Prévia do material em texto
U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D O C E A R Á Campus Sobral | CURSO DE ODONTOLOGIA Módulo de Patologia Geral | Docente: Prof.ª Denise Hélen e Prof.ª Iracema Melo PÊNFIGO VULGAR INTRODUÇÃO Embasamento teórico: O pênfigo é uma rara doença autoimune bolhosa, que advém da perda das ligações normais intercelulares no interior do epitélio da epiderme e do epitélio das mucosas escamosas. ESTRATOS DA EPIDERME – estado normal Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com. br/biologia/camadas-pele.htm Pênfigo (variantes) ➢ Pênfigo vulgar (predominante); ➢ Pênfigo foliáceo; ➢ Pênfigo vegetante; ➢ Pênfigo eritematoso; ➢ Pênfigo paraneoplásico. Variam de acordo com a região em que a bolhas se desenvolvem. Fonte: KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 P. VULGAR PÊNFIGO VULGAR: ➢ É a forma mais comum de manifestação da doença, sendo responsável por mais de 80% dos casos em todo o mundo; ➢ Afeta a mucosa e a pele, particularmente no couro cabeludo, face, axilas, virilhas, tronco e pontos de pressão; ➢ Pode manifestar-se como úlceras orais que podem persistir por vários meses antes do aparecimento do comprometimento cutâneo. Em pouco tempo, essas bolhas de diâmetro variável se espalham por outras áreas da pele e podem romper-se deixando expostas erosões ou úlceras em carne viva, como se estivessem rompidas; ➢ As lesões primárias são vesículas e bolhas superficiais que se rompem facilmente, deixando erosões superficiais recobertas por soro seco e crostas. PÊNFIGO VULGAR: Esta foto mostra bolhas claras e macias típicas do pênfigo vulgar. Algumas bolhas se romperam e a pele ao redor das bolhas (incluindo as bolhas cicatrizadas) tende a ficar avermelhada. Fonte: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-da- pele/doen%C3%A7as-que-provocam-bolhas/p%C3%AAnfigo-vulgar Esta ilustração mostra a pele que se descamou e deixou áreas dolorosas de pele aberta (erosões). Imagens fornecida pelo Dr. Thomas Habif. Embasamento teórico: FISIOPATOGENIA PATOGENIA: Esta doença autoimune ocorre quando o sistema imunológico ataca erroneamente as proteínas nas camadas superficiais da pele. COMO? Lesões advindas de reações de hipersensibilidade do tipo ll Mediada por autoanticorpos IgG IgG ligam-se a proteínas desmossomais da pele e das mucosas Desmogleínas tipos 1 e 3 Essa ligação prejudica a aderência intercelular e ativa proteases intercelulares A distribuição das proteases no epitélio determina a localização das lesões PATOGENIA: ➢ No pênfigo vulgar, os autoanticorpos contras desmogleínas 1 e 3 causam bolhas na camada suprabasal profunda do epitélio. Embasamento teórico: EXAME HISTOPATOLÓGICO HISTOPATOLÓGICO: Denominador histopatológico de todos os tipos de pênfigo ACANTÓLISE Lise das junções intercelulares entre as células epiteliais escamosas vizinhas, resultando no arredondamento das células isoladas PÊNFIGO VULGAR A acantólise envolve seletivamente a camada de células imediatamente acima da camada basal, originando uma bolha acantolítica suprabasal Fonte: KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 HISTOPATOLÓGICO: IMUNOFLUORESCÊNCIA DIRETA PÊNFIGO VULGAR Padrão característico das lesões: depósitos intercelulares de IgG semelhantes a uma “rede de pesca” Fonte: KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 HISTOPATOLÓGICO(epitélio oral): ➢ A mucosa da boca é intensamente afetada pelo pênfigo vulgar e podemos observar algumas alterações histológicas, dentre elas a presença intensa de células inflamatórias e também de células aumentadas. Epitélio pavimentoso queratinizado na cavidade bucal sem alterações Epitélio alterado Embasamento teórico: MANIFESTAÇÕES ORAIS MANIFESTAÇÕES ORAIS: ➢ Local onde aparecem as primeiras manifestações da doença, as ulcerações bucais aparecem antes mesmo das cutâneas. Imagem fornecida pelo Dr. Thomas Habif. MANIFESTAÇÕES ORAIS: ➢ As ulcerações causadas pelo pênfigo vulgar podem se espalhar por toda a cavidade bucal podendo atingir a gengiva interna e externa, o palato e o dorso da língua. Exame físico intrabucal: ulcerações no palato e no dorso da língua MANIFESTAÇÕES ORAIS: ➢ As ulcerações orais são as mais persistentes durante a doença, encerrando o processo de cura depois das feridas cutâneas. Ulcerações em estado de cura avançado, com diminuição do tamanho da ferida e melhora no quadro de inflamação. MANIFESTAÇÕES ORAIS: ➢ O sinal de Nikolsky é uma manobra semiotécnica simples, que é feita a partir da pressão (que pode ser feita com o cabo do espelho) na mucosa próxima as lesões ativas, quando positivo, há a formação de uma bolha de sangue que ocorre devido a fragilidade da camada epitelial. Fonte: https://estomatologiaonline.net/tag/sinal-de-nikolsky/ Embasamento teórico: TRATAMENTO TRATAMENTO: •O pênfigo vulgar é geralmente fatal se não for tratado, mas 85 a 95% das pessoas sobrevivem com o tratamento. • Corticosteroides (por via oral ou intravenosa) • Antibióticos e compressas protetoras para bolhas rompidas • Agentes imunossupressores ou imunoglobulina ➢ Altas doses de corticosteroides são a base do tratamento. São administrados por via oral ou, se a pessoa estiver hospitalizada, por via intravenosa. Se a doença for controlada, a dose de corticosteroides é reduzida aos poucos. ➢ Pessoas com pênfigo vulgar grave também podem ser submetidas a PLASMAFÉRESE, um processo no qual os anticorpos são filtrados do sangue (Controle de doenças através da purificação do sangue). ➢ A imunoglobulina administrada por via intravenosa é outro tratamento para o pênfigo vulgar grave. Algumas pessoas reagem tão bem ao tratamento que podem interromper a terapia com medicamentos, ao passo que outras devem continuar a tomá-los, em doses baixas, durante muito tempo. RELATO DE CASO TÍTULO: “Alergia de contato causada por methylisothiazolinone(MI) em um enxaguante bucal como o provável gatilho do pênfigo vulgar oral” RELATO DE CASO: ➢ Paciente: mulher (79 anos) com histórico de oito anos de ulcerações recorrentes na mucosa oral; ➢ Sintomatologia: Encaminhamento para teste de contato logo após o início súbito de estomatite grave. Ela negou ter qualquer sintomas anteriores sugestivos de alergia de contato. ➢ Metodologia (primeiro teste): Teste de sensibilidade, em que foi utilizado uma triagem bucal e seus produtos bucais, como o Buccagel Afte colluttorio, um enxaguante bucal que ela começou a usar um mês antes de seus sintomas bucais piorarem(MI na composição) ➢ Reações: Positivas no dia 3 e 4 (para o enxaguante bucal testado que tinha a presença de MI ) Após essa reação, foi suspendido o uso do enxaguante e a estomatite melhorou ligeramente. ➢ Metodologia (segundo teste): Avaliação de diagnóstica revelou a presença de levados níveis circulantes de anti-desmogleína 3 autoanticorpos, compatíveis com PV oral. Ocorreu a repetição dos primeiros testes, e em seguida, realização da histopatologia e a imunofluorescência direta (DIF) de pele lesionada e perilesional. ➢ Resultados do segundo teste: A histologia mostrou dermatite espongiótica aguda e algumas áreas de acantólise suprabasal. DIF mostrou um padrão típico pênfigo vulgar com IgG e depósitos de C3. RELATO DE CASO: A. Reação de teste de adesivo vesicular para MI. A linha pontilhada mostra que o biópsia incluiu lesionale pele perilesional; B. Histologia mostrando empolamento intraepidérmico e denso infiltrado inflamatório dérmico na área de a reação positiva no teste de contato; C. Imunofluorescência direta mostrando IgG auto-anticorpos ligados à superfície de queratinócitos epidérmicos, tanto na área de a reação do teste patch vesicular e no epiderme aparentemente normal, onde eles são mais evidentes Fonte: (GALLO, R.; 2018) DISCUSSÃO: ➢ A sensibilidade pode ter sido desencadeada pela presença do MI em contato com a cavidade oral e, desse modo, o uso fica restrito a produtos médicos; ➢ Na paciente, a alergia de contato ao MI foi associado ao PV, não sabendo ao certo se induziu ou agravou o caso. ➢ Lesões do pênfigo vulgar estavam restritas a área de contato com o MI ( cavidade bucal); ➢ Presença de anticorpos circulantes relacionados com pênfigo vulgar (autoanticorpos contra a desmogleína 3); ➢ DIF realizada no local de testes mostrou padrão típico de PV; Hipóteses para essa associação: DISCUSSÃO: CONCLUSÃO: ➢ Alguns alérgenos de contato podem induzir acantólise superficial direta, que junto com a reação alérgica inflamatória, pode, por sua vez, favorecer a expressão de neo- antígenos desmossomais, produzindo um autoanticorpo específico como resposta. REFERÊNCIASREFERÊNCIAS REFERÊNCIAS: ➢ KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 ➢ ARAÚJO, D.B.; Manifestações bucais do pênfigo; R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 5, n. 2, p. 181-187, mai./ago. 2006 ➢ GALLO, Rosella et al. Contact allergy caused by methylisothiazolinone in a mouthwash as the likely trigger of oral pemphigus vulgaris. Contact dermatitis, 2018 ➢ https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-da- pele/doen%C3%A7as-que-provocam-bolhas/p%C3%AAnfigo-vulgar OBRIGADO PELA ATENÇÃO!! EQUIPE: ➢ Caroline da Silva Olivindo ➢ Erivan Menezes ➢ Juliane Mª Moreira Aguiar ➢ Larisse da Costa Carvalho ➢Marina Rodrigues Silva ➢ Pedro Isac Fontenele Saldanha ➢ Sávio Martins