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Populismo no Brasil: Raízes e Consequências

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APROVA – HISTÓRIA PARA VESTIBULANDOS. 
 
 
 
 
APROVA 
 
Populismo: a um passo do Golpe 
Habitualmente convencionou-se classificar o período de 1945 a 1964 como o do auge do 
populismo no Brasil. No entanto, é importante ressaltar que suas raízes remontam de uma 
época anterior. As suas origens desse modelo de política estão na década de 1930 e o 
populismo não foi um “fenômeno” tipicamente brasileiro, mas latino-americano. O quadro 
econômico favorável resultante da Segunda Guerra Mundial estabeleceu condições para 
a emergência populista na América Latina – abria-se espaço a participação popular na 
vida política. No Brasil, tal participação tornou-se evidente devido ao surto industrial e o 
consequente deslocamento das populações rurais em direção aos centros urbanos. Foi 
nesse contexto que surgiram, a partir de 1930, regimes populistas - governos fortes e 
centralizados sob a direção de líderes reformistas, carismáticos, autoritários e com grande 
apoio popular. No Brasil o maior expoente dessa modelação política foi Getúlio Vargas. 
Sabe-se que o populismo deixou suas marcas em governos latinos como os de Juan 
Domingo Perón (Argentina), Lázaro Cárdenas (México), Carlos Ibanês del Campo (Chile) 
e Gustavo Rojas Pinilla (Colômbia). 
 
 
 
 
 
 
 
Em linhas gerais o populismo produziu políticas econômicas voltadas para o incentivo da 
industrialização nacional em substituição das importações, agrupou diferentes discursos 
de várias classes em que o líder fazia-se muitas vezes confundir-se com o próprio Estado. 
Os governantes estimularam políticas trabalhistas e exerceram forte controle sobre os 
sindicatos. Apegados a apelos nacionalistas discutiam-se concepções anti-imperialistas, 
direcionando medidas de nacionalização de “setores estratégicos” como exploração de 
petróleo, por exemplo. 
Quanto aos quadros políticos a participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial deixou um 
paradoxo no ar: o Brasil, que lutou ao lado dos Aliados no conflito, mantinha um governo 
de características ditatoriais em 1945 - O Estado Novo de Vargas. A situação não 
condizia com a realidade do cenário mundial que fortalecia as democracias após a derrota 
do nazi-fascismo. As pressões para o término do Estado Novo aumentaram. Diante desse 
quadro, um movimento contrário à permanência de Vargas no poder, reúne segmentos 
militares e da esfera política. Por outro lado, o PTB tentava mantê-lo no cargo – daí 
emergiu “o Queremismo”. Mas, em outubro de 1945, os militares, apoiados por políticos 
oposicionistas, põem fim à ditadura varguista. Tinha início um período da história 
republicana do Brasil que se convencionou chamar de República Populista. 
Com a queda de Vargas, o governo passa por um breve instante sucessório e em 
dezembro de 1945, O Marechal Eurico Gaspar Dutra venceu as eleições, superando 
Eduardo Gomes da UDN e Iedo Fiúza do Partido Comunista Brasileiro. As dificuldades 
para viabilizar o regime democrático no Brasil foram grandes. 
 
Segundo o sociólogo Francisco Weffort, o populismo, como "estilo de governo", é 
sempre sensível às pressões populares; simultaneamente, como "política de 
massa", procura conduzir e manipular as aspirações populares. Isto significa que, 
aparentemente o comando estava com o povo, porém na realidade, sem 
aperceber-se a massa popular era sutilmente controlada pelo governante. 
 
 
 
 
 
 
 
 Afinal, o antecedente político mais imediato foi marcado pelo autoritarismo do Estado 
Novo. A participação política do brasileiro, até então, apresentava-se, historicamente, de 
forma restrita. 
 
Mas com a Constituição de 1946, os direitos políticos foram ampliados: era 
necessário aprender a lidar com os direitos políticos e a exercer os direitos civis. 
 
A política de Dutra foi marcada, em sua essência, pela predominância de atitudes 
conservadoras. No plano internacional, em meio à bipolaridade da Guerra Fria, o 
Presidente rompe relações com a União Soviética e passa a seguir uma orientação 
política alinhada aos EUA. Dutra, então, empreende a cassação do PCB e de seus 
deputados em 1947. Em relação à política econômica , a princípio mostrou-se liberal e 
logo depois assumiu conduta intervencionista com forte controle sobre as importações: 
havia escalas de prioridades quanto aos gêneros a serem importados. Tinha-se por 
objetivo com essa política conter a alta dos preços, mas a postura acaba por provocar 
recessão. Arrocho dos salários, inflação, aumento dos preços provocaram dificuldades 
para a classe trabalhadora. Como resultado, vários movimentos populares, greves, 
passeatas e movimentos de insatisfação são deflagrados. O governo intervém em 
diversos sindicatos e associações de trabalhadores. Grevistas são processados. 
 
Uma das metas de Dutra foi a adoção de um plano de governo denominado Plano 
SALTE. Seria uma tentativa de coordenar os gastos públicos, com a elaboração de um 
planejamento em escala nacional a fim de romper com os pontos de estrangulamento 
econômico – Saúde, Alimentação, Transporte e Energia - daí a denominação SALTE. O 
plano, no entanto, mostrou-se sem articulação e fracassou. 
 
A campanha que levou Vargas novamente ao poder reuniu forças do PTB, do PSP e, 
sobretudo, dos “marmiteiros” (como eram identificados os setores trabalhadores da 
sociedade), além de eleitores comunistas, adversários da UDN. Getúlio retoma a sua 
posição nacionalista/populista, controlando a economia. Objetivava ampliar a produção 
interna, principalmente a industrial . Para dinamizar o desenvolvimento industrial interno 
cria o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) em 1952. Ainda em 
acordo com a postura nacionalista lança a bandeira do projeto "O Petróleo é Nosso" com 
apoio do PTB, PSB, parte da PSD, militares e empresários nacionalistas, da UNE, 
intelectuais, comunistas e setores urbanos. Como resultado dessa campanha é 
inaugurada a Petrobrás em 1953 que passava a deter o monopólio da pesquisa , da 
exploração e do refino do petróleo no Brasil. 
 
No Plano trabalhista, por conta das manifestações operárias, Vargas concede, em 1954, 
um reajuste de 100% no salário mínimo e conquista o apoio da classe trabalhadora, mas 
desagrada o setor empresarial. Logo, o governo começa a receber críticas de 
empresários, multinacionais norte-americanas, oposicionistas da UDN, oficiais das Forças 
Armadas e outros setores contrários. Destaca-se nesse período, a oposição do jornalista 
Carlos Lacerda que o acusava Vargas de planejar um golpe em conjunto com líderes 
sindicais a fim de facilitar a infiltração comunista no país. Em 1954, Vargas é acusado de 
ser responsável por um atentado contra Carlos Lacerda. O jornalista sai ileso, mas um 
major da aeronáutica, Rubens Vaz, morre. 
 
Descobre-se, mais tarde, que elementos ligados a Vargas estavam envolvidos no 
atentado, especialmente Gregório Fortunato – seu guarda pessoal. Os militares apuram o 
 
 
 
 
 
 
fato e exigem a renúncia de Vargas. Diante da crise, o presidente se suicida. A 
repercussão do fato gerou uma série de movimentos de comoção em favor de Vargas e 
de oposição a UDN e ao governo norte-americano por conta do fim dramático de Getúlio. 
Grandes manifestações populares de apoio ao ex-presidente estouraram em várias 
cidades do país. Jornais antivarguistas foram destruídos a exemplo de “O Globo”. 
Lacerda, acuado, foge para o exterior. 
 
Depois da morte de Vargas, assumiu o governo o vice-presidente Café Filho. Deposto, 
Carlos Luz (presidente da Câmara - 4 dias) e Nereu Ramos (presidente do Senado - dois 
meses e 21 dias) completaram o mandato. Em outubro de 1955 realizaram-se eleições 
para a presidência, vencendo o candidato da coligação PSD-PTB, Juscelino Kubitschek 
de Oliveira com João Goulart como vice. As forças derrotadas udenistas tentam
impedir a 
posse dos vitoriosos. Mas o general Henrique Teixeira Lott, legalista e democrático, 
defende o “Golpe Preventivo” – em favor da ascensão dos eleitos. JK assumiu o governo 
em janeiro de 1956, ficando no poder até janeiro de 1961. Os anos de seu governo são 
lembrados como "Os Anos Dourados". Juscelino se notabilizou pelo empreendedorismo e 
pela construção de um Brasil mais moderno. Sua plataforma modernizadora tinha por 
base um tripé: empresas estatais, capital privado nacional e capital estrangeiro. Sua 
plataforma de campanha e de governo foi o Plano de Metas: "50 anos de 
desenvolvimento em 5 de governo". Para Kubitschek , seria possível o alcance de tal 
projeto investindo em áreas prioritárias para o desenvolvimento econômico 
principalmente, na infraestrutura (rodovias, hidrelétricas, aeroportos) e indústria. 
O plano se distribuía por 31 metas organizadas em seis grandes áreas: energia, 
transportes, alimentação, indústria de base, educação e Brasília. JK, diferentemente de 
Vargas abriu a economia para o capital internacional e atraiu o investimento de grandes 
empresas. Definiu pela isenção de impostos para importação de máquinas e 
equipamentos industriais. Para ampliar o mercado interno, o plano ofereceu uma 
vantajosa política de crédito. Essa política de crescimento gerou, por exemplo no 
Sudeste, grandes oportunidades de emprego atraindo uma leva de trabalhadores de todo 
Brasil. 
 
A política desenvolvimentista de Juscelino apresentou vantagens e desvantagens para a 
economia do Brasil. Se por um lado, a entrada de multinacionais gerou empregos, por 
outro, deixou um quadro de maior dependência em relação ao capital externo: houve forte 
crescimento econômico mas também um significativo aumento da dívida pública, interna e 
externa. O investimento na industrialização em detrimento da zona rural, prejudicou o 
trabalhador do campo e a produção agrícola. O êxodo rural fez aumentar a pobreza, a 
miséria e a violência nas grandes capitais do Sudeste do país. Houve inflação e queda no 
valor dos salários. Mesmo assim Juscelino Kubitschek é considerado um dos políticos 
mais admirados do cenário nacional. 
 
Nas eleições de 1960, com apoio da UDN, foi eleito Jânio Quadros. Político de forte 
proximidade com a massa, propunha uma revolução pelo voto e não pelo golpe. Sua 
campanha se apoiou na imagem da "vassourinha" – um símbolo de seu discurso pela 
moralidade política e pelo combate à corrupção na administração pública. Sua atuação 
política interna, no entanto, não foi muito destacável. Jânio foi autor de medidas pouco 
relevantes como a proibição de rinhas de galo e uso do biquíni. 
 
No plano da política externa buscou uma direção que apontava para uma autonomia em 
relação aos EUA o que provocou adversidade de políticos conservadores ligados ao 
 
 
 
 
 
 
capital estrangeiro. Jânio defendia a autodeterminação dos povos. Em pleno cenário da 
Guerra Fria e pós-Revolução Cubana (1959), Jânio condecorou Che Guevara com a 
“Ordem do Cruzeiro do Sul”, restabeleceu as relações diplomáticas com a URSS e 
defendeu a participação da China Comunista na ONU. As críticas de udenistas e militares 
se avolumaram. Jânio encerrou seu mandato com uma renúncia em 26 de agosto de 
1961 que alegava que "forças terríveis ameaçavam seu mandato". Várias correntes 
alegam que Jânio pretendia com a renúncia dar um golpe. O Presidente esperava que a 
aclamação do povo o fizesse retornar e assim o político governaria de forma autoritária. 
Não obteve sucesso. 
 
O vice-presidente João Goulart estava em visita à China e quem assumiu a presidência 
foi o Presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli. Forças contrárias a Goulart se articularam a 
fim de impedir sua posse. Grupos em meio a militares, políticos, grandes empresários e 
grandes jornais acusavam-no de ser simpatizante do comunismo. 
 
Por outro lado, forças atreladas ao PTB, a partidos de esquerda, a setores militares 
legalistas e a líderes sindicais encabeçados por Leonel Brizola (governador do RS) 
formaram a “Cadeia da Legalidade” – uma rede de rádio para defender a posse de 
Goulart. O impasse enfim se resolveu a partir da proposta do deputado mineiro Tancredo 
Neves: o Brasil adotaria o sistema Parlamentarista, que deveria ser referendado por um 
plebiscito, tendo como Primeiro Ministro, o próprio Tancredo Neves. No plebiscito de 
janeiro de 1963 de um total de 12 milhões de votos, quase 10 milhões de cidadãos 
votaram contra o parlamentarismo. 
 
Goulart em 1962 apresentou o Plano Trienal, elaborado pelo economista Celso Furtado, 
que visava uma taxa de crescimento anual de 7% e reduzir a inflação até 10% em 1965. 
Jango ainda anunciou a realização das denominadas reformas de base: agrária, tributária, 
educacional, financeira, habitacional além de limites a emissão de remessa de lucro para 
o exterior. O Plano encontra adversários no Congresso de maioria formada pelo PSD e 
pela UDN. Jango realiza comícios para tentar angariar apoio popular. No entanto, o 
desemprego, a inflação e o aumento dos preços aumentavam as tensões sociais no país. 
Jango sofre pressões internas e externas. Sua tentativa de buscar apoio em grupos de 
esquerda foi mais um motivo para que a oposição o acusasse de comunista. A partir daí 
houve uma mobilização política e social ainda mais forte em repudia ao Presidente. 
 
Em 19 de março de 1964, em São Paulo, foi organizada a “Marcha da Família com Deus 
pela Liberdade”, cujo objetivo era mobilizar a opinião pública contra o governo de Jango. 
Com uma participação numerosa de setores sociais insatisfeitos, uma conspiração 
golpista se organiza, tendo como articuladores o Marechal Castelo Branco, os Generais 
Mourão Filho e Amaury Kruel, além dos governadores de Minas Gerais, Magalhães Pinto 
e da Guanabara, Carlos Lacerda. O general Olímpio Mourão Filho iniciou a movimentação 
de tropas em Juiz de Fora em direção ao Rio de Janeiro – era o início da “Revolução” ou 
do Golpe de 31 de Março de 1964. Jango refugiou-se no Rio Grande do Sul. No dia 2 de 
abril, o Congresso Nacional declarou a vacância no cargo de presidente, entregando-o ao 
presidente da Câmara dos Deputados Ranieri Mazzilli. João Goulart teve seus direitos 
políticos cassados por 10 anos e exilou-se no Uruguai. Os militares assumiriam o poder e 
teria início o período revolucionário que se estenderia de 1964 a 1985.

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