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CRIMINOLOGIA ESQUEMATIZADO

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Introdução, o caldo cultural do Iluminismo: Tanto a escola clássica, quanto a escola positivista ancoram suas bases na grande transformação iluminista. Assim, pode-se dizer que clássicos e positivistas, na realidade, são distintas faces da moeda iluminista. Sendo impreciso dizer que a criminologia nasceu de um ou de outro movimento, tendo colhido frutos de ambos e, ainda, de movimentos ainda mais antigos, embora não sistematizados. (quadro feito com base no livro: "Criminologia", do Professor Sérgio Salomão Shecaira).
	Informação
	Escola Clássica
	Escola Positivista
	Expoentes: 
	Cesare Bonesana, o Marquês de Beccaria (1738/1794); Jeremy Bentham (1748/1832); Feuerbach (1775/1833); Francesco Carrara (1805/1888); entre outros. 
	Cesare Lombroso (1835/1909) Rafaele Garofalo (1851/1934); Enrico Ferri (1856/1929), genro de Lombroso; entre outros. 
	Bases: 
	Na filosofia contratualista, livre-arbítrio e no racionalismo. 
	Nas ciências naturais (biologia, inclusive por Darwin, medicina, psiquiatria, psicologia e etc.), no determinismo biológico (genética) e social. 
	Método de estudo: 
	lógico, abstrato-dedutivo, filosófico-metafísico, dogmático, e jurídico-centrado. 
	Método experimental, indutivo-explicativo, empírico, multidisciplinar. 
	Natureza da pena: 
	A pena é uma reparação/reação a lesão causada. Aqui entra a visão de Kant, com tese fundamentada em preceitos éticos, pela qual a pena é o "direito de castigar" pelo simples fato do ser humano ter rompido um imperativo categórico. E, por outro lado, a visão de Hegel, em tese fundamentada em preceitos jurídicos, pela qual o crime é a negação do próprio ordenamento, de modo que a punição é a "negação da negação", que restabelece o equilíbrio. 
	A pena é um remédio para curar aqueles que podem ser curados ou uma neutralização final para aqueles que não podem ser curados (eugenia). Ela está fundada na ideia de defesa social tendo em vista a periculosidade do indivíduo (daí surge a medida de segurança como principal medida ao criminoso, que não passa de um ser humano anormal). A escola positivista trouxe vários contribuições (v.g. a interconexão das várias ciências no estudo do tema), mas também teve efeitos deletérios, como, por exemplo ajudar a fundamentar práticas eugênicas e flagrantemente discriminatórias. 
	Função da pena: 
	Retribuição, com a ideia de tempo certo e determinado. 
	Prevenção especial, a pena está mais para um remédio (por isso passa a ser chamada de medida de segurança) e deve ser aplicada enquanto perdurar a "doença". 
	Natureza do crime: 
	Fenômeno jurídico. (Ente jurídico)
	Fenômeno biológico. 
	Foco de estudo: 
	O delito. 
	O criminoso. 
	Contribuição
	Princípio da proporcionalidade, 
	Visão interdisciplinar, ideia de função correcional da pena (que vem sofrendo pesadas críticas). 
	TEORIA
	ENFOQUE SOCIOLÓGICO
	LOCAL E DATA DE NASCIMENTO
	SÍNTESE CONCEITUAL
	PALAVRAS CHAVE
	METODOLOGIA E SUGESTÕES
	INFLUÊNCIA NO BRASIL
	Escola de Chicago
	Criminologia do consenso (integração) 
	 Estados Unidos, Chicago, Universidade de Chicago, principais trabalhos surgem entre 1890 e 1950. São nomes importantes desta escola: Clifford Shaw; Henry McKay; William Thomas; Ernest Burgess, Robert Park, Roderick McKenzie; entre outros. 
	Também chamada de teoria da ecologia criminal (ou desorganização social), tem perspectiva interdisciplinar, discutindo os múltiplos aspectos relacionados com a vida da cidade. A cidade grande acaba promovendo um enfraquecimento dos meios de controle informal "a ruptura dos vínculos locais e a debilitação das restrições e inibições do grupo primário, sob a influência do ambiente urbano, é em grande medida a responsável pelo aumento das condutas delituosas nas grandes cidades". A cidade grande "deixa de ser um espaço público na medida em que se abstém de disciplinar o encontro, impedindo-o. A cidade não regula a interação, mas cria obstáculos a ela, promovendo exclusão e inclusão". Conexão íntima entre o espaço urbano, sua distribuição e a "moral coletiva" com a criminalidade (por isso criminalidade ecológica). 
O surgimento destas zonas de perigo, "desabitadas ou superpovoadas gera movimentos favoráveis à proliferação de atos delituosos decorrentes dessa desorganização social. Isto leva a uma sensação de anomia (total falta de regulação e controle). 
	Anomia; Desorganização Social; Urbanismos e Criminalidade; Vetor Criminógeno; Guetos, Ecologia do Medo; Psicologia das Massas; Alma Coletiva; Controle Social Informal; Polícia Natural; Ordem Moral e Organização Física do Espaço; Interação entre Homem e Urbe; Cartografia do Crime; Mapas Estatísticos. 
	Centrar o estudo em investigações empíricas dentro de cada cidade; Priorizar a ação preventiva; Minimizar a atuação repressiva; Trabalhar em conjunto com a sociedade civil; Ajudar a interação entre meios informais e formais de controle, com prevalência daquele; Focar na criminalidade de massas (ex. questões ambientais). 
	No Brasil podem várias ações foram tomadas com base nesta teoria, exemplo de intervenções urbanas e de infra-estrutura. Na legislação pode-se mencionar a Lei nº 9.605/98. 
	Teoria da Associação Diferencial
	Criminologia do consenso (integração)
	Tem seus aportes iniciais com o pensamento de Edwin Sutherland (1883-1950), nos idos de 1924, cujo primeiro contato com a criminologia se deu na Universidade de Chicago. 
	A teoria da associação diferencial amplia a crítica ao fenômeno criminal por ter ele um caráter exclusivamente biológico (escola positivista) e, pela primeira vez na história volta o foco de observação para a criminalidade dos poderosos, desnudando a forma diferenciada com que a Justiça Penal os tratava. O crime do colarinho-branco é, pois, analisado e sua essência, traduzindo inúmeras contribuições que põem por terra muitos conceitos em relação aos autores dos delitos. 
	Imitação, aprendizado, Leis da imitação; Sociedade é imitação; Processo de comunicação; Relações sociais mais íntimas; Definições favoráveis e violações desfavoráveis; Conflito cultural; White Collar Crimes; Comunicação de Massas; Influência da Mídia; Lei do Espetáculo; Influência; 
	Parte da ideia de que o comportamento delituoso é aprendido, tecendo um mosaico de características para cada tipo de crime, principalmente os crimes cometidos em razão do trabalho por altos funcionários, permitindo compreender melhor o direito penal econômico, mostrando como a empresa pode ser um centro de imputação. 
	Abre portas para a nova criminalidade, a criminalidade dos poderosos. 
	Teoria da Anomia
	Criminologia do consenso (integração)
	Em um primeiro momento serão utilizados os aportes teóricos de Emile Durkheim (1858/1917) e, depois, Robert Merton (1910/2003). Está dentro da família designada como funcionalistas (consideram a sociedade como um todo orgânico, que tem uma articulação interna). Mais tarde surgem teorias baseadas no pensamento de Niklas Luhmann, especialmente com Jakobs e seu direito penal do inimigo. 
	A teoria da anomia, desdobrada em dois momentos históricos distintos, distancia-se do modelo de interpretação do crime, por não julgá-lo como anomalia. O crime é o resultado de um normal funcionamento da sociedade. Seus postulados básicos são: normalidade e funcionalidade do crime. O anormal não é a existência do delito, mas seu súbito incremento; e isto decorre de um desmoronamento das normas vigentes em dada sociedade, por haver uma debilitação da consciência coletiva. A grande contribuição desta teoria para o direito penal está na concepção da pena funcional. Esta tem 3 manifestações: a) como meio de intimidação individual se dirige ao delinquente ocasional; como instrumento de reinserção social, ao delinquente habitual corrigível; e, enfim, como mecanismo de neutralização, ao delinquente incorrigível. 
	Funcionalismo; Anomia; Ausência de Lei; Desordem; Iniquidade; Crime como fato normal da sociedade; Corpo social; Consciência coletiva comum; Coesão social; Solidariedade mecânica X Solidariedadeorgânica; Prevenção Especial; Prevenção Geral; Satisfação da consciência comum; Manter intacta a coesão social.
	A atribuição de responsabilidade à pena é querer evitar que a consciência coletiva seja debilitada. A punição permite o fortalecimento da coesão social e é destinada principalmente aos cidadãos honestos. Frase: "Não o reprovamos porque é um crime, mas é um crime porque o reprovamos" Durkheim. 
O crime não é um fato necessariamente nocivo, uma vez que pode ter inúmeros aspectos favoráveis à estabilidade e mudança social, pelo reforço que pode trazer à solidariedade dos homens. 
	Tem forte influência na Lei de Execuções Penais. 
	Teoria da Subcultura Delinquente
	Criminologia do consenso (integração)
	Albert Cohen: Delinquente Boys (1955). Ver no Brasil Boaventura de Souza Santos. 
	A teoria da subcultura delinquente decorre das chamadas sociedades complexas, contemplando a existência de padrões normativos divergentes daqueles que presidem a cultura dominante. Os atos criminais praticados pelos agentes, nessas circunstâncias (gangues geralmente), são não utilitários, maliciosos e negativistas. A abordagem da teoria subcultural permite um melhor equacionamento do problema das minorias, bem como da criminalidade juvenil; é que, dadas as suas características particulares, o combate a essa criminalidade não se pode fazer por meio dos mecanismos tradicionais de enfrentamento do crime.
	Sociedade complexa; Cultura dominante; Subcultura; Contracultura; Punks; Skinheads; Hippies; Beatniks; Gangues; Tirania comunicacional; Vandalismo; Pichação; Tatuagens; Piercings; Reação; Status; Desequilíbrio de poder; Integração; Perda da auto-estima; Reconhecimento dentro da sociedade; Inconformismo mal canalizado; Subcultura carcerária; 
	Sugere que não se utilize a repressão violenta, mas sim um processo de cooptação dos grupos, envolvendo-os com o mercado de trabalho e com o acesso à sociedade produtiva. Mecanismos alternativos de combate ao crime. 
	A teoria da subcultura delinquente é interessante para ações pontuais, uma vez que perde um pouco da visão macrocriminológica, uma vez que se aplica para determinados grupos e situações. 
	Teoria do Lebelling Approach
	Criminologia do conflito (interacionista)
	Desponta nos idos de 1960/1970 (Estados Unidos e Inglaterra) principalmente a partir das obras de Taylor, Walton e Young. Mas é tratada por diversos autores
	Também é chamada de interacionista ou da rotulação social, parte da premissa segundo a qual a sociedade não é um todo consensual, mas que vivemos em uma sociedade pautada pelo conflito. O cometimento de um delito, chamado de desviação, não é uma qualidade ontológica da ação, mas o resultado de uma reação social; conclui-se, também, que o delinquente apenas se distingue do homem normal devido à estigmatização que sofre, particularmente aquela decorrente do recolhimento às chamadas instituições totais, em especial a prisão. 
No Brasil a chamada prudente não intervenção para evitar o labelling foi incorporada sob outros nomes: direito penal mínimo, ultima ratio, subsidiariedade. 
	Relações conflitivas; Controle Social; Labelling; Etiquetamento; Rotulação; Teoria interacionista: a pessoa se vê como a sociedade vê ela; Processos de Interação; Adoção do esteriótipo; Incorporação das perspectivas dos outros nas próprias; Processo seletivo e discriminatório; Demonstrações de rejeição e humilhação nos contatos interpessoais; Intolerância; Atitude desviante; Catalogação de atitudes; Desviação primária; Desviação Secundária (proveniente dos problemas criados pela reação da desviação primária: o verdadeiro processo de transformação do desviante); Papel nefasto da mídia; Deculturamento; Degradação; Instituição Total; Desfiguramento; Mutilação do "eu"; 
	Se um dado ato é desviado ou não, vai depender em parte da natureza do ato (isto é, se ele viola ou não uma regra imposta pela sociedade) e em grande parte como decorrência do que as pessoas vão fazer em face daquele ato. 
Tornar-se um agressor é um processo, cuja grande parte é feita pelo próprio estado ao exercer sua coerção sobre o indivíduo. 
A solução seria, pois, diminuir o encarceramento proveniente do processo penal, por meio de medidas alternativas, inclusive com a eliminação de tipos penais previstos no CP. A política dos 4 "Ds": decriminalização, diversão (alternativas), devido processo legal e desinstitucionalização. 
	A grande contribuição desta perspectiva está no legado criminológico da prudente não intervenção (ultima ratio, da criação de um movimento de descriminalização de certas condutas delituosas e da diversion. No plano do direito penal brasileiro, é consequência direta desta teoria a luta por penas alternativas (Leis 7.209/84 e 9.714-/98)) e por medidas alternativas ao próprio processo (transação penal, composição civil e suspensão condicional do processo da Lei 9.099/95)
	Teoria Crítica
	Criminologia do conflito (interacionista)
	Tem não só influência no pensamento marxista, mas teve as portas abertas pela própria teoria do labelling aproach. Georg Rusche e Otto Krchheimer, Escola de Frankfurt, Pós 2ª Guerra, Taylor Walton e Young (1973). Foucault também tem teses que convergem aqui. 
	A teoria crítica ou radical é assim denominada por fazer a mais aguda crítica ao pensamento criminológico tradicional, bem como às instâncias de controle punitivas. Se dividiu em três correntes ao longo dos anos: a) neorrealismo de esquerda; b) teoria do direito penal mínimo (Luigi Ferrajoli, filósofo poderia se enquadrado aqui); c) pensamento abolicionista. 
Em síntese, sem entrar nas diferenças de cada vertente, buscam uma transformação radical da SOCIEDADE e em consequência do direito penal. Denunciam a desigualdade de classes e os efeitos nefastos da sociedade de consumo capitalista. 
	Luta de classes; Prisão relacionada com o surgimento do capitalismo mercantil; Abolicionismo; Minimalismo; Neorrealismo; Luta contra os vícios do capitalismo; Socialismo; Influência econômica na criminalidade; Pensamento marxista; Interesses de Classes; Transformação Revolucionária; Igualdade; Eliminação dos Sistemas de Exploração; Luta contra o racial profiling; Igualdade; Revisão da hierarquia dos bens jurídicos; Mudança de Paradigmas. 
	Das mais interessantes críticas podemos mencionar a redução e extinção de figuras típicas dos crimes sem violência ou grave ameaça típicos das classes mais pobres, e que não passam de instrumentos de dominação e, por outro lado, a criminalização de práticas como a criminalidade econômica, política, financeira, contra a segurança do trabalho, de crime organizado e etc. Ou seja, criminalizar justamente os ataques aos bens jurídicos que mais afetam as populações mais carentes, invertendo o alvo do direito penal. 
Note que esta visão não é comum para as três vertentes, mas um simples apanhado. 
	Ver em sentido totalmente oposto o nascimento de correntes autoritárias: Lei e Ordem; Tolerância Zero (1982) e a chamada teoria das janelas quebradas; Rudolph Giuliani (1993);

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