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1 Psicologia do Desenvolvimento: Ciclo Vital Desenvolvimento Pré-Natal 2 Conceitos básicos sobre desenvolvimento humano Desenvolvimento humano: estudo das mudanças e estabilidades do ser humano, desde a concepção até a morte. Mudança: quantitativa: mudança em número ou quantidade (peso, altura, vocabulário); qualitativa: mudança de tipo, com fenômenos novos e não previstos a partir do funcionamento anterior (ex: fala). A Psicologia do desenvolvimento é uma ciência que visa descrever, explicar, prever e modificar o cp (quando necessário). 3 A vida humana pode ser dividida em oito ciclos. (Importante: tais divisões são aproximadas e os critérios muitas vezes não são claros) 1) Estágio pré-natal (concepção ao nascimento) Formação da estrutura e órgãos corporais básicos; Maior crescimento físico de toda a vida; Grande vulnerabilidade às influências ambientais. 2) Primeira infância (nascimento até 3 anos) Recém-nascido dependente, porém competente. Todos os sentidos já funcionam, tem capacidade de aprender e memorizar. Crescimento físico e desenvolvimento motor ainda rápidos. Habilidade de compreensão e produção da linguagem se desenvolvem rapidamente. Com os anos: apego, autoconsciência, interesse pelo outro. Ciclo de vida 4 A vida humana pode ser dividida em oito ciclos (Importante: tais divisões são aproximadas) Estágio pré-natal (concepção ao nascimento) Primeira infância (nascimento até 3 anos) Segunda infância (3 a 6 anos) Terceira infância (6 a 12 anos) Adolescência (12 a 20 anos) Jovem adulto (20 a 40 anos) Meia-idade (40 a 65 anos) Terceira idade (acima de 65 anos) Ciclo de vida 5 A maior parte das teorias, hoje, reconhecem que o desenvolvimento é influenciado por uma série de fatores, que basicamente podem ser: biológicos (genética, padrões de formação) ou ambientais (nutrição, estimulação, estrutura familiar, ambiente educacional, rede social, eventos). Mas essa divisão é formal. Na verdade, eles interagem: exemplo – desenv de leitura. 6 Fatores que influenciam o desenvolvimento podem ser: Normativos: ocorre de maneira semelhante para a maioria das pessoas. Ex.: puberdade, menopausa, ingresso na educação formal, aposentadoria etc. Não-normativos: são idiossincráticos, específicos. Ex.: morte precoce dos pais, acidentes etc. A influência dos fatores varia em função do momento em que eles ocorrem – período crítico: momento mais sensível de determinado aspecto do desenvolvimento. Para a maior parte dos aspectos psicológicos: infância ou, no máximo, adolescência. Uma vez “formado”, o indivíduo tende a ser estável. Ex.: estudo norte-americano acompanhou 500 crs (do final da 3ª infância até final da adolescência), e 300 até terceira idade. Resultados: pessoas variam, mas nem tanto! Funcionamento cognitivo e traços de personalidade tendem a ser bastante estáveis. Fator que melhor predisse sucesso na vida adulta: “competência engenhosa” (autoconfiança, comprometimento intelectual e confiabilidade). Também relacionada a maior estabilidade na personalidade. 7 Vida intra-uterina ou desenvolvimento pré-natal 8 Alguns dados iniciais sobre a concepção Fertilização ou concepção: 9 Alguns dados iniciais sobre a concepção Fertilização ou concepção: união de óvulo e espermatozóide. 10 Alguns dados iniciais sobre a concepção Fertilização ou concepção: união de óvulo e espermatozóide. Gêmeos monozigóticos: “acidente” no desenvolvimento pré-natal, com divisão de um óvulo fertilizado (zigoto). Mesma ocorrência em todas as culturas. Divisão do embrião até o 15º dia após a concepção. Se a divisão logo no início: placentas diferentes, exposição diferente aos conteúdos sangüíneos (carga genética idêntica mas traços diferentes) (mesma lateralidade). Se próxima ao 15º dia: tendem a ter a mesma placenta - mesma exposição aos conteúdos sangüíneos. São espelho um do outro (lateralidade inversa). Gêmeos dizigóticos: fertilização de dois ou mais óvulos. Mais comum em certos grupos culturais. 11 Alguns dados iniciais sobre a concepção Pesquisas sobre desenvolvimento: usam muito estudos com gêmeos, comparando taxa de concordância entre gêmeos mono e dizigóticos. Quanto mais “genético” foi um aspecto, maior a diferença na taxa de concordância (mono > di). Mas hereditariedade não explica tudo – mesmo características congênitas já podem ser diferentes (afetando lateralidade, malformações neurológicas ou de outro tipo, como fenda palatina). 12 Hereditariedade Toda célula do corpo tem 46 cromossomos, feitos de genes (cerca de 100.000 genes). Só óvulo e espermatozóide têm 23 cromossomos. No zigoto, dos 23 pares de cromossomos, 22 têm autossomos e 1 tem os cromossomos sexuais (XX- meninas ou XY - meninos, sendo que o Y é herdado do pai). A presença do Y iniciará a produção de testosterona entre a 6ª e a 8ª semana. Genes (feito de ácido desoxirribonucléico – DNA) determinam todas as características herdadas. Temos um genótipo (que só é igual entre gêmeos monozigóticos), que determinará, em parte, nosso fenótipo (conjunto de características observáveis). No ser humano, os padrões de transmissão genética das características são bem mais complexos do que o simples equilíbrio recessivo – dominante (como veremos a seguir) 13 Anomalias genéticas Cerca de 6% dos bebês nascem com algum tipo de deficiência física ou mental. Problemas mais sérios: relacionados aos sistemas nervoso ou circulatório. 14 Alguns distúrbios são transmitidos por herança dominante. Neste caso, a criança, mesmo recebendo apenas um gene do distúrbio, o manifestará. Um casal em que um dos pais tem o gene dominante: chance de 50% dos filhos terem o problema. Há cerca de 1800 distúrbios transmitidos por herança dominante, tais como: doença de Huntington: doença degenerativa com atrofia do estriado (gânglios da base) – movimentos involuntários e distúrbios cognitivos. a acondroplasia (a = sem; condro = cartilagem) tipo de nanismo - anormalidade na ossificação das cartilagens do feto que causa nanismo. Características: membros curtos, mas tronco normal, cabeça pode estar aumentada e nariz achatado. 15 Felizmente, a maioria dos distúrbios são transmitidos por herança recessiva. Nesse caso, a criança só desenvolve a doença se receber os genes do transtorno de ambos os pais. Isso ocorre mais freqüentemente em casamentos internos em um grupo. Se a criança tiver apenas um dos alelos do distúrbio, será apenas portadora. Há, ainda, transtornos transmitidos por herança relacionada ao sexo, ou seja, os genes da doença estão nos cromossomos X ou Y. Ex.: daltonismo, hemofilia. Quando recessivos, normalmente ocorrem em meninos – porque, nas meninas, o X normal é dominante sobre o X anormal, enquanto nos meninos o X afetado já é suficiente para o transtorno se manifestar. Outro tipo de doença cromossômica refere-se ao número de cromossomos, podendo haver cromossomos a mais ou a menos. Exemplos de excesso de cromossomos : Síndrome de Klinefelter (XXY), Síndrome de Down (trissomia geralmente do 21). Exemplos de falta de cromossomos: Síndrome de Turner (X0). 16 Muitas vezes, identificamos primeiro o fenótipo (características) 17 Genética x ambiente De forma a avaliar osefeitos da genética e do ambiente, três tipos principais de estudos correlacionais são usados: estudos com consangüíneos, com gêmeos e com adoção. Herdabilidade: estimativa estatística do grau de contribuição da hereditariedade sobre as diferenças individuais. Estudos de consangüinidade: verificar se o grau de proximidade genética entre parentes está relacionado ao grau de similaridade em um traço. Se correlação alta, presume-se influência genética. Problema: não se sabe se correlação é fruto da genética compartilhada ou do ambiente compartilhado. Para tanto: estudo com adoções e gêmeos. Adoção: verificar similaridade de traços entre criança adotada e suas famílias adotiva e biológica. Quanto mais hereditário um traço, tanto mais a cr se parecerá com a família biológica e não com a adotiva (ex.: obesidade). Gêmeos: verificar similaridade de traços entre pares de gêmeos mono e dizigóticos. Se traço hereditário, concordância entre mono > entre di. 18 Ex.: esquizofrenia Influência mútua: genes e ambiente. Carga genética é importante. 19 Mas, em média, taxa de concordância em gêmeos monozigóticos é de 48% - ou seja, há algo mais. Fatores genéticos parecem tornar as pessoas suscetíveis a fatores ambientais que levam à esquizofrenia. Algumas possibilidades: pobre nutrição materna, infecções virais durante período fetal e infância, estresse. Observações: crianças que nascem no final do inverno - início da primavera têm maior incidência de esquizofrenia que as demais crianças; crianças nascidas poucos meses depois de uma grande escassez de alimentos também têm maior incidência. Explicação: episódios de gripe e de pobre nutrição durante o 2o trimestre de gestação - período crítico para a formação do córtex. Problemas nesse período levam a alterações na migração neuronal, resultando em conexões inapropriadas. 20 Gêmeos idênticos: divisão do embrião ocorre até o 15o dia após a concepção. Se a divisão ocorre logo no início, a carga genética é idêntica mas placentas diferentes (exposição diferente aos conteúdos sangüíneos). Se ocorrer próximo ao 15o. dia, mesma placenta (mas lateralidade inversa). Gêmeos com mesma lateralidade: taxa de concordância é de 32%; Gêmeos com lateralidade oposta: 60% (mesmo ambiente - placenta). Assim, fatores genéticos parecem interagir com fatores ambientais pré- natais, aumentando a probabilidade de ter o distúrbio ou agravando os sintomas. 21 Para explicar a interação entre hereditariedade e ambiente, dois conceitos são usados: 1) gama de reação: as características influenciadas pela hereditariedade teriam uma gama de possíveis expressões daquele traço. Dentro dessa gama, a expressão específica dependerá do ambiente. Ex.: altura – qdo alimentação melhora de uma geração para outra, altura dos filhos tende a ser maior que dos pais. Porém, qdo alimentação se estabiliza, altura tende a ser semelhante às dos pais. 2) canalização: ambiente influencia mais os traços menos programados geneticamente. Por exemplo, desenvolvimento motor é mais canalizado para o aspecto genético que cognitivo (que é canalizado pelo meio ambiente também). 22 Influências hereditárias e ambientais sobre traços físicos Há fortes evidências de influência genética sobre traços físicos (aparência, peso corporal). Há, também, evidências sobre a chance de ter certos distúrbios orgânicos, como hipertensão, doenças cardíacas, artrite, úlcera e epilepsia. Influências hereditárias e ambientais sobre cognição Há fortes evidências de influência genética sobre inteligência geral apesar da influência ambiental, bem como sobre habilidades específicas. Estudos revelaram que QI de crs adotadas, separadas de suas famílias desde a primeira semana de vida, são mais parecidos com os dos parentes biológicos do que com os dos adotivos. E quanto maior a idade, tanto maior a relação com os parentes biológicos. Ou seja, a influência genética é ainda mais importante à medida que envelhecemos, atingindo uma herdabilidade de 80%. 23 Ex.: QI 24 Influências hereditárias e ambientais sobre a personalidade Alguns aspectos da personalidade têm forte influência genética, especialmente extroversão, tendências neuróticas, escrupulosidade, afabilidade e abertura para experiência. Características como introversão/extroversão tendem a permancer ao longo da vida, apesar de poderem ser moduladas pelo ambiente. Influências sobre distúrbios Vários distúrbios têm influências genéticas fortes, tais como esquizofrenia, transtornos de humor, de ansiedade, dislexia, TDAH, autismo, dentre outros. Ex.: no autismo, taxa de concordância é de 23% entre gêmeos dizigóticos e 96% entre monozigóticos. 25 Questão importante Relação entre genética e ambiente é interativa, e não aditiva. Ou seja, não é possível dizer que X% são fruto da genética e Y% do ambiente. Herdabilidade diz respeito a uma estimativa numérica, em uma determinada população, correspondente à variabilidade resultante da genética. Através do aconselhamento genético futuros pais podem receber informações sobre as chances matemáticas de terem um filho com certos defeitos genéticos. 26 Influências ambientais sobre a vida intra-uterina Nutrição: dieta escassa pode levar a bebês menos saudáveis, com baixo peso e menos ativos. Ácido fólico: falta está relacionada a problemas neurológicos, como anencefalia. Excesso de atividades físicas: declínio na freq cardíaca do feto. Ingestão de drogas: antibióticos, vitaminas, hormônios, depressores do SNC etc. Álcool: Síndrome Alcoólica Fetal – crescimento pré e pós-natal retardado, malformações faciais e corporais, problemas no SNC (problemas de sução, distúrbios de sono, de atenção, rebaixamento intelectual, hiperatividade etc). Nicotina: efeitos parecidos ao álcool. Além dos distúrbios, maior frequência de morte - pode ser intrauterina ou não (maior freqüência de morte súbita na infância). Cafeína: aumenta risco de aborto. Opiáceos (morfina, heroína, codeína): baixo peso, maior risco de aborto e morte, neonatos viciados (irritação, tremores, convulsões, vômito, dificuldade para respirar. Depois: problemas de aprendizagem, desajustes sociais). 27 Influências ambientais sobre a vida intra-uterina Cocaína: alterações neurológicas, dificuldades cognitivas e sociais. Doenças maternas: rubéola (até 11a semana): surdez, problemas cardíacos; Herpes: cegueira, outras anomalias e até morte; Diabetes, tuberculose e sífilis: problemas variados no desenvolvimento do feto; Toxoplasmose: danos cerebrais, cegueira e até morte. Incompatibilidade de tipo sangüíneo: anticorpos da mãe atacam o feto (aborto, problemas cardíacos, anemia, rebaixamento intelectual, morte após nascimento). Exposição à radiação: mutações genéticas; rebaixamento intelectual; aborto. Fatores paternos também influenciam – espermatozóides anormais podem resultar de uso de nicotina, álcool, cocaína, radiação, ausência de vit C, e mesmo idade paterna (Sindrome de Down é, em 5% dos casos, devida a anormalidade do espermatozóide). Etapas do desenvolvimento pré-natal Germinativa – primeiras 2 semanas de desenvolvimento pré-natal, caracterizadas por rápida divisão celular, crescente complexidade e diferenciação e implantação na parede do útero. Fase embrionária – segunda fase da gestação (2 a 8 semanas), caracterizada por rápido crescimento e desenvolvimento dos principais sistemase orgãos corporais. Fase fetal – etapa final da gestação (de 8 semanas ao nascimento), caracterizada pelo maior detalhamento das partes corporais e grande aumento do tamanho do corpo. 28 Etapas do desenvolvimento pré-natal O crescimento e o desenvolvimento, antes ou depois do nascimento segue dois princípios: - Cefalocaudal = da cabeça à cauda - Próximo distal = do centro para fora Assistência pré-natal : pode detectar defeitos e distúrbios, especialmente se iniciada cedo e com mulheres em risco, com técnicas que avaliam a saúde e bem-estar do feto e da mãe – ultra-som, amniocentese, embrioscopia, amostragem do cordão umbilical entre outros. 29
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