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“Falar dos frutos sem lembrar as flores é fazer a história sem vivê-la” A. A. Alves MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA APOSTILA ZOOTECNIA GERAL 1 TERESINA 2009 2 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA DISCIPLINA: 603.250 - Zootecnia Geral PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves TÓPICO: INTRODUÇÃO À ZOOTECNIA 1. EVOLUÇÃO DA ZOOTECNIA COMO ARTE E COMO CIÊNCIA 1.1 Zootecnia como arte As evidências acumuladas durante os últimos anos indicam que a agricultura provavelmente teve suas origens no Oriente Médio, embora, ao contrário do que se supunha, não nos vales férteis da Mesopotâmia, que se tornariam centros importantes da primitiva civilização, mas sim nas regiões montanhosas e semi-áridas próximas. Datas determinadas para foices de sílex e moinhos de pedras lá descobertos indicam que antes de 8.000 anos a.C. o homem provavelmente começou a colher grãos naturais e há provas de que, cerca de mil anos depois, já cultivava esses grãos e possuía animais domésticos (Heiser Júnior, 1977). Segundo Domingues (1981), uma das primeiras realizações do homem primitivo foi criar animais, concomitante ao cultivo dos vegetais, quando deixou de ser nômade (caçador e pescador) e se tornou sedentário, passando a ser pastor e agricultor. Isto na idade da Pedra Polida, cerca de 7.000 anos a.C. Inicialmente, o homem criou animais para satisfazer seu totemismo (zoolatria), em seguida, com a indisponibilidade de alimentos espontâneos próximos às aldeias, passou a utilizá- los como alimento e, por último, com os rigores climáticos ou intempéries, para proteção. 1.2 Zootecnia como ciência A distinção formal entre o cultivo de vegetais e a criação de animais se deu em 1844, quando o Conde Adrien de Gasparin publicou o livro "Cours d'Agriculture", separando definitivamente o estudo dos vegetais cultivados do dos animais criados pelo homem. O estudo do cultivo dos vegetais já era conhecido com o nome de Agricultura. Para o estudo da criação dos 3 animais domésticos, o autor propôs o termo “Zootechnie”, do grego: zoon = animal, e technê = arte. Em 1848, com a instalação do Instituto Agronômico de Versailles, em Paris, foi adotada a distinção proposta pelo Conde Adrien de Gasparin e para o ensino teórico da exploração dos animais domésticos foi estabelecida a Cátedra de Zootecnia. A Zootecnia como ciência surgiu em 1849, na França, com a aprovação de uma tese apresentada pelo naturalista Emile Baudement em concurso para a Cátedra de Zootecnia do Instituto Agronômico de Versailles, ao tornar-se o primeiro docente de Zootecnia. Nesta tese, foi estabelecido o princípio teórico que consiste em considerar o animal doméstico como uma máquina viva transformadora e valorizadora dos alimentos, constituindo-se no fundamento de todos os conhecimentos zootécnicos. Assim, constata-se que a arte de criar é remota, enquanto a ciência de criar surgiu há um pouco mais de um século e meio. No sentido de melhor conhecimento da Zootecnia, recomenda-se recorrer ao vasto volume de fontes bibliográficas, desde aquelas pioneiras, como os livros Introdução à Zootecnia e Elementos de Zootecnia Tropical, de autoria do professor Octávio Domingues, grande responsável pela consolidação da Zootecnia no Brasil, às mais atuais, que apresentam uma visão atualizada da evolução da Zootecnia no Brasil, incluindo-se Ferreira e Pinto (2000), Fonseca (2001) e Miranda (2001), sendo recomendado ainda o conhecimento da História da Sociedade Brasileira de Zootecnia, segundo Peixoto (2001). 2. CONCEITOS, OBJETIVOS, CLASSIFICAÇÃO, IMPORTÂNCIA E RELAÇÃO DA ZOOTECNIA COM OUTRAS CIÊNCIAS Em 1929, o Professor Octavio Domingues definiu Zootecnia como a ciência aplicada que estuda e aperfeiçoa os meios de promover a adaptação econômica do animal ao ambiente criatório e deste ambiente ao animal. A Zootecnia tem como objeto de estudo o animal doméstico e visa o perfeito conhecimento deste e dos demais fatores envolvidos no seu processo produtivo, sempre visando alto grau de especialização. Com relação ao alto grau de especialização, o animal mais produtivo não é o mais aperfeiçoado no sentido geral ou o mais especializado em determinada função produtiva. A "máquina viva" mais perfeita, capaz de oferecer maior retorno econômico, é aquela que está adaptada às condições de criação e exploração. Quando se busca alto grau de especialização em determinado animal, dois princípios devem ser considerados: A especialização não deve acarretar desequilíbrio fisiológico no animal; O animal adaptado às condições de criação e exploração não deve sofrer comprometimento das características adaptativas. Para fins didáticos, a Zootecnia é subdividida em Zootecnia Geral e Zootecnia Especial. Em Zootecnia Geral, os animais domésticos são considerados como seres vivos que evoluíram e apresentam características de natureza étnica e zootécnica, influenciando-se por fatores ambientais de ordem natural ou artificial e que se reproduzem sujeitos às leis da hereditariedade, portanto, capazes de sofrer melhoramento genético. 4 Em Zootecnia Especial, são estudados processos e regimes de criação, variáveis com a finalidade da exploração e o destino dos produtos, com a qualidade dos animais a multiplicar, e com as potencialidades do ambiente criatório. Assim, surge a Zootecnia de cada espécie doméstica, cada uma com sua denominação particular: bovinocultura, equideocultura, bubalinocultura, ovinocultura, caprinocultura, suinocultura, apicultura, sericicultura, piscicultura, avicultura, etc., ou mesmo, daquelas que, embora não ainda consideradas domésticas, sejam exploradas racionalmente, como por exemplo, a ranicultura, ou criação de rãs; a carcinicultura, ou criação de crustáceos; a minhocultura, ou criação de minhocas, etc. A Zootecnia como ciência investiga, por meio da observação e da experimentação, os fenômenos biológicos aos quais estão sujeitos os animais domésticos, em determinado ambiente natural ou artificial. Entretanto, não se trata de uma ciência pura, sendo dependente de outras ciências para desenvolver-se. Portanto, além do conhecimento individual, proporcionado pela Anatomia e Fisiologia Animal, a Zootecnia se fundamenta em ciências auxiliares quando da adaptação, alimentação, melhoramento e sanidade animal, gerenciamento da produção e tecnologia de alimentos, destacando-se: Na Adaptação: Climatologia (Zooclimatologia e Bioclimatologia), Etologia; Na Alimentação: Nutrição (Bromatologia), Forragicultura, Botânica, Bioquímica, Química e Edafologia; No Melhoramento Genético Animal: Genética, Estatística, Bioestatística, Matemática e Informática; Na Sanidade: Medicina Veterinária; No Gerenciamento da Produção: Economia e Administração; Na Tecnologia de Alimentos: Engenharia de Alimentos. Para o perfeito exercício das atividades na área de Zootecnia, exige-se identidade profissional, determinada pelo Núcleo de Conteúdos Profissionais Essenciais, integrando as subáreas de conhecimento que identificam atribuições, deveres e responsabilidades, segundo Fonseca (2001), assim constituído: ● Anatomia Descritiva dos Animais Domésticos; ● Bioclimatologia Zootécnica; ● BiotecnologiaAnimal; ● Bromatologia; ● Comunicação e Extensão Rural; ● Construções Rurais; ● Economia e Administração Agrária; ● Ética e Legislação; ● Ezoognósia e Julgamento Animal; ● Fisiologia Animal; ● Pastagens e Forragicultura; ● Genética e Melhoramento Animal; ● Gestão de Recursos Ambientais; ● Gestão Empresarial e Marketing; ● Industrialização de Produtos de Origem Animal; ● Instalações e Equipamentos Zootécnicos; 5 ● Mecânica e Máquinas Agrícolas; ● Meteorologia e Climatologia Agrícola; ● Microbiologia Zootécnica; ● Nutrição, Alimentação e Formulação de Rações; ● Política e Desenvolvimento Agrário; ● Produção Animal; ● Profilaxia e Higiene Zootécnica; ● Reprodução Animal; ● Sociologia Rural; ● Solos e Nutrição de Plantas; ● Técnicas e Análises Experimentais. 3. A SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA (SBZ) E A CONSOLIDAÇÃO DA ZOOTECNIA NO BRASIL A idéia da fundação da SBZ amadureceu durante a Exposição de Animais de Uberaba, em 1951, quando os zootecnistas presentes incubiram seus colegas de Piracicaba a promoverem a I Reunião Brasileira de Zootecnia, a ser realizada naquela cidade como homenagem ao qüinquagésimo aniversário da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ). O período escolhido foi de 26 a 28 de julho de 1951, coincidindo com a Exposição Nacional de Animais que, naquele ano, se realizaria em São Paulo (Peixoto, 2001). O professor Octavio Domingues, engenheiro agrônomo graduado pela ESALQ, foi o primeiro presidente da SBZ, tendo conduzido os destinos da Sociedade de 1951 a 1968. Além dessa laboriosa tarefa, segundo o professor Aristeu Mendes Peixoto (2001), coube ao Professor Octavio Domingues o mérito de uma doutrinação tenaz e persistente para imprimir novo sentido aos estudos zootécnicos no Brasil, defendendo a organização de cursos de Zootecnia equiparados aos de Engenharia Agronômica e de Medicina Veterinária, numa época em que a discussão do assunto constituía um verdadeiro tabu. Sob a égide da SBZ e a inspiração do professor Octavio Domingues, o primeiro currículo acadêmico para um curso de Zootecnia foi proposto em 1953, o qual veio a servir de orientação para os cursos de Zootecnia que surgiram no Brasil a partir de 1966, quando se instalou em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, a primeira faculdade de Zootecnia. A Sociedade Brasileira de Zootecnia, no ano de 2000, contava com 1697 sócios, consistindo em uma Sociedade Científica com os seguintes objetivos: ● Promover intercâmbio entre os zootecnistas brasileiros e os estrangeiros, favorecendo as relações profissionais e de amizade; ● Promover reuniões anuais na sede da SBZ ou em outro local a critério da Diretoria; ● Promover reuniões extraordinárias, congressos, conferências ou convenções, nacionais ou internacionais, sobre qualquer assunto da zootecnia e a participação da Sociedade em reuniões promovidas por outras entidades congêneres; ● Levar ao conhecimento de todos os associados, por meio de publicação sistemática, os trabalhos realizados por seus membros, mesmo que na forma de resumo; ● Organizar Comissões especializadas, entre seus membros, para estudar assuntos técnicos de interesse da economia nacional; 6 ● Envidar esforços para o aperfeiçoamento da pecuária no País, por meio do ensino, da pesquisa e da extensão. Constituem publicações periódicas da Sociedade Brasileira de Zootecnia: ● Anais das Reuniões Anuais da SBZ; ● Revista Brasileira de Zootecnia (disponível na Biblioteca Setorial do CCA/UFPI). Para conhecimento da Sociedade Brasileira de Zootecnia e de suas publicações, acesse o Site da SBZ: ● http://www.sbz.org.br A Sociedade Brasileira de Zootecnia realizará sua 44ª Reunião Anual, em Jaboticabal, SP, no ano de 2007, em parceria com a Universidade Estadual Paulista – (UNESP), sob a Presidência do Prof. Dr. Kleber Tomás de Resende. A representação da Sociedade Brasileira de Zootecnia no Estado do Piauí, encontra-se no Departamento de Zootecnia do CCA/UFPI, tendo como Diretor Estadual o Professor Doutor João Batista Lopes (lopesjb@uol.com.br). ***CONHEÇA O ESTATUTO DA SBZ E SEJA MAIS UM SÓCIO*** 7 5. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA DOMINGUES, O. Elementos de Zootecnia Tropical. 5. ed. São Paulo: Nobel, 1981. 143p. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS (FAO/FAOSTAT). FAO Statistical Databases. Disponível em: http://faostat.fao.org/ Acesso em Fevereiro/2005. FERREIRA, A.S.; PINTO, R. Formação do Zootecnista para o Próximo Milênio. In: NASCIMENTO JÚNIOR, D.; LOPES, P.S.; PEREIRA, J.C. Anais dos Simpósios da XXXVII Reunião Anual da SBZ. Viçosa: SBZ, 2000. 325 P., p. 339-352. FONSECA, J.B. O ensino da Zootecnia no Brasil: dos primórdios aos dias atuais. In: MATTOS, W. R. S. et al. (Ed.). A Produção Animal na Visão dos Brasileiros. Piracicaba: FEALQ, 2001. 927 p., p. 15-39. HEISER JÚNIOR, C.B. Sementes para a civilização. São Paulo: Nacional, 1977. 253 p, Cap.4, p.42-69. IBGE. Diretoria de Pesquisas, Departamento de Agropecuária, Pesquisa da Pecuária Municipal. Anuário Estatístico do Brasil, 2006. MIRANDA, R.M. Cinqüenta anos de pesquisa zootécnica no Brasil. In: MATTOS, W. R. S. et al. (Ed.). A Produção Animal na Visão dos Brasileiros. Piracicaba: FEALQ, 2001. 927 p., p. 40-88. PEIXOTO, A.M. História da Sociedade Brasileira de Zootecnia. 3.ed. Piracicaba: SBZ, 2001. 202p. ESTUDO DIRIGIDO Relatar sobre a evolução e características da Zootecnia como arte, especificando fatos e local; Relatar sobre a evolução e características da Zootecnia como ciência, especificando fatos, local e responsáveis pela estabilização da Zootecnia como ciência aplicada; Apresentar uma discussão sobre o conceito de Zootecnia elaborado pelo professor Octavio Domingues, destacando seus pontos principais; Identificar as limitações do estabelecimento do alto grau de especialização do animal doméstico; Apresentar a divisão didática da Zootecnia com respectivas definições; Considerando a Zootecnia como uma ciência aplicada, apresentar um problema de interesse zootécnico e levantar hipóteses para elaboração de uma minuta de projeto para solução com base no Método Científico; Identificar as grandes áreas de atuação na Zootecnia e apresentar ciências auxiliares à solução de problemas nestas áreas; À luz das atribuições profissionais do seu curso (Engenharia Agronômica), traçar um paralelo entre estas atribuições e as atividades do Zootecnista; 8 Identificar a importância e papel da Sociedade Brasileira de Zootecnia para a estabilização da Zootecnia no Brasil como atividade produtiva e como ciência; A partir de um artigo publicado na Revista Brasileira de Zootecnia, identificar à luz do Método Científico o problema de pesquisa, os objetivos, hipóteses, metodologia, principais resultados de impacto na produção animal e conclusões. O que pode ser sugerido como pesquisa na área em que foi conduzido o experimento, para as condições do Estado do Piauí. Tecer comentários acerca dos efetivos dos principais rebanhos brasileiros de expressão econômica em relação aos demais países e das regiões e Estados do Brasil, com ênfase para a Região e Estado onde pretende exercer atividades profissionais. 9 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves TÓPICO: CLASSIFICAÇÃOZOOTÉCNICA 1. ESPÉCIE O conceito de espécie é artificial. Devido à necessidade de agrupar indivíduos, determinou-se que espécie corresponde ao "conjunto de indivíduos do mesmo gênero, descendentes uns dos outros, com caracteres semelhantes hereditariamente transmissíveis, e separados de outros grupos específicos por infecundidade ou por separação geográfica". Bases para o estabelecimento do conceito de espécies: ● CRITÉRIO DA MORFOLOGIA E DA FISIOLOGIA (M): Baseado nas diferenças morfológicas e fisiológicas entre os diferentes grupos específicos; ● CRITÉRIO DA ECOLOGIA E DA DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (E): Baseado nas diferentes reações adaptativas dos indivíduos das diversas espécies; ● CRITÉRIO DA FECUNDIDADE INTERIOR E DA INFERTILIDADE EXTERIOR (I): Baseado no fato de que os indivíduos de uma mesma espécie são fecundos entre si e infecundos com indivíduos de outras espécies. Diante destes critérios, seria denominada espécie legítima aquela que apresentasse fórmula MEI, entretanto, como na natureza nem sempre é possível ocorrência destes três critérios, admite-se como espécie distinta de uma outra qualquer, aquele grupo de indivíduos que satisfizer a pelo menos dois desses critérios. Dessa forma, as espécies bovinas Bos taurus e Bos indicus são consideradas diferentes por apresentarem fórmula ME. Quanto à distribuição geográfica, as espécies podem ser classificadas em: SIMPÁTRIDAS: Espécies que convivendo em um mesmo território se mantêm infecundas. Ex.: Bubalus bubalis e Bos sp. ALOPÁTRIDAS: Espécies diferentes quanto ao isolamento ecológico. Ex.: Os hemípteros Notonecta glauca e Notonecta furcata são infecundos no norte e fecundos no sul do continente europeu. 10 2. RAÇA Raça é definida como agrupamento de animais de mesma espécie e origem, com caracteres morfológicos, fisiológicos e econômicos comuns e transmissíveis hereditariamente sob condições ambientais e de exploração ideais. Segundo DECHAMBRE, raça é definida como certo número de animais da mesma espécie, vivendo em condições semelhantes, com a mesma aparência exterior, as mesmas qualidades produtivas, cujos caracteres reaparecem em seus descendentes tal como existiam em seus antepassados. A existência oficial de uma raça requer um "padrão racial" e um "livro genealógico", o primeiro elaborado e o segundo mantido pela Associação de Criadores da Raça. A separação das raças, em geral, é feita por caracteres de fantasia, sem considerar a importância econômica. Quanto mais acentuados esses caracteres, maior segurança se terá de sua pureza. É importante lembrar que nenhuma raça tem constância absoluta. Por padrão da raça ou "standard" se entende o modelo ideal que deve orientar os criadores na seleção dos reprodutores. O padrão é estabelecido por criadores reunidos em Associação, que também terá o encargo de preservá-lo através do Registro Genealógico. 2.1 CRITÉRIOS PARA O ESTABELECIMENTO DE RAÇAS ● Semelhança dos indivíduos que a constitui, pelos caracteres raciais, entre os quais os econômicos ou zootécnicos; ● Hereditariedade dos caracteres raciais e das qualidades econômicas; ● Meio ambiente considerado o mesmo ou semelhante para a boa expressão dos caracteres raciais e qualidades; ● Origem comum; ● Algo de convencional (Padrão Racial para Registro Genealógico). Uma vez estabelecidos esses critérios pelos criadores, estes se comprometem a manter o Padrão Racial e, para isto, criam o Livro Genealógico onde são registrados os animais puros ou seus descendentes, isto é, os que estão dentro do Padrão. 11 2.2 PUREZA RACIAL E PUREZA GENÉTICA A pureza racial é um conceito convencional, resultante da existência de um "pedigree", de um registro oficial do animal. As raças podem ser puras racialmente, mas geneticamente são parcialmente puras. A pureza genética de uma raça pode ser atingida para alguns caracteres, devido à dificuldade de se atingir alta grau de homozigose para todos os genes. 2.3 NATUREZA DAS RAÇAS QUANTO AO GRAU DE PUREZA a) Homogênea - Raça mais ou menos fixa em suas principais características. Ex.: Cavalo árabe. b) Heterogênea - Raça ainda não totalmente fixada. Ex.: Raças formadas por derivação. QUANTO À ORIGEM a) Primitiva - Raça natural de determinada região, formada por seleção natural, submetida ou não, posteriormente à seleção artificial. Ex.: Bovinos Schwyz. b) Derivada - Raça que provém de outras, ditas primitivas ou naturais, por variabilidade espontânea ou cruzamento (Derivada sintética). Ex.: Raças bovinas Santa Gertrudis, Canchim, Pitangueira. c) Nativa - Raça natural ou mesológica, formada em determinada região por seleção natural, acompanhada ou não de ação seletiva e conservadora do homem. É dita "nativa melhorada" quando sujeita à seleção artificial, no sentido de seu melhoramento genético, com aperfeiçoamento econômico. Ex.: Raça caprina Moxotó. d) Exótica - Raça introduzida em região diferente da região de origem. Ex.: Raça bovina holandesa, no Brasil. QUANTO À APTIDÃO ECONÔMICA: Considera-se a aptidão produtiva da raça. Ex.: Raças bovinas leiteiras; Raças de caprinos para abate; Raças de aves para postura; Raças de suínos tipo carne. QUANTO À ÁREA GEOGRÁFICA Por "área geográfica da raça" entende-se o espaço territorial onde vivem e se aclimaram indivíduos da raça, em estado de pureza ou em alto grau de sangue; e por "berço da raça" entende-se o local onde a raça se definiu e formou daí se dispersando para outras regiões, nas quais se aclimou. Quanto à área geográfica, as raças podem ser consideradas: a) Cosmopolita - Raça de extensa área geográfica. Ex.: Holandesa. b) Topopolita - Raça de área geográfica restrita. Ex.: Hereford. 12 QUANTO À FILIAÇÃO ÉTNICA: Considera os troncos étnicos de origem. Ex.: Bos taurus aquitanicus - Caracu; Bos taurus batavicus - Holandesa. 3. VARIEDADE: Principalmente em raças cosmopolitas, é possível formar-se grupamentos de indivíduos em diversos locais, mais ou menos isoladamente, e que apresentam distinções sensíveis, de modo a permitir certas diferenças entre a raça e os novos grupamentos. Essa variação limitada a certos caracteres pode ser provocada ou mantida pelo criador visando um melhor rendimento. Assim, se constituem, dentro da raça, as variedades ou sub-raças. Essa diversificação pode basear-se em atributos zootécnicos ou em caracteres sem valor econômico como pelagem, conformação craneana, etc. 4. FAMÍLIA: Conjunto de descendentes de um casal, direta e colateral, até a quinta geração. 5. LINHAGEM: Constituída pelos descendentes "diretos", a partir de um genitor macho ou fêmea. Os descendentes devem apresentar, com notável fixação, certos traços ou qualidades adquiridos por herança biológica daquele antepassado comum. Em geral, é usado o macho, por gerar muito mais descendentes no mesmo espaço de tempo. 6. LINHAGEM PURA: Decorre de atributos fixos e puros nos descendentes diretos a partir de um determinado genitor. 7. SANGUE: Sob o ponto de vista zootécnico, é a parte hereditária. Os animais de mesmo sangue pertencem à mesma raça ou descendem dos mesmos antepassados, isto é, possuem antepassados comuns. 8. MISTURA DE SANGUE: É uma alusão a cruzamentos de animais de raças diferentes. 9. FORMA: É o conjunto de animais cuja herança ainda é uma incógnita. A fixação dos caracteres não está comprovada. É um termo geral, servindo para designar um grupo que ainda não pode ser considerado raça. 10. POPULAÇÃO: É um grupamentoqualquer de indivíduos, considerado do ponto de vista numérico, desde que vivam em determinada área geográfica comum. 11. INDIVÍDUO: É a unidade indivisível. O indivíduo nunca é totalmente igual a outro de mesma raça, variedade ou família, porque um se torna portador de características diferentes da herança biológica dos antepassados. Mesmo sendo irmãos há sempre 13 um meio de distinguí-los, pois as variações se fazem notar. Quanto mais fixa e homogênea for a raça, menos diferenças são notadas. Nos gêmeos univitelinos e clones há alto grau de igualdade. 12. GENÓTIPO: É o indivíduo considerado segundo sua origem genética ou sua herança biológica. O genótipo é uma combinação acidental de heranças que têm origem no passado e seu futuro na eternidade. No melhoramento animal, o que mais interessa é o genótipo, pois na conservação ou melhoramento da raça o genótipo precisa ser conhecido, pois, este passa às novas gerações. No genótipo está a garantia da permanência da raça, da sua fixação ou de seu aperfeiçoamento. 13. FENÓTIPO: É a expressão exterior do genótipo sob a influência de determinadas condições de ambiente. O fenótipo é efêmero, passageiro e morre com o animal. Ao explorador de animais o que mais interessa é o fenótipo, seus caracteres raciais expressos somaticamente, suas finalidades zootécnicas. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA DOMINGUES, O. Introdução à Zootecnia. 3. ed. Rio de Janeiro, MA/SIA, 1968. 392p., Cap.4, p.83-151. DOMINGUES, O. Elementos de Zootecnia Tropical. 5. ed. São Paulo, Nobel, 1981. 143p. PEIXINHO, S. Conceitos de espécie. http://www.ufba.br/~zoo1/especie.htm. Acesso em 19 de abril de 2004. SENE, F. de M. Genética e Evolução. São Paulo, EPU, 1981. n.p. (Currículo de Estudos de Biologia, 2). TORRES, G.C. de V. Bases para o Estudo da Zootecnia. Salvador, UFBA, 1990. 464p., p.217-319. ESTUDO DIRIGIDO Apresentar as bases para o estabelecimento de espécies, conceituar espécie e caracterizar espécie legítima. Justificar a assertiva de que espécie é um conceito artificial e caracterizar espécies quanto à distribuição geográfica, com conceitos. Caracterizar sub-raça, variedade, família, linhagem, forma, população, indivíduo, genótipo e fenótipo. Identificar raças que possuam variedades, destacando as diferenças entre variedades com base no Padrão Racial. Destacar o fenótipo de uma raça nativa do Nordeste brasileiro e evidenciar diferenças entre indivíduos dentro desta mesma raça. Fazer analogia fenotípica entre uma raça derivada sintética e as raças que a formou. 14 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA DISCIPLINA: 603250 - Zootecnia Geral PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves TÓPICO: TAXONOMIA ZOOLÓGICA DAS ESPÉCIES DOMÉSTICAS A classificação das espécies é baseada em aspectos estruturais, tamanhos, proporções, coloração e outros contáveis ou merísticos como número de dentes, número de raios de nadadeiras, etc. O Sistema de classificação estabelecido por LINEU distribui as espécies domésticas em REINO, FILO, CLASSE, ORDEM, FAMÍLIA, GÊNERO e ESPÉCIE, podendo ocorrer subdivisões entre estes agrupamentos. A apresentação dos nomes científicos das espécies consiste em apresentar o nome genérico com inicial maiúscula, seguido pelo nome específico com inicial minúscula, sendo ambos grifados ou em itálico e seguidos da inicial ou nome do classificador, separados por vírgula, devendo ainda, ser citado entre parênteses. Conforme descrito, a título de exemplo, o nome científico dos taurinos é Bos taurus L. As espécies animais domésticas estão agrupadas em quatro CLASSES zoológicas (Mammalia = 17 espécies, Aves = 11 espécies, Pisces = 01 espécie, e Insecta = 02 espécies), pertencentes ao REINO Animalia, com as três primeiras classes possuidoras de coluna vertebral, crânio e encéfalo, considerados cordados superiores e pertencentes ao FILO Vertebrata, e a última ao FILO Invertebrata. A seguir, são apresentadas as principais espécies domésticas e suas classificações taxonômicas: I - CLASSE MAMMALIA *Corpo coberto de pêlos; respiração pulmonar; coração com quatro câmaras; endotérmicos; fêmeas com glândulas mamárias. Ordem: PERISSODACTYLA *Mamíferos ungulados de dedos ímpares. Grandes, pernas longas, pés com número ímpar de artelhos dentro de um casco córneo; o eixo funcional da perna passa através do artelho médio (terceiro artelho); estômago simples. 15 O1. Família: Equidae *Cavalos, asnos e zebras. Um dedo funcional com casco em cada membro; habitam planícies abertas ou desertos, alimentam-se basicamente de gramíneas. Espécies: Equus caballus – CAVALO Equus asinus - ASININO Ordem: ARTIODACTYLA *Mamíferos ungulados de dedos pares. Tamanho variado; pernas geralmente longas, dois (raramente quatro) artelhos funcionais em cada pé, cada um envolvido por um casco cornificado; eixo da perna entre os artelhos; muitos com chifres ou cornos; todos, com exceção dos suínos, com dentição reduzida; a maioria, com estômago com quatro compartimentos, ruminam. A - Subordem: Suiformes *Porcos e semelhantes. Sem cornos ou chifres, 38 a 44 dentes, caninos grandes como presas curvas. O2.Família: Suidae *Porcos do Velho Mundo. Muitos no Sul da África. Espécie: Sus domesticus - SUÍNO B - Subordem: Tylopoda O3.Família: Camelidae *Pés macios, largos (sem cascos); um par de incisivos superiores; estômago com três partes, ruminam. Espécies: Camelus bactrianus - CAMELO Camelus dromedarius - DROMEDÁRIO Lama glama - LHAMA Lama pacos - ALPACA C - Subordem: Ruminantia *Ruminantes. Pés com cascos, ruminam. O4.Família: Cervidae *A espécie doméstica Rangifer tarandus, das regiões setentrionais, apresenta em ambos os sexos um par de chifres sólidos, calcários. Espécie: Rangifer tarandus - RENA 16 O5.Família: Bovidae *Ruminantes com cornos ocos, pares, não ramificados, de queratina, com crescimento lento e contínuo na base, sobre bases ósseas dos ossos frontais, geralmente em ambos os sexos, maiores nos machos. a)Subfamília: Caprinae Espécies: Capra hircus - CAPRINO Ovis aries - OVINO b)Subfamília: Bovinae Espécies: Bos taurus - TAURINO Bos indicus - ZEBUÍNO Bubalus bubalis - BUBALINO Ordem: CARNIVORA *Carnívoros, pequenos a grandes; geralmente com cinco artelhos (pelo menos quatro artelhos), todos com garras; pernas móveis, rádio e cúbito, tíbia e perônio completos e separados; incisivos pequenos, geralmente 3/3; caninos 1/1, delgadas presas; útero bicórneo; placenta zonária. O6.Família: Felidae Espécie: Felis domestica - GATO O7.Família: Canidae Espécie: Canis familiaris - CÃO Ordem: LAGOMORPHA *Lebres e coelhos. Tamanho moderado a pequeno; artelhos com garras; cauda curta e grossa; incisivos em bisel; sem caninos; molares sem raiz, movimento das mandíbulas apenas lateral. O8.Família: Leporidae Espécie: Oryctolagus cuniculus - COELHO Ordem: RODENTIA *Roedores. Geralmente pequenos; pernas geralmente com cinco artelhos e garras; incisivos em bisel, sem raiz; desprovidos de caninos; movimento das mandíbulas tanto para a frente e para trás, como para as laterais. 17 O9.Família: Cavidae *Cauda curta ou ausente. Espécie: Cavia cobaya - COBAIA II-CLASSE AVES *Corpo coberto de penas; membros anteriores transformadosem asas para vôo; membros posteriores para nadar, andar ou empoleirar-se; geralmente quatro artelhos, nunca mais; boca distendida em bico, sem dentes; respiração pulmonar; coração com quatro câmaras; ovíparas. SUB-CLASSE: Neornithes *Aves verdadeiras. Apresentam o segundo dedo como mais longo. Ordem: ANSENIFORMES *Patos, gansos e cisnes. Bico alargado com "unha" ou capa mais dura na extremidade; pernas curtas; pés com palmouras (palmípedes); filhotes cobertos de penas quando eclodem. 1O.Família: Anatidae *Patos de superfície, mergulham apenas a cabeça e não o corpo ao se alimentarem. Espécies: Anser domesticus - GANSO Anas boschas - MARRECO Cairina moschata - PATO Cygnus olor - CISNE Ordem: GALLIFORMES *Bico curto; pés geralmente adaptados para ciscar e correr; filhotes cobertos com plumas ao eclodirem. 11.Família: Phasianidae Espécies: Gallus domesticus - GALINHA Phasianus colchicus - FAISÃO Numida galeata - CAPOTE Pavo cristatus - PAVÃO 18 12.Família: Penelopidae Espécie: Meleagris gallopavo - PERU Ordem: COLUMBIFORMES *Bico geralmente curto e delgado, com pele mole e grossa na base (ceroma); filhotes nus; cosmopolitas. 13.Família: Columbidae Espécie: Columba livia - POMBO Ordem: STRUTHIONIFORMES *Aves andadoras que não voam; asas reduzidas; cabeça, pescoço e pernas com penas escassas. 14.Família: Struthionidae Espécie: Struthio camelus - AVESTRUZ III-CLASSE PISCES *Animais com respiração branquial; aquáticos; coração com uma aurícula. SUB-CLASSE: Actinopterygii *Peixes de nadadeiras com raios. Ordem: OSTARIOPHYSI *Grupo dominante de peixes de água doce. 15.Família: Cyprinidae Espécie: Cyprinus carpio - CARPA IV-CLASSE INSECTA (HEXAPODA) *Insetos. Cabeça, tórax e abdome distintos; um par de antenas (exceto na ordem protura); peças bucais para mastigar, sugar ou lamber; tórax tipicamente com três pares de pernas articuladas e dois pares de asas muito variadas, reduzidas ou ausentes; sexos separados. 19 Ordem: LEPIDOPTERA *Mariposas e borboletas. Tamanho variado; peças bucais nas larvas para mastigar e nos adultos para sugar (espiritromba); antenas longas; quatro asas membranosas cobertas por escamas finas. 16.Família: Bombycidae Espécie: Bombyx mori - BICHO-DA-SEDA Ordem: HYMENOPTERA *Vespas, formigas, abelhas, etc. Peças bucais mastigadoras ou mastigadoras- lambedoras; dois pares de asas pequenas (ou ausentes), membranosas, poucas nervuras; base do abdômen geralmente estreita; fêmeas com ovipositor para serrar, perfurar ou picar; larvas em forma de lagarta ou ápodes; metamorfose completa; algumas espécies vivem em colônia. 17.Família: Apidae *Abelhas. Olhos peludos; operárias com cestas de pólen (corbículas) nas patas posteriores. Espécie: Apis mellifera - ABELHA Subespécies: Apis mellifera mellifera - ALEMÃ Apis mellifera ligustica - ITALIANA Apis mellifera adansonii - AFRICANA Apis mellifera carnica - CARNICA BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA DOMINGUES, O. Introdução à Zootecnia. 3.ed. Rio de Janeiro, MA/SIA, 1968. 392p., Cap.4, p.83-151. DOMINGUES, O. Elementos de Zootecnia Tropical. 5.ed. São Paulo, Nobel, 1981. 143p. STORER, T.I.; USINGER, R. L.; STEBBINS, R.C. et al. Zoologia Geral. 6. ed. São Paulo, Nacional, 1986. 816 p. ESTUDO DIRIGIDO Descrever quanto à importância do sistema estabelecido por Lineu para classificação das espécies. Caracterizar o sistema binomial para nomenclatura científica das espécies. Identificar as espécies de interesse zootécnico quanto aos nomes científicos. Apresentar a classificação zoológica das espécies de interesse zootécnico destacando particularidades que permitam classificação e inclusão em grupos distintos. 20 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves TÓPICO: ORIGEM E DOMESTICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE INTERESSE ZOOTÉCNICO Inicialmente, admitia-se que todas as espécies domésticas teriam se originado na Ásia, entretanto, com os trabalhos de paleontologia desenvolvidos ficou esclarecido que, embora os asiáticos tivessem domesticado grande parte das espécies domésticas atuais e, naquele continente tivessem origem grande números de espécies, em outros continentes surgiram e foram domesticadas espécies de interesse zootécnico. A seguir, são apresentadas as principais espécies domésticas de interesse zootécnico, com possíveis origens e ancestrais. 1. CAVALO (Equus caballus) Originado na América, onde não sobreviveu, e domesticado na Ásia na Idade dos Metais, cerca de 3.500 anos a.C. O Eohippus (em grego, "aurora do cavalo"), também conhecido como Hyracoterium, é considerado o antepassado mais remoto do cavalo. Apresentava quatro dedos nos membros anteriores e três nos posteriores e estatura em torno de 0,40m. 2. ASININO (Equus asinus) Originado na África (Núbia e Etiópia) e na Ásia (Tibé), onde foi encontrado em estado selvagem. Na escala evolutiva do Eohippus, chegou-se ao Hipparium, que viveu na América, Ásia e África, e deu origem aos asininos e zebras. O Equus taeniopus, africano, é a possível espécie selvagem originária dos asininos, ainda sobrevivente. Possivelmente, foi domesticado antes dos eqüinos, no vale do Nilo, na África, cerca de 5.000 anos a.C. 3. SUÍNO (Sus domesticus) Descende provavelmente de duas espécies primitivas, uma delas sobrevivente, o Sus scrofa ou Javali europeu; e o Sus indicus ou javali asiático, forma selvagem desconhecida, que apresenta Sus vittatus como forma sobrevivente, em extensa área da China. 21 Domesticado inicialmente na China, cerca de 4.000 anos a.C. 4. CAMELO (Camelus bactrianus) Originado e domesticado na Ásia, possivelmente na Bactriana, atual Afeganistão, após o ano 1.000 a.C. Possui como ancestral o Camelus bactrianus. 5. DROMEDÁRIO (Camelus dromedarius) Originado e domesticado na Arábia ou Sudoeste da Ásia, cerca de 1.200 anos a.C. Sua origem está ligada diretamente ao Macrauchenia, que viveu no continente americano e chegou à Ásia pelo istmo de Bering. 6. LHAMA (Lama glama) Originada e domesticada na Cordilheira dos Andes, na Bolívia e Peru, pelos Incas. O guanaco (Lama guanicoe) é a possível forma selvagem que originou a lhama, que tem origem a partir do Auchenia. 7. ALPACA (Lama pacos) Originada e domesticada na Cordilheira dos Andes, na Bolívia e Peru, pelos Incas. Tem origem a partir do Auchenia. 8. RENA (Rangifer tarandus) Originada e domesticada nas Regiões Árticas da Ásia. Possui como forma selvagem o Rangifer tarandus fennicus, que existe na Sibéria como subespécie. 9. CAPRINO (Capra hircus) Segunda espécie a ser domesticada e primeiro animal leiteiro domesticado, superando os ovinos em prioridade quanto à maior abundância de fósseis (DOMINGUES, 1968), possivelmente no Oriente Médio, tendo-se sugerido a Pérsia ou a Palestina como locais (HEISER JUNIOR, 1977). Quanto à origem da cabra, há duas hipóteses: a) Hipótese da origem única: a partir da Capra aegagrus, ou cabra-bezoar, dos planaltos ocidentais da Ásia. b) Hipótese da origem polifilética ou poligênica: a partir de três espécies selvagens: 1-Capra aegagrus, ou cabra bezoar, dos planaltos ocidentais da Ásia; 2-Capra falconeri, da Ásia oriental e indiana,de cornos espiralados; 3-Capra prisca, de ADAMETZ, extinta, possível tronco primitivo. 10. OVINO (Ovis aries) 22 Domesticado na Ásia no mesmo período que os caprinos. São destacadas três fontes remotas das modernas raças: 1-Ovis musimon, Musimão, Mouflon, ou carneiro selvagem da Europa; 2-Ammontragus tragelaphus, pseudovino que deve ter originado os carneiros africanos; 3-Ovis arkal ou Arcal, de cauda longa, das estepes asiáticas. Ancestral mais antigo. 11. TAURINO (Bos taurus) Todos os bovidae, domésticos ou não, descendem de um tronco filogênico comum, o "Antílope" do Mioceno e Plioceno, o qual originou todos os cavicórneos: Ovis, Capra, Antilope, Bos, Bubalus, etc. Dentre os animais domésticos primitivos, são Bos taurus e Bos indicus, os de mais difícil determinação da origem, superados apenas pela dificuldade de determinação de origem do cão. Os Taurinos, possivelmente foram domesticados após o Cão, a Cabra e o Carneiro, entre 6000 a 4000 anos a.C., possivelmente na Índia, Oriente Próximo e Egito. Supõe-se que o bovino selvagem europeu que originou as espécies domesticáveis foi o Bos primigenius, na Suíça, Grécia, Itália e, ainda, na África (Argélia) e Ásia. Seu sobrevivente teria sido o Auroque, denominado Urus pelos Alemães. Até 1.627 ainda sobrevivia no Jardim Zoológico da Masóvia, na Alemanha. 12. ZEBUÍNO (Bos indicus) Os Zebuínos, espécie diferente dos taurinos, foram domesticados possivelmente no Egito, antes dos taurinos. A possível origem dos zebuínos parece ser o Bos namandicus, encontrado na forma fóssil no vale do Nerouda, na Índia. 13. BÚFALO (Bubalus bubalis) Originado e domesticado na Ásia. Possivelmente descende do Arni (Bubalus indicus). A época da domesticação é imprecisa, embora na cultura do Mohenjo Daro na Índia (2.500 anos a.C.) e na China (1.000 anos a.C.) já era conhecido prestando utilidade. 14. GATO (Felis domestica) Há dúvidas quanto à origem geográfica e zoológica do gato. Admite-se ter se originado a partir do Felis catus, europeu, ou do Felis maniculata, africano (da Núbia e Abissínia). Foi domesticado no Egito, cerca de 3.000 anos a.C., onde foi considerado deus Bast. 23 15. CÃO (Canis familiaris) A mais antiga espécie doméstica é o cão. Domesticada no Neolítico, no Velho Mundo, e utilizada possivelmente, no início, para alimentação e depois como auxiliar do homem na caça. Quanto à origem do cão há duas hipóteses: a) Hipótese da origem única: Baseada na esterilidade entre espécies selvagens de cães e na fecundidade entre as raças domésticas. Também fundamenta-se no hábito de latir, próprio dos cães domésticos. Neste caso, o cão seria originado do pequeno lobo indiano, do Chacal, do Lobo, ou ainda, de alguma espécie selvagem extinta. b) Hipótese da origem polifilética: Baseada na grande diversidade de raças e nas semelhanças entre raças domésticas e determinadas espécies selvagens em diversas regiões da terra. Dessa forma, o cão teria se originado, conforme a região que habita, tendo como ancestrais: 01-Canis pallipes ou pequeno lobo indiano; 02-Canis lupus ou lobo europeu; 03-Canis aureus ou Chacal dourado (originou cães de pequeno porte); 04-Canis sinensis, da Abissínia (originou raças de Galgos); 05-Canis lupus occidentalis ou lobo americano (originou cães dos índios americanos); 06-Canis latrans ou coiote americano (originou cães dos índios americanos); 07-Canis ingae ou cão dos Incas; 08-Canis cancrivorus ou cão selvagem das Guianas; 09-Canis mesomelas ou Chacal de dorso preto, da África meridional; 10-Canis adustus ou Chacal listrado. 16. COELHO (Oryctolagus cuniculus) Descende do Oryctolagus cuniculus, de origem européia. Provavelmente foi domesticado na Península Ibérica. 17. COBAIA (Cavia cobaya) Descende de Cavia aperea ou preá, forma selvagem encontrada na América do Sul. Domesticada pelos Incas. 18. GANSO (Anser domesticus) Descende provavelmente das espécies selvagens Anser cygnoides ou ganso Chinês; Anser canadensis ou ganso do Canadá; e Anser cinereus ou Anser ferus, o 24 ganso europeu, e mais importante descendente. Sua domesticação deve ter ocorrido em vários locais, como China, Índia e Egito. 19. MARRECO (Anas boschas) Descende da espécie selvagem Anas boschas, sobrevivente no norte da Europa, Ásia, América do Norte e África. De domesticação recente, não se conhecendo formas pré-históricas dos marrecos. Era criado em cativeiro pelos romanos que, provavelmente, o domesticaram. 20. PATO (Cairina moschata) Descende da espécie selvagem Cairina moschata, sobrevivente em lagoas e banhados da América do Sul. Possivelmente domesticado na Europa (DOMINGUES, 1968), embora HEISER JUNIOR (1977) admita sua domesticação na América do Sul. 21. CISNE (Cygnus olor) Descende do Cygnus olor, de origem européia. Domesticado provavelmente no fim da Idade Média, na Europa. 22. GALINHA (Gallus domesticus) Originada na Índia e domesticada na Índia, China e Pérsia. Possui como antepassado direto o Gallus bankiva ou galinha selvagem da Índia e Indochina, ainda sobrevivente. Podendo ser incluídas como ancestrais da galinha doméstica, devido à interfecundidade, três espécies selvagens da Ásia meridional, Gallus sonnerati ou galinha parda da Índia, Gallus lafayetti ou galinha do Ceilão e Gallus varius ou galinha de Java. 23. FAISÃO (Phasianus colchicus) Descende da espécie selvagem Phasianus colchicus, da região do Rio Phase, na antiguidade, limite entre Europa e Ásia. Não considerada espécie perfeitamente doméstica. Provavelmente os Gregos persistiram na sua domesticação, complementada pelos Ingleses, pelo que a espécie é também conhecida como faisão inglês. 24. CAPOTE (Numida galeata) A forma selvagem deve ter sido Numida galeata, dispersa na África ocidental, Nigéria, Senegal, Marrocos e Ilhas de Cabo Verde, sendo inclusive conhecida como galinha d`angola. Não considerada espécie perfeitamente doméstica, embora Gregos e Romanos a criavam em domesticação. 25. PAVÃO (Pavo cristatus) Descende de Pavo cristatus, de origem da Índia e Irã. Domesticado na Grécia. 25 26. PERU (Meleagris gallopavo) Descende da espécie selvagem americana Meleagris gallopavo, das regiões montanhosas dos EUA e México. Domesticada provavelmente pelos índios Astecas do México, antes de 2.000 anos a.C. 27. POMBO (Columba livia) Descende do pombo selvagem dos rochedos ou torcaz (Columba palimbus), encontrado nas costas meridionais da Noruega, Ilhas Canárias e Madeira, costas do Mediterrâneo, Índia e Japão. De domesticação remota e em diferentes locais. Como ave de criação é reconhecida a partir de 3.000 anos a.C., no Egito. 28. AVESTRUZ (Struthio camelus) Descende das espécies africanas Struthio camelus e Struthio australis. Domesticada na África do Sul. 29. CARPA (Cyprinus carpio) Descende de Cyprinus carpio, da Pérsia e Ásia Menor, onde foi iniciada a criação em cativeiro. A domesticação iniciou na China, desde 2.100 anos a.C. 30. BICHO-DA-SEDA (Bombyx mori) Descende de Bombyx religiosae, de origem chinesa, onde foi criado inicialmente antes de 2.500 anos a.C. 31. ABELHA (Apis mellifera) Descende das subespécies primitivas de Apis mellifera fasciata ou abelha alemã, de Apis mellifera ligustica ou abelha italiana e de Apis mellifera adansonii ou abelha africana. A primeira abelha criada foi provavelmente a Apis mellifera ligustica. Segundo IOIRISH (1981), antes de domesticar as abelhas, o homem pilhava o mel. Há cerca de5.000 a 6.000 anos existiam colméias primitivas no Egito e em outros países da Antiguidade, de formas diversas, fixas em argila cozida. Na Grécia antiga, as colméias em forma de vaso eram feitas de bronze; enquanto que na antiga Roma, eram de madeira. Nas regiões Sul e no Cáucaso, as colméias eram feitas de ramos ou de palha entrançada, endurecidos com argila. Em 1814, o apicultor ucraniano I. Prokopovitch inventou a colméia de quadros móveis. A colméia desmontável de quadros móveis foi desenvolvida pelo apicultor americano Lourenço Langstroth, em 1851, e foi aperfeiçoada por outro apicultor americano, Amos Ives Root, passando a denominar-se “colméia Langstroth-Root”. 26 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA CRISTO, N.; CARVALHO, L.O.M. Criação de Búfalos: Alimentação, Manejo, Melhoramento e Instalações. Brasília: EMBRAPA/SPI, 1993. 403p. Cap.1, p.1-9. DOMINGUES, O. Introdução à Zootecnia. 3.ed. Rio de Janeiro: MA/SIA, 1968. 392p., Cap.4, p.83-151. DOMINGUES, O. Elementos de Zootecnia Tropical. 5.ed. São Paulo: Nobel, 1981. 143p. HEISER JÚNIOR, C.B. Sementes para a civilização. São Paulo: Nacional, 1977. 253p., Cap.4, p.42-69. IOIRISH, N. As abelhas: farmacêuticas com asas. Moscou: Editorial Mir, 1981. 228p., Cap.1, p.9-38. TORRES, G.C.V. Bases para o Estudo da Zootecnia. Salvador: UFBA, 1990. 464p., p.217-319. ESTUDO DIRIGIDO Identificar os locais de origem das principais espécies de interesse zootécnico, destacando características de adaptação e importância econômica para os povos destas regiões. Identificar os ancestrais das principais espécies de interesse zootécnico. Descrever quanto à domesticação das espécies de interesse doméstico, destacando local, período e fatos. 27 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves TÓPICO: CLASSIFICAÇÃO DAS APTIDÕES E FUNÇÕES ZOOTÉCNICAS I - APTIDÕES E FUNÇÕES MORFOLÓGICAS, FISIOLÓGICAS E ECONÔMICAS Aptidão zootécnica, produtiva ou econômica é a disposição natural do animal doméstico para exercer determinada função produtiva, na dependência de sua capacidade para determinada produção. A aptidão zootécnica é uma característica em potencial do animal para produção em maior ou menor grau, sendo portanto hereditária, consistindo da soma das virtualidades produtivas que o animal transmite aos seus descendentes. Enquanto a função produtiva é de natureza fenotípica e depende do ambiente (manejo, clima, alimento, exercício, etc.) para a exteriorização. Assim, a cabra leiteira transmite à ótima, boa ou má aptidão para lactação, enquanto o bode também transmita essa aptidão é incapaz de exibir a função respectiva. As funções produtivas, também denominadas de funções econômicas dos animais domésticos, consistem de atos fisiológicos dos quais resultam utilidades ou serviços, os quais servem para garantir a sobrevivência do indivíduo ou da espécie, e, ao serem explorados pelo homem, ganham a característica fundamental de funções econômicas. Para que sejam exploradas economicamente, não basta que satisfaçam as necessidades vitais do animal, mas que forneçam uma sobra utilizável de sua produção. Isto é, a função deve ser altamente especializada (COSTA, 2000). Segundo COSTA (2000), o desenvolvimento das funções produtivas foi simples, desde que a lógica sensibilizou o homem a reter para reprodução os animais mais produtivos. Essa “seleção”, processada através de séculos, e o acúmulo de seus resultados, permitiram se atingir as elevadas produções atualmente verificadas nas denominadas raças especializadas. As principais funções fisiológicas de interesse zootécnico podem ser agrupadas quanto aos atos fisiológicos em: a) DE CRESCIMENTO: Aumento da massa corporal em função do tempo. b) DE LOCOMOÇÃO: Capacidade de transladar-se no espaço em progressão contínua, partindo de uma postura inicial de equilíbrio. Os segmentos envolvidos na locomoção são agrupados em: 28 ATIVOS: Representados pelos músculos. PASSIVOS: Representados pelos ossos e suas ligações, cartilagens, bolsas sinoviais e tendões. A dinâmica corporal ou movimentos são agrupados em: MOVIMENTOS LOCAIS: Não aparecem na locomoção, sem deslocamento: decubitar, levantar, escoicear, etc. MOVIMENTOS COM DESLOCAMENTO: Constituem o ato da locomoção, envolvendo passo, trote, galope e marcha, como também os movimentos especiais, como recuar, saltar, escalar, nadar, bem como os de "alta escala". c) DE REPRODUÇÃO: Responsável pela perpetuação das espécies. d) DE LACTAÇÃO: O colostro e o leite são indispensáveis à vida dos mamíferos. As funções produtivas variam com a espécie, raça e sexo do animal, e com o tipo de exploração, ocorrendo os seguintes tipos de funções produtivas: a) Produção de alimentos: carnes e derivados (vísceras, toucinho, gorduras), leites e derivados (queijo, manteiga), ovos, mel e correlatos (própolis, geléia real), etc. Espécies: Bovina, bubalina, suína, ovina, caprina, coelhos, aves, abelhas, e também eqüídeos em certas regiões. Na Bolívia e Peru, a cobaia constitui fonte alimentar. b) Matéria-prima para a indústria manufatureira: lã, pêlos, cerdas, crinas, seda, peles, couros, cornos, cascos, gorduras não comestíveis (sebo), penas, plumas, bile, etc. Espécies: Ovina, caprina, bicho-da-seda, coelho, bovina, bubalina, eqüídeos, alpaca e aves. c) Força motriz: trabalho e esporte. Espécies: Eqüídeos, bovina, bubalina, camelo, lhama, rena e cão. d) Despojos e adornos. Espécies: Neste particular se inclui a função das aves domésticas, cujas plumas são usadas como adorno ou na confecção de objetos de uso doméstico. O avestruz é a mais importante das aves quanto à produção de plumas, pelo seu valor, já que as demais produzem plumas utilizadas como despojos em almofadas, travesseiros, colchões, etc. e) Adubo orgânico: detritos e excreções. Deve-se ressaltar que o esterco da lhama não é utilizado como adubo e sim como combustível. Espécies: Bovina, bubalina, eqüídeos, ovina, caprina e aves. f) Função afetiva. Espécies: Cão e gato, podendo-se ainda incluir ainda aves ornamentais, como os pavões e cisnes. g) Faro e segurança: Explora-se o olfato dos cães (faro), bastante eficiente dentre as espécies domésticas, e a coragem, notável qualidade moral seja para caça, seja para auxiliar às ações policiais e na defesa do próprio homem. Espécie: Cão. 29 h) Função humanitária: Serviço prestado pelos animais de laboratório. Espécies: Cobaia, coelho, eqüina. i) Capital vivo: Em concomitância com a função produtiva, certos animais aumentam de valor com a idade, e nisso reside uma das grandes diferenças entre a “máquina viva” e a máquina propriamente dita. Enquanto esta só pode funcionar a partir do dia em que esteja pronta e acabada, o animal pode produzir e trabalhar sem ter alcançado ainda o seu completo desenvolvimento. A seguir, são apresentados dados referenciais da valorização de algumas espécies com a idade: ESPÉCIE VALOR CRESCENTE VALOR CONSTANTE Eqüina e bovina Ovina e caprina Suína Galinha caipira até 5 anos até 4 anos até 2 anos até 1 ano de 7 a 10 anos até 6 anos até 3 anos até 2 anos Obs.: Os reprodutores são exceção, devido à avaliação pelo mérito da descendência (Teste de progênie). II – TIPO ÉTNICO E TIPO ZOOTÉCNICO Tipo étnico é o tipo referenteà raça. Nada mais é do que o tipo racial. A fisionomia, o conjunto dos caracteres exteriores e hereditários de uma raça. É uma expressão da etnografia. Tipo zootécnico constitui uma expressão de exterior, designando uma conformação que corresponde a certa utilização do animal. Portanto, nada tem a ver com a noção de raça, e tão somente à de rendimento zootécnico. Como exemplo, "tipo leiteiro", refere-se à conformação do animal cuja função é produzir leite, não importando qual a raça. III – CLASSIFICAÇÃO ZOOTÉCNICA DAS ESPÉCIES DOMÉSTICAS 1. EQÜINA a) Sela: Cavalos leves, enérgicos, inteligentes, com ossatura fina e densa, tendões e articulações bem definidos, corpo enxuto e estatura superior a 1,45m. Ex.: Árabe e Mangalarga Marchador. b) Tração: Cavalos com aspecto largo e profundo, bem proporcionado. Ossatura forte, musculatura abundante. Menos ágil que o cavalo de sela. Andar desembaraçado, direito e regular. Ex.: Percherão e Bretão. 30 c) Misto (Sela e Tração): Cavalos com características intermediárias entre os tipos sela e tração. Ex.: Andaluz. 2. SUÍNA a) Banha: Também conhecidos como "lard type". Apresentam o corpo largo, profundo, simétrico, baixo e compacto. Ex.: Raças nativas brasileiras Canastra e Piau. b) Carne magra: Também conhecidos como "bacon type". Apresentam o corpo longo, profundo, bem equilibrado ou com quartos posteriores predominantes. Ex.: Wessex. c) Carne e toucinho: Suínos intermediários entre os tipos banha e carne magra. Ex.: Landrace. 3. BOVINA a) Leite: Apresentam tendência leiteira, ou seja, atributos indicativos de aptidão leiteira. Demonstram forma de cunha, quando observados sob três ângulos: Visto de lado, a linha inferior se mostra descendente da frente para trás. Visto de frente, as linhas das paletas se abrem para baixo; Visto de cima, as linhas laterais apertadas na frente, se afastam nos quartos posteriores. A aparência geral, em comparação com a dos bovinos de corte, é de um animal menos musculoso, com ângulos e costelas mais salientes, porém revelando vivacidade, vigor e saúde. Apresentam um bom desenvolvimento das glândulas mamárias. Ex.: Holandesa, Jersey, Guernsey. b) Corte: Apresentam tendência à engorda, ou seja, atributos relacionados com a capacidade de ganhar peso. Possuem corpo em forma de cilindro compacto, profundo e moderadamente comprido. Deve ser tão liso quanto possível na união das diversas regiões, sem saliências nas espáduas, sacro e base da cauda; sem depressões no cilhadouro e flancos; bem proporcionados e devem se locomover com facilidade. A linha superior deve ser retilínea, larga e bem musculosa desde o pescoço até a base da cauda. O quarto anterior deve ser largo, profundo, cheio e apresentar bom espaço entre os membros, denotando boa capacidade respiratória, e o quarto posterior deve ser comprido, largo e profundo. O corpo tem a forma cilíndrica, conforme a raça, com os quartos anteriores e posteriores igualmente desenvolvidos, preferindo-se maior volume muscular nos posteriores. Ex.: Hereford, Nelore, Indubrasil. c) Tração: Os bovinos tipo tração apresentam conformação compacta, forte e musculatura bem desenvolvida, principalmente no dorso e quartos posteriores. Pernas curtas e fortes, possuindo peito largo. O peso do corpo apoia-se cerca de 60% 31 nos membros anteriores e 40% nos membros posteriores. O temperamento deve ser dócil, calmo e sem vícios. Ex.: Mestiços nativos. d) Misto (Leite e carne): Apresentam atributos intermediários aos bovinos tipo carne e tipo leite Ex.: Pardo suíço, Sindi. 4. CAPRINA a) Leite: Muito semelhantes às características gerais da vaca leiteira, possuindo conformação geral tendendo às formas clássicas de cunha. Aspecto descarnado, feminilidade acentuada nas matrizes e, sobretudo, úbere desenvolvido e glanduloso. Ex.: Saanen, Parda Alpina. b) Corte: Corpo comprido e profundo, largo no dorso, espáduas bem desenvolvidas e com amplas e bem distribuídas massas musculares. Peito amplo, largo, com boa profundidade e com uma profunda e larga massa muscular. Linha dorso-lombar retilínea e ampla. Tórax profundo, com costados bem arqueados e musculosos, e com costelas bem separadas. Ancas bem separadas, musculosas e arredondadas. Garupa ampla e comprida, com inclinação suave e boa cobertura muscular. Ex.: Boer. c) Pêlo: Caprinos com pelo brilhoso, fino, suave e uniforme. São preferidos os animais de pelos cacheados e enovelados, sendo rejeitados os fios muito lisos, curtos, untuosos, esponjosos e grosseiros. Ex.: Angorá. d) Misto (leite e carne): Caprinos que apresentam, em geral, baixa capacidade para produzir leite e carne. Devem ser melhorados visando maior grau de especialização para o tipo desejado. Ex.: Moxotó, Anglo-nubiana. 5. OVINA a) Lã: Apresentam pequeno porte e corpo menos profundo que os demais tipos. O corpo apresenta como contorno desejável o mais cilíndrico, envolto por uma densa cobertura de lã, ocorrendo os tipos de lã fina, média ou forte. É característica a presença de maior ou menor número de rugas na pele, especialmente no pescoço e peito. Ex.: Lã fina a forte - Merinos. 32 Lã forte - Corriedale, Ideal, Romney Marsh e Suffolk. TIPO DE LÃ DIÂMETRO DAS FIBRAS (MICRÔMETROS) CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA Fina Média Forte 16 a 20 20 a 22 23 a 26 Merina Merina Amerinada, Prima A e Prima B b) Corte e Pele: Ovinos deslanados, presentes no Nordeste brasileiro. A substituição do velo de lã por pêlos curtos se deve à adaptação ao ambiente tropical. Tendem a possuir porte superior ao dos ovinos tipo lã. Ex.: Santa Inês e Morada Nova. c) Misto (Leite, carne e Lã): Apresentam carcaças de boa qualidade; lã de espessura e comprimento médios e de inferior qualidade, usada geralmente em tecidos grosseiros; e, baixa produção de leite com alto teor de gordura. Devem ser melhorados visando maior grau de especialização para o tipo desejado. Ex.: Bergamácia. 6. BUBALINA a) Leite. Ex.: Murrah, Mediterrânea. b) Misto: Leite e Carne. Ex.: Jaffarabadi. Carne e Tração. Ex.: Carabao. 7. AVES a) Postura. As boas poedeiras apresentam cristas, barbelas e patas descoradas e pouco desenvolvimento corporal, mostrando aparência sadia. b) Corte. 33 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS (ARCO). Manual Técnico. Bagé: Associação Brasileira de Criadores de Ovinos, 1989. 88p. COSTA, R.S. Tópicos de Zootecnia Geral. Mossoró: Escola Superior de Agricultura de Mossoró, Gráfica Tércio Rosado – ESAM, 2000. 135p. CRISTO, N.; CARVALHO, L.O.M. Criação de Búfalos: Alimentação, Manejo, Melhoramento e Instalações. Brasília, EMBRAPA/SPI, 1993. 403p. Cap.1: Desempenho produtivo em carne, desempenho em produção de leite, animal de trabalho, outras performances, p.1-9. TORRES, A.P.; JARDIM, W.R.; JARDIM, L.F. Manual de Zootecnia: Raças que Interessam ao Brasil. 2.ed. São Paulo: Ceres, 1982. 136p. TORRES, G.C. de V. Bases para o Estudo da Zootecnia. Salvador: UFBA, 1990. 464p., p.217-319. VIEIRA, M.I. Pecuária Lucrativa. 1.ed. São Paulo: Nobel, 1986. 136p. ZEZZA NETO, L.; BADINI, K.B. O que representam os animais domésticos para o homem. Unimar Ciências, v.1, p.66-70, 1992. ESTUDO DIRIGIDO Caracterizar aptidão e função produtiva. Identificar as principais funções produtivas quanto aos atos fisiológicos e as funções produtivas de interesse zootécnico. Identificaras causas de variações das funções produtivas. Distinguir tipo étnico de tipo zootécnico. Apresentar a classificação zootécnica das espécies domésticas, descrevendo principais características e exemplificar. 34 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA DISCIPLINA: 603-250 - Zootecnia Geral PROFESSOR: Dr. Arnaud Azevêdo Alves TÓPICO: NOMENCLATURA E LOCALIZAÇÃO DAS REGIÕES DO CORPO DOS ANIMAIS 1 - INTRODUÇÃO O conhecimento da localização, limites e denominações das regiões do corpo é de fundamental importância para que se possa julgar com eficiência um animal, assim como classificá-lo (Neiva, 1998). As regiões do corpo dos animais possuem denominações próprias, assim como os órgãos que nele se encontram, quer no seu exterior (olhos, ouvidos, boca, nariz, etc.); quer no seu interior (coração, fígado, rins, intestinos, etc.). O estudo das denominações de cada região externa do corpo dos animais e das suas delimitações se conhece como ezoognósia. Cada região do corpo dos animais possui particularidades de acordo com as espécies e, dentro das espécies, com as raças e tipos zootécnicos. Basicamente, podemos subdividir o corpo de um animal em quatro partes, quais sejam: cabeça, pescoço, tronco e membros. A seguir, estão apresentadas as principais regiões do corpo dos animais domésticos, sendo citados, inicialmente o termo utilizado em ezoognósia, e a seguir, os respectivos sinônimos, que podem ser apropriados ou não. 2 - REGIÕES DO CORPO DOS BOVINOS 2.1 - CABEÇA Na cabeça, encontra-se o maior número de partes, que pelas características, auxiliam na identificação do animal, quanto ao grupo racial a qual pertence (Neiva, 1998). A cabeça é composta por quatro faces e duas extremidades: I) As faces são: Anterior - Formada pela fronte, chanfro e espelho nasal. 35 Posterior - Onde localizam-se a ganacha e entre-ganacha. Laterais -(direita e esquerda) - Onde estão as orelhas, olhais, olhos, bochechas, narinas e fontes. II) As extremidades são: Superior - Limitada pela nuca, parótida e pela garganta. Inferior - Constituída pela boca. FRONTE, FRONTAL ou TESTA - Região ímpar que tem por base anatômica os ossos frontais, parietais e face anterior do occipital, localizada na parte ântero- superior da cabeça. Limitada posteriormente pela nuca, inferiormente pelo chanfro, e lateralmente pelos olhos, olhais, fontes e orelhas. MARRAFA ou TOPETE - Região ímpar correspondente ao bordo caudal da fronte, situada medianamente à inserção dos cornos. Anatomicamente denominada protuberância intercornual. Nos animais mochos, a marrafa é saliente e arredondada. "Nimburi" é o termo usado na Índia para designar a eminência frontal. Na marrafa, às vezes está presente o topete ou tufo de pelos. CHANFRO ou CANA DAS VENTAS - Região ímpar que tem por base anatômica os ossos nasais. Seu limite caudal é a fronte; o oral, o espelho e as narinas; e os laterais, as bochechas. O perfil da fronte juntamente com o do chanfro caracterizam o perfil da cabeça, que segundo Neiva (1998) pode ser retilínea, concavilínea e convexilínea, sendo as duas últimas sub-divididas em ultracôncavo e subcôncavo e ultraconvexo e subconvexo, respectivamente. A título de exemplo, destacam-se os perfís ultra-convexo no Gir; sub-convexo no Indubrasil, no Sindi e no Nelore; e, sub-côncavo no Guzerá. CORNO, ASPA ou ARMA - Região par formada pelo estojo córneo que recobre o processo cornual. Varia quanto à inserção, diâmetro, comprimento, seção transversal, forma e coloração, o que tem grande importância na caracterização das raças, devido à alta hereditariedade dessas variações. Podem estar ausentes em algumas raças, denominadas mochas, em inglês "polled". Outra variação é o corno chamado "banana", móvel e pendente, onde a cavilha óssea na sua conjunção com a marrafa interrompe-se e um tecido fibro-cartilaginoso liga o corno à cabeça, explicando-se, assim, sua mobilidade, aliás muito variável, podendo chegar a ser nula. O animal que apresenta cornos é denominado aspado. Por batoque se entende os tocos de cornos (em inglês, "scurs"), rudimentos de aspas, protuberâncias, botões, não aderidos ao tecido ósseo da caixa craniana, diferentemente dos cornos verdadeiros. ORELHA - Região par implantada entre a fronte, a nuca e a parótida. Anatomicamente corresponde ao pavilhão auricular. Tem por base anatômica cartilagem e músculos. Serve para distinguir as raças, visto serem a forma, dimensão e posição altamente hereditárias. Nos bovinos europeus, não há grande variação em seu formato e tamanho, que normalmente são curtas e médias e de pontas arredondadas. O posicionamento da orelha é fator indicativo de temperamento e estado de higidez dos animais. OLHO ou VISTA - Região par, situada entre a fronte, o chanfro e a bochecha. Consiste do globo ocular, protegidos pelas pálpebras e pestanas; devem ser simétricos. 36 Constitui-se fator indicativo do tipo étnico e da saúde dos animais. São elípticos (Guzerá e Nelore) e mais aproximados da forma circular nas outras raças. BOCA - Região ímpar. Limita-se com o focinho, as narinas e bochechas. Tem por base anatômica os intermaxilares, maxilares e palatinos. Nela encontram-se os lábios, os dentes, as gengivas, o céu da boca, palato ou palatino e a língua. Nos bovinos, os incisivos superiores e os caninos são ausentes, onde se verifica uma cartilagem dura revestindo a gengiva, denominada almofada dentária. GANACHA ou PARTE POSTERIOR DO QUEIXO - Região par, situada abaixo da bochecha, tem por base anatômica as bordas ventrais das mandíbulas. GARGANTA, GORJA ou GOLA - Região ímpar, situada entre o pescoço e a fauce. Deve ser larga, correspondendo a um bom desenvolvimento da laringe e ao afastamento dos ramos do mandibular. Quando a garganta é larga, a boca é espaçosa e o animal comedor. ESPELHO - Situado entre as narinas e acima do lábio superior. Corresponde anatomicamente à região naso-labial. As rugosidades do espelho apresentam variações individuais que permitem identificação específica, tal qual impressões digitais dos humanos. A coloração do espelho constitui-se em indicativo da pureza racial e também pode caracterizar o estado sanitário do animal, devendo apresentar-se úmido e brilhoso. Nos zebuínos, o espelho deve ser preto. NUCA - Região ímpar que tem por base anatômica a articulação atlóideo-occipital. Está situada entre as orelhas, posteriormente à crista nucal (marrafa) e anteriormente ao bordo superior do pescoço. Deve ser espaçosa. PARÓTIDA - Região par compreendida pela glândula do mesmo nome. Situa-se entre a orelha, garganta, bochecha e tábua do pescoço. Deve apresentar ligeira depressão. FONTE ou TÊMPORA - Região par, em saliência, situada entre a orelha, a fronte, o olho e a bochecha. Tem por base anatômica a fossa temporal. BOCHECHA - Região par, situada entre a fonte, o chanfro, o olho, a parótida, a boca e a ganacha. Divide-se em "chato da bochecha" e "bolsa" que têm por base anatômica, respectivamente, os músculos masseter e bucinador. NARINA ou VENTA - Região par, correspondente à abertura externa das vias respiratórias ou aberturas nasais. Tem por base anatômica cartilagens e músculos. Devem estar sempre bem abertas e saudáveis. FAUCE, ENTRE GANACHAS ou CALHA - Região ímpar, limitada lateralmente pelas ganachas, posteriormente pela garganta e anteriormente pelo lábio inferior. Tem por base anatômica o hióide e músculos. GARGANTA, GORJA ouGOLA - Região ímpar, situada entre o pescoço e a fauce. Deve ser larga, correspondendo a um bom desenvolvimento da laringe e ao afastamento dos ramos do mandibular. Quando a garganta é larga, a boca é espaçosa e o animal comedor. 37 2.2-PESCOÇO - Liga-se anteriormente à nuca, parótidas e garganta; posteriormente à cernelha, escápula e peito. Tem por base anatômica as vértebras cervicais, ligamentos cervicais e músculos. As tábuas direita e esquerda, apresentam a "goteira da jugular", depressão longitudinal por onde passa a veia de mesmo nome. As tábuas apresentam, ainda, dobras da pele que a reveste e que se mostra frouxa. No bordo superior ocorre, nos machos taurinos, uma massa músculo-gordurosa denominada cangote, diferente do cupim dos zebuínos. No bordo inferior insere-se a barbela ou papada, prolongamento da pele que reveste este bordo, muito desenvolvida nos zebuínos. Forma na parte anterior a papada e desce ao longo do pescoço até a extremidade deste. BARBELA - A barbela se inicia discretamente bifurcada em dois pequenos ramos que se juntam, até alcançar a inter-axila e atingir o refego, ou seja, a dobra de pele que percorre o esterno e liga, na maioria dos casos, a barbela ao umbigo. O desenvolvimento do refego, às vezes, acompanha o da barbela. 2.3-TRONCO CERNELHA, GARROTE ou CRUZES - Região ímpar, anatomicamente denominada região inter-escapular. Situa-se entre o bordo superior do pescoço e o dorso. Tem por base anatômica as apófises espinhosas da segunda à sétima vértebra torácica. É elemento indicador do tipo zootécnico. GIBA ou CUPIM - Presente nos Zebuínos. Situa-se no alto da cernelha, estendendo-se um pouco para frente, e sua base não deve ultrapassar posteriormente a vertical que passa pelo cotovelo, tangenciando-o. Tem por base anatômica os músculos rombóide e trapézio. Varia de dimensões conforme o sexo e a raça. O cupim tombado constitui defeito. DORSO ou ESPINHAÇO - Região ímpar, localizada entre a cernelha e o lombo, acima dos costados. Tem por base anatômica as últimas vértebras torácicas e músculos correspondentes, conhecida como região toráxica dorsal. Deve ser retilíneo, amplo e longo. LOMBO ou RIM - Região ímpar, situada entre o dorso e a garupa, acima dos flancos e adiante das ancas. Tem por base anatômica as vértebras lombares e os músculos correspondentes (íleo, espinais e psoas). Deve ser amplo e anguloso. É comum no Zebu o lombo oblíquo, ascendente, de que resulta uma garupa alta. ANCA, QUADRIL, COXAL ou CADEIRA - Região par, em saliência, situada no limite entre o lombo e a garupa, posteriormente e acima dos flancos. Anatomicamente, corresponde ao ângulo anterior externo do osso íleo, denominada tuberosidade coxal. Devem ser afastadas e ao nível do lombo e da garupa. GARUPA - Está situada entre o lombo e a base da cauda, separada da coxa pela linha que liga a anca à ponta da nádega. Tem por base anatômica o osso sacro, o coxal e músculos correspondentes, denominada região glútea ou sacral. Apresenta forma trapezoidal, delimitada pelas linhas e ângulos que unem as 38 tuberosidades isquiáticas entre si e os ângulos externos dos íleos. Sua beleza está em ser ampla, em plano horizontal. Normalmente é considerada "teto do úbere". PEITO - Região ímpar, situada entre a base do pescoço, a ponta das escápulas e as inter- axilas. Tem por base anatômica a extremidade anterior do esterno e respectivos músculos, denominada região pré-esternal. Deve ser largo e musculoso nos bovinos de corte e mais discreto nos bovinos leiteiros. Em ambos os casos, deve apresentar o couro pregueado e frouxo. AXILA ou SOVACO - Região entre o membro anterior e as inter-axilas. Nessa região a pele é mais flácida e os pelos mais ralos. INTER-AXILA - Região situada entre as axilas, posteriormente ao peito e adiante do cilhadouro. Tem por base anatômica a porção média do osso esterno e músculos. COSTADO ou COSTELAS - Região par abaixo do dorso, atrás da paleta, adiante do flanco e acima do ventre. Tem por base anatômica oito a nove pares de costelas e músculos correspondentes, denominada região toráxica lateral. Deve apresentar-se largo, profundo, longo e convexo, com costelas arqueadas, determinando amplitude torácica e abdominal. Envolve os principais órgãos respiratórios e circulatórios. Nos bovinos de corte, deve ser bem revestido por massa muscular. FLANCO, VAZIO, ILHAL ou ILHARGA - Região par situada posteriormente ao costado, adiante da anca e da coxa, abaixo do lombo e acima do ventre, anatomicamente denominada fossa paralombar. CILHADOURO, CINCHA ou PASSAGEM DA CILHA - Região ímpar, situada entre as inter-axilas e o ventre, abaixo do costado. Corresponde à parte posterior do esterno, mais cartilagens e músculos. VENTRE, BARRIGA, PANÇA ou ABDOMEM - Região ímpar, abaixo do costado e do flanco, adiante da região inguinal, atrás do cilhadouro. Tem por base anatômica os músculos abdominais. UMBIGO - Ponto da linha média onde se localiza a cicatriz umbilical. VIRILHA - Região par formada pela prega cutânea que une o ventre ao membro pélvico. Anatomicamente corresponde à região inguinal. REGIÃO INGUINAL - Região ímpar, situada entre o ventre e o períneo. Nesta região estão localizados os órgãos reprodutivos externos dos machos. FONTE DO LEITE - Região par, onde a veia mamária penetra no interior do abdômen. Sua forma e calibre podem estar associados à capacidade circulatória do aparelho mamário. CAUDA, RABO ou COLA - Região ímpar inserida na porção mediana e distal da garupa, continuidade da linha dorso-lombar, na extremidade posterior do tronco, constituída pelas vértebras coccigianas (18 a 20) e respectivos músculos. A cauda possui duas partes: "sabugo" ou parte vertebrada e "vassoura da cauda" formada por um tufo de pelos longos, abundante no gado indiano. A inserção da cauda, na garupa, pode ser alta (sacro elevado), ou baixa, quando se insere entre os ísquios, ao dobrar-se para baixo. 39 ÂNUS - Região ímpar, correspondente à abertura posterior do tubo digestivo. Localiza- se sob a cauda, acima do períneo, nos machos; nas fêmeas situa-se acima da vulva. Deve ter coloração escura. PERÍNEO ou REGO - Situa-se entre as nádegas. Nos machos localiza-se do anus ao escroto. Nas fêmeas, entre a vulva e o úbere. NÁDEGAS - Região par, situada posteriormente à coxa, estendendo-se da tuberosidade isquiática ao tendão do jarrete. Tem como base anatômica a tuberosidade do ísquio e músculos. Deve ser saliente, espessa, descida, polpuda e arredondada. ESCROTO - Situado entre as coxas, na região inguinal dos reprodutores. Não deve ser muito desenvolvido e deve conter dois testículos, também conhecidos vulgarmente como bagos, grãos ou ovos, onde são produzidos os espermatozóides, os quais devem apresentar simetria e bom desenvolvimento, além de mobilidade. BAINHA, FORRO, BOLSA ou PREPÚCIO - Formada pela dobra de pele que recobre a verga em repouso. Nos zebuínos, caracteriza-se pelo seu desenvolvimento. É incorreto denominá-la de umbigo. Quando demasiadamente longa, corre o risco de traumatizar-se podendo surgir, em conseqüência, a acrobustite e a fimose. VERGA, PÊNIS, MEMBRO ou PEÇA - Acha-se envolto pela bainha, quando em repouso. VULVA ou VASO - Região ímpar das fêmeas. Localiza-se abaixo do ânus, entre as nádegas. Mostra dois lábios ligados por comissuras em sentido vertical. Compõem a abertura externa das vias genito-urinárias. Quando apresenta pelos demonstra baixa fertilidade. ÚBERE ou MAMAS - Está situado na região inguinal das fêmeas. Anatomicamente corresponde às glândulas mamárias. Nas raças
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