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Tutela no Direito Civil

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FACULDADE PROJEÇÃO
Renan Leite de Sousa
 Matrícula: 201359956 DIR 6AN - TG - Direito Civil V - Família
Tutela
A tutela consiste na representação do menor incapaz, em caso de ausência, falecimento ou perda do poder familiar pelos pais (art. 1.728). Trata-se de múnus público, de caráter assistencial, delegado pela lei a agente capaz, para a proteção do tutelado ou pupilo.
São estabelecidas formas ordinárias e extraordinárias de tutela. Na forma ordinária, as tutelas podem ser testamentária, legítima e dativa, conforme a fonte de origem. Constituem formas especiais de tutela, a tutela do menor abandonado, a tutela de fato ou irregular, a tutela ad hoc, provisória ou especial e a tutela dos índios.
A tutela testamentária decorre da nomeação de tutor pelos pais, em conjunto, ou por um só deles, na falta do outro, por meio de testamento ou outro documento autêntico, como escritura pública ou codicilo (art. 1.729). Apenas os pais detentores de poder familiar podem fazer a nomeação (art. 1.730). A tutela legítima é a determinada pelo juiz, conforme a ordem legal dos tutores estabelecida no art. 1.731, em caráter preferencial, sendo todos parentes consanguíneos do menor: I – ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto; II– colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços. Em que pese ser preferencial, não se trata de ordem absoluta, devendo o juiz nomear o representante segundo o melhor interesse do incapaz. A tutela dativa é a que se constitui, em caráter subsidiário, na falta ou impedimento dos tutores testamentários ou legítimos, recaindo sobre pessoa estranha à família (art. 1.732).
Em caso de irmãos órfãos deve ser nomeado preferencialmente um só tutor, entendendo-se, em caso de nomeação de vários no testamento, que serão chamados sucessivamente. Quem institui herdeiro ou legatário menor, pode nomear curador especial para os bens deixados (art. 1.733).
 	A tutela do menor abandonado será exercida por pessoa nomeada pelo juiz, devendo o jovem ser incluído em programa de colocação familiar (art. 1.734). A tutela de fato ou irregular ocorre quando um sujeito, não tendo sido nomeado tutor, passa a cuidar do menor e de seus bens, não produzindo efeitos jurídicos. A tutela ad hoc, provisória ou especial consiste na nomeação de tutor para a prática de ato específico, em paralelo ao poder familiar dos pais. A tutela do índio, quando não plenamente integrado à comunhão nacional, é disciplinada na legislação especial (Lei n. 6.001/73), sendo exercida pela União, por meio do competente órgão federal de assistência aos silvícolas, qual seja a FUNAI.
Não podem exercer a tutela, por incapacidade ou inaptidão: I – aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens; II – aqueles que possuírem obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este; III – aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor; IV – os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressamente excluídos da tutela; V – os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena; VI – as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores; VII – aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração da tutela.
Não cabe a recusa pelo tutor nomeado, salvo nas hipóteses de escusa previstas no art. 1.736: I – mulheres casadas; II – maiores de 60 anos; III – aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos; IV – os impossibilitados por enfermidade; V – aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela; VI – aqueles que já exercerem tutela ou curatela; VII – militares em serviço. A escusa, que consiste em faculdade conferida a certos sujeitos que ostentam capacidade para exercer a tutela, deve ser submetida à apreciação judicial (arts. 1.738 e 1.739).
O exercício da tutela aproxima-se de um poder familiar limitado e fiscalizado pelo juiz (art. 1.742). Constituem as principais obrigações do tutor: dirigir a educação, defender e prestar alimentos ao menor; reclamar ao juiz que aplique medidas corretivas ao menor; adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, ouvidas a opinião do menor, se este já contar 12 anos de idade (art. 1.740). Deve, ainda, administrar os bens do tutelado, em proveito deste (art. 1.741). Eventual alienação de bem imóvel do menor sob tutela deve ser precedida de avaliação judicial e aprovação do juiz, quando se verificar manifesta vantagem (art. 1.750). 
Para a garantia da tutela, pode o juiz exigir do tutor a prestação de caução, real ou fidejussória (art. 1.745, parágrafo único). Estabelece também o legislador a responsabilidade do juiz, em caráter direto e pessoal, pela falta ou inoportunidade da nomeação do tutor, ou subsidiário, diante da dispensa de garantia legal ou não remoção de tutor suspeito (art. 1.744).
Os tutores devem apresentar balanços anuais (art. 1.756) e prestar contas de sua administração em juízo, bianualmente, quando solicitados ou ao deixar o exercício do múnus (art. 1.757). É inválida qualquer dispensa manifestada pelos pais em relação aos deveres de prestar contas (art. 1.755).
A obrigação de prestar contas transmite-se aos herdeiros e representantes do tutor, em caso de morte, ausência ou interdição (art. 1.759). A responsabilidade do tutor, com o término da tutela, subsiste até que as contas sejam aprovadas pelo juiz (art. 1.758).
Cessa a tutela pela morte, maioridade, emancipação ou superveniência do poder familiar, em relação ao menor (art. 1.763). Cessa a função do tutorao expirar o termo em que era obrigado a servir, sobrevir escusa legítima ou ser removido (art. 1.764). Será destituído o tutor, quando negligente, prevaricador ou incurso em incapacidade (art. 1.766).
Curatela
Entende-se por curatela o encargo conferido a sujeito capaz para a representação de maiores incapazes, na forma da lei. Eventualmente, a lei fixa curadoria em relação a menores, e mesmo o nascituro. Trata-se, assim como a tutela, de múnus público, de caráter assistencial, destinado à proteção de incapazes, razão pela qual se aplicam subsidiariamente à curatela as disposições concernentes à tutela (art. 1.774).
A disciplina da curatela foi profundamente alterada pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015), com o objetivo de reconhecer a autonomia do deficiente, reforçando o caráter residual da incapacidade. O estabelecimento da curatela, em sua forma ordinária, deve ser feito por meio de ação judicial para a declaração da incapacidade e definição dos termos da curatela, diante da constatação de existência de hipótese de incapacidade relativa do art. 4º, com exceção da incapacidade por idade (art. 1.767). Observa-se que a deficiência em si deixa de ser considerada causa ou razãode incapacidade, transferindo-se o foco da análise para a verificação de limitações na aptidão para exprimir vontade. Ademais, no novo regime protetivo, a incapacidade, salvo por idade, será sempre relativa, criando-se para o juiz o encargo de detalhar para quais atos o incapaz precisa de representação, assistência ou pode atuar de maneira autônoma.
Prevê a lei a possibilidade de estabelecimento de curatela do nascituro, quando se nomeia um curador ao ventre para a defesa dos interesses daquele que já foi concebido mas ainda não nasceu, caso o pai tenha falecido e a mãe não tenha poder familiar (art. 1.779). A Lei não. 13.146/2015 revogou a segunda modalidade especial de curatela prevista: curatela do enfermo ou portador de deficiência física.
A ação de curatela consiste em procedimento especial de jurisdição voluntária, regulado entre os arts. 747 a 758, NCPC. São legitimados ativos para sua propositura I – o cônjuge ou companheiro; II – os parentes ou tutores; III – o representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando; e IV – o MinistérioPúblico (art. 747, NCPC).
Em regra, será nomeado curador o cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato. Na falta destes, a curatela incumbirá a qualquer dos pais. Não podendo os pais exercer o múnus, será nomeado o descendente que se mostrar mais apto, os mais próximos precedendo os mais remotos.
Pode haver a constituição de curatela dativa, quando o juiz nomeia pessoa idônea, na falta dos indicados pela lei, podendo inclusive ser estranha à família (art. 1.775). Pode o juiz estabelecer, ainda, curatela compartilhada(art. 1.775-A).
Sobre o exercício da curatela, aplicam-se no que couber as normas da tutela, com as limitações dos arts. 1.782 e 1.783, que estabelecem que a interdição do pródigo só afetará o exercício dos atos de disposição patrimonial e que fica dispensado da prestação de contas o cônjuge casado com o curatelado pelo regime da comunhão universal.
Em caso de recuperação da capacidade, deverá ser ajuizada ação paralevantamento da interdição ou curatela, podendo o pedido ser manejado pelo incapaz, seu curador ou o Ministério Público (art. 756, NCPC).
Tomada de decisão apoiada
A tomada de decisão apoiada constitui nova modalidade de auxílio no exercício dos direitos por pessoas em situação de vulnerabilidade, somando-se aos tradicionais institutos da tutela e curatela, ressignificados com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Destina-se a promover o auxílio ao adequado exercício dos direitos por pessoas com deficiência sem, no entanto, restringir-lhes a capacidade civil.
Constitui-se mediante procedimento judicial por meio do qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade (art. 1.783-A).
Em caso de divergência entre apoiado e apoiadores, a questão será submetida a apreciação judicial, ouvido o Ministério Público (art. 1.783-A, § 6º).

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