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Erich Auerbach, Dante poeta do mundo secular comprimido

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fatos e aconteci$ 
substância para a 9 versos da Cornrned~a 
L >* bach a capacidade4: 
extraordinariamente ' 
e salientar que este poda 
narrador, do artista - 3 
L h@ta e o filósofo ne w tyoh., ai33 Mimedb: 'A obra,di 
e a ~ n c i a cristq 
,: $mp e r demtruiu, na mesm, 
' , 4' f 
DANTE 
POE'IA DO MUNDO SECULAR 
ERICH AUERBACH 
DANTE 
POETA DO MUNDO SECULAR 
'Ifadução de 
, Raul de Sá Barbosa 
Nota sobe a tradução 
se intitula, em alemgo, Dani 
(192% Dante comopoesa do mun- 
de Gryter, Berlim e L&&. O tm- 
dutor da University of Chicago hss , Rdph Manheh, usou . 
a tradução de Carlyle-Wickstoed de La D&&w Commedia. 
%ata-se de uma edição da 'Zknple Classics md M o d a Li- 
- brary, com altera- "para reduzir Q ,. niunero . ,. de arcaismos'. 
Alguns dos textos, pelommpo nogvo, f o p refeitos de fond' 
en comb~e "Ehmbém o$ metiam, 'de I&:&ttrou de cm- 
temportlneos seus, tanto italianos quanto pmvençais, foram rs 
traduzidos pua o inglês. Por coerência, e a fim de fa&tg a 
consulta, as notas e referências bibliogdficas do autor tive- 
ram sua forma mista. 
s, para o livro, da americana (Chicago, Illinois, 
'H&$ av+p<úxq, Galpov 
O cariiter de um homem é o seu destino. 
_.." I - 
Introdução histórica. A idéia 
do homem na literatura 
e sofrimentos que eram inteiriços, consistentes. Na mente f&- 
til do poeta, um ato revelador da natureza de um homem, ou, 
. ki&& qae a d&~':cte iim Mvíduo C arte do asa 
-esse o insight contido na máxima de Herhclito [He 
d e a ~ o m e r e 
críticos se preocupavam com a probabilidade e 
, - Foi a coiucibcia disso que permitiu a Homem perceber a es- I t r u t w ~ o : ~ l é criava um p e r s o n ~ m - ~ q ~ l l e 8 ou 
Ulisses, Helena ou qeaélope - inve-do, acumulando atos 
1 poder-se-ia dizer, dessa n a t ~ z a ~ t a l como manifesta emeum primeiro ato, se desdobrava natural e inevitavehnente na soma 
. e sequência de atos análogos, em uma vida que tomava deter- 
minado rumo. E ficava presa na meada de eventos que, soma- 
dos. camooem a & m. hcm&w também o seu destin~. 
kleitus de gfeso] posta como epigmfe deste livro) 6 aue pcr- 
--- - - . - - - - - . vi& real. E M o m s referimos, aqui, L htmmte, ao -?que dgms eritkm da Antigiüdade lou- 
l&ktmssimilhança 96 ocorre ao ldwr m a reflexa0 sub- 
s e q a Para os aritigos. a n d v a & -to fabuloso ou 
mirificd nqcesãtwkuhente ir 
de urna"coh pode~ser~tionvincente 
tenha s t ~ o vista. e independenkn 
não verosSimutNbs nos lembr&inos, p q ,éxempTi de tuna p- C 
vura de Rembrandt que representa g c& de Entiitb! @&tt;a-se 
arra contos de fada. E 
, OU constancia, das &íí 
l 1 
I 
1 
I 
ca em que se encontram, isto 6, pe i 
sim e dgido e p o h em cor e detalhe. Resiste 4 c o w ç ã o 
~ c a p 4 w l , emb- se ~gcipi te ao encontro dela. %do o que 
resta,$ele 6 o que nele é mais ualwn,d,w homem. em mar- 
chapaia seu £ipir~pmkterminado, a desperdiw-e exaurir suas 
~.es;ervas ,de energia -vital, já incapaz de dar fruto. 
Mo 1 l W % o sofista, 9 caráter perd-a unidadg. A 
an&e psicológica e uma derpretação racional dos eventos 
cihmm wpoder cwi t ivo do destino. A forma da tragé- 
$i%+&i pmsewüdai. apppas g&~ 9 aj@a de expedientes t&ni- 
eds:.rpuitas vezes um enredo dhrár io , vazio, e mecânico con- . 
trWpa &maneira irri- ,c* uma sutil percepção psico- 
mesmo tempo, açomédia, com sua observação e 
idt&h'da vida cotidiana2 suas Cancat.uras racionalistas, justas 
ou hjusias, die tudo o que& incomum, começou, se bem que 
c- altps e baixos, si apoh por parte do públicoescla~ 
&$&-.e a desacreditru a n q ã o de uma unidade 
=&r. C' L--- i .? 
j. < 
- cwaa. ~ituq$@~quehdo Platão elaboro; &a & c 
da arte imitativa. Piatãq desprezou seus prbprios sentimentos "* 
da reaEiQade sensível e'sm próprio talento po6tieo q na. @@ 
u 
cmqwpção de uma utopi~ estrita e pura, .awhnou a e m w b 
i-& des pela arte. Os resultadci de s i l i l* - 
gq rpeditaçb s o b r e s n t o estão excostos no livro d a 9 
17 
4 
discussões se transmuda numa obra de magia, cu& cor sensó- 
ria se funde, em qualquer mente receptiva, com ó @ma em dis- 
cussão e parece tornar-se uma coisa s6 com ele. É falso-e, na 
ficou impressa na mente das futuras g&aÇões. A pmepçh en- 
'1- em termos de aparência, da mais manifesta percepção 
dos sentidos, parecem, ao mesmo tempq, estar sendo pesadas 
o uma arte de medição rigorosa. 
19 - , 
nca poderia ser mais quejma cópia -, esse mesmo 'proes- 
O prímeiro passo importante 
arte da teoria das Idéias t a estética 
no desenvolvimento histórico da 
menos significativo que a própriaJeo 
>: 
A matéria, segue-se qma idta@o artística $mais 
formada que seu _m_od&. .empMco e, portanto, sbpqiiDr e& 
Esses princípios, todavi&; bfo- apenas do insiat mdtsriril 
)qpara a oaasião individual, não de participação em Sua esseri- 
lcia nem do processo, que Platão deve ter experimentado, de 
,- ?deixar-se perder na realidade e de reencontrar-se em seguida. 
iAristóteles n50 prbc- sondar a parte de atualidade no sen- 
tido fdosófico que resiste h formulação racional, mas rejeitou-a 
por não ter nem lei nem objetivo. A seu ver, o que não podia 
ser explicado eem-era contingência, a inevitdvel resistência da 
I' matéria e,-como tal, ocupava o nível mais baixo na ordem me- 
l tafísica do universo. Comparado ao dualismo dos 'dois mun- 
dade acontecente; de modo que o poeta tem de criar uma ocor- 
r ê n ç m r i o r à ocorrência real, e a tragédia deve apresentiit 
21 
. ;*w rf&9$w..*,,fl 2 , = r . . 
e, ,*: :$;E$# &idc , r . 
j '1 
- 
1 
-- 
quente, marcando um limite que a pdtiça dos antigos jamais 
ultrapassaria. A única exceção d i m .de nota é Platão. Basta 
lembrar a cena, tão cheia'de significa&, do fim do Simpo- 
sium, na qual Sócrates pocura expkm arAgatãQe.a Aristó- 
fanes, ambos a meio adormecidos;. qqkq~nwsxn~ aqtmma, 
ser capaz de escrever ta@^ comédias quanto tmgácSiwT - 
Uma negação xacionalística do destino 
valecente na Antigüidade, de Aristlstelers gw 
nismo e das religiões de mistékios. B isso t 
'S . 
B 
i". 
-. 
, da não confia em '- '{L 
Vu$&eggp~ causa do; perbdc? ele viveu, 'classiçis@', 
à m q h consmqia 
timento e, h a de 
-tos da epoca consideravam uni favorit~ dos deuses e viam dum 
g a especie de carinho temeroso, combinava um ~roEundo a 
ga solo italiano com o mais alto saber do seu tma(r E s s 
dois= a tal ponto combinados nele quequeosg! 
tradicioqalisrrao rurai pai'ece ser a auintessência d ~ ~ - c u l , t p s , 
r- e sua cultura da uma impresa&~ .abil: @&@@&&& 
dvomda de una nova era -6- 
r<. 
i I. 
i I 
I I 
I i or consistência. : O d m # q s . m ~ ~ s , em Via; C- mero instrumento da , - 5 
I 
C < I .- 
:A 
Jesus. &r outro lado, desencadeou um movimento que, >-%, 
. . . por sua própria natureza, não £i-k~wameate es~w -; 
tual. !kuS seguidores, que reconheciam 11'61s Q. Ii@&u, espe- ' 
- 
mospouise ao fim hesitante ou hostil. Os grupos dirigentes jun- 
taran forças contra ele. Viu-sq entilo, obrigado e esconder-pe 
h noite fora da cidide:e, nesse r e w q acabou traído por um 
0.w seus, preso no &o de discipul~6 confusos e vacilaktes, 
apresentado ao Saqhedrin. E agora vem 0 pior de tudp: os dis- 
cípulos se desespersim - . .- V e fogem, E gedro, a raiz e cabem eterna 
da cristandadq qnega. si), ele enfrentou os j&ces e sofreu seu 
ignominioso martírio, enquanto se perdia mttltipfip zom- 
t 
mais c@ceis de superar: resisténcias~~@e+ par ins%gdfimtcfs 
que fossem neias mesmas, e m &pen&\re~ios fdtores p6- 
iiticos e táticos que favoreceram a acei tam~di cristianismo 
por estarem enraizados no elemento mais com- 
t-yreza de ipovo , a saber, sua m e n t a ç ã o semikittdi m e 
d o aparato do dogma cristão era muito mais fai4Wenflb,. 
muito mais rapidamente, adaptável que o espírito dos aco& 
cimentos dos quais ele havia derivado. Mas antes de entrar- 
mos na histófia dessa mudança e dos fendmenos que produt 
ziu no curso do tempo, vamos procurar descrever a natureza 
da mudan . 
*ria dia Cristo 6 mais que a p a k i a do logar, mais 
do que a manifestação da idéia. Ne1a:a idéia é sujeita ao ea- 
cáter problemático e ii injustiça deswwmh db;a-] * 
t-o. Considerada in se, isto é, sem a vit6ria póstuma 
no mundo - a rigor, nunca de todo atualizada [no sentido 
 corno simples história de Jesus Cristo na terra por- 
tanto, ela 6 tão desemeradamente temível que a certeza de u q 
.&,++..5> ;f;&l,T;E,$ '5 - %: 6': i ' 
. ', * "? TA +.: . . 4.: .. ; 
- , r . 
, i 2'. 
,a-- 
tendo-se 30s sofrimentos da &;tu;. Ó dnma d i %da terxe-'a 
. . 
na ganhou uma dolor-nte nao- 
cltissica intensidade, p e l ~ f-ao mesmo tem~o, u ~ a 
abasedo- . . luta com o d e . A auto-ikola- 
; @o, a abn,egação,,q renúncia, diametralmente opostas ao sen- 
timento t i ~ ~ mtigw, jh nãa eram vistas como meio de passar 
d ~ 1 ~ -uwáv& e, tal como a ac&aç@ do destino terreno, 
falar de Jesus, sofre profunda hur$ilhação. O naturalisma na 
histbria do Cristo não teg parafelo.'Nem-os poetas nem os 
historiadores da Antigüidade ti 
tos dos povos bárbaros, a própria dautrina passou por uma 
mudança e ate a história do Cristo foi reabsorvida de certo 
u dtica. E a história 
29 
* 
I, 
t&h,dm.Ewag&lmz pmmímxm por 1- t e e irz&w. 
@as quanta os dos clássteos eram ig-nte incompreed 
uois pma PB bárbaros e estranho6 à" sua experi&&, r < eiW 
ârMncsli '> " ', r 
~ t o r 3 0 g r a f f á , dos primeiroe tempos do mos: 
ta amo a pemPçab da realiáade w n ~ pelo mes&r y 
n@ a& , - &4bt&da, Muitos dos ;d 
emMstas g6tioos-r0~41&&a& cb~f'r&i3i~os erâm absolutamen- 
te i~~ de &r conta dwa-entos que se desenro- 
lavam em torno deles no maior.tuma&a Os relatos qBe deixa- 
de refinamento cultural ou de qualquer sentido místico do des- 
tino, eram inca~azes de interoretar os aconte--p A 
t v vi-le~ são fazem se- rn&J 
quer a tentativa de ligar seu ponto de &a c m o material; + w t 
limitam-se a manifestá-lo de tempos em tempos, na introdu- 
ção ou sempre que isso lhes pareça conveniente. Mas em geral 
deixam que os acontecimentos sigam seunirso..(b cro&.a pode, 
até, abster-se de dar um registro histórico e apenas reinterpre- 
tar os eventos da maneira que lhe convém, em uma série de 
fábulas secas, didáticas. Autores de sermões e literatura reli- 
giosa eram, de todos, os que menos trabalho tinham. Nada 
se atravessava aí no caminho da interpretação alegórica e to- 
da sublinhar que, a despeito da & f e que cthham para 
expressar-se, ou talvez por causa delaj muitos dos autores dos 
séculos VI e VI1 reverteram ao estilo-artificial e retórico do 
No curso de um desenvolvimento extmna~lente lento, que 
, é difícil acompanhar, a(capac%EtEfde retratar a realidade sen- 
! 
r 
jwxpiritualizaçib . h x g i w d ~ @iimiito &-Egrqja e r, 
esfera st.&mnen@ Aigiosac Ela engiobu insíituit$es e moa- 
taimatqw q u ~ ' .r suai-&L: . 
prestar-se a têl bqinagb. 
- * As palavras tmubadour e tmuv&e 
mòar. 'achar'. 'comuor* Ptrovar3. fr. 
tana, çompmde a produfso em- 
ça, i.&, da regi80 ao sul d~ rio LoKe 
L1111ousin. GaicOmc Poiti,u Guyennc 
verpn; i8 do e 42 da 4 
verbete "Provença". vol. 17, p. 9386). 
langue d'oil. (N. do T.) !! 
?? Z 
provinha de ume peroepFHo dhetae segsm.E foi9 perc&ppâlo 
cpe deu ao* i d a - estreitamente relacionacio com 
a mistica do neop18toniSmo - da vida bban-f9ãsadp 
muito do ,que ara velho antes que pudese.ãs%mnir vi& p r b 
ente ligada m bnupbç ,, o nwwntu 
mesmo, e&-. 
Mesmo na sua fragilidade, porém, es&.eth 
timusque era para sef seu dom ao m d a Da 
> _ 
. - - d , , 9 , 
A *:bi*'" v;.. -L - ,*2-qZ4<,$1. 
L;&:# 2~<,>+,',?.; * - 3 , ' ' , ~ 4 4 2 r-r, . . 
do tmbrrr clw? as confissões em li-gem cifrada, os 
paradoxos passionais, para usar a.srpmsimfrase de Rudolf 
Borchardt.14 O penchant pelos jogos W&sg, eara&dstico 
de todo o espirituaiismo medieval, em 
e Cluilhem de Ritieu, o mais antigo do 
mira esse tom Mas só quando o &hos 
clinar, em Eeire d'Al 
idéia %geral inteligível passiva derPnt&p&a@cx Em uma foma 
defensiva, esotérica, como que por trás deA muros; eles 
conservam a forma secreta, ameaçada, da. O que era, 
primeiro, um jugo, e, depoiq uma 6ernoeiaep&&do 
ctg- umt e r k l j á muito rTip&'L .$I.@& fíng. a,&pres&%o do es- 
faq& 86 uma alma para subjugar; em dial6tica alegd- 
rica, o tormento da paixão. Mas a essa altura o tmbar clus 
rompeu a estreita moldura da esfera cultural da,E%wwqa. Era 
a :ponte para o &Ice gtii nama e E$m& .. * 
. , i ' 
. . .& 
!. , 
! '3 ;! p 
% J . ,.* :t4: ,?. 
- . :a . 
i5*:;:;7,:,,. 
4 r . , .,., 
" J 
i; '! 
i1 
A primeira poesia de Dante 
I 
os e,mUitas vem, tEm airid1~IOiqa &fldmtt 
fdW, o que o nov6 
t >J 
r . . > C 
ticagas corresponBências em 
entre poetas diferentes são po 
3kbs. Mesmo a opinião hoje prevalecmte.de 
vo e r d b a convencão ~Uramente literária ou .um -* 
ã lGÇa: na minha opinião, o-coração da matéria, enribmf-w 
eipiessão 'convíinção liter&riai sejai tomada muitas v e w 8i.w 
sentido tão lato que chega perto dO &o.- 
8&1dade~&dia, o'literhia não era sirh'&&ita aut- 
.%?&-*--... . , r - ? , - 
f n . +ir. a ser no- -)Qmore, sua fonte e princi- 
era um terrnó.d&cáráter religidsb. Mas-a inspiraqão reli- 
do stii nuavo não ém apends mística e sim; em alto grau, 
';s%bjktiva, Seus temas essenciaisder d w o r - ~ . . I 
-da e o &&o de Deus: seu ~ o d e r de 
Xicas. dneo~latÔn4cas- e averroi-s: 6. r>-- 
- macãa radical dos ensinamentgs da -- . . 
?ade?pros são vistos co - _ , , - !i;~ -5, Guinizelii escreve-os mais importan- 
'tes poetas do seu grupo foram Guido Cavalcanti (c. 1250-1300), 
,Dimte.Alighieri (.1265-1321), e ~ i n o ~ d a Pistoia (contemporâ- 
nea grosso modo, de Dante, morto .em 1337):-=NO círculo do 
4 - 
~ s t ~ ~ ~ u o v q Dante não representou, de começo, yma nova dis- 
:pqição de espirita Cavalcanti era mais original que ele, na 
a f$gneira de pensar. Em sua sujeição ao poder Amo% em 
,9' 
-5~mL,aag'erada sensibilidade esotérica; em seu ,estilo,sustenta- 
 pele era um seguidor .fiel de GiiinipeK? :L. ,? 
-A+$- . t " , F . - +-,.; , . r . 1 v: " -. - h < -. -,i,. *! k 
-- 
. * 2 
1 Ouido ~ a v a l c d era amigo de Dante, que p6s seu pZù, o guelfo Cavalcante de 
+ 
; w n t i s no inferno, mas fez-questão de avisar ' 'queImd~t~s' que seu t i o e s d % . 
ntdy. ("inferno1: canto^. 110-ili). wi&w ,I 
+,.,;.A 
' . 
, @li*& 
t 
-, 
r , .. 
A.3' .. 
. , A 
.'. J $y:"<- , 
: A$:& : $8 ; 
., Tt 
., 
h + V % . f ' 
,A , j-'v , 
I C * 
'Mas desde o primeiro dia, Dante era uma voz nova, uma 
+ voz humana, tão rica e poderosa que nenhum dos contempo- 
<.-.r , 
: râneos o alcança, sequer em parte, no que diz respeito a poder 
de sugestão. Não há dúvida, a meu ver, que Dante exerceu tal 
poder desde então, embora apenas no pequeno círculo dos seus : 
jovens companheiros, cujas mentes estavam abertas a coisas ' 
que tais. Em Vurgatbrio" XIV, 21, Dante não deseja dizer ' 
seu nome a um homem de Forli, morto cinquenta anos antes,'- 
sob a alegação de não ser conhecido àqúele tempo, de modo: 
que o outro não teria ouvido falar dele. -e.* 
. . . 
ou- r 
tras indicações têm ainda maior peso que e s ~ . Cavalcanti, que ., 
por seu nascimento, posição, e intelecto era o principal lumi- ' 
nar do círculo, e que era também muito mais velho e muito 
mais influente que Dante, reconheceu nele, imediatamente, ynaalma irmã e um companheiro, e seu amor e admiração pbdem 
ser vistos mesmo no soneto em que abjura amargamente seu 
velho afeto por Dante: 10 vegno i1 giorno a te idnite volte 
(Venho a ti, todo dia, um número sem conta de ve~es).~ Já na 
Hta nuova encontramos referências à opinião que esse circu- 
lo tinha de Dante. Por exemplo: quando um amigo lhe pede 
que escreva sobre a natureza do amor, avendo forseper l'udi- 
te parole (a canção de Dante Donne ch'avete) speranza de me 
oltre che degna6 (tendo, talvez, por causa das palavras que 
ouviu, esperado mais de mim do que mereço); e a famosa alu- 
são in I1 convivi0 I, I11 ao mòlti che forse chèper alcuna fama. 
in altra forma m'aveano imaginato7 (muitos que, possivel- 
mente por alguma coisa que ouviram, fizeram uma ideia falsa 
de mim) pode referir-se apenas, essencialmente, ao seu reno- 
me como poeta. Em um dos primeiros cantos do "Infernons, 
ele faz com que os grandes poetas da Antiguidade o recebam 
como um deles - coisa que ele seguramente ele não se teria 
permitido se houvesse perigo de que o leitor achasse isso ridí- 
culo. O mesmo se aplica à transparente alusão no discurso 
@.,merisi da Gubbio.9 Essa consciência do seu prbprio valor 
e; na verdade, toda a atitude de Dante são as de $im homem. 
44 
cujos primeiros esforços juvenis d 
neos; que, desde o começo, foi vi 
por seus companheiros do stil nuovo. Ainda mai 
dessa atitude e do seu sucesso como jovem s 
Divina Comédia nos quais os companheiros mortos, 
juventude o saúdam com o mais célebre dos seus pr 
versos; os encantadores encontros com o musicista Caseilall 
e com o jovem rei Carlos Martela rememo 
Florença em que os versos em questão foram aplaudidos pela 
primeira vez pela jovem elite. Até Bonagiunta da Lucca, um 
poeta da geração mais velha, que vira com desaprovação o 
dolce stil nuovo, o saúda com a primeira de suas grandes 
canzoni: Será você, pergunta ele, retoricamente, aquele que 2 
escreveu, no Estilo Novo, os vasos que começam assim: Donne <i 
.i: 
ch'avete intelletto d'amore (Mulheres que têm a inteligência 
. ,- A! 
do amor)?'2* 
Vamos comparar os versos de Dante jovem com os dos 
seus contemporâneos para termos uma ideia mais clara da qua- 
lidade da sua poesia. Comecemos com o mais conhecido poe- 
ma da Vita Nuova, o soneto XV sobre a saudação de sua don- 
na.'3 Que reza: I 
3 , 
i6nto gentil@ e tanto onesta pare 5 
La donna mia quand'ella altrui saluta, 4 
ch'ogne lingua deven tremando muta, . .4 
e li occhi no l'ardiscon di guardam. 
Ella si va, sentendosi laudare, 
benignamente d'umiltà vestuta; 
e par che sia una cosa venuta 
da cielo in t e m a miracol mwtmre. "4 
Mostrasi si piacente a chi Ia mirai 
che dà per li occhi una dolcezza d core, 
che'ntender no lb può chi no la prova; 
e par ch.e de la sualabbia si mova0. 
, j I , 4 , , , . . - 1 , 8 . , ' : : 7 v , 7 , * . . <<h 
, . 
, ',i. e , ',C*' ,r . .,V' , . . , , I . . 1 , ,)? .> * -m 
* e a c o ~ i d a ' m & a ' ~ ~ a . ~ & & d ~ & & , 
p. ai), In Un'w 'bpim&o, Ri~i+Jq&a W. ,- ?@me {do 
* 
f b , , . P 9q@P8flkit0 soave pien d 'more, --fia va: dicendo.~ 1 'anima Sospim* @L?.-. "::i autoria de Guido Guinizelli temos o mesmo tema em ; ié3uas versões.difetentes. Na primeira, ele o encadeia com a lau- 
das amadas em geral [e da sua em partieular]:l5 
- . t : . 
"Voglio de1 ver la mia donna laudare 
et asenbrargli rosa e 10 giglio. 
%2 come stella diana splende e pare E"-. +-, - e zo chgè lasù bello a le' soniglio. 
e ,<. verde rivera me resenbla, l'aire 
tutti coluri e flor, urno e vermeglio 
oro e azuro e riche zoi per dare. 
&# medesmamente amor mfina meglio. 
Passa per via adorna e si gentile 
cha sbassa argoglio a cui donna salute 
e fal de nostm fe se no la credc 
e non si pro apresare homo ch'è vile. 
amor ve dico c'ha mazor vertute 
nu1 hom po mal pensar fin che la vede."** 
No segundo soneto, descreve o efeito da saudacão sobre 
"Msw bdo mdsu e olh8ramüii í, qtwnc.lsnçs quando a eepeotcq 
sara: / ~ a m o r r n e d t a c Y n P 8 d o / t * ~ e , â z d o r r a d 
e non si pose Sn .noiamte sdute, c . , 
' che pmpriamente m'rrvh r a m ~ m m . * , .. . , 
.L,&, -. 
@.que nos impressiona bw à prhmhy9stsu qam& con- 
vi&-! éque Dante-sdimitou a des- 
podvei, a wudw$o e seios efei- 
e,os deib.Guidm nos~oferamn, ao 
Q.p&eiro dos sonetos de Gui- 
deobção de WnHÒ: voglio de1 ver 
Ia mia donna laudare, Tudem. lista de metáforas 
que não pammn pfogmb 
simplesmente alinhar-se pwa üm-efdto amiitatimi. A sauda- 
ção é apresentada como um ndwi tema qutxeoroaio conjunto, 
mas não &vista como siaia aco n&chmmta. Grunizelli parece in- 
teressado apenas em p6r em relevo o aspecto miraculoso do 
o que fêz de aaaeiFa na;ntsdqgaat% arrolando os seus 
efeitss. Sua decIâraHo, ,porém, é por demaispqfeita, coms 
se ele falasse de fatos dernonstráveis. Na terceira linha dessa 
secção, décima primeha do soneto, ele j&:&egsusuma tal in- 
h n s i ~ e c- o v e m por dmaiponsbdso sobma conversiio 
que ws poucos versos remanescentes se vi? abxiga8o. a fazer 
dois novos começos. m t i m n m t e , o segundo -de Gui- 
niaelli tem muito maior unidada Mas.aqui também ele não 
6 interessado no evento, só no sezl \efeito draCuls;m, que 
de novo esgota no segundo verso com ;a grosseba palavra an- 
cide; o resto do poema & uni c o i n e n ~ - s o k essa palavra. 
8 primeiro termo 1x2s s-de wm 8 bela iisagena da tem- 
pmt.&de, que continw at.60 *:do ppema: Da obra deGuini- 
esqa é uma das nmkhla's Msagens que ch@aram até 
Demonstra claramente anobreza a mteatEcidade de senti- 
que vem atodos muruni qm faz tmwrde luz o pt em tomo; que traz 
ente) aquem nhguh-seCat.Pevey. mae ponquanttoda gente 
a wfazjuq C subida fi-tá-ia n8o vou, nem ssbb 
de rehwão j8 nos foi dada ,'ma de conhê- laprop~ts ." 
shel, .Data h ~ u n m l -i& *jo& da r&tew~h&e a:wtisit 
aparentemente' &ueee seu- ef& ~p&m&,~'isl qw 9fn C b i & 
zeiii é ainda frio e dogm&tico. E, todavia, o soneto em causa, 
tomado no seu cot%jim@, a&~~é..eiBli dos ds,bmi~eeiicEos. 
Fica prejudicado pela apóstrofk do meio (aiutatemi d o m , 
[a@dmlfne sènhofae]k mm mt~hb;qiqt~ é~:$szh& Bóapiírczes, 
Budâ em esperança 'anag&gicay, enquanto que em Guinizelli 
& apenas uma declaração que surgiu por assim dizer aciden- 
talmente no fim do poema e que não nos transmite a sensação 
do prometido engrandecimento.21 
A grande cumone da qual estamos falando é altamente 
instrutiva em ainda outro 'respeito. J$ mencionamos o 'feiti- 
ço' que, no final do soneto da saudação alcança seu ciímax 
e se rompe com a palavra sospim. Além de agradar quem o 
escuta e conquistar sua aprovação, Dante se esforça, em qua- 
Cmnzone I. (Nr do T.) ' . I 
52 
I Demóstenes,ot pà t o k k Map&w(Não, não 
em Maratona.. .), sempre lembrado por 
de emular a eloquência grega. Preces cris 
cias [no sentido religioso] deram vida n 
creio que se pesquisará em vão a literatura 
Média em busca de uma apóstrofe com o mesmo podero 
cinio dessa. Mesmo os poetas provençais, que por vezes 
pregam a apóstrofe no começo e na tornada* de suas gra 
canzoni, quase nunca tiveram êxito. Para Guinizelli o recur 
era desconhecido. Ressurgiu com Dante. 
Seu primeiro soneto, A ciascun'alma presa a gentile co 
começa com um apelo enfzíjico à eleita do 
que é, aqui, um convite leve e gracioso, logo se torna 
ou intimação. 
O voi cheper Ia via dymorpassate [soneto 11: 6 vós 
na estrada do amor passais] - Morte villana, dipietè 
[soneto IV: 6 tu morte vilã, 6 inimiga] - Piangete, 
poi chepiange Amore [soneto 111: Chorai, amantes, 
chora Amor] Donne ch 'avete intelletto d'amore - 
[d damas que entendeis tanto de amor] - Voi ch 
sembianza umile [soneto XII: Vós que trazeis aspecto de hu- 
mildade] - Se' tu colui c'hai tmttato 
ni chepensosi andate [soneto XXIV 6 
sativo]: essasapóstrofes, contidas nos primeiros 
mas da Wta nuova, mostrarn o poder sem pre 
de Dante: a magia que eles suscitam é a da ips 
ta, e os que forem apanhados na+ua sedução 
nhá-10 até que o poeta os libere. Essa forma d 
pode ocorrer no meio do poema; e o sentido da Última pw 
vra, sospira, no soneto da saudação, fica evidents ao observa- : 
dor mais desligado, o que não acontece com o ciascon sasp* ' ' . 
do soneto de Cavalcanti aqui reproduzido. Outro 
sonho que é narrado na canzone 11: 
I * Chamavam-se tornadas na poesia pmvençai as stffnzus menores c me arrematar as composições. (N. do T.) ** A toda alma gentil presa de amor (Dante, Vida N o v e V k Jorge Wanderley, soneto I, p. 245). (N. do T.) 53 
i 
'!i- -'. . udibe il. nzgio&@F~i.h'e nd mio core...u*"'. 
Rríamos de copiar uma centena ou mais 
média se quiséssemos dar uma idéia da sua 
trofes. A lista começa com o discurso a V 
Virgz7io. .. (És tu aquele Virgíiio ...)* e 
a são Bernardo {Bernard de Clairvaw], no último canto** ou, ' 
se preferirmos, com o O luce eterna, do verso 124.*** 
Comando premente ou súplica suave, prece das mais aflitas 
ou apelo confiante, desafio ao debate e saudação amical, a ale- 
gria do encontro com um velho amigo: tudo está representado 
nesse rol. Aigumas dessas apóstrofes coroam uma demorada pre- 
paração e saem num jorro de muitos versos fortes. Outras con- 
sistem apenas numa interjeição: Deh.. .27 (Ai de mim! H&!),. 
Já vimos que na pqesia mais antiga de D a & o evento con: 
creto substituiu a retórica na qual, GWefí i , ~ r & s % a está- 
dos de espírito; e que Dante pareCe &,s(i . qhd*20 - .& - que 
sente mas também lançar uma espécie de h u r o . 'Mas esses 
não são os únicos motivos do poder da sua &i. &4't&nbérn 
algo inteiramente novo na estrutura da frase em Dante. Nãc 
podemos ainda, neste passo, descrever isso por miúdo, ma 
cumpre pelo menos adiantar que o pensamento é tão articula- 
do que se faz melodia. Se, lado a lado com os poemas do stil 
nuova, nos pusermos a ler algumas das mais célebres canções 
provençais, tais como Can vei Ia lauzeta mover (Quando vejo 
a cotovia voar), de Bernard de VentadourZB****; a alba de 
* "Inferno", i, 79 (N. do T. ) 
** "Paradiso". canto XXXIII. 1: "6 Virgem-Mãe. 6 f&a do teu Filho./ mais alta 
e humilde que qualquer criatura, / dos et&nos desígnios termo e brilho!" A Divina 
Comedia, tradução, introduçSo e notas de Cristiano Martins. Editora Itatiaia L i - 
tada, Belo Horizonte, 5: edição, 1989, p. 556. 
*** "6 luz que nos atrais tao fortemente, / que abandonar-te por um outro efeito 
/ jamais a quem te vê náo se consente!" (Idem. ibidem), p. 560. Nessa traduçSo bra- 
sileira, o verso tem o n? 100 (N. do T.) 
**** Bernard 'de Ventadoura deve seu nome ao castelo onde seu pai trabalhava como 
padeiro. Nascido em 1148, viveu sucessivamente nas cortes de Eleanor (Aüénor) d'Aqui- 
talne, em Poitiers; Ermengarde de Narbome; e Raimon V de Toulouse. Morreu na aba- ,- dia de Dordogne, a que se recolhera. O diabo, depois de velho, se faz ennitâo. Era tido, 
universaimente, como o maior dos troubadoum. A chatwon citada (prov. cawó) &a nw$ 
famosa das cinqiienta peças de sua autoria que shwham. Dante se inspirou e 
o canto XX do "Ruadiso" quando se refere à cotovia (aHodetta = lauzeta): 
allodetta ch 'en areslspazia/Prima cantandq epoi face contentq / Dell'ultr 
zo che Ia sazia.-" CIgl a calhandra que, a voejar, desfia / 
silente, / se queda, como a fruir-lhe da harmonia ... (A Di 
Cristiano Martins, o p cit.. "Paraíso", canto XX, 7345) 
do gênero cotovia. A cotovia da poesia inglesa C o skylarlc 
55 1 
já mostramos, Q que. ss poemas de Date pW8m m ~ t & 
um sentimmto ou dema ideia que de um &n 
não é .s6. isso: para i h t g o s l ~ ~ h ~ 
nàotit(k rehcionado mnl n, m o mas *fim0 -- 
criqãa da. bntiiçtio. da Ifaileeida; uma mensagem &L, enfia6 
um sertimcnto de eknmtos :diwrsos. Msia;qursnd~% espídW 
. ; . 
8- versos .iniciais, 
w9 Daate&a$~u esse tema uIiga &h vez na sua fama a 
5 
y.l..I.Ikmodo queaunidade dapoeaiadapriineira fase de Dari- 
1 @-mais @dente ainda em ou- ptmnas, com teglas.mh con- 
elas operam. Estão vivas, têm forças radiantes, Querem poder 
não falar de addação intelectual. nEo lhe bastam. 
1 
e x p & ~ a q ~ ~ w ~ - ~ w q u e & ~ 
tas @@O pm&d&<te-a esgWg$l&'óo.pak&fde sirota- 
peribiwdi\t lda, a W 4 g o r 
gim, zizdíb' =o que seecfaci~nava, 
r a ç8 .as & m t l ~ f 4 n W s e + e $ ~ ~ a ~ m&da que %ia &. artes 
C rn ni*&=uwm.pe"ha~ae-m eíztdacvea rriaisitfim- 
@de&#&;' S U W d & I G @O&&- 
'- &-#q$ditalb iseo,'Ha,-Y*Nir& 
vala fpei6tiw h&g@hdentq -mm p b 
au p a ~ G ~ i d M ~ ~ M c g ~ 
viama a t e n W z 8 ã ò 4 ~ l f ~ u ~ t % j b ~ swwsa&hx& sew 
n2k,6tsp98aapW&bj 
a o m m e b n p b tl89:pgfaQad 
. Raawrs,wz~s.sé;u*n&* 
obst -w@ae- . .*:-&* ramt* 43 
~ c ~ ~ ~ , , e \ timncb &h b&xx&st& % jei&mis3s a@& 
taúiiq etPo&gcratwaao wiciarsaote maasphtd l k ~ ~ . a b s ~ i mínio da realidade, que assusta e afastaeos cgntempor-' i.& mais ve&os do pqcta. Mas por sue insis , L sin@-@r&'j$ &~,"sij*i;jof isy$ ;% 
i de sentimento pessoal, o poema dantmm-tmhd runznr !. 
algo inteiramente novo, e, por fim, a despeitòdak3 
danças fntenipstim e parabmis de sentim&t@rà 
veis apenas a uns pouco&; alguma coisa muito máT8 s 
Prwisaníos awnsls 'ler suas f w s wrne prosa: nnto 
e tanto onastkz pam I@ ddnm mia,quanlfo d a @ltrui 
ch'ogni lingud ' d m n #marf&l muta õ li 
di gwardare.*i Ou: E pewM, me ricorda ch 
doma, nzentm che vivia, donne gentEii, volentier con vari, n m 
v01 parlare altrui, se non a cor gentil che in donna:Sia39** Íse 
so C claro e simples. Acresce que os versos fluem mesmo quando 
atentamos neles e ainda mais quande'os escutamos. Isso esta-r 
va fora do alcance de W&lli. RIO fata de empilhar idéias,? 
ele se via obrigado a &P umas largadas a,cada'passo. As- 
sim, repetidamente, a caudal do sentimento ficava bloqueada;^ 
ele toma novo fdlego, mas depois de umaspoucas palavras es- 
taca outra vez (para observar isso, basta ler rim de seus p o e ~ 
mas depois de ter lido Dante).;Com tod& ã sua trdnspare 
simplicidade, os poemas de Daixte têmltftl~ ritmo poderoso, 
movimento natural ininterrupto de dentro para fora, que não 
sevia désde a MgSdsrde. A hip&o que descrevemos aqui, 
aindaaais que os outros &pedes que já 
mente msoíid, p-ue suas motivações 
inconscientes ,e invol~ntáti&~ 
eles. Nepli oeekiporta l"g mid d m n ~ Amom, pw che si 
til ciò q&'eiI~p mim:* (~'Tlbnto 'amor W a a olhar a 
amada,/que quem a vê, de vê-la se enobrW').- Havm 
mais clara e simples? Um nexo quase casual e didático, 
membros de igual peso [na orapãoy,. o&& palav& firme 
- i 
%to 6 gentil e táo honesto é o ar da minha amada. no saudar conti 
língua tPanezmud&da, e o& O- não se ow& l-. ( V i Naw 
trad: de Jorge Wandwiey, op cit., So1etb XV, p. 287. ' 
** E lembrando que do,falM j M s dü íninha uthadii 
v 6 8 , g S d a m a s ~ a B o e a ~ ~ ~ a q ~ W 
ibidem, CançHd,IV, p 66). 
'~ iq i s definidos, f a v d a um -&@~~a,q@$mwm{q for- 
' *mai de relas$es con , não 
~~seatirnento, que P- 
. mas, ma8 da realidade da e x p e & @ i @ i $ ~ ~ Awb& a ra- 
cionalidade deles é espúria, , e fantástica. Seu prb- 
-9ewf93p43 
ursoMPa@nm@I 
t a K!!f? B ~ G ~ % - & w 14@9@8#2r@&&W C b ~ 
~ ~ ~ w . p ! m ~ n . r , ~ ~ ~ ~ t t n ~ ~ ~ 
tate maiorem, quicunque in exilio tabescentes patriam tantwn"~", 
Sompniando revisunt (Eu, que ganho de todos em cornpakh 
choro por aqueles que no exílio s6 vêem sua pátria em sonhos), 
Mas há, ainda, o estilo culto e elegante dos que têm uma tintura . 
da retórica, por exemplo: Laudabilisdiscretio marchionisEstensis 
et sua magnzpcencia preparata cunctis illum facit esse dilectum 
(O louvável discernimento do marquês d'Este e sua generosida- 
de fazem-noamado de todos). Há também um outro estilo, igual- 
mente culto e elegante, e ao mesmo tempo elevado, empregado 
pelos estilistas ilustres, por exemplo: Eiecta maximaparteflo- 
rum de sinu tua Florentia, nequicquam Enacriam Totila secun- 
dusadivit (Depois de tosar de teus vestidos, 6 Florença, a maior 
parte das flores, o segundo Totila [Charles de Valoisj foi emvão 
a Trinacria [Sicília]). Esse tipo de construção 6 o quemnsidera- 
mos o melhor; e, como dissemos acima, o que procuramos em- 
pregar quando tratamos das coisas mais altas. É a constru$iio 
usada nas mais nobres canzoni, como aquela de Giraut, Si'per 
mon Sobretots non fos.. . (Não fora por meu Úqico Amigo. ..) 
(Seguem-se mais exemplos, todos tirados de canzoni provençais 
e italianas. Depois, Dante continua): "Leitor, não se espante que 
eu invoque tantos autores. Porque s6 com tais exemplos pode- 
mos indicar o que consideramos construção da mais alta quali- 
dade. E talvez fosse ainda mais útil, para acostumar o ouvido, 
ler os poetas que sabem construir suas frases, como Virgílio, o 
Ovídio das Metamorfoses, Statius, e Lucano. Bem como os au- 
tores de excelente prosa, como Lívio, Plínio, Frontinus, Paulus 
Orosius, e muitos outros, cujaamAve1 solidão nos convida ii lei- 
tura. Que os devotos da ignorância cessem de exaltar Guittone 
d'Arezzo e alguns outros, que jamais deixaram de ser plebeus, 
tanto na escolha das palavras quanto na construçã0."~3 
Eduard NorderP4 cita essa passagem e, não sem razão, jul- 
ga os exemplos de estilo citados com severidade. A naturalida? 
de e a simplicidade são ai condenadas, diz ele, ao passo que q 
linguagem artificial e bombástica, defendida e legitimada. 2: 
remos, pordm, opinião diversa se considerarmos que, ao esqu- 
ver essa passagem, Dante não pensava na prosa latina maqm 
poesia vernáçula no estilo alcandorado; e que, desse pm.@ . 
5 .. 
ramos as canzoni que ele cita- 
vação. M a s pertencem à tend 
com a 'dialética do sentimentoy. ?Blvqz 
sa semelhante em mente quando, ao 
realçou o elemento clássico nas 
a antítese de clássico e rornânti 
com prudentes restrições, me parece i 
XIII e XIV. Não é de todo acurada e 
entendidos. A dialética do sentimento, que é o elemento 
-- nessa poesia, é muito mais romântica que clássica em inspigm+ 
wi 
. ção, e, a exceção de Dante, nenhum dos poetas tinha aquilo aqiiie 
eu chamaria o elemento clássico. Dante se encantou com o ex- 
cellentissimus gradus constrwctionis que encontrou nessas cun- 
zoni. Vossler as chama 'peças de exposição> que põe em contrstâte 
com as que "nos afetam não tanto por sua arte quanto pa seu 
espírito e, acima de tudo, pelo frescor natural e simplicidade de 
linguagemYy.46 Esses são os poetas de sentimento direto e com- 
posição quase puramente pré-intelectual, que "cantam como os 
pássaros cantam" e que Dante não se digna mencionar. e certo 
que Giraut de Borneilh, Folquet de Marseille, Arnaut Daniel e 
os demais poetas citados por Dante já não cantam com a mes- 
ma espontaneidade e sentimento que Jaufre Rude1 [prírrcípe 'de 
Blaye] e Bernard de Ventad~ur,~~ e que eles lutavam com uma 
grande dificuldade. Mas seus poemas estão longe de ser meraq 
'peças de exposição'. 'Iãmbém não são, esses versos obscuros, com 
suas rimas complicadas, simples arsgratia artis. Como todas íd 
outras obras maneiristas da arte medieval - e o mesmo se apli- 
ca ao maneirismo verdadeiro do, século XVI -, eles incorporam 
um espiritualismo de origem neoplatônica, um misticismo for: 
temente subjetivo, que reinterpreta e sublima os aspectos sensuaig 
e a fim de chegar a idéia, mas procuram, ao mesmo tempo, pre- 
' 
servar sua aparência particular e única. Nenhum desses pue@s 
o conseguiu. O ímpeto com que procuraqm abarcar as produn- . 
dezas da alma e a rutilante amplidão do mundo exterior e$taq& 
, fadado a frustrar-se. Suas metáforas erravam o alvo, fi 
e enevoadas. Suas idéias, ao invés de aderirem ao 
" > 
71. 
e m deestrutura, mas as mais das vezes a uni- 
que Dme &ais a d m i ; 6 miglio~fibbm delpzzrlar 
(o melhor artifice,dsl sua língua pátria), h a u t Daniei 
- - ~ e ~ a h ~ d e ~ o ~ e n t o e ~ a a r n e $ m a ~ ~ m - 
biaxat$a de sensuàlidhde apahwada e pensamento 16gico e pre- 
4sa.que Dank Ele foi, embora disso se tenha beneficiado milid 
ta poum, o primeira poeta a aumentar e realçar sua expressivi- 
dade com o emprego de imagens comumg:até, grotescas. Do- 
tadosdeum temperamento duro, impetuoso, rmitas vezes q w e 
btdrico, k n 8 ~ t Dai01 c~nseguiu par vezes formda~õesanti- 
W c a s & m ~ ~ ~ ~ ~ s q ~ ~ p ~ ~ U i t e n n ~ d e ~ t e e ~ - 
8rouoa; iriam hfiaencim Wrt a poesia empéia. O poema cita- 
do por R ~ p e ~ é m diversmmemplos dista. Hágênio em versos 
) . i r , - > , , 
mas, seu mellenrWlfss 
bre da frase] ler os poetas latinos) ... ? Essa talvez 9 
rnw mneUinr ai$d;iBira~qw,~deiadBr: ar: 
de -te, iO,,c~iie foi qba de muxe de nm, na ,mm 
qw estamo$: t$&Ua?. N & e e p & p â ~ ~ i ~ y i h i e aiio 
aateriQces a ela W b t m luwhm &do OS c&k&a. -IMn% 
orno parà o$.pmWs ~ilkie, a p m d e ~ â ~ a , erW . p & W 
era ~ m a + W inteÈion . m e $ ~ f g r n m z ~ aressa iata 
jhieotwa pieseate+ em dhfbvrjqt&icta eLid)irap &tata iarnia 
cr3 f lkm~O0 qu8nto um. mWoaqa ipodmad~ & ~~ t 
- & o u t r ~ s ; e s c r i t ~ ~ i a t b ~ . Mas a.se&dt, é,que,efem&hm~ 
&poética ret&b &&tigWa&ide ~ a n ~ r n e M - p m ~ 
cumais ampiet&t que qualquer pèssaa. antes dele~eibborzr~s~s 
ferenteaidos rn&odás dos a-& 
a r-e :da emmpo7 
ifiua#b e aa rima. Eks tinham. tuna 
W& c,dtNadap ,pelas pala~~~ls,: &domam ,& 
$QS: & pi3hNlW.e r d c : fEhllU@:.m~ w hUhlC3lt0~ -0s-do 
Wilo &Ue* a . d @ m i ( ~ ~ ~ o ~ ~ ~ m i a h a t e d m t 
smhmidmipara è h Qríamtntq oer~pa&w g~ibqak do ses 
g a q d a d i ~ fadam usr*-freqUmtra&uiiiagpb~~+m+ ' 
&a&, de i~ofif~3rrixidadic~mdwuyzend&~~ antiteseb46a- 
M ~ ~ C S W mt-~& B D ~ Y X I ~ s ~ t f a t 
mosa canwne das antíteses (Un sonet fatz malItkataisW [iwqa 
&neto mal feito mas belo] emprega uma especle de parakfis~ 
~ o d a s s e n t e n ç a s ~ ~ ~ ~ ~ ã a ~ ~ a á ~ . 
0 - * e-- , 
da pcw&&ei&ú-m:d8: memna-esgd- 
sX!&mor& espegoi r a t r k ! d e h ~ a~h &-se 
-e ipafkita fadiikbg4ec.o. Wai%ck.-i ~ ~ m i ~ Mau 
q b ~ r i e g a i b t r i i p k ~ ~ u f l i r ~ m e :o Ztrpda! g e r t t k 
Q~dquair~leitor~ rdabenfeE Q l v W o 1 - o b s ~ que i o( fim 
&. ~ p e ~ o d o ~ e : i x , x h m a se&W; 1~1Btriea; que: c~ fie 
a &wte d- de .hra ~( la iiorzna 
significativamente, pasta rtZ: kai&q 
'Da Ilei non ò sembiante, 
ed ella non mi fa vist 'amorosa: 
Perch'eo divengn'amante 
se non per dricta foca di valore 
che Ia rende giojosa; 
onde mi piace morir per su 'amore.'** 
do, sim, pelo menos até o penúltimo verso. Mas sintaticamen- 
c - 
te, não: a estrutura é cumulativa, uma parataxe oculta. E ago- 
ra, uma frase da canzone do próprio Dante:" 
E certo e'mi convien lasciam. in pria, 
s'io vo' tmttar di que1 chodo di lei 
ciò che 10 mio intelletto non compmnde; 
e di que1 che s'intende 
gmn parte, perchè dirlo non savrei.*** 
1 
! 
i 
t 
q, tia h Y&~Y gma@m:E F.r Bsfa$a~4a; m.k~&at*p~sc& qW 1 --- lama& $OAIM mdd erel s&An'aub.tpã&inaa 1è' &e dicer b % ;;, 
S . @ a ~a;ai$&~~seSn~sPdoEde~& qam a rninhipj 
,r? * 
+ . foi p ~ r a o outro mundqk&$ WeIfngykl que o ~posm.~ 
; *) + e85a simpa @@i&$a~f& cosentimegtoaa m* i 
@me de mnomqnia, na sti9 si 
nos versos o menor fragmento de 
, e a causa da disposição de &imo do poeta 6 indieoda 
nos temos as mais g e d e obsams. As &ga- sin- 
bem que de maneira alguma ,ao &das 
A força do poema não reside na sua 
strqtyra geral, mas nas suas palavras e declarações antitéti- 
cas. Exatamente como no tmbar clsw; o impulso fo-tivo 
_se limita a um jogo subjetiyo de interpreta,@o com conceitos,' o qué cria uma estranha-atmosfaa e p6e a nu a alma do 
1 orador. Mas nesse medium subjetivo, Cavalcanti 6 muito mais 
xgeguro do que Arnau& em parte por haver o stll naov~ cons- 
truido entrementes um, sistema de conceitos e de metáforas 
melhor adaptado à extrema subjetivickk de linguagem da 
can@o prmnçal de amor; e e%- por haver Cavalcanti, 
com sua mente audaz e complaa, W p a d o uma forma 
de cdtura que não deveria florir até muito mais tarde: a ad- 
miração de Lorenzo de Medici por ele é nesse sentidu, tevela- 
dora. Sem embargo, o gênio de Cavalcanti, como o trobar 
' 
clw, awentava intdrwente na mais vulgar ret6rica espiritua- 
lista de canwitos e nãa se deiqtw ,#e n&um mado afetar 
pdo bd4o verdadeira sQn&iiidade, a que Dante devia 
seu feeliw pasa a realidade dos aq& w sna wte ,a maté- 
ria de coa$truçã;o de frase,Na DvinpP Curn&ia, o amigo de 
-te é pWo,~rn wntrmte com Virfio nuna passagem que 
te;m tido, interpretaçiíes diwrsas:56 Forse* a# í?ukdan vostm 
Wegno (A quem-@vez m s o Gyido des&whasse). 
C$ senti*, a meu ver, nqo 6 fmdment&neBae qtético. O 
~~o com o pai de Cavalcagti* deixa claro que Dmk 6Ma 
o pw* mas do .guia,; inspirado pela 
e enviado por Beatriz. Os dois, porém, são difíceis 
arar..,. Para Dante, Virgílio, como mestre do estilo su- 
era a suprema corporificâção h razão - uma razão 
a, que se apoderava da realidade-ei a transformava em 
dessa razão antiga apmxdeu ele o estilo sublime 
$e rodapé sobre o encontro deles no inferno. (N. do T.) 
78 
que foi o funmca~to da; sua. f m ~ - deu-lhe 
Vamos, um vez m 
obm da primeira fase 
ou atitudes. hhs nela já 
nova, de foqa e e~arberância nunca vistas. JáI apon 
um tanto ao acaso, alguns traças caracteristicos de estl 
Dante: ele se prempa com o que de fatu acontece; e registaa 
tudo eom-peadm@o e viveza. Ele não comunica: adjutõl~ e 
desafia, Impondo limites ao poema, articulando-o por 
tro, consegue dar unidade e fluidez esfrutura de pensamta+ 
to e à dial&ca:do sentimento que herdou dos poetas .provem 
çais e de QWnizeHi. Por fim, dissemos que a siia manda 
derotganizar o materkd-de que dispõe est4estreitament.e assw 
cida-a-uma noção muito clara da estrutma regdar da £rasa$ 
daiqada do estuda dos autores da AntigüiaZade. Vmas t e n a 
agora esdarceet mdbm 
que eles têm em comum 
dade<ste Dante ., 
organização do conteií 
d w , formas dst mesma coisa, i.e. 
uma unidade articulada. Podemos, 
cas regstradas do estilo de Dante, 
ç i i~ , e unidade P d e q ser classi 
Ou partunos da percepçãlo i q @ w 
dinária intensidaáe cria não só o rea@sw mas 
/ unidade, de y s que a percepção, 
sende uma ;&dade articulada e não partes 
Ou, inversamente, cqmeçamos pelo esfgrço e 
de. Quanto mais vigoroso e apaipnado for esse 
to mais irresistivehwntr: seri) ele 
dual, concreta, uma .vez que s6 ela pode dar 
Nos dois casos, a nossa caracterí 
toma-se unia simples medida de 
soS, 4 çlaro que a$ três caractesisticas são 
ma força, vista sob diferentes as 
nome 6 Bante; e s~fimde lançar luz sobre 
em Florença! bonria:muita tempá, mas 
bma e,& burguda alta; E, todavia, taldez devesse essa posi- 
qãu~:tn& ao encanto pessoal e tdientcr-qu& à linhagem a qwe 
@&encla ou à posiçao soda1 a que ela lhe dava direito. Issv , 
explicaria os aparentes altos e baixos da sua c a m h , ~porQ"tt6 
a -@ma &i& a fqanhas pesmab dt#pehde mdta mais de 
usõe$.m&o dr$sticas das i& 
&mgões dwnhecidas de uidssiddès soeiais (como as que se' 
c & n t h n& smeto em que ele repudia Cavdcanti ou na-sua 
de de Dante, o fató 
. . , 
Assim, a .Vita N w & 
e> 2. - 
sobre a vida de Dante. Os eventos que nela figuram, 
~ n ~ o s , viagens, conversações não podem ter acontecido 
cbmo'estão nos relatas, e é iianpossível tirar deles dados W- 
grbf1c:os. Mas a obra lança uma luz essencial sobre a vida 
b e r b r de Dante. Mostra de como ele fazia derivar toda á 
estrutura do seu pensamento do misticismo amoroso do stil 
nuovo e indica o lugar que lhe cabe entre seus companheiros 
de literatura. Porque nesse trabalho precoce já é possível en- 
contrar uma lógica criativa, um dom de organização todo de- 
le, qualidades que o habilitaram.a t e r as equivocas abstra- 
çães do &il nuovo num conjunto unificado. A despeito de 
todas as excentricidades e mal mtmdidos que criou, essa obra 
da mocidade deixou seus leitores com uma impressão bem 
&fuiida e indubitavelmente justificada: a de uma experiência 
visionária aa qual a Perfei@o aparece como uma Realidade 
sensível, kortejada pelo poe&, Realidade essa que se esquiva 
dele e, finalmente, dele se sepata pam sempre, embora essa 
I separaçi%o deixe a esperança e a promessade uma reuniito definitiva. HA muita coisa estmba na obra,-em particular as personagens secadários, coadjuvantes+ como a donna dalla 
&mo @chermo= 'tela', 'biombo'), a moça morta, e as fi- 
guras intmduzkbs a fim do.hm m mesmo se perce- 
b e m seu sentido vagamente 0% de modo algum - e quem 
poderá jactar-se de compfeend&Io inteiramente? - a obra, 
em eren conjunto, não fica prejudicada, pds que essas figuras 
e mntos enigmáticos assumem uma realidade sensual, irra- 
ciod, &, mesmo inexplicada, 6 aceita pela imaginaçiio. E, 
como em nenhum outro escritor do siil numo, o centro da 
v%& uma Gabedoria mística de inspiração divina, se investe 
& uma realidade tão vívida e concreta que, mesmo sem supor 
que,& tenha sido modelada com base em qualquer mulher 
florentina de verdade, nós, com toda a naturalidade, nos jun- 
tamos a Dante para chamá-la Bm&. 
Em Beatriz, o motivo cristão oriental da divina perfeição 
pclv9usia dai Idéia, mudou de um modo que iria 
fwidamente toáa a litemura européia. Com seu 
ento apaixonada e exigente, sua busca obstinada de 
removeu a verdade secreta, que 
ou misticismo informe. Em Dante, a dama 
vo está a vista de todos, é parte necessári 
ção, decretado pela Divina Fbvidência. A bem-aventurada Bea- 
triz, identificada com a sabedoria teolbgica, é a mediadora ne- 
cessária entre a salvação e o homem necessitado de ilumina- 
ção, e s6 para o incréu Romântico do século XIX isso parece 
pedante e pouco poético. Para Dante, o tomista, para o qual 
conhecimento e fé eram uma s6 e mesma coisa, a amada sibi- 
lina, a quem a Virgem Maria deu poderes para salva-lo pela 
revelação gradual da verdade - as verdadeiras idéias e a ver- 
dadeira realidade - não era uma construção hiirida, mas uma 
síntese viva de perfeição sensual e racional. 
Vários motivos, de origem diversas, são entretecidos nes- 
se mito de perfeição encarnada; Beatriz é, ao mesmo tempo, 
uma santa cristã e uma sibila antiga. Como objeto de um amor 
terreno com seus contornos apenas.discerníveis, ela é o sonho 
de qualquer rapaz. 'Ifansfigurada, como membro da hierar- 
quia celeste, ela se torna um ser real. O que essa concepção 
tem de original talvez não nos impressione, h primeira vista, 
como cristão. Os troubadours já haviam introduzido uma te- 
mática cristã na poesia amorosa. O sofrimento na terra e o 
retraimento do mundo, ordinariamente característicos de um 
santo, não existem na figura de Beatriz; enquanto o elemento 
didático, a revelação de uma verdade secreta, sugere o sincre- 
tismo da Antiguidade tardia, e não é propriamente cristão. Mas 
o novo elemento da Beatriz de Dante, que a distingue, por- 
lado, da dama dos troubadours, e por outro dos mitos e alk 
gorias da Antiguidade tardia, é algo eminentemente cri* - 
rofundamente cristão, até, que o 
dours. Ela tS transfigurada e trans 
sua forma terrena. A sibila é um ser sobrenatural, 
83 
. 
mundo, i.e. de uma 
conferiu o mhgico dom da sua s 
de interior, uma expansibilidade, que lhe 
I 
com efeito, através do seu destino pessoal, dar I 
ordem universal do mundo, ao grande e sereno 
mos cristão. A vida de Dante, com todos os seus atas e lu@& # 
foi poética,porque para ele uma visão poética era a forite e 
justificação da ação e da razão prática; e também porque a 
visão.era o seu objetivo. Em Dante, o ethos do cor gmtile, ori- I 
ginariamente uma forma de pensamento obscwa, esd6ri.m 
e irreal, extrapolou os seus limites, tommdu+se ~ s ~ c ) emir 
versai. Já se fez uma tentativa no s e n t a de txm-ajCo- 
média como uma continuação dos simeum ~ N C ~ , m~t- 
tois] provençais. Entendiam, os autores deh, que e&&ryerates, 
na sua esfera limitada, eram o aspecto polWeo, negativa, de 
uma forma de vida construtiva; ao passo que as gwteg.cens& 
rias da Comédia seriam apenas a expressão negativa de uma 
visão universal, cujas raizes estariam encobertas na poesia amo- 
rosa da mocidade de Dante, na sua. concepção do stil nuovo. 
Ora, Dante era homem por demais resoluto para contentar-sé 
por muito tempo com um esoterismo literário que isolava a 
vida poética, de sonhos, da"vida empírica, de todo dia. Ele 
considerava a visão de Perfação que lhe fora concedida de mão 
beijada como um verdadeiro carzon accionis e tinha a inqw 
brantkvel força de vontade necesxúia para aplicar esse padrgo, 
no,mais prático sentido possível, ao conjunto da vida. 
Sua malsucedida atividade poiítica s6 pode ser vista c9- 
mo uma expressão desse empenho. A sagrada medida de pw- 
feita beleza e ordem, que ele havia conhecido e experimente - 
do, era a motivação da sua política e não 96 da sua teoria p@# 
. a 
iítica. Basta isso como explicação satisfatóriâ para a sua 
reira. Pouco se sabe do começo d 
que o levaram a entrar para a vida 
sobre o assunto não chegaram até 116s. Em F 
85 
ris importante processo de mudam social: 
do poder das mãos da .nobreza feudal para as 
wguesia financeira e comercial. Mas .o panorama 
dado ,pelos conflitos entre personalidades. e 
; pw políticas de poder que dominavam as reb- 
da cidade; e por certos chavões que continuai 
m 4 e m uso embora jh tivessem perdido seu sentido original. 
Gs divisões de castas eram agora mais fluidas, a fidelidade de 
w homem a partido ou facção jB não era dominada, como 
outrora, por suas origens mas por intrigas, oportunismo eco- 
ndmico, relações e simpatias. O excessivo número de protago- 
nistas políticos não tinha mais qualquer proporção com a po- 
pulação. O quadro é o de uma jovem democracia atravessa- 
do sua primeira crise: a cobiça desenfreada, a sede de poder, 
começavam a apossar-se do Estado. Relagões fortuitas de ne- 
gócios, imprevisíveis conflitos de rua, alianças instáveis com 
aip cidades vhinhas criavam uma situação de constante incer- 
teza politia. Ninguém podia estar seguro de sua vida ou de 
su@ ,propriedade. Os protagonistas mudavam da noite para o 
dia enquanto que, nas &as, uns poucos homens astutos e 
s m acmLpulos, apoiados pelos representantes de interesses po- 
UQieas estrangeiros, lançavam os alice~oes de uma grande po. 
tenua wonamica, que se tornaria ma.h tarde potência poiítis 
c& 0 ponto crucial da coisa toda era â desintegração da ort 
de~n iddógica do mundo. Em choque com outras tendências, 
aidéia de uma ordem, moralmente obrigatória, e abrangente, 
de paz universal cristã, com o papa e o imperador como pólos, 
jrarnaisi se materializara na Itália. E agora, incapaz de resistir 
às muitas convulsões, internas e externas, da época, perdem 
ss fwç& como desejo comum a todos os homens. A iddia 
sob@veu ao tecento apenas sob estranhas. formas subjeti- 
de 1300 perdem seu significado para a vida po- 
. V 4 r h poderes individuais se manifestaram 
que por vezes operavam juntos e por vezes 
papa e o imperadorb que dantes forne- 
base ideológica para a ordem terrena, 
m~ mais do que peças de um jogo, cuja posição 
86 
dera toda a sua força na Itáiia. 
se pode dizer bem e mal, mas que, de qu 
era justamente o que sua posi@o exigia: o represen 
instituição divina. O que pode ser explicado pela in 
ção da natureza humana, que não pode estar jamais 
de uma posição como essa de Cristo na terra. Mas Bonifácis 
não desejava estar. Malgrado todos os seus talentos, ele era um 
indivíduo amorfo, caótico, dominado por interesses práticos 
e ânsia de poder. Seus atos não eram s6 condenáveis no senti- 
do cristão, mas num sentido não-cristão tâmbbm. 'iòdo ele era 
pura paixão terrena, destituído de qualquer diretiva interior 
ou força d.e caráter, sintoma visível de crise na ideologia poli- 
tica ou cristianismo. Esse homem era o adversário de Dante. 
em Florença, desde cedo teve atividad~ 
ele aceitou, antes & &I& *&@ 
quaisquer-aliados que pwci-ete 
pa, embora acreditasse (e i 
chi, os Brancos, eram tão 
deles, dberías mais mesauinhos e mais 
&& !h@ moldou vicia, mas n ~ o fez &% í & d g 
a voz que reflete sua visão de uma perfdçãa-&t 
, ,_ ..r _, 
ordenada. Hesitamos em empagar a tão abusada p a i h ~ ~ & ,:? . , 
sica' porque o estilo novo; e medido, hostil a quaq- ext&K . - 
g h i a formal, incorpora um elemento de inquietação e 'v&: 
mência que não se coaduna com a &ele poesia da htigtiida- . 
de greco-rmma; uma hs ia de tmnsce!nddncia e transfigura- 
ção. Em &uitos,homens do seu tempó, essa && era. tflur &ís: 
mag&orts,e~i&stkel que desku-fa a &ee#qaatdu mumW 
O espirito ficava tadmtefiter 
à figura$40 .bscen&nte da sua esperança. O..-& s$a:tik 
mento de. Dante pela existêncià terrena, a cansciênda que , - . 
nha do poder, f k á m uma ehsão dessas impossível para &i 
Ele I&I'~ figura &a perfeiqã~ na teria. Ela'b abençoara, ela 
a miÍlulãrãlle encantam com sua g w a superabmdante. N& 
imMa decisivayCele1tim uma visã6 da unidade:& ma&+ 
nuda contmnph~ xum realidade hisWca sem Mslunitaar: ' ' 
nesga da perfei~ão e sem ter consciêndia àe quão larrg'e atavá 
a reãlidade ds' modelo; Bicou tambémi 'ineálpaa de comebét 
uma ordem mundial divina que não 'abtandesse no seu s i m 
meterno toda- e &uer realidade fenoshaml no sentidd%& 
losófico por mais multifána e variável.' Já h0 poema d3 
triv de sua vida, morte, $a: transfi'guragã;o, a realidade coftmm 
é prtsmada' com iuna intensidade 
toda a paesia pruven@, cem6 já vimbs, M um abismo. eat& - 
o mundo poético e o mundo real. 
uma referência ao mundo real, e1 
relação com o principal conteúdo 
mo desapareceu. Cada poema é 
so diretamente em sua singularidade, terrenidale, 
dade. De experiência pessoal ele 
I11 I 
13i.AHr3 . 
O assunto da Comédia I,?~ 
i,. ,L, -;a ,: ,' 7 u2c-*. ,'<:"'-+', , 3 , . * 5 _ L < , _I. - 
L.' C , *Y . , : 1%; " ~ 2 , ~ e~ -; 4~ $2 grande impulso que a poesia do Estilo Novo deu a Dan- 
u além da esfera do sentimento e da experiência místi- 
ndo entrou no segundo período da sua vida, na 
ezza, ou jprimeira mocidade, que ele mesmo descreve no ' . 
viol como o ponto mais aito da nossa existhieia, ele já ,pi i i , 
tão badurecido que, quase simultaneamente ao que pa- i-:.+ , 
u-se paqa qvida,pública e para as doutrinas filosófi- '<:--;;, 
mbinando as &as e começando a moldá-las de ac 
m sua própria maneira de pensar. Nesse esforço, a grande 
ição de Úma yisão unifi'cada do mundo,' feita de ordens 
ndentes,de ficou inkctactactaEra a luta 
3,unikrsal, a que A; ~ e m ~ f chamou apropriadaÍne 
ase da Summa, a forma dominante da filósofia m e d i ~ a l . ~ V - r 
. Antes que Dante escrevesse suas grandes canzoni e1 Con- 
- , 
iiio, o, mundo do stil nuovo2tinha sido um mundo h parte. " - , 
urgido do ideal da qvgiaria, refinado e espiritualizado na Pro- . 
;vença, cortado de suas &es sociais por-Guinizelli, ficara ainda 
kestrito ais adeptos de uma cuitura particular, ,sensual e místi- $;.' v. O critério de nobmza e origem aristocdtica, embora com- 
batido .exPlicitamenk pot..~uinizelli, parecera quase insepa- 
Iiável d&se estilo artificial, sua te&inologia obscura e sua . r 
pletora de medforas. Élementos cada vez mais racionais, R 
- ;:J 
L!acionados em estrutura h filosofia didáticado tempo, tinham 
invadido essa poesia. A concepção fundamental do amor co- 
<mo disciplina nobre assumira caráter cada vez mais ético, su- 
ygerindo uma doutrina mistica de salvação. Na essência, 
. L i. 
> C : I - , . ' " I 
.i ' 1 c , , 
91 
escondem uma hastilidade gibeli- 
d* Q9y#ibwq'flnha abjetivos 
&nua carente de prova. Seja co- 
ma for, porérai, a atividade p&ica do grupo era intermitente 
e despezki; embora, indubitáirh- os &CcsIm vissem o 
r i 
'F 
dão uma idéia a t a . Seja com for, a uisaa filosó&rq&ti~'. , 
da nessa canzoni e os objetivos políticos p r s m p ~ q J & q @ ~ . . 
na época não estão em conflito cam o espiri_ta @ s , . 
Pelo contrário, eles são tratados no grande pcy- q confirí. 
mados em todos os pontos essenciais. Simples .$ranqgpssõeg 
carnais, a não ser que estivessem de mãos dadas com a çox- 
rupção de todo o seu ser, não justificariam as censuras de &a- 
triz ou a confissão de Dante na dita passagem. O melhor que 
temos a fazer, então, é aceitar o erro de Dante como um fato, 
mesmo que não possamos descobrir traço dele, nem na vida 
nem na obra do poeta. Negá-lo e abandonar a sua realidade 
literal em favor de um sentido alegórico ou soteriológico parece- 
me injustificado. Wvez Dafite tenha duvidado, em certo mo- 
mento, das verdades da Fé, inclinando-se por um averroísmo 
radical ou um sensualismo de livre-pensador. Discutir trechos 
dos seus escritos que se possam ajustar a tais conjeturas nos 
afastaria muito do nosso tema, e não esclareceria nada. 
Ele mesmo, aliás, declarou com clareza e precisão o que 
é essencial que se discuta. No capítulo XX do livro I1 do Con- 
vivio ele nos revela de como, buscando &nsolo depois da morte 
da amada, ele começou a ler Boécio e Cícero (Ladiius); de como 
foi duro para ele entendê-los; de como, quando começou a com- 
preender o que lia, encantou-se no descobrir ali confirmação 
do que já vira como que em sonhos e repassara a Vita Nuova; 
de como passou a frequentar escolas e disputationes, nas quais 
a filosofia era ensinada com seriedade; de como, no curto pe- 
ríodo de cerca de trinta meses, ele se aprofundou a tal ponto 
na filosofia que seu amor por ela expulsou qualquer outro pen- 
samento do seu coração; e de como, finalmente, ele se pôs a 
louvar a filosofia na canzone Voi che'ntendendo i1 terzo ciel 
rn~vete.~ Esses versos descrevem e interpretam o começo do 
progresso filosófico de Dante. Ele filosofava por uma necessi- 
dade interior e encontrava na filosofia a confirmação do que 
havia muito suspeitava. Nessa busca da unidade universal, ele 
encontrou alimento e se pôs, imediatamente, a enformar a sín- 
tese perfeita da sua própria experiência pessoal com base no 
conhecimento recém-adquirido. Assim, não tem cabimento in- I 
93 
. 
filósofo original. Ele era original no 
a maior parte ddstgensadores escdásticos, 
a rside miénos na: l ibeWe do pmwbnto que 
sistemdb dk diferentes ,blaMs'& pen. 
shento tnadicional. ~~~~~como santa Tomás ptocu~ou c6m- 
binm d~ to t e l i smo kom o platanismo &h d&mto Agbs- 
tido, Dmb Se-ouan recondh a sisterha tomista eoni 
a ideologia mística do,& genrrle. -I 
Sb um poeta poderia levar a b m term uma tentativa'de 
concoldâama dessa espécie. 6Ro~4w o wmi&Etio: é racional e, 
mesmo em assuntos t%&'ic6s, M i l a ifi$titucionalismo; j$ 
o misticismo dd stü movo ea sefiMid)e poéti& de origem e 
I culminava na reve&t$id estdtica. De 'começo, o único recurso que Dante tinha dár f d m poética adoutrmas fio5bfi- cas oii pam enformm miliiticismo sensual fml termos de dou- trina, cen&~tiá no mes* tipo de reinteqxetação que 6 espi- r i tdsmb vulgar vinha levando avante havia sdculos. Conse- qtbntemente,-pa& elee p m os poetas do seu grupo, Amo- 
seiEomod o apetite Paeional (tppetitus mtiormlis) por sabedo- 
\ie os embates espirituais se torna- 
, i& e. anjos d&mmfisica tonnista. 
f d o estéril, abstrmo, didati- 
gúrica havia levado at4 eatão 
Mesmo que o leito& pdrceba 
nlostf)fim - comó, 
do il temo ciel movetes 
(V%; que pdovasso entendhmta fazeis mover o terceiro a%), 
A m ~ p C h e ~ l ~ ~ m e n t e mi mgioha (Amor que me fdqs na men- 
te); Amar cke movi tua writi &l ckIo (Amar que tiras tua 
virtude do 'c&) -'estBu entre os~rnais eativmies de toda a Sina 
obrá. Disso o próprio, M e sabia: 
"~d&dne~ io cedd che smmnc, Wi 
colm cite tua intendM benéj L 
' tanm tu jWlijlrh'@OSd~e for$& J j 
I" r O?&, se-per' ventut@'elli &@&eite I 
r c&; fií dinanzi da pwsone.Wit t. 
94 
1 
' - 
che non ti paian d k a ben ~ ~ C I O T ~ S ~ A : . . r* fl - , 
allor ti priego che ti ricoflorte, . * I ; , : ! . 
dicendo 104 diletta mia novellac :. . - .. L 
"Ponete mente almen com'io son bella?'4* 
Nesse poema, foi obtida, pela primeira vez, a fusaio.de fi- 
losofia e poesia. Cada uma das duas havia atingido um tal es- 
tado de perfeição que estava preparada para aceitar ajuda da 
outra - e, na verdade, precisava de tal ajuda. Não é um sim- 
ples amor do paradoxo que nos leva a dizer que, segundo san- 
to Tomás, a filosofia escolástica estava necessitando de poe- 
sia. A razão chega a um ponto (e há diversos exemplos disso 
na hist6ria das idéias, embora nenhum tão impressionante 
quanto esse) em que já não é capaz de expressar-se, para 
aperfeiçoar-se e resolver-se, exceto através da poesia. O siste- 
ma tornista dos seres, com sua sublime hierarquia especulati- 
va, repousa sobre um alicerce de estrita autodisciplina e rigo- 
rosa racionalidade, e implica numa porfia apaixonada por um 
tipo de ordem estreitamente relacionado com a atitude do stil 
nuovo, embora, cumpre dizê-lo, só Dante o personificasse. A 
busca da ordem é o elemento comum. Mas embora santo To- 
más seja capaz de construir, sem aw'lio da inspiração concre- 
ta dos poetas, o mundo cat6lico-aristbtélico num bem acaba- 
do sistema, um edificio no qual Deus, as 'substâncias separa- 
das', o homem, sua alma, e a natureza têm, cada um, lugar 
apropriado, ele não o povoa com indivíduos, nomeados e ca- 
racterizados separadamente, Dante, por outro lado, vive entre 
figuras da sua fantasia poética, cada uma das quais brotou da 
inspiração irracional de um momento conaeto, e com a. ajuda 
do pensamento filosófico, ele consegue definir a natureza, lu? 
gar, classe e atividade próprias de cada figura. Ism, a meu ver, 
é o que torna possível a fusão já mencionada de poesia e 
* "Can&, eu creio que serHo bem raros/ os que teus *os compreendam U W 
tanto a palavra C fatigante e forte./ Se acaso no caminhq de ondq vens/ p- algiqn 
deles n8o pareça claro/o teu cantar e a eles nada importe,/ dize e M o paq q)te 
récdnfortes/ (e a minha novidhde assim revela):/ 'Oihai ao menos c6mo sõu d d k 
recer s drama pessd. h imagens nãio 
sa" mas são a linguagem na q& a 
tido lhe é a b s o ~ ~ e n t e f&..,him as 
um sistema de cor t . e$pondênc~~-d8 .des -ewoL~~ parai* 
los, que embora tratados separadikmente n m c o z n q 
na. verdade uma coisa-só. A composi@o emgwhoaz q rnetiga- 
losa dos poemas é, provaJehente, sem igud ~ m ! u n i m o &a 
literatura. As imagens de Da- jamais o eondueem pasatollétn 
do limite que ele se imp&s, nem zt paixão o leva a uma expres- 
são túrgida ou imprecisa. Intençãio e gênio fazem c m que >de 
se empenhe em conseguir aqoncordhcia exats entre a expus? 
são e seu objeto, entre uma parte e outra, entre ri obra como 
um todo e a pessoa do futura leitor. fi nesse espírito que ele 
maneja seus versos, suas stanm, suas rimas. A arte de comu- 
nicar o sentido do que quer dizer, tão rim em pensament&q 
terhura, flui naturalmente em complicadas formas de 
alcança sua mais alta perfeiçito nas canzoni. No tratamedi 
i de estfuturas métrioas eomplatas ele acompanha Arnaut Da- 
i' niel e a tradição prweneal, mas suplanta todos os poetas do 
, stil nuovo em harmonia natutd, em concordância ehtre o as-r smto e a forma poética escohida para reduzi-lo a palavras. 
k O outro aspecto, político; dd seu irnpe$o criativo teve fim 
L abrupto com a catástrofe de 1332; qubdo Dante foi &ado e rornpeu, logo dkpds, com o &írtidci Branco e2seus alla'dah 
gibeiinos? @bm essa ruptuk, e o isol8mknto 4ueSe lhe se@, 
o curso da sua viaa &terna se 'F iu . A phrtir dhie'hpd, 
. ' l i ," 
era entq guelfos (partiem do papa) e gibelinos ,&+$dários dp 
m& entre as dbas fac@es em que os guelfos de Florença se &i% 
I dido: os negros, encabeçados pela f a d a Donati, e os brancos, da famiua C&. 
Dane era gudfo e branco. Quando Charla & Vaiois, ir* do rei de França (TWb 
o Belo), chegou As rtas c i F (4.101301), Danie foi qant$ado negociq e m 
o papa Bonifácio &, que apoiava C h e s . Com ele foram hais doi &baixadom 
i e quatro advogados de Bolonha. Os brancos controlavam a signoria. Em 1.11.1301, 
i CharJes oçupou Flgrença. Os negros tomaram o p q r e se vingaram dos i@qQoL. Com h i s de 600 brancos, Dante foi condenado in rr6Eentia (27.1.13&) ao b&cd- I to (por d& anos); e a u'a pesada mult$& 5.000 flosins 'pequqnas'. Çomo I@@ B-)- . gasse no prazo estipulado de trôs dias, foi,mtenciado A morte. Nuaca mais Y&W. , , Seu dolbmso d o - em Forii, Verona, hcd, Bolonha, Ravenna - duraFiaj'cQm0 
o de Ovfdi6, até a morte, em 1321. (N. do T.) f . , t 4 1 7 
imes&e wo.:ai que sofreu, &no comaçio de 1.4 .mnvivio, no 
C I, * I 
simples exercicio de 
deduções, seus eircWquios, não escondem & 
gulhosaiconfiança 
do a própria vida pode servir de fonte de edificação para ter. 
ceiros, ele favocat W o e as Confmdes de santo Ag@stW~o.~ 
Sua longa aplicaç&,, humilde apenas na aparência, para o uso 
do volgm, bem como sua tentativa de justificar a difiddat~ 
de, t a h excessiva, da exposleo, tastnsmitem a orgulhosa h- 
pressão de que ele, Dante, e só ele, tornou &língua datttma 
capaz de ser empregada desse modo. Na realidade, a prcfezt~ 
de Dante é mais evidente nos seus textoslem prosa. As canzoni 
poderiam ser comparadas, talvez, com obras similar9 de Gui- 
nizelli e Cavalcanti. Já o estilo de il Cmivio era, ihdiscuti- 
velmente, novo em folha. 
Aqui pela primeira vkz ele abandona as peculiaridades b- 
tilisticas da 6poca a tal ponto que a voz m i a , que é a sua 
voz, se faz presase e k claramente audivel. Aqueles que, devi- 
do ao conteirdo didhtico; d e p r e m I! Convivit) oomo obrade 
arte ri60 são capazes de. focrnmmina idéia perfeita da intençfio 
de Dante e do seu gWm Dmt~ e ai aquifnie refiro 
bém ao autor da Comédiia, o'objetivo da Arte e da mais adta 
b e b a conoebtuel reside na-odem do3 Ser, O c h h o at& iár 
passa pelo co~hecimmto; que dekreve e demonstra a unidade 
da ordem, que é, ela, o conhecimento s i i A & s i m , 'Me; 
da 'vedade', e não temos mUtiw0 - uód, p6s- 
achar quesornos superiops a essa maneh 4 8 
mais~confiável, mais:concr&a, e & s w - 
>,A 
WM we: qualquer d a ~ l m n ~ ZSITRIS csobre , '. 
Rh ~mmos, estarwnos jwtifmdas ao*lmentm que 
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! ';.kq-/p$a prímeir2r e z , faz-se umt.apdO aa que era 
o ,principal &elo dp nm.mltura e:yli.op&k Da&pele moinien- 
t o i ~ ~ as obslaiõ dindâmiairtaia~a que a Mda cu3ep-d eu- 
ra&%a iiIa.gcve~: seii:deswd*eao siriam es&as,nasl di: 
vep& ~ $ e r r u h d 8 ~ , .param públictjique Dante.tin&a d 
v> 1 mm.& EI& tirsiwam sira viraiidaele- e eitp-anda&& iíng3ia 
H b?,, 
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~ & W & e ~ d e b W id@~&dkaPid@ ~ U @ \ @ - J ~ ~ V O a i 
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Mainw@W,u@ W j o d & W m & i c W a m a pwba 
cbnqtrists do, rodo, de c m { d m t ó , a dcdtiaz~ S t 
ções, a correspon 
sulas componentes e 
e precisão das conexões causais, f i k i & , : g a t ~ ~ ~ ~ . Ma 
em II Convivio, esses instrumm$os, eapreg@a~mm.aigl~a~fik 
nalidade verdadeira - prosa didática - deixam s~awmm 
estilo. O estudo sistemático que fez da f h o f i a esc~kktka mas2 
trou a Dante a riqueza lógica da língua; e agora, pela prheiw 
vez em um vernhculo românico, ele alcançou o que desde a* 
tão tem sido visto como qualidade específica das língiias rol- 
mânicas: pureza de estrutura lógica, articulação clara. M a - 
mo a paixão pessoal ou polêmica tem de entrar ria fôrma e 
nunca exprimir-se em explosões líricas, incompatíveis com um 
tratado didático. 
I1 Convivio ficou inacabado, e não houve, jamais, quem 
conseguisse reconstituir o plano de Dante. Afora a introdu- 
ção; que pode ser entendida como o primeiro tratado, haveria 
outros catorze, cada um dos quais como comentário a uma 
canzone: três desses foram escritos. O primeiro, sobre a can- 
zone Voi ch'ntendendo, trata da vitória do estudo da filosofia 
sobre a atitude mística da sua mocidade, representáda pelo pen- 
samento da bem-amada morta. O segundo, sobre a canzone 
Amor che ne Ia mente, louva a natureza divina e o poder puri- 
ficador da filosofia. O terceiro, sobre a canzone Le dolci rime 
d'amor (As doces rimas de amor) contém uma discussão da 
gentilezza, valor supremo do stil nuovo, tomado aqui como 
um aspecto da ética tomista-aristotélica. Gentileza é defii- 
da por Dante como um dom. de Deus à alma que está num 
corpo perfeito; e é através desse dom que as virtudes se mâni- 
festam. Uma vez que as virtudes conduzem B felicidade, a de- 
finição completa é a seguinte: séme difelicitade messo da Dia 
ne I'anima ben postalQ (semente de felicidade plantada por 
Deus na alma bem disposta). Aqui, o ideal da poesia do 
cavalheiresco alcança seu mais elevado grau de universalida 
de, combinando um antigo ideal com outro, moderno. Das a iw~ 
tações de Dh te concluímos que o décimo quarto tratado, ~u -3 ;>, 
décimo terceiro comentário, seria devotado ao poema Zk d m & ~ 
intorno a1 cor mi son venute (?ires damas se reuniram e m h ~ + j?: 
101 
muitas vezes cita, deve ter também agravado nele a insatisfa- 
ção com o constrangimento que lhe impunham essas técnicas 
canhestras de composição. Esses poetas haviam sido também, 
um dia, mestres da sabedoria, que escondiam u'a mensagem 
didática, alegórica, por trás do sentido literal, concreta, dos 
seus versos. Quão longe ele foi nessa interpretação vulgar, es- 
piritualista, fica patente em passagens do Convivio que nos 
parecem quase grotescas, - como, por exemplo, quando ele 
interpreta o episódio do trágico amor de Dido por Enéias co- 
mo uma alegoria da tempemntia.ll* Como os poetas da An- 
tiguidade Clássica misturavam a mitologia a história, confe- 
rindo-lhe forma real, concreta, suas obras tinham apelo mui- 
to mais universal que qualquer frio tratado filosófico. Cabia- 
lhe seguir o exemplo deles, pois que também era poeta. E, ine- 
vitavehnente, achou que a filosofia tomista-aristotélica - que 
parte da percepção sensorial, que insiste tanto na particulari- 
dade de formas terrenas perceptíveis; e que constrói um atraente 
universo hierarquizado - era o melhor material possível para 
um obra poética. 
E, todavia, a inspiração dos modelos antigos, mesmo se 
procurarmos interpretá-los como o poeta o fez, não basta pa- 
ra explicar o formato da Comédia. Ela é, essencialmente, um 
ti produto da vida de Dante e do seu tempo. Dante escolheu tal 
formato por ser ele de todo consentâneo com a sua intenção. 
A visão do outro mundo, a jornada para o além, era uma tra- 
dição comum na Idade Média. Desde 1874, quando Alessan- 
dro dYAncona publicou seu livro sobre os precursores da-Divi- 
na Comédia, os scholars têm exhmado grande cópia de ma- 
terial que pode ter influenciado Dante. Ainda recentemente, 
um arabista, Asín Palacios, em trabalho sobre a escatologia 
muçulmana na Divina Comédia,* ampliou a abordagem da 
questão e áesacreditou grande número de idéias geralmente acei- 
tas. Karl Vossler, em seu alentado manual, examina criticamente 
todas essas possíveis fontes e dá um panorama do estado atual 
J " .+ar 6 
- ' .ya.:y 
i -1 
* Instado por MwÚno a +barcatam Enéias sq despede de,Dido, quq se e . , 
nou por ela (canto fV). Dido se mata, apunhalando-se e deixando-se co&u5u"r**a 
Posudi;a. (N. do T.) , 1 t I ... 8 j , - 2 f , c ~ ~ ~ ,y r .), 
105 
* 
3' 
f 
história contemporânea, i.e aa4t$rrjo ~dmgj,a.wmag&, r 
a grave crise interior. Ele supm )a 
crise, e ela lhe enriqueceu sobremaneira a experiência pes&. 
Ele vivera em meio a acontecimentos da maior importância, 
participando deles, e sofrendo devido a eles. Em momentos 
de extrema tensão, testemunhara a ação de outros, e muitas 
vezes, sem duvida, observara o que em tomo dele se passava 
com a febril expectativa que agup todos os sentidos. Embora 
exilado e sem recursos, estava ainda presente aos momentosos 
eventos da época. E agora essa experiência direta não era ate- 
nuada pela rotina confortadora, pelo ambiente a que estava 
habituado em sua Cidade natal, pela indiscutível estima de que 
gozava em Florença - em suma, por todos os fatores que, 
numa vida segura, fazem com que os acontecimentos exter- 
nos par- ao observador ainda mais remotos. Agora, .po- 
rém, quando evocava mentalmente os atos de que fora teste- 
munha ocular ou de que tinha conhecimento por ouvir dizer, r seu olho treina& sua inteligência e perspicácia, sua genuína 
piedade, seu apurado sentido da hierarquia e da ordem, seu 
ódio espontâneo da injustiça, combinavam-se cam essa nova 
experiência. 
Outra consideração que é importante para a gênese da @e 
média: seu material estava pronto para ser usado. No s 4 4 o 
que precedeu o grande póema, e no qual sucederam, na maior 
parte, os acontecimentos de que ele trata, a vida ficara por to& 
, ,ek 
darparte mais livre e mais variada do que 
palmente na Itália, e a afio do homem 
rigidez. O fenomeno já tem sido dacrito 
não é o lugar para entrar na discuss 
lógicas e psicológicas. Mas é fácil rec 
107 
umas das outras, a 
representada de maneira adequada numa a5 criatura. Ele pro- 
duziu, então, maitas criaturas, e diversas,- de mdsl que O 
que faltasse em uma dzts repnzsen$&@a&a m e W a divina 
pudesse ser devidamente sniprkb pm mtrratrra.Peqwa excel8n- 
cia, que em Deus é simples e mih9*: xws~criatum é mfl- 
tipla e dividida. Portanto, o .urriwrm. W o junto participa 
.I U<<&. 
da bondade divina mais 
essa bondade do que qu 
mente." l6 , , ' , da+,. 7 
Assim, com referência ao conjunto da GfiaHcv, rJdiver&+ 
dade não é vista como urna antítese da perfewo; e'sim: wmb 
uma expressão dela. O universo, ademais, é vista, não. arno 
estático mas como empenhado num movimento que é s mo. 
vimento das suas formas no sentido da auto-realização; a no 
. perpétuo esforço para passar de potência a ato, a diversidade 
é exaltada como caminho necessário para a perfeiçãa Essa dou- 
trina, quando aplicada especificamente ao homem na psico- 
logia tomista, se faz justificação do processo histórico com suas 
realidades concretas e suas dramáticas tensões. Porque o ho- 
mem, como uma união substancial de alma e corpo, sendo a 
alma a forma [no sentido aristot6lico] do corpo, não está me- 
ramente sujeito à distinção formal, geral, e à individuação ma- 
terial de todas as coisas criadas, que tam diversidade de essên- 
cia mas não liberdade de açãio. Além do Ser, do corpo, da vi- 
da, dos sentidos, o homem possui também intelecto e vonta- 
de. Embora a alma esteja ligada ao corpo e precise dele para 
funcionar, ela tem, não obstante, situada como está entre as 
formas corpóreas e 'separadas', capacidades especiais, como 
a faculdade de saber e a de querer. Conseqüentemente, o ho- 
mem difere das formas inferiores de criatura, cuja eficácia é, 
toda ela, determinada pelo ato da Criação; e também das subs- 
tâncias 'separadas', os anjos, os quais, num único e primeiro 
ato de volição própria, voltaram-se para Deus ou d'Ele se afas- 
1 taram. Das entidades substanciais, só o homem goza da liber- 
dade, a qual opera no tempo e no espaço da sua existência ter- / rena. A liberdade é o seu princípio de individuação, o princí- 
pio motor do actus humanus. A vontade do homem busca ne- 
cessariamente o bem como tal. 'Ibdavia, ela jamais confronta 
esse bem único mas bens individuais;" e nisso reside a causa 
da diversidade da ação do homem. Sua razão se manifesta wn 
reflexão e ajuizamento; sua vontade, em consentimento e a- 
colha (electio). O mecanismo prático da doutrina, 
afeta o homem individual, t suprido, segundo 
L 
um cenário todo espe&l, o q u i 2 : ~ @ j 8 M - d i t o M a , ab&, 
nwas possibilidades de e x P m h , m j % n a ~ s 6 . w ~ ele. Sw$ . 
tentado pelas mais altas autoridades e m m W defk e de r@- 
, ' 
zão, seu gênio poético aventurou-se a mpreendeã. o-que nirtn 
guém tentara ainda empreender: representa o be;ht&0, 
terreno, histórico, o mundo do seu conhecimento sda sua a-. 
periência, como já submetido ao juízo final de Deus, de mo- 
do que cada pessoa ocupa o lugar a ela destinado pela ordem 
r divinh. Mas uma vez chegada ao seu destino último, escatoló- r 
gico, ela não fica despojada do seu caráter terreno. Esse cara- 
ter não é, sequer, atenuado, mas, ao contrário, persiste em to- 
I da a sua intensidade e se identifica com o destino final e defi- 
nitivo do indivíduo. 
Antes de examinarmos as ramificações e conseqüências 
I dessa idéia, que é o ponto cardeal da nossa investigação, deve- 
: mos defendê-lo contra uma possível objeção.-- 
- 
O U 
todos No período 
intermediário entre a morte e o Juizo Final, a alma fica sepa- 
rada do corpo, e, portanto, privada de sentidos e de expressão 
corporal. 1 
j e 
em conformidade com suas 
transgressões voluntárias da lei de Deus. 
Dante segue essa doutrina, que vem formulada por 
ele no Canto VI do "Inferno".m Uma fonte de maior dificul- 
dade para santo Tomás foi o estado incorpóreo dos mortos até 
O Juizo Final, que se choca radicalmente com a sua doutrina, 
derivada de Aristóteles, de uma união substancial entre corpo 
e alma, Santo Tomás se viu forçado a negar à alma nesse está- I 
dio a perfectio natume, ou perfeição natural, que ela deveria ,i 
ter, como forma [no sentido aristotélico] natural do corpo, @rr" 
davia, como princípio subsistefite (por não ser parte do ' .+ 
111 
* 
d q - ~ h ~ t t e , ~ ~ entiirr,;iqita ~7utBizh-1d para 
A L i .' -J< ~ , * !& ,~ ]8 i ," QfBfj ,. :%"C h,'.;>'- 
. . 
açiboybfi-.- . . . . 
i.. 
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' " fl 
a persmdkkide. I5 deênúda ou mfraqmida, ou então elas s& 
p m os bnge 5 s salvos dos maus e danadas com um mow 
&ma cm que resahitzmiente reduz a nada todas+as reia@es tes 
renas & classe a posh$o social, A idêiafde preservar uma uni- 
dade de caráter e condição ou dignidade em cada nível da hie- 
rarquia do outro mutido, mesmo os mais baixos, estam de t e 
do ausente dessas vish . Mesmora:dSYi&b interna das "mora- 
das' d~ d$m, segundcrppaxmntos de pecadbs ou virtudes, 
que paaece ter sido d-te dese~voldda mtRs deDante, so- 
bretudo na esmtologia muçulmana, é s6 uma classificação por 
tipos, nilo por indfw'.duos; e não há qualquer tentativa de pre- 
s m r a forma temoi, individual. Quando muito, podemos [ dizer de tais sistemas, muitos losquais hdados em 6iic.a~ aris- totélicas, quecela mtêni, m~pothcia, e, partanto, parecrem 
smcitar, o que está incorpotado na ComgdM. 'Zbuub&m, 
. . . daderim rrão s6 o 6 4 
.. 
tos. e u o r a 
. . 
Vif~ilio, que na tinha arna d- e se mmam 
incapaz de realizai) uma com~le4a fusão entre 
105Mica e mítica; não r&a destin-7 
da. 0 
tindo à mesma aima viver muitas vidas na terra em diferentes 
corpos;a. msnrigração destrói tanto odrama cristão de um 
único termo cte vida na terra, no qual a ekcisãa tem de ser to- 
mad+&alidade, a forma e& 
tino comuns A a l m a w k s s t a d a s na doutrina da- 
113 
I i/ 
"ni i: t 
I 
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