações de apetite (anorexia, hiporexia, parorexia) devem 
também ser indagadas. No exame geral, devem ser pesquisados sinais espontâneos 
 
de dor, como ocorre nos casos de cólica intestinal. O exame das mucosas pode 
sugerir envolvimento hepático, nos casos de icterícia. 
- Exame das vias digestivas anteriores 
 - Preensão dos alimentos: deve ser avaliada, considerando-se as diferenças 
entre espécies. Pequenos ruminantes realizam a preensão através da 
movimentação labial, ao passo que os bovinos a fazem através da movimentação da 
língua. 
 - Mastigação e a deglutição 
 - Apetite: deve ser checado, oferecendo-se ao animal vários tipos de 
alimentos para verificar se o apetite está normal (normorexia), caprichoso 
(hiporexia), alterado (parorexia) ou ausente (anorexia). 
 Nunca se deve confiar exclusivamente na anamnese no tocante ao apetite do 
animal. 
 - Ingestão de água: também deve ser considerada. Bovinos adultos sadios 
ingerem de 25 a 80 litros de água por dia (quanto mais concentrados na 
alimentação, mais água é ingerida). 
 - Presença de ruminação: é, de forma geral, um indicador de saúde 
digestiva. Bovinos adultos ruminam várias vezes por dia e chegam a dispender até 
sete horas por dia com esta atividade (quanto mais concentrado na alimentação, 
menos tempo de ruminação). A regurgitação patológica é raríssima e, quando 
ocorre, usualmente é de origem esofágica (vômito falso). 
A fermentação ruminal produz cerca de 600 L gás/dia (66% CO2, 26% CH4, 8% 
demais) (quanto mais concentrado, mais gás). Este gás tem que ser eliminado 
constantemente, e o animal o faz através da eructação. Distúrbios neste mecanismo 
provocam o acúmulo de gás no rúmen, conhecido como timpanismo ou 
meteorismo. 
Os ruminantes salivam muito. Um bovino adulto chega a produzir até 200 L de saliva 
por dia, que são deglutidos. Excesso nesta produção chama-se ptialismo e quando 
escorre da boca recebe o nome de sialorréia. 
 - Exame da parte anterior da cavidade oral: pode ser feito através da 
inspeção, abrindo-se a boca do animal com as mãos, puxando-se a língua com uma 
toalha. Podem também ser usados aparelhos próprios, chamados de "abre-bocas". 
A porção posterior da cavidade oral pode ser inspecionada com o uso de espéculos. 
O odor bucal também deve ser avaliado. 
 
 - esôfago: encontra-se dorsalmente a traqueia, deslocando-se para o lado 
esquerdo na porção cervical, voltando a sua posição dorsal na porção torácica. A 
sua inspeção externa e palpação direta pode ser realizada apenas da porção 
cervical. Em toda sua extensão, porém, pode ser feita uma palpação indireta com 
sondas esofágicas apropriadas. A inspeção indireta do esôfago pode ser realizada 
pela endoscopia. 
 - vias digestivas anteriores: podem ser avaliadas, ainda, através de 
recursos radiográficos. 
 
- Exame da região abdominal 
 À exceção do esôfago e cavidade oral, os órgãos do sistema digestório dos 
ruminantes se encontram na cavidade abdominal. O exame desta região representa, 
assim, um dos principaispontos a serem observados para o diagnóstico das 
afecções do sistema digestório. 
 Cabe lembrar que o tamanho dos órgãos do sistema digestório sofrem radical 
mudança com o desenvolvimento do animal. A proporção rúmen-abomaso é de 1:2 
em animais com um mês de idade, invertendo-se para 2:1 no 3º mês, chegando a 
9:1 no adulto, na dependência da alimentação. 
- Projeção topográfica 
 No adulto, o rúmen ocupa principalmente o lado esquerdo do animal e seu 
volume chega a quase 150 litros nos bovinos. Tem como limite anterior uma linha 
que vai do 11º espaço intercostal na parte dorsal até o 7º espaço na parte ventral. O 
rúmen contrai-se ritmicamente e a freqüência destas contrações aumenta após a 
ingestão de alimentação grosseira e cessa após dois dias de jejum. 
 O retículo encontra-se apoiado na cartilagem xifóide entre o 5º e o 7º espaço 
intercostal. Projeta-se para ambos os lados, mas é mais proeminente do lado 
esquerdo. O omaso pode ser delimitado entre o 7º e o 9º espaço intercostal, no terço 
médio do lado direito e o abomaso, do 7º ao 11º espaço intercostal, no terço inferior 
do lado direito. A projeção topográfica do fígado encontra-se na parte superior do 
lado direito, entre o 11º e o 12º espaço intercostal, adjacente ao bordo caudal do 
pulmão. 
- Técnicas de exame 
 - inspeção abdominal: externa pode revelar aumentos de volumes em 
diferentes partes, cada uma com seu significado diagnóstico. 
 
 - palpação: auxilia tanto na avaliação do conteúdo das diferentes vísceras 
abdominais quanto na pesquisa de sensibilidade. Na palpação do rúmen, a sua 
contração pode ser sentida com a aplicação da mão fechada no vazio do flanco. 
Pode-se palpar o retículo de forma indireta, pressionando-o com um bastão de 
madeira ("prova-do-bastão"). Outras provas complementares para a pesquisa de 
sensibilidade do retículo podem ser empregadas, como o pinçamento da cernelha e 
a prova de Kalchschmidt (uso discutível). A palpação retal, ainda, é indispensável 
para o exame dos órgãos digestórios, particularmente dos intestinos. No caso do 
retículo, a palpação direta externa e a inspeção não são possíveis, devido sua 
posição intratorácica. 
 - percussão: tem, de forma geral, o mesmo objetivo da palpação, qual seja 
avaliar o conteúdo das vísceras e pesquisar sensibilidade. A percussão permite, 
também, a delimitação topográfica destas vísceras. De maneira geral, o abdômen 
apresenta sons maciços e submaciços na sua porção ventral e medial. A região 
hepática também apresenta som maciço. Na parte do vazio do flanco, tanto direito 
como esquerdo, encontram-se sons timpânicos. 
 - auscultação: é um potente recurso a ser empregado na análise funcional do 
sistema digestório. O rúmen apresenta uma crepitação constante que se exacerba 
durante a sua contração. Neste momento, pode ser auscultado, na porção ventral, o 
ruído de rolamento produzido pela movimentação do conteúdo ruminal durante a 
contração. O omaso apresenta uma crepitação discreta. O abomaso e o intestino 
apresentam ruídos de borborigma. 
 - percussão-auscultatória: particularmente útil no diagnóstico do 
deslocamento do abomaso. É importante, porém, salientar que a presença de 
"pings" abdominais não necessariamente significa o deslocamento do abomaso. Os 
"pings" podem aparecer nos casos de pneumoperitônio que acompanham os 
quadros de reticulo-peritonite traumática, nos timpanismos ruminais e na dilatação 
do ceco. 
- Exames complementares 
 - Suco de rúmen: colhido através de sonda esofágica própria e analisado 
segundo procedimentos bastante simples. Dentre estes procedimentos, os mais 
usuais e que podem ser realizados no campo são: 
• aspecto: normalmente é ligeiramente viscoso, mas pode apresentar-se 
aquoso (indigestão simples , acidose lática ruminal), com espumas 
(timpanismo espumoso) ou muito viscoso (excesso de saliva, desidratação). 
• coloração: dependendo da alimentação. 
• sedimentação e flutuação: em uma proveta de 100 mL deposita-se o suco e 
aguarda-se a separação em três fases (sedimento, líquido e flutuante). Essa 
 
separação deve ocorrer no máximo em 10 minutos. Na acidose lática ruminal, 
por exemplo, o suco não apresenta estas fases. 
• odor: característico nos casos de putrefação ruminal. 
• pH: normal de 5,5 a 7,0. 
• Redução do azul de metileno: em uma proveta de 50 mL, depositar 20 mL de 
suco de rúmen e acrescentar 4 mL de solução de azul de metileno 0,03%. 
Após a homogeinização o suco deve ficar azul. Em 3 a 5 minutos o suco deve 
volar à coloração inicial. Sucos inativos não recuperam o aspecto inicial 
(comparar com uma proveta sem azul de metileno). 
 
 - Láparo-ruminotomia exploradora: um recurso de grande utilidade, apesar 
de ser pouco empregado. Muitos clínicos tem certo receio em realizá-la, por medo 
das eventuais complicações pós-operatórias. Trata-se, entretanto, de procedimento 
relativamente simples e de raras complicações. A laparo-ruminotomia, além de ser 
um método semiológico, consiste também num recurso terapêutico importante. 
 - Detector de metais: este aparelho detecta se há ou não estruturas 
metálicas, não determinando, porém, se tais estruturas são pontiagudas e se 
realmente estão perfurando a parede do retículo provocando retículo-peritonite 
traumática. Em alguns animais, sobretudo nos importados, existe a prática de se 
colocar um ímã no retículo para a prevenção da doença. Quando estes animais são 
submetidos ao detector de metal evidentemente há uma resposta positiva. Para se 
determinar a presença de um ímã no interior do retículo deve-se aproximar da região 
xifóide uma bússola, observando-se o comportamento do ponteiro. 
 - Punção abdominal (paracentese): pode ser empregada no diagnóstico do 
deslocamento do abomaso, avaliando-se o pH do líquido visceral colhido. Esta 
punção pode, ainda, restringir-se ao espaço inter-visceral para colher o líquido 
peritoneal, muito útil no diagnóstico diferencial das ascites e peritonites. Para se 
pesquisar ascite/peritonite deve-se fazer a punção um palmo à direita do umbigo, na 
região mais baixa do abdome. Nos casos de retículo-peritonite traumática, pode-se 
puncionar logo após a cartilagem xifóide. Nos casos de ruptura de intestino pode-se 
puncionar entre o úbere e a dobra do joelho. 
 - Exame de fezes: além do tradicional exame coproparasitológico, pode 
revelar a condição funcional do sistema digestório através da avaliação 
macroscópica do tamanho das suas partículas. Além disso, avalia-se a presença de 
muco, fibrina e sangue. 
Pode-se, por fim, realizar exames microbiológicos específicos para se pesquisar a 
presença de agentes como salmonelas, E. coli e rotavirus. Podem ser citados, ainda, 
outros exames como a biópsia hepática, a endoscopia, a laparoscopia, a 
ultrassonografia, a radiografia e os testes de função hepática. 
 
 
- Abordagem propedêutica 
 Independentemente da causa e da sede do processo, os animais acometidos 
de enfermidades do sistema digestório apresentam sintomatologia básica comum 
caracterizada por apatia, anorexia ou hiporexia, perda de peso e diminuição da 
produção de leite. Todavia, alguns sintomas são particulares e merecem ser 
analisados individualmente. Destacam-se as lesões visíveis da cavidade oral 
(vesículas, úlceras, estomatite, etc.) e aqueles causados por obstrução do esôfago. 
Na região abdominal podemos observar dilatação, dor e timbre metálico. Por fim, a 
diarreia é um sinal facilmente detectável e indicativo de envolvimento intestinal. 
 - Lesões da cavidade oral 
 Quando se examina a cavidade oral, a primeira preocupação é identificar a 
presença de vesículas ou, quando estas se rompem, úlceras. A contaminação 
destas úlceras por bactérias secundárias pode provocar um quadro local purulento. 
A condição da língua e das mandíbulas também deve ser verificada. 
Devem, por fim, ser avaliadas lesõesdentárias e a presença de corpos estranhos. 
 - Obstrução do esôfago e faringe 
 A obstrução do esôfago é relativamente comum nos bovinos, porém muito 
rara nos pequenos ruminantes. A principal causa é a ingestão de corpos estranhos 
volumosos como, por exemplo, frutas grandes (laranjas) ou seus caroços (manga). 
Neoplasias podem ocorrer no esôfago e a mais comum é o carcinoma (vulgarmente 
chamado de "caraguatá") provocado pela ingestão crônica da samambaia Pteridium 
aquilinum. 
 Os animais afetados apresentam disfagia, timpanismo e às vezes regurgitam 
o alimento recém ingerido. A inspeção e a palpação externa podem reforçar a 
suspeita e a confirmação pode ser feita pela palpação indireta, através de uma 
sonda esofágica. Caso a obstrução seja anterior, o exame das porções profundas da 
cavidade oral com auxílio de um especulo pode permitir a visualização da obstrução. 
 Nos casos de corpos estranhos localizados nas porções mais anteriores, 
incluindo a faringe, pode-se tentar removê-los pela boca, com a participação de uma 
auxiliar empurrando o corpo estranho por fora. Em casos de obstruções mais 
profundas, a única e nem sempre indicada possibilidade de tratamento é a cirurgia. 
- Dilatação abdominal 
 
 A dilatação abdominal é facilmente detectável, sobretudo nos bovinos. O 
primeiro passo é caracterizar a forma desta dilatação, definindo se é uni ou bilateral. 
- dilatação bilateral: na sua porção superior é causada pelo pneumoperitônio. 
Trata-se do acúmulo de gás na cavidade abdominal comumente associado aos 
quadros de retículite traumática. Nestes casos, a percussão auscultatória revela a 
presença de timbre metálico bilateral. 
Quando ocorre a dilatação bilateral na porção inferior pode-se estar diante de um 
quadro de ascite. A ascite, ou hidroperitônio, é o acúmulo de líquido na cavidade 
abdominal. 
- dilatação abdominal unilateral direita: pode ocorrer principalmente em gestações 
adiantadas ou na dilatação abomasal. Nos casos de gestação avançada (8o.-9o. 
mês), a dilatação do lado direito ocorre mais nas porções inferiores e a presença do 
feto pode ser confirmada por palpação retal ou pela sucussão do lado direito. A 
dilatação do abomaso, por sua vez, é mais superior e provoca à percussão 
auscultatória um timbre metálico semelhante ao pneumoperitônio, porém localizado. 
- dilatação unilateral esquerda: ocorre nas diferentes formas de dilatação ruminal. 
Nos casos de dilatação ruminal é importante tentar caracterizar a natureza do 
conteúdo. A percussão diferencia inicialmente, os acúmulos gasosos dos acúmulos 
não gasosos. Nos acúmulos gasosos (timpanismo) têm-se o som hipersonoro ou 
até claro (curiosamente o timpanismo não provoca som timpânico). 
Nos acúmulos líquidos e sólidos o som se torna maciço. O acúmulo de líquidos pode 
ser diferenciado do acúmulo de sólidos pela palpação 
- Dor 
Em casos de dor intensa, o animal range os dentes ("bruxismo") e apresenta-se 
inquieto, escoicea o ventre, chegando até a deitar e rolar no chão. É uma cena muito 
marcante, sobretudo em bovinos de grande porte. Tal condição é relativamente rara, 
porém quando ocorre, usualmente decorre de processos obstrutivos do intestino. 
- Timbre metálico (ping) 
O timbre metálico, também chamado de "ping", é um ruído bastante característico 
que se ausculta quando se realiza a percussão-auscultatória. Caso este timbre seja 
bilateral e na região do vazio do flanco, deve-se suspeitar de um processo de 
pneumo-peritônio decorrente de reticulite traumática. 
Às vezes, porém, o timbre metálico pode apresentar-se em apenas um dos lados do 
animal. Quando o lado é o direito, pode tratar-se de uma dilatação do abomaso ou 
do ceco. Todavia, este achado é raro. O mais comum é a presença de timbre 
metálico no lado esquerdo, nos casos de deslocamento do abomaso. 
 
- Diarreia 
A diarreia é muito comum nos animais novos, porém menos comum em adultos. 
Além disso, no caso particular dos bovinos, deve-se ter cautela ao analisar as suas 
fezes, pois elas normalmente são amolecidas, o que pode levar ao clínico 
inexperiente a certa confusão. Nem sempre é possível presenciar a diarreia em si. 
Todavia, sinais de fezes diarreicas são facilmente detectáveis na cauda e nas patas 
posteriores, sobretudo no jarrete ou mesmo no chão. 
Diversos são os mecanismos que provocam a diarreia, mas essencialmente trata-se 
de um distúrbio da absorção de água, fato que permite certos autores a considerá-la 
como uma síndrome de má absorção. A má absorção pode ocorrer devido a lesões 
da parede intestinal, por hipermotilidade de sua musculatura ou por excesso de água 
intra-luminal, quer seja de origem osmótica, quer seja por aumento na secreção. 
O principal fator predisponente de diarreia dos ruminantes é a quebra de resistência 
que pode ocorrer em animais jovens. Este fato pode ocorrer em animais submetidos 
a condições estressantes como superlotação, frio ou calor intenso, pouca ventilação, 
etc. Todavia, a causa mais frequente é a insuficiente ou retardada ingestão do 
colostro. 
Outra causa de diarreia em ruminantes é decorrente de manejo higiênico deficiente. 
Nestas condições, ocorre a contaminação dos alimentos, o que submete o animal a 
uma carga patogênica muito grande de coliformes fecais e de protozoários, 
sobretudo a eimeria (coccidiose). 
Diarreia de origem nutricional também pode ocorrer. Em animais jovens ela está 
relacionada com excessiva ingestão de leite. Em adultos ela pode ocorrer quando os 
animais são colocados em pastagem jovem, rica em brotos. 
O tratamento da diarreia inicia-se pela imediata reposição de água e eletrólitos. 
- Indigestões sem sintomatologia específica 
Algumas doenças do sistema digestório podem não apresentar nenhum dos 
sintomas descritos anteriormente. Trata-se de doenças provocadas pela ingestão de 
alimentos impróprios e que se manifestam por apatia, anorexia e paralisia ruminal. 
Sintomas adicionais podem eventualmente surgir. Dentre elas destacam-se a 
alcalose ruminal e a indigestão simples. 
Nas duas condições deve-se proceder à ruminotomia para a remoção do conteúdo 
indesejado.

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