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1 . UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE (UNIVALE) FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS (FAENG) TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO INDUSTRIAL André Moreira de Carvalho Geraldo Messias Gomes Marcio de Castro Borges Nilton Bráz Ferreira Júnior Implantação de Sistema Informatizado para Planejamento e Controle da Manutenção – Empresa Vileflex Governador Valadares - MG 2009 2 André Moreira de Carvalho Geraldo Messias Gomes Marcio de Castro Borges Nilton Bráz Ferreira Júnior Implantação de Sistema Informatizado para Planejamento e Controle da Manutenção – Empresa Vileflex Monografia apresentada ao Curso Superior de Tecnologia em Manutenção Industrial da Universidade Vale do Rio Doce − Univale como requisito parcial para obtenção de título de Tecnólogo em Manutenção Industrial. Orientador: Prof. Ms. Claudio Humberto Junqueira de Sousa Governador Valadares - MG 2009 3 André Moreira de Carvalho Geraldo Messias Gomes Marcio de Castro Borges Nilton Bráz Ferreira Júnior Monografia intitulada “Implantação de Sistema Informatizado para Planejamento e Controle da Manutenção – Empresa Vileflex”, de autoria dos alunos André Moreira de Carvalho, Geraldo Messias Gomes, Marcio Castro Borges e Nilton Braz Ferreira Júnior, aprovada pela banca examinadora constituída dos seguintes professores: ___________________________________________________________ Prof Claudio Humberto Junqueira de Sousa – Orientador Universidade Vale do Rio Doce ___________________________________________________________ Prof Flavio Abelha Paolielo - examinador Universidade Vale do Rio Doce ___________________________________________________________ Profa. Luciane Cardoso Mira - examinadora Universidade Vale do Rio Doce Governador Valadares, 07 de dezembro de 2009. 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho. Agradecemos sobretudo a Deus, em especial ao nosso coordenador, orientador e professor Claudio Humberto Junqueira de Sousa e a todos os professores que, com paciência e dedicação transmitiram o conhecimento necessário para a elaboração deste trabalho e de outros trabalhos na nossa preparação para a profissão de Tecnólogos. 5 RESUMO O foco do presente trabalho é discutir a implantação de um sistema informatizado para o Planejamento, programação e controle da manutenção. Apresentam-se as etapas de implantação da área de planejamento, programação e controle da manutenção em uma empresa de fabricação de conexões hidráulicas. Ao longo do texto, enfatizam-se as atividades realizadas em cada uma dessas etapas, pois cada procedimento é importante na conclusão do processo. Apresentam-se os também os cargos necessários para essa estrutura, indicando as atividades e fluxos a serem seguidos para a execução de cada atividade dentro desta área. É importante indicar as fases necessárias para a elaboração de um plano de manutenção, bem como sua importância dentro de uma estrutura organizacional da empresa, o que é descrito no desenvolvimento da monografia. Destaca-se a importância do sistema informatizado de manutenção, que seja capaz de dar suporte à área de planejamento, programação e controle da manutenção. O resultado final orienta-se à construção de uma estrutura de controle da manutenção capaz de garantir a disponibilidade de dados confiáveis para a gestão da manutenção, tendo em vista a importância da confiabilidade no desenvolvimento das atividades de tecnologia em manutenção. 6 ABSTRACT This paper describes a computerized system for planning, programming and control of maintenance. We present the steps taken to implement the area of planning, programming and control of maintenance in a manufacturing company of hydraulic connections. Emphasis is given to activities undertaken in each of these steps. Presents the positions required for this structure, indicating the activities and flows to be followed for the implementation of each activity within this area. We present the steps necessary for the preparation of a maintenance plan, and its importance within a company's organizational structure. It emphasizes a computerized maintenance system, capable of supporting the area of planning, programming and control of maintenance. Presents a control structure capable of maintaining the availability of reliable data for the management of maintenance. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Organograma da área de Produção...........................................................35 Figura 2: Formulário de Ordem de Serviço ...............................................................40 Figura 3 – Foto da Empresa......................................................................................63 Figura 4 – Organograma da direção da Vile Flex......................................................65 Figura 5 – Organograma da produção da VileFlex....................................................66 Figura 6 – Linha de produtos da empresa.................................................................67 Figura 7 – Fotos de aplicação dos produtos..............................................................68 Figura 8 – Fotos de aplicação dos produtos..............................................................68 Figura 9 – Layout da Fábrica.....................................................................................69 Figura 10 – Linhas de Produção ...............................................................................70 Figura 11 – Torno de Controle Numerico Computadorizado (CNC)..........................70 Figura 12 – Torno Revolver de controle manual .......................................................71 Figura 13 – Mapa de atuação....................................................................................71 Figura 14 – Tela Principal Programa TECMAN.........................................................74 Figura 15 – Área de Pendências ...............................................................................74 Figura 16 – Planilha de Controle de Pendências ......................................................75 Figura 17 – Área de Controle de Relatórios de Serviço ...........................................75 Figura 18 – Modelo Relatório de Serviço .................................................................76 Figura 19 – Controle de Ordem de Serviço...............................................................77 Figura 20 – Modelo de Ordem de Serviço.................................................................78 Figura 21 – Arquivos de OS Pendentes ....................................................................79 Figura 22 – Arquivos de OS Concluídas ...................................................................80 Figura 23 – Controle de Solicitação de Peças...........................................................80 Figura 24 – Modelo Ficha de Solicitação de Peças...................................................81 Figura 25 – Arquivos de Históricos de Solicitação de Peças ....................................82Figura 26 – Relação de Equipamentos .....................................................................82 Figura 27 – Controle de Disponibilidade dos Equipamentos.....................................83 Figura 28 – Controle de Disponibilidade 2009...........................................................83 Figura 29 – Controle de Disponibilidade por Equipamento – Out/2009.....................84 Figura 30 – Dados Disponibilidade por Equipamento ...............................................85 Figura 31 – Planilha de Planejamento de Manutenção .............................................86 8 Figura 32 – Tela de Códigos de Peças do Almoxarifado ..........................................87 Figura 33 – Tela de Solicitação de serviços..............................................................87 Figura 34 – Tela de Solicitação de Serviços .............................................................88 Figura 35 – Tela de Procedimento de Manutenção...................................................89 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................11 2 HISTÓRIA DA MANUTENÇÃO ............................................................................13 2.1 CONCEITO DA MANUTENÇÃO ........................................................................14 2.2 MISSÃO DA MANUTENÇÃO.............................................................................16 2.3 OBJETIVOS DA MANUTENÇÃO.......................................................................16 2.4 IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO ..................................................................17 2.5 MANUTENÇÃO E AMBIENTE ...........................................................................18 2.6 MANUTENÇÃO E QUALIDADE.........................................................................19 2.7 TIPOS DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO.......................................................19 2.7.1 Manutenção Corretiva...................................................................................20 2.7.2 Manutenção Preventiva ................................................................................20 2.7.3 Manutenção Preditiva ...................................................................................21 2.7.4 Manutenção Detectiva...................................................................................23 2.7.5 Engenharia de Manutenção..........................................................................23 2.7.6 Manutenção Remota .....................................................................................24 3 ESTRATÉGIAS DA MANUTENÇÃO ....................................................................26 3.1 FATORES PARA DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE MANUTENÇÃO.........27 3.2 QUALIDADE NA MANUTENÇÃO ......................................................................28 3.3 CONFIABILIDADE NA MANUTENÇÃO ..............................................................32 4 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO .......................................34 4.1 O PCM NO ORGANOGRAMA DA MANUTENÇÃO...........................................37 4.2 TAGUEAMENTO................................................................................................37 4.3 CODIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS...............................................................38 4.4 DEFINIÇÃO DOS FLUXOGRAMAS DE SERVIÇO............................................39 4.5 A ORDEM DE MANUTENÇÃO ..........................................................................39 4.6 OS HOMENS DA MANUTENÇÃO .....................................................................41 4.6.1 O Executante .................................................................................................42 4.6.2 O Planejador ..................................................................................................44 4.6.3 O Supervisor de Manutenção.......................................................................46 4.6.4 A Equipe de Engenharia da Manutenção ...................................................49 4.6.5 O Gerente de Manutenção Industrial ...........................................................50 4.7 PLANOS DE MANUTENÇÃO ............................................................................52 10 4.7.1 Plano de Inspeções Visuais .........................................................................53 4.7.2 Roteiros de Lubrificação ..............................................................................53 4.7.3 Manutenção de Troca de Itens com Desgaste ............................................54 4.7.4 Plano Preventivo ...........................................................................................55 4.7.5 Plano Preditivo ..............................................................................................55 4.8 INDICADORES DE MANUTENÇÃO ..................................................................56 4.8.1 MTBF ..............................................................................................................57 4.8.2 MTTR ..............................................................................................................58 4.8.3 TMPF...............................................................................................................58 4.8.4 Disponibilidade Física (DF) ..........................................................................59 4.8.5 Custo de manutenção por faturamento.......................................................59 4.8.6 Custo de Manutenção por Valor de Reposição ..........................................60 4.8.7 BACKLOG ......................................................................................................61 4.9 SISTEMAS INFORMATIZADOS PARA O PCM.................................................61 4.9.1 Objetivos de um Sistema de Manutenção...................................................62 5 IMPLANTAÇÃO DO PROJETO ...........................................................................63 5.1 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA .......................................................................63 5.2 ORGANOGRAMA DA DIREÇÃO .......................................................................65 5.3 ORGANOGRAMA DE PRODUÇÃO...................................................................66 5.4 PRODUTOS.......................................................................................................67 5.5 APLICAÇÃO DOS PRODUTOS.........................................................................67 5.6 LAYOUT DA FÁBRICA........................................................................................69 5.7 LINHAS DA PRODUÇÃO....................................................................................69 5.8 MERCADO..........................................................................................................71 5.9 EXECUÇÃO ........................................................................................................72 5.10 SISTEMA INFORMATIZADO TECMAN............................................................73 6 CONCLUSÃO .......................................................................................................90 7 REFERÊNCIAS.....................................................................................................91 11 1 INTRODUÇÃO Manutenção, palavra derivada do latim manus ten, que significa manter o que se tem, está presente na história humana há eras, desde o momento em que iniciou o manuseio dos instrumentos de produção. Com o adventoda Revolução Industrial no final do século XVIII, a sociedade humana começou a se agigantar no tocante à sua capacidade de produzir bens de consumo. A presença de equipamentos cada vez mais sofisticados e de alta produtividade fez a exigência de disponibilidade elevar os custos de inatividade ou de subatividade. Nesse sentido, percebeu-se que não basta ter instrumentos de produção, pois é preciso saber usá-los de forma racional e produtiva. Baseadas nesta ideia, as técnicas de organização, planejamento e controle nas empresas sofreram uma tremenda evolução. Por volta de 1900, surgem as primeiras técnicas de planejamento de serviços, Taylor e Fayol, e em seguida o gráfico de Gantt. No entanto, foi durante a Segunda Guerra Mundial que a manutenção se firmou como necessidade absoluta, quando houve então um fantástico desenvolvimento de técnicas de organização, planejamento e controle para tomada de decisão. Segundo Monchy, “manutenção” decorre de um vocábulo militar, que nas unidades de combate significava conservar os homens e seus materiais em um nível constante de operação. A aparição efetiva do termo “manutenção”, indicando a função de manter em bom funcionamento todo e qualquer equipamento, ferramenta ou dispositivo, ocorre na década de 1950 nos EUA, e neste mesmo período, na Europa. Tal termo se consolida e ocupa aos poucos os espaços nos meios produtivos, em detrimento da palavra “conservação”. Devido ao rápido aperfeiçoamento dos instrumentos de produção e ao constante progresso dos meios de comunicação, o atual estágio do capitalismo arrasta ao consumo os povos, mesmo os dos países mais pobres. Para que estes tenham condições de sobrevivência em tal contexto, é preciso que seus meios de produção se armem de tecnologia de ponta, excelentes recursos humanos, programas consistentes de qualidade, produtos competitivos e também um eficaz plano de manutenção dos instrumentos de produção, tornando o produto final mais acessível a todos. 12 O impacto do Planejamento e Controle da Manutenção (PCM) para a saúde de uma empresa é primordial, pois seria impossível um atleta competir com chances de vitória, se o seu organismo estivesse debilitado. A manutenção industrial cuida desse “organismo”, os intramuros de uma companhia e o PCM a organiza e a melhora; se este for eficiente, a companhia terá saúde financeira para existir e colocar seus produtos no mercado, com qualidade superior e preço competitivo. Este trabalho objetiva contribuir para um melhor entendimento do que vem a ser um programa de Planejamento e Controle da Manutenção. A implantação de metodologias organizacionais se torna premente a uma empresa, e as novas perspectivas advindas da evolução dos campos da informática e eletrônica vêm acelerando o desenvolvimento das mesmas, tornando o trabalho cada vez mais confiável e eficiente. Contudo, a implementação de qualquer nova tecnologia só apresenta resultados satisfatórios, desde que existam pessoas especializadas e treinadas para a completa utilização de todas as facilidades e benefícios oferecidos. 13 2 HISTÓRIA DA MANUTENÇÃO Conforme Pascoli (1994), os primeiros registros de manutenção datam do século X, quando os Vikings dependiam fortemente da manutenção para manter seus navios em perfeitas condições para as batalhas. Sabe-se que a história e desenvolvimento da manutenção acompanharam o desenvolvimento Industrial ao longo dos últimos 100 anos de história. Segundo Tavares (1999), em 1914 a manutenção era executada pelo próprio pessoal da operação, tendo uma importância secundária. Com a primeira guerra mundial, Henry Ford desenvolveu e criou equipes para atender às exigências do sistema produtivo, garantindo assim o funcionamento dos equipamentos. Segundo Pinto e Xavier (2002), a manutenção evoluiu nos últimos 30 anos, se dividindo em três gerações: a primeira, a segunda e a terceira, cada uma se destacando com suas características e contribuições. A primeira geração corresponde ao período antes da segunda guerra mundial, quando a indústria era pouco mecanizada. É neste período que surge a manutenção corretiva, e a manutenção ocupa um dos níveis mais baixos das organizações. A manutenção corretiva se caracteriza pela intervenção no equipamento ou ativo da empresa na ocorrência de falha, restabelecendo sua função. A segunda geração inicia-se na segunda guerra mundial, dando inicio à manutenção preventiva. É nesta época que os investidores avaliam os custos de manutenção e começam a enxergar a manutenção com outros olhos, ocupando assim posição hierárquica compatível à produção. É neste período que se cria a Engenharia de Manutenção, com a finalidade de assessorar a manutenção, e, na década de 60, a manutenção passou a utilizar métodos de controle em decorrência do advento do computador. A intervenção no equipamento, antecipando as causas prováveis de falhas através das ações determinadas em intervalos fixos de tempo, se caracteriza pela manutenção preventiva. É na terceira geração, que se inicia a partir da década de 70, que os conceitos da manutenção preventiva são fundamentados na performance e no 14 desempenho dos equipamentos, e por meios de técnicas que fornecem diagnósticos preliminares de falhas dos equipamentos surge a manutenção preditiva. É neste período que as empresas iniciam o desenvolvimento tecnológico dos seus parques industriais, crescendo na automação e mecanização, iniciando a indicação da confiabilidade e disponibilidade dos equipamentos. A partir daí as organizações vêm passando por transformações rápidas e profundas, impulsionadas pelo aumento da competitividade e pelo desenvolvimento tecnológico, levando as empresas a uma verdadeira revolução nos seus sistemas produtivos. A manutenção deve ser gerenciada através de uma administração moderna, pensando e agindo estrategicamente, sustentada por uma visão de futuro e regida pelo processo de gestão e deve contribuir efetivamente para a eficácia do processo produtivo e a satisfação plena de seus clientes, conforme abordam Pinto e Xavier (2002). 2.1 CONCEITO DA MANUTENÇÃO O dicionário Aurélio (FERREIRA, 1986) define a manutenção como as medidas necessárias para a conservação ou permanência de alguma coisa ou de uma situação, bem como os cuidados técnicos indispensáveis ao funcionamento regular e permanente de motores e máquinas. Conforme a NBR 5462/1994 (Confiabilidade e Mantenabilidade) manutenção é a combinação de ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida. A norma inglesa BS-3811/1993 define manutenção como a combinação de qualquer ação para reter um item ou restaurá-lo, de acordo com um padrão aceitável. Formalmente, a manutenção é definida como a combinação de ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida (NBR 5462-1994). Ou seja, manter significa fazer tudo que for preciso para 15 assegurar que um equipamento continue a desempenhar as funções para as quais foi projetado, num nível de desempenho exigido. Basicamente, as atividades de manutenção existem para evitar a degradação dos equipamentos e instalações, causada pelo seu desgaste natural e pelo uso. Esta degradação se manifesta de diversas formas, desde a aparência externa ruim dos equipamentos até perdas de desempenho e paradas da produção, até a fabricação de produtos de má qualidade e a poluição ambiental. Mantenabilidade, segundo a norma brasileira NBR-5462/1994 (Confiabilidadee Mantenabilidade) é a facilidade de um item em ser mantido ou recolocado no estado no qual ele pode executar suas funções requeridas, sob condições de uso especificadas, quando a manutenção é executada sob condições determinadas e mediante os procedimentos e meios prescritos. Conforme Pinto e Xavier (2002), manutenibilidade ou mantenabilidade é a característica de um equipamento ou conjunto de equipamentos que permita, em maior ou menor grau de facilidade, a execução dos serviços de manutenção. Para analisar a mantenabilidade de um equipamento, deve-se levar em conta os seguintes requisitos, conforme Pinto e Xavier (2002): − Requisitos qualificados: são requisitos para orientar os operadores nas execuções das atividades, informando-os sobre métodos, materiais, ferramentas, disponibilidade, procedimentos para execução; − Requisitos quantificados: são números utilizados para quantificar tempos de execução, médias de paradas, tempos de indisponibilidade e quantidades de materiais sobressalentes; − Suporte logístico: trata-se de todas as condições necessárias para dar suporte a alojamentos, transporte, produção, distribuição, viagens, manutenção de meios e ferramentas; − Capacitação do pessoal de manutenção: trata-se do desenvolvimento das habilidades profissionais e capacitação do pessoal de manutenção. 16 2.2 MISSÃO DA MANUTENÇÃO Todos os equipamentos, sistemas e instalações, sejam eles mecânicos, elétricos, eletrônicos, hidráulicos ou pneumáticos, estão sujeitos a ver degradadas as suas condições normais de operacionalidade, com o decorrer do tempo, em conseqüência do uso e até por causas fortuitas. É missão da manutenção repor essa operacionalidade em níveis corretos. Para cumprir a sua missão, a manutenção recorre a um conjunto diversificado de tarefas selecionadas e programadas de acordo com as características e utilização do seu objeto e os padrões de serviço que lhe foram fixados. Essas tarefas são, por exemplo, a lubrificação, a limpeza, o ensaio, a reparação, a substituição, a modificação, a inspeção, a calibração, a revisão geral ou o controle de condições. Em termos temporais, a tendência é a ação da manutenção se exercer não apenas durante a fase de operação do seu objeto, mas ao longo de todo o seu ciclo de vida, desde a concepção ou especificação, até ao seu abate ou desativação. Podem ser objeto de ação da manutenção não só as máquinas e equipamentos industriais, mas também ferramentas especiais, equipamentos de ensaio, instalações de energia, gases e fluidos, redes de comunicações, veículos, edifícios e logradouros, etc. Numa perspectiva mais ampla, a manutenção pode incluir funções de limpeza e segurança. 2.3 OBJETIVOS DA MANUTENÇÃO A Manutenção tem de estar subordinada a objetivos claramente definidos e coerentes com os objetivos globais da empresa. De fato, a ação da manutenção pode desenvolver-se segundo linhas de força divergentes, para as quais é essencial determinar a resultante que melhor sirva aos interesses do negócio: − Segurança: a segurança (das pessoas, dos equipamentos, da comunidade, etc.) deve ser uma referência onipresente e inegociável; 17 − Qualidade: um dos objetivos da manutenção é conseguir os melhores rendimentos das máquinas, um mínimo de defeitos de produção, melhores condições de higiene, melhor tratamento do ambiente; − Custo: a Manutenção procura as soluções que minimizem os custos globais do produto considerando, portanto, a par dos custos próprios de produção, os custos provocados pela manutenção ou pela não- manutenção; − Disponibilidade: pretende-se da Manutenção que disponibilize os equipamentos para operação o máximo de tempo possível, reduzindo ao mínimo possível tanto as imobilizações programadas quanto as paragens por avaria e contribuindo, assim, para assegurar a regularidade da produção e o cumprimento dos prazos planejados. É, obviamente, impossível otimizar todos estes fatores simultaneamente. É responsabilidade da gestão da Manutenção encontrar o compromisso mais satisfatório, compatível com os objetivos da empresa e pautar por ele as suas decisões futuras. Relatando de uma forma mais completa a missão da manutenção, é possível afirmar que a Manutenção é um conjunto integrado de atividades que se desenvolvem em todo o ciclo de vida de um equipamento, sistema ou instalação, visando manter ou repor a sua operacionalidade nas melhores condições de qualidade, custo e disponibilidade, com total segurança. 2.4 IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO A importância da Manutenção é determinada pelas razões que a justificam. Faz-se manutenção por três tipos de razões: − Econômicas - Para obter o máximo rendimento dos investimentos feitos em instalações e equipamentos, prolongando ao máximo a sua vida útil e mantendo-os em operação o máximo de tempo possível; para reduzir ao mínimo os desperdícios, rejeições e reclamações de produtos. O foco é apoiar o esforço de vendas da empresa, evitando atrasos ou interrupções da produção, com isso há o esforço para 18 reduzir os custos dos consumos em energia e fluidos; visando conseguir o melhor aproveitamento dos recursos humanos da empresa; − Legais - A legislação obriga a prevenir situações que possam constituir fator de insegurança (risco de acidente, individual ou coletivo), de incômodo (ruído, fumos, cheiros), de poluição (emissões gasosas, descargas líquidas, resíduos sólidos) ou de insalubridade (temperatura, umidade). Algumas atividades econômicas são norteadas por legislação especial, cuja aplicação é verificada por organismos próprios; − Sociais - Os grupos sociais afetados pela operação dos equipamentos ou instalações podem exercer pressões para que sejam reduzidos ou anulados os efeitos incômodos ou nocivos dessa operação. Mesmo que não haja uma imposição legal, a preservação da imagem da empresa pode justificar a adoção de medidas de manutenção adequadas. 2.5 MANUTENÇÃO E AMBIENTE Está também a ser produzida legislação regulamentadora de emissões gasosas, efluentes líquidos e resíduos sólidos. Quer as emissões poluentes sejam conseqüência de degradação ou desafinação das máquinas, quer o sejam de inadequação ou insuficiência dos equipamentos, é normal caber à Manutenção toda a ação neste domínio, designadamente: − construção ou ligação a estações de tratamento de águas residuais; − estudo, instalação, divulgação e gestão dos processos de recolhimento dos resíduos industriais poluentes e envio para destino adequado; − práticas de manutenção tendentes a reduzir o risco de fugas contaminantes e de emissões poluentes. 19 2.6 MANUTENÇÃO E QUALIDADE A crescente integração na legislação de normas comunitárias de qualidade e, sobretudo, o julgamento de consumidores cada vez mais exigentes requerem uma especial atenção para com a qualidade do produto acabado e tudo o que a possa prejudicar a imagem do mesmo. A Manutenção pode intervir na conservação ou melhoria de qualidade do produto através de: − verificação periódica de tolerâncias e folgas de mecanismos susceptíveis de degradação; − garantia de boa operação de mecanismos de regulação e controle; − calibração programada de todos os instrumentos de indicação e medida por comparação com padrões devidamente aferidos; − criação de condições ambientais adequadas à boa operação dos equipamentos e à boa conservação dos produtos. 2.7 TIPOS DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO Por vezes, verifica-se que entre o pessoal de manutenção ainda existe alguma confusão quanto à nomenclatura utilizada para definir os tipos de manutenção. Isso se verifica em função de: • Adoção de nomes diferentesde uma indústria para outra; • Neologismo próprio, por vezes derivado de traduções de línguas estrangeiras; • Disseminação do nome dos tipos de manutenção, nem sempre bem explicado ou entendido, mas que ganha o costume local ou particular. Os nomes podem até variar, mas o conceito deve estar bem compreendido. A firme conceituação permite a escolha do tipo mais conveniente para um determinado equipamento, instalação ou sistema. Consideramos bastante adequada a seguinte classificação em função dos tipos de manutenção: 20 2.7.1 Manutenção Corretiva É a atuação para correção da falha ou do desempenho menor que o esperado. A Manutenção corretiva pode ser dividida em duas classes: − Manutenção Corretiva Não Planejada – correção da falha de maneira aleatória, ou seja, é a correção da falha ou do desempenho menor que o esperado após a ocorrência do fato. Esse tipo de manutenção implica em altos custos, pois causa perdas de produção; a extensão dos danos aos equipamentos é maior; − Manutenção Corretiva Planejada – é a correção que se faz em função de um acompanhamento preditivo, detectivo, ou até pela decisão gerencial de se operar até a falha. Esse tipo de manutenção é planejada. Tudo o que é planejado é sempre mais barato, mais seguro e mais rápido. Em algumas indústrias, esses dois tipos de manutenção corretiva são conhecidos como Manutenção Corretiva Previsível e Manutenção Corretiva Não Previsível. 2.7.2 Manutenção Preventiva É a atuação realizada para reduzir ou evitar falhas ou queda no desempenho, obedecendo a um planejamento baseado em intervalos definidos de TEMPO. Um dos segredos de uma boa prevenção está na determinação dos intervalos de tempo. Como, na dúvida, temos a tendência de sermos mais conservadores, os intervalos normalmente são menores que o necessário o que implica em paradas e troca de peças desnecessárias. A manutenção preventiva tem grande aplicação em instalações ou equipamentos cuja falha pode provocar catástrofes ou riscos ao meio ambiente; sistemas complexos e/ou de operação contínua. 21 Como a Manutenção Preventiva está baseada em intervalos de tempo, é conhecida como TIME BASED MAINTENANCE - TBM ou Manutenção Baseada no Tempo. 2.7.3 Manutenção Preditiva É um conjunto de atividades de acompanhamento das variáveis ou parâmetros que indicam a performance ou desempenho dos equipamentos, de modo sistemático, visando definir a necessidade ou não de intervenção, no qual se utiliza qualquer recurso de predição (Ex. Vibração, Ultrassom, termografia). Quando a intervenção é produto do acompanhamento preditivo, significa a realização de manutenção corretiva planejada. Esse tipo de manutenção é conhecido com CONDITION BASED MAINTENANCE - CBM ou Manutenção Baseada na Condição. Permite que os equipamentos operem por mais tempo e a intervenção ocorra com base em dados e não em suposições. Algumas empresas adotam uma classificação cuja modalidade Preventiva engloba as Manutenção Baseada no Tempo e a Manutenção Baseada na Condição. Isso implica que a Preditiva seja um ramo da Preventiva. Optou-se no presente trabalho por mantê-la separada, tendo em vista as características diferentes das duas. Denomina-se Manutenção Preditiva o conjunto de procedimentos por medição de vibrações, o controle, efetuado com instrumentos de medição apropriados, mediante as condições de funcionamento de máquinas em operação (em serviço normal de produção), com a finalidade de predizer falhas e detectar tais mudanças no estado físico que tornem necessária a programação dos serviços de manutenção, evitando quebras ou estragos maiores. Entre os objetivos da Manutenção Preditiva, destacam-se: • Determinar antecipadamente quando será necessário realizar serviços de manutenção numa peça específica de um equipamento; • Eliminar desmontagens desnecessárias para inspeção; • Aumentar o tempo da disponibilidade dos equipamentos; 22 • Minimizar trabalhos de emergência ou não planejados; • Impedir a propagação dos danos; • Aproveitamento da vida útil total dos componentes de um equipamento; • Aumentar a confiabilidade de um equipamento ou da linha de produção; • Determinar previamente uma interrupção de fabricação e quais os equipamentos que precisam de manutenção. Todos estes itens são fundamentais para o fator mais importante: a redução de custos de manutenção. A aplicação do sistema de medição de vibrações protege a maquinaria, pois detecta falhas, tais como: − Rolamentos deteriorados; − Engrenagens defeituosas; − Acoplamentos desalinhados; − Rotores desbalanceados; − Eixos deformados; − Lubrificação deficiente; − Falta de rigidez; − Problemas elétricos em motores; − Folgas mecânicas. Normalmente, as vibrações são medidas, através de um sensor conectado a um coletor de dados, nos mancais da máquina, detectando-se vibrações absolutas na carcaça. Os mancais são os pontos escolhidos para se fazer as medidas, pelo fato de serem mais sensíveis às mudanças mecânicas ocorridas nas máquinas. Essas possibilidades da análise de vibrações fazem com que essa seja a técnica fundamental da Manutenção Preditiva. 23 2.7.4 Manutenção Detectiva É a atuação efetuada em sistemas de proteção ou comando, buscando detectar falhas ocultas ou não perceptíveis ao pessoal de operação e manutenção. Um exemplo clássico é o circuito que comanda a entrada de um gerador em um hospital. Se houver falta de energia e o circuito tiver uma falha, o gerador não entra em funcionamento. À medida que se aumenta a utilização de instrumentação de comando, controle e automação nas indústrias, maior a necessidade da manutenção detectiva para garantir a confiabilidade dos sistemas e da planta. Esse tipo de manutenção é novo e por isso mesmo muito pouco mencionado no Brasil. 2.7.5 Engenharia de Manutenção É o conjunto de atividades que permitem que a confiabilidade seja aumentada e a disponibilidade garantida no exercício das funções cotidianas da empresa. Isso implica o deixar de ficar consertando, de conviver com problemas crônicos, melhorando padrões e sistemáticas, desenvolvendo a manutenibilidade, dando feedback ao projeto e interferindo tecnicamente nas compras. Normalmente, se for adotada uma postura tradicional de aplicação da manutenção corretiva não planejada, não haverá tempo para implantar procedimentos da engenharia de manutenção. Infelizmente, as situações serão resolvidas somente mediante emergência, o que significa péssimos resultados. É necessário, portanto, mudar, incorporar a preventiva, a preditiva e fazer engenharia de manutenção. As tendências atuais analisadas das empresas que são benchmark indicam a adoção cada vez maior de técnicas preditivas e a prática da engenharia de manutenção. 24 2.7.6 Manutenção Remota É o processo de se ter a função manutenção de uma empresa de porte pequeno ou médio gerenciada por profissionais localizados fora da empresa. Esse gerenciamento inclui a programação, processamento de pedidos e ordens de serviços, manutenção dos registros históricos e a geração de relatórios que auxiliem as decisões da gerência da empresa. O histórico dos equipamentos fornece informações que permitem analisar a efetividade da manutenção, as de tendências de causas de problemas recorrentes. Na manutenção remota, os equipamentos e processos são consertados quando necessário e o dinheiro, já escasso na manutenção, pode ser usado em outras coisas. Nessa forma de manutenção, as verbas não precisam ser aplicadas em sistemas informatizados de gerenciamento de manutenção, computadores, impressorase pessoal. O provedor da manutenção remota fornece toda a infraestrutura e um profissional qualificado para planejar sua manutenção, tudo isso por uma parcela das despesas menor que a empresa teria com um sistema próprio de manutenção. Limita-se a consertar o que estragou, e isso pode ser altamente prejudicial ao processo produtivo, especialmente porque o equipamento tende a apresentar defeitos em horas inoportunas. O histórico do equipamento permite à equipe de manutenção remota acompanhar sua história e analisar possíveis tendências de falhas, gerando um relatório que identifica o problema e sugere soluções para a gerência da planta ou empresa. As vantagens da manutenção remota são: baixo custo inicial para implantar um Sistema Informatizado de Gerenciamento da Manutenção, disponibilidade de pessoal treinado para conduzir o programa, nenhuma necessidade de contratar profissionais de planejamento e de manutenção, resultados positivos obtidos em curto prazo, suporte em tempo integral e informações disponíveis a qualquer tempo. As informações técnicas sobre o equipamento são catalogadas e conservadas pela equipe de manutenção remota e utilizadas no planejamento e programação dos trabalhos. Além disso, qualquer 25 necessidade de upgrade no sistema é de responsabilidade do provedor da manutenção remota. Mas como nem tudo são vantagens, a manutenção remota apresenta algumas desvantagens significativas: há um acréscimo inicial nos custos da manutenção, sem retorno imediato, a equipe de manutenção da empresa não tem acesso direto ao sistema e, a menos que tenham cópia do material técnico e descritivo dos equipamentos, não terão acesso ao acervo técnico. A equipe de manutenção local tem, também, a tarefa adicional de manter a manutenção remota permanentemente informada sobre o andamento das ordens de serviço. Em conclusão, a Manutenção Remota permite que as pequenas e médias empresas desfrutem das mesmas vantagens oriundas de grandes departamentos de manutenção, por uma fração do custo. Se há necessidade de um programa de manutenção mais eficiente e efetivo, e o custo de implantação de tal programa é proibitivo ou problemático, então vale considerar o Gerenciamento Remoto da Manutenção como uma alternativa viável. A Manutenção é uma atividade de importância estratégica nas empresas, pois ela deve garantir a disponibilidade dos equipamentos e instalações com confiabilidade, segurança e custos adequados. Entender cada tipo de manutenção e aplicar o mais adequado corretamente, é fator de otimização da atividade e lucro ou sobrevivência para a empresa. 26 3 ESTRATEGIAS DE MANUTENÇÃO Um sistema onde existe interdependência entre os componentes, a confiabilidade deste se dá pelo produto das confiabilidades individuais. A compreensão desse conceito é fundamental para que o projeto do sistema de manutenção a ser implementado. Também é fundamental que ele atenda às exigências da indústria, pois devido ao seu arranjo físico, a falha de qualquer equipamento potencialmente pode provocar a parada de todo o processo produtivo, prejudicando, assim, o cumprimento dos prazos de entrega de produtos. Consequentemente pode haver o comprometendo do faturamento, da imagem e até da sobrevivência da empresa. Por isso, é fundamental que as pessoas encarregadas da manutenção assumam uma nova postura, pensando e agindo estrategicamente, fazendo com que as atividades de manutenção se integrem de maneira eficaz ao processo produtivo, contribuindo efetivamente para a prosperidade da empresa. Diante do cenário atual, de uma economia globalizada e altamente competitiva, onde as mudanças ocorrem em alta velocidade, o setor de manutenção precisa ser um agente pró- ativo, pois, não mais existe espaço para improvisos e arranjos. Competência, criatividade, flexibilidade, velocidade, cultura de mudanças e trabalho em equipe são características básicas das empresas que buscam competitividade como razão de sobrevivência e da satisfação plena de seus clientes. Essa busca pelo melhor se manifesta através da qualidade intrínseca dos produtos, fundamentando suas decisões e ações na Política de Qualidade Total da Organização. Nessa nova visão, o trabalho da área de manutenção está sendo valorizado e as equipes de manutenção precisam estar cada vez mais equipadas e qualificadas para evitar as falhas, fazendo com que as interrupções do processo produtivo de formas não planejadas e não programadas sejam reduzidas ao mínimo. Desse modo, os homens de manutenção dever estar preparados para evitar as falhas e não apenas para corrigi-las. Além disso, atualmente, o desempenho da Manutenção é avaliado através de indicadores como disponibilidade e confiabilidade, redução da demanda de serviços, otimização do custo, segurança 27 pessoal e das instalações, preservação ambiental, eficiência energética, moral e motivação dos colaboradores. 3.1 FATORES PARA DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE MANUTENÇÃO A determinação de que estratégica, ou estratégias de manutenção, a serem aplicadas no processo produtivo, e seus subprocessos é a base da política de manutenção. Claro que o termo política de manutenção envolve um leque bem maior de variáveis do que apenas a escolha da forma de se fazer intervenções em máquinas. As ferramentas organizacionais que tornam possível o perfeito exercício da manutenção, as técnicas de planejamento, o perfil formativo do militante da área, os índices de qualidade e o sistema de gerenciamento formam a base da estruturação da manutenção industrial de uma empresa. O primeiro passo da política de manutenção é escolher que estratégias de manutenção será utilizada nos equipamentos, e para tanto é preciso levar em consideração nessa escolha alguns fatores, tais como: − Recomendações do Fabricante: É necessário se ater ao que o projetista do equipamento nos diz sobre sua conservação, a periodicidade de manutenção, os ajustes e calibrações, os procedimentos de correção de falhas, etc; − Segurança do Trabalho e Meio Ambiente: As exigências legais para manuseio de equipamentos devem ser observadas, bem como sua interação com o meio ambiente, objetivando sempre a integração perfeita entre Homem - Máquina – Meio Ambiente; − Características do Equipamento: Deve-se observar as características da falha, tempo médio entre falhas, vida mínima e modalidade de falha. As características do reparo devem ser também levadas em consideração, bem como o tempo médio do reparo, o tempo disponível após a pane antes que a produção seja afetada, e o nível de redundância; − Fator Econômico: O custo de manutenção se dá com os custos de recursos humanos, de material, de interferência na produção e de 28 perdas no processo. O custo de interferência na produção é o quanto deixará de produzir com o tempo de parada do sistema produtivo. Atualmente, em todas as industrias, há a transformação do tempo em produto, e consequentemente, em dinheiro, já que literalmente hoje na economia atual tempo é dinheiro. O custo de recursos humanos e material é o quanto gastamos com HH (Homem /Hora), peças de reposição e outros itens consumidos na manutenção. E por fim, o custo de perdas é devido também aos refugos de produção, desperdício de insumos e de matéria prima devido às falhas no equipamento. Após a análise destes fatores, será escolhido de acordo com cada equipamento e modo de falha predominantes o tipo de serviço de manutenção que será aplicado, levando em conta a realidade do processo produtivo. 3.2 QUALIDADE NA MANUTENÇÃO A atividade de manutenção tem passado por muitas mudanças em função do aumento do número e diversidade dos itens físicosque têm que ser mantidos (instalações, equipamentos e edificações), projetos complexos, novas técnicas e novos enfoques sobre a sua organização e suas responsabilidades. Com tantas mudanças, é necessária uma nova postura para profissional de manutenção, exigindo novas atitudes e habilidades das pessoas. Todos os profissionais, desde gerentes, engenheiros, supervisores e executantes devem estar conscientes do quanto falhas de equipamento afetam a segurança e o meio ambiente. Devem perceber a relação entre manutenção e qualidade do produto, os reflexos de maior pressão para se conseguir alta disponibilidade da instalação, garantindo a qualidade na manutenção, ao mesmo tempo em que se busca a redução de custos. Como se trata de um processo de mudança de cultura, existem as naturais resistências às mudanças, sendo essas resistências mais fortes na atividade de manutenção, ao mesmo tempo em que, historicamente, muito se 29 trabalhou para manter as condições dos equipamentos e instalações, criando com isto, um paradigma de estabilidade que hoje está totalmente ultrapassado. É preciso sair com urgência do estágio atual, que é lento e inadequado, para o novo paradigma que é a cultura de mudança, ou seja, é preciso estar permanentemente receptivo e ser pró-ativo nas quebras dos paradigmas que já fizeram sucesso no passado, mas já não se aplicam aos tempos atuais, conforme abordam Pinto e Xavier (2002). A qualidade é um sistema de gerenciamento baseado na participação de todos os empregados de uma Empresa, no estudo e na condução do controle de qualidade. Um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo, às necessidades do cliente Isso significa que a qualidade total abrange a qualidade do produto ou serviço, custo acessível ao cliente, entrega no prazo, hora e local certo, moral ou entusiasmo dos empregados e segurança dos empregados e usuários, conforme aborda Werkema (1995). Segundo Xenos (1998), qualidade é a forma pela qual os produtos e serviços são julgados pelos seus usuários. A qualidade está intimamente relacionada ao atendimento às necessidades dos clientes (sejam eles internos ou externos), ou mais ainda, as suas expectativas, buscando ultrapassá-las. Conforme afirmam Pinto e Xavier (2002), as empresas atuais não têm mais dúvidas de que a Gestão pela Qualidade Total (GQT) é uma ferramenta eficaz para se alcançar competitividade empresarial. Além disto, a Manutenção tem um papel preponderante dentro do sistema de qualidade, decorrente de sua missão que é garantir a disponibilidade da função dos equipamentos e instalações de modo a atender a um programa de produção ou de serviço com preservação do meio ambiente, confiabilidade, segurança e custos adequados. A obtenção da Qualidade Total é importante para o individuo atingir os seguintes objetivos: satisfação do trabalho, respeito, gosto pelas tarefas, anseio pela realização de um bom trabalho, orgulho de trabalhar para a empresa. A satisfação dos clientes é o objetivo de todo profissional. Os profissionais de manutenção têm como obrigação atender adequadamente seus clientes, ou seja, os equipamentos, obras ou instalações ficam sob suas responsabilidades. Qualquer tarefa que desempenhem levará impacto direto ou indireto nos produtos ou nos serviços que a empresa oferece aos clientes. 30 Segundo Pinto & Xavier (2002), é possível conseguir sensíveis aumentos de produção sem investir em novas instalações. Para eles, é importante conseguir novos métodos de trabalho, na modernização das instalações existentes e, sem dúvida, implantando um sistema de qualidade na manutenção e em toda a empresa. A manutenção tem que ter a instalação adequada e sempre disponível às necessidades da empresa, fazendo uso dos conceitos e métodos de qualidade no exercício de suas atividades, atendendo, assim, às necessidades de seu cliente através da produção. Além disso, a qualidade da manutenção está ligada a procedimentos de combate às falhas e suas causas, ao bom entrosamento da equipe, ao aumento da produtividade e à definição dos procedimentos da organização. Conforme afirma Xenos (1998), não existe qualidade sem a participação de todos os setores da empresa, ou seja, todos os setores têm que estar direcionados para os objetivos da empresa. Pinto e Xavier (2002) comentam que um programa de qualidade inicia-se pela implantação de um programa de 5S (organização, ordenação, limpeza, asseio/higiene, disciplina), que pode ser definido como uma estratégia de potencializar e desenvolver as pessoas para pensarem no bem comum, atingindo as seguintes resultados: − Melhoria da qualidade; − Redução de custos; − Melhoria do atendimento ao cliente; − Moral do grupo; − Aumento da segurança pessoal e das instalações. Várias ferramentas gerenciais relacionam-se às atividades dos responsáveis pela manutenção, tais como: CCQ (Circulo de Controle de Qualidade), TPM (Manutenção Produtiva Total), GQT (Gestão de Qualidade Total), PDCA (Método de Controle de Processos), MASP (Método de Analise e Solução de Problemas), FMEA (Análise de Modo de Falha), RCFA (Análise de Causa Raiz de Falha), MCC (Manutenção Centrada em Confiabilidade), Análise de Pareto, CEP (Controle Estatístico do Processo), Programa “5S”, 5W1H, Método dos Porquês, sendo importante saber que são simplesmente ferramentas e sua simples utilização não significa exatamente a obtenção de bons resultados. Por outro lado, o uso adequado destas ferramentas pode levar a excelentes resultados, que podem contribuir para a qualidade na manutenção. 31 Conforme Pinto e Xavier (2002), o uso de instrumentos gerenciais que o responsável pela manutenção tem à disposição, como por exemplo, as ferramentas de qualidade, por serem somente ferramentas, por si só não garantem qualidade, porém a aplicação correta destas ferramentas pode levar a excelentes resultados. Nesse sentido, a garantia da qualidade na manutenção acontece com a participação e comprometimento das pessoas, mas não pode depender somente de determinadas pessoas, é preciso que haja procedimentos escritos e que as pessoas sejam treinadas neles. Pinto e Xavier (2002) comentam que os princípios básicos da qualidade que se aplicam à atividade de manutenção, são os mesmos da gestão pela qualidade total, que são: − Satisfação total dos clientes: a razão de ser da atividade de manutenção é a operação; − Gerência participativa: os gestores devem promover o trabalho em equipe; − Desenvolvimento humano: o aprendizado continuo é fundamental; − Constância de propósito: mudança cultural, eliminando conceitos ultrapassados; − Desenvolvimento contínuo: de onde se está e onde se quer chegar; − Gerenciamento dos processos: planejar, acompanhar a execução, verificar e corrigir; − Delegação: dar o poder de decisão para quem está perto de onde ocorre a ação; − Disseminação das informações: rápida, clara e objetiva; − Gerenciamento da rotina: garantir que o nível de qualidade será sempre mantido; − Não aceitação de erros: fazer certo da primeira vez e sempre. Portanto, o gerenciamento da manutenção deve deixar de ser extremamente técnico, dando maior importância à motivação de colaboradores. As pessoas costumam alegar não ter tempo para mudar, para melhorar a qualidade, mas sempre têm tempo para fazer reparos e retrabalhos dos erros cometidos. Não se pode deixar passar a adoção de novos paradigmas, a gestão da qualidade total e, sim, abrir os olhos para a competitividade, para não passar a chance de bons negócios. 32 O maior indicador de qualidade é o resultado operacional, em que produção e manutenção são os grandes responsáveis, garantindo o sucesso nas atividades.3.3 CONFIABILIDADE NA MANUTENÇÃO A missão da manutenção é garantir a disponibilidade dos equipamentos e instalações de modo a atender as necessidades da produção. Para que isso ocorra, o serviço deverá ter confiabilidade, segurança, preservação do meio ambiente e custo adequado. Segundo Pinto e Xavier (2002) confiabilidade é a probabilidade que um item possa desempenhar sua função requerida, por um intervalo de tempo estabelecido, sob condições definidas de uso. De acordo com a norma brasileira NBR-5462/1994 (Confiabilidade e Mantenabilidade), confiabilidade é a capacidade de um item desempenhar uma função específica, sob condições e intervalo de tempo pré- determinados. Portanto, confiabilidade é a capacidade expressa pela probabilidade de funcionar corretamente, ou seja, cumprir sua missão por um determinado período de tempo preestabelecido e em condições operacionais e ambientais especificadas. Para atender os clientes de forma satisfatória, podemos implementar a manutenção centrada na confiabilidade (MCC), aplicando as sete perguntas básicas, conforme colocado por Pinto e Xavier (2002): − Quais são as funções e padrões de desempenho do item no seu contexto operacional atual? − De que forma ele falha em cumprir suas funções? − O que causa cada falha operacional? − O que acontece quando ocorre a falha? − De que forma cada falha tem importância? − O que pode ser feito para prevenir cada falha? − O que deve ser feito, se não for encontrada uma tarefa preventiva apropriada? 33 Deve-se considerar no processo de manutenção aspectos da confiabilidade, já que os conceitos básicos de confiabilidade são: − Seleção do sistema; − Definição das funções e padrões de desempenho; − Determinação das falhas funcionais e de padrões de desempenho; − Análise dos modos e efeitos das falhas; − Histórico de manutenção e revisão da documentação técnica; − Determinação de ações de manutenção – política, tarefas, freqüência. Conforme Tavares (1999), a diminuição das quebras não programadas, com a predição do estado dos equipamentos, aliado ao uso dos recursos de lubrificação, da organização, padronização, planejamento das intervenções, além da quase obrigatoriedade de um planejamento computadorizado do sistema de manutenção, é a tônica atual dentro da manutenção centrada na confiabilidade. 34 4 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO A partir de 1980, com o desenvolvimento dos microcomputadores, a custos reduzidos e linguagens simples, os órgãos de manutenção passaram a desenvolver e processar seus próprios programas, eliminando os inconvenientes da dependência de disponibilidade humana e de equipamentos para o atendimento às prioridades de processamento das informações pelo computador central. Havia nesse início dificuldades de comunicação na transmissão de necessidades para o analista de sistemas, nem sempre familiarizado com a área de manutenção. Esta situação favoreceu o Planejamento e controle da Manutenção- PCM que pôde melhor desempenhar suas funções de assessoramento aos Gerentes, não só de manutenção, mas também, de Operação e de Produção (ou industrial). PCM é o conjunto de ações para preparar, programar, verificar o resultado da execução das tarefas de manutenção contra valores preestabelecidos e adotar medidas de correção de desvios para a consecução dos objetivos e da missão da empresa. No final de século passado, com as exigências de aumento da qualidade dos produtos e serviços pelos consumidores, a manutenção passou a ser um elemento importante no desempenho dos equipamentos em grau equivalente ao que já vinha sendo praticado na operação. Em conseqüência, o PCM, assim como a Engenharia de Manutenção passaram a desempenhar importantes funções estratégicas dentro da área de produção: manejo das informações, análise de resultados para auxiliar aos Gerentes (Produção, Operação e Manutenção) em suas missões de tomada de decisão, sendo então recomendado que tanto a Engenharia de Manutenção quanto o PCM passem a ocupar posição de “staff” a toda área de produção (nas empresas de processo ou serviço), conforme apresentado na figura a seguir: 35 Figura 1: Organograma da área de Produção Fonte: Posicionamento do PCM assessorando à supervisão geral de produção - O trabalho de manutenção pode ser extremamente improdutivo. Mais da metade do tempo de presença do pessoal de manutenção pode ser perdido por razões como: − Deslocamentos de um local para outro em resultado dos circuitos estarem mal organizados; − Espera por material que pode nem sequer existir em estoque; − Espera por ferramentas e equipamentos de ensaio e medida ou deslocamento para trocá-los por outros por estarem inoperantes ou não serem os adequados; − Falta da documentação técnica (manuais, esquemas, desenhos) necessária à execução do trabalho; − Interrupções de trabalho para atender a outros considerados mais urgentes; − Falta de trabalho distribuído; − Indisponibilidade da produção para parar o equipamento que deveria ser submetido à manutenção. Estas situações serão familiares à maior parte das empresas. A única forma de melhorar é instalar um sistema adequado de planejamento e controle. Não necessita ser muito grande ou muito complexo: deve ter apenas a dimensão e a complexidade ajustadas às necessidades da empresa. Em empresas com equipes de manutenção reduzidas, o planejamento deve ser feito pelo respectivo supervisor. Quando a dimensão aumenta, digamos que acima de 20 pessoas ligadas à manutenção, já se justifica ter pessoas especificamente dedicadas a essa atividade. Em qualquer dos casos, o que é essencial é que haja sensibilidade para a importância desta função. 36 Segundo Viana (2002), na atualidade, dependendo da estrutura da organização, se torna cada vez mais difícil a um Planejamento e Controle de Manutenção, trabalhar sem auxilio de um software, diante do volume de informações a serem processadas; os controles manuais acarretam atrasos e pobreza da qualidade dos dados fornecidos para a tomada de decisão gerencial. Cabe ao PCM administrar todas as atividades e a carteira de serviços da manutenção, priorizando e detalhando as atividades executadas no dia-a-dia por meio das ordens de serviços, assim como o tratamento dos dados para análises diversas. Define-se assim a função do PCM: − Planejamento - Conhecer os trabalhos por meio de uma carteira de serviços, os recursos necessários (financeiros, humanos, materiais e equipamentos) e definir as decisões para a execução; − Programação - Determinar a data para a execução dos trabalhos de acordo com as disponibilidades dos recursos; − Controle - Coletar e organizar os dados apontados durante a execução do serviço, de forma a disponibilizar estes para a análise e tomadas de decisões. Uma forma eficiente de balizar a eficácia do PCM é analisando o índice de disponibilidade dos processos e/ou equipamentos, se os índices estiverem abaixo dos objetivos estabelecidos, demonstram uma necessidade de rever todo o programa de manutenção. Se os índices estiverem dentro dos objetivos, indicam a necessidade de se criarem novos objetivos e metas para uma melhoria contínua, ou seja: o momento de se girar o círculo do PDCA. O objetivo principal de um bom sistema de planejamento é a busca do ponto ótimo entre o custo, a disponibilidade e a confiabilidade. As expectativas de um bom sistema de manutenção são: − Reduzir os tempos de parada dos equipamentos e conseqüentemente as perdas de produção; − Permitir o melhor ajuste e a melhoria da operação dos equipamentosde modo a obter a melhor qualidade dos produtos e serviços produzidos com a garantia do cumprimento dos parâmetros de segurança e de cuidados com o meio ambiente; 37 − Maximizar o ciclo de vida dos equipamentos, reduzindo o desgaste de peças e componentes e conseqüentemente os custos de reposição. 4.1 O PCM NO ORGANOGRAMA DA MANUTENÇÃO Normalmente, em algumas indústrias, quando se fala em produção, imagina-se o contato com a operação, uma interpretação equivocada, pois a produção engloba a manutenção e a operação, sendo que estas ocupam um mesmo nível hierárquico dentro de uma organização produtiva. Estas tendências se comprovam quando visualizam-se os dados levantados pela ABRAMAN, onde em 65,56% das empresas pesquisadas, a manutenção subordina-se à diretoria e superintendência, sendo que em 1995 este número era de 86,08% e, em 1997, era de 80,00%. Logo, a tendência no mercado é de que a manutenção ocupe um nível de gerência departamental, da mesma forma que a operação. O PCM é um órgão de staff, ou seja, de suporte à manutenção, sendo ligado diretamente à gerência de departamento. 4.2 TAGUEAMENTO A palavra inglesa Tag significa etiqueta de identificação, e o termo tagueamento, nas indústrias de transformação, representa a identificação da localização das áreas operacionais e seus equipamentos. Cada vez mais torna-se necessária tal localização, devido à necessidade dos controles setorizados, bem como a atuação organizada da manutenção. Quando existe um tagueamento estruturado, conseguimos planejar e programar a manutenção de uma forma mais rápida e racional, alem de permitir extrair informações estratificadas, como número de quebras, disponibilidade, custos, absolescência, etc. 38 O tagueamento é a base da organização da manutenção, pois ele será o mapeamento da unidade fabril, orientando a localização de processo, e também de equipamentos para receber manutenção. Fazendo uma analogia, pode-se dizer que representa na cidade o endereçamento das residências dos nossos subconjuntos em cidade, bairro, rua e casa . Uma empresa de médio ou grande porte poderá optar por cinco níveis de tag para a estrutura de seu tagueamento, sendo o nível mais alto reservado para as gerências; o segundo, às áreas destas; o terceiro, aos sistemas; o quarto, aos aglutinadores, e por ultimo a posição dos equipamentos/subconjuntos. 4.3 CODIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS Codificar um equipamento tem como objetivo individualizá-lo para receber a manutenção, bem como para o acompanhamento de sua vida útil, o seu histórico de quebras, intervenções, custos, etc. Ao codificar, registra-se o equipamento da mesma forma, como registra-se o número de uma carteira de identidade civil, o que faz um cidadão brasileiro qualquer. Tal codificação será anexada ao equipamento, por intermédio de placas de identificação, resistentes o suficiente para acompanhar o mesmo, onde for utilizado, com objetivo de garantir sua rastreabilidade, seu histórico de manutenção e a fidelidade no que diz respeito às suas características técnicas. Deve estipular um padrão para este registro, e a sugestão dada é que tal padrão seja composto de três letras, um hífen e quatro algarismos, da seguinte forma: XXX-9999. Os três caracteres iniciais deverão conter a informação que designe o equipamento, como por exemplo: MOT – Motor, RED – Redutor e GAV – Gaveta Elétrica. Os quatro últimos números serão o sequencial, dentro da designação de cada equipamento; logo podemos ter 9.999 posições para uma família de subconjunto. O equipamento será posicionado sempre nos tags de último nível, servindo como uma “casa” do equipamento. Cada um destes tags poderá ter capacidade distintas para recebê-los: por exemplo, o tag ECH-009-001-002 terá a 39 capacidade de receber apenas um motor elétrico, pois uma máquina de envaze de garrafas só possui um motor principal; já o tag ECH-009-001-005 terá uma capacidade de acordo com o número de válvulas de enchimento existentes na máquina. Também é recomendável ter um tag Nível V, para a oficina, pois poderão ser movimentados vários equipamentos para este endereço, em decorrência da feitura de uma recuperação mais demorada. 4.4 DEFINIÇÃO DOS FLUXOGRAMAS DE SERVIÇO Após a elaboração do tagueamento, deve-se então definir o fluxo dos serviços de manutenção, ou seja, estabelecer regras organizacionais eficientes que possam canalizar os serviços provenientes dos planos de manutenção, das inspeções in loco, das requisições das áreas de operação, e das corretivas surgidas. Serão definidos quatro caminhos, que poderão gerar uma ordem de manutenção, são elas; solicitação de serviços (SS) aberta pela operação, OM geradas a partir dos planos de manutenção, OM abertas pelo executante (emergência) e OM via inspeção no campo. 4.5 A ORDEM DE MANUTENÇÃO A Ordem de Manutenção (OM) é a instrução escrita, encaminhada via documento eletrônico ou em papel, que define um trabalho a ser executado pela manutenção. Em outras palavras, a OM consiste na autorização de trabalho de manutenção que será executada, ela é a base “ação” do homem da manutenção, pois exterioriza o “trabalho”, organizando-o e registrando-o. As Ordens, como já citado na seção anterior, terão três formas de geração: Manual, Automática, e Via Solicitação de Serviços. 40 A OM terá um ciclo de vida; do nascimento até o encerramento, a mesma passará por algumas fases, algumas obrigatórias, outras não. Estas fases têm o nome de estado da OM, como: − Não iniciada; − Programada; − Iniciada; − Suspensa; − Encerrada. O formato básico da OM deverá ser composto de cabeçalho, descrição das tarefas e Histórico. O cabeçalho trará informações cadastrais como: Nº da OM, TAG, Equipamento, Centro de Custo, Tipo de Manutenção, Equipe Responsável e Data da Manutenção. A figura 2 mostra o modelo desenvolvido neste projeto. Figura 2: Formulário de Ordem de Serviço 41 A importância do apontamento correto dos dados na OM possui um alto peso para o PCM, visto serem eles a base dos índices para tomada de decisão gerencial, bem como para o funcionamento ordeiro da rotina das equipes de execução. Atualmente, o papel da OM na organização das empresas industriais se reveste, cada vez mais, de importância estratégica, devido ao fato que com a maior utilização de softwares ERP, ser ela a base de informação, não só para a manutenção, como também para as áreas de custos, suprimentos, estoques, produção, etc. 4.6 OS HOMENS DA MANUTENÇÃO O mundo vem mudando com uma rapidez incrível e com intensidade cada vez maior. Vive-se em uma era globalizada, em que novas práticas de trabalho e gestão são inseridas a cada instante. Novas exigências e posicionamentos organizacionais fazem desse complexo mundo empresarial um campo dinâmico de forças que produz resultados inimagináveis, trazendo incertezas e imprevisibilidade. O homem de manutenção atual tem como diferencial a sua inteligência e a habilidade para evitar que os problemas ocorram, contrapondo-se ao homem ultrapassado, que tinha como característica a força física aliada à marreta, o rolo de arame e a arte do improviso. Para ser estratégica, a manutenção precisa estar orientada para os resultados empresariais da organização, sobretudo, a manutenção tem que deixar de ser apenas eficiente e se tornar eficaz, ou seja, não adianta reparar o equipamento tão rápido quanto possível, é preciso, principalmente, manter a função do equipamento disponível para a operação, reduzindo a probabilidadede uma parada de produção não planejada, bem como suas indesejáveis conseqüências para a organização. 42 4.6.1 O Executante Há alguns anos atrás, quando descrevia-se executante de manutenção em equipamentos, o profissional lembrado era a figura de um Técnico Mecânico, de um Eletricista ou de um Técnico Eletrônico; hoje a história não é bem assim, pois o primeiro homem a dar manutenção em uma empresa passou a ser o próprio operador da máquina. Não pode mais abrir mão deste excelente recurso, já que se encontram no passado os antigos desacordos entre Produção e Manutenção. Atualmente, o trabalho destas duas áreas deve sempre estar em sintonia, e nada melhor para aprimorar esta relação do que o engajamento dos operários na tarefa de manter os bens de produção sempre em ótimas condições de funcionalidade. Os operadores deverão ser responsáveis diretos pela execução de tarefas como: instruções de lubrificação e limpeza, tarefas elementares de manutenção, engaxetamento e reapertos. Além da inspeção e encaminhamento de SS (Solicitação de Serviço) para correção de eventuais falhas observadas. Será de grande importância a formação de Círculos de operadores e mantenedores em áreas específicas, no sentido de, através da análise conjunta, encaminharem soluções de falhas e problemas crônicos dos equipamentos, ajudando no planejamento de serviços e em algumas oportunidades na programação. Para um melhor desempenho de um programa destes, que nada mais é do que a implantação da manutenção autônoma na empresa, é necessário ter um quadro de operadores com um bom discernimento, e uma boa carga de educação formal de, no mínimo, 10 anos. Parece insensatez defender um número destes, visto que no Brasil nossos operários em média possuem 3 anos de vivência em sala de aula; no entanto, será impossível ter um plano de qualidade cumprido, dispondo de recursos humanos em situação de analfabetismo funcional. Por isso, o investimento em educação é imprescindível ao país, e o setor privado tem uma grande responsabilidade nesta luta contra a ignorância. Em termos práticos, uma empresa deve encaminhar a qualificação básica de seus operadores, em matérias técnicas que os ajudarão nas suas novas atribuições no mercado. 43 Um Técnico Mantenedor deverá preencher alguns requisitos para o próprio sucesso, e, por conseguinte, o da sua empresa, que atualmente se reveste de mais importância do que a pátria; tais requisitos são os seguintes: − Educação Formal Técnica – O mantenedor deve possuir um sólido aprendizado em umas das formações técnicas industriais: Mecânica, Eletricidade, Eletrônica, Instrumentação, etc. A formação técnica deverá ser de nível médio, ou seja, ensino profissionalizante, pois isso garante que o mantenedor tenha no mínimo uma vivência de sala de aula de 11 anos. Esta exigência tem como objetivo de ter pessoas bem formadas, com um substrato educacional capaz de absorver novos ensinamentos tanto na área técnica, quanto na área humana; − Conhecimento em Informática – Não há como trabalhar no mundo atual, sem a utilização de algum software no auxílio de alguma tarefa, e até mesmo para consultar alguns catálogos de peças é necessário o uso de um compact disc; além disto, o gerenciamento da manutenção não se faz de forma manual, de forma que o mantenedor terá que possuir suficiente conhecimento em computação, para fazer parte ativa disso; − Senso Crítico – Não só um mantenedor deve desenvolver esta habilidade, mas todo ser humano, trabalhe onde trabalhar, pois é necessário que a pessoa possa ter condições de entender os acontecimentos ao redor, para que se situe de forma a passar do papel de passivo espectador, para o de um agente de transformação, arguindo idéias, propondo novos caminhos, enfim, interagindo com o seu meio produtivo de forma ativa; − Atitudes Proativas – O mantenedor deve possuir uma forte iniciativa para o crescimento individual, objetivando o avanço do todo de que faz parte, pois os tempos em que existia alguém “segurando sua mão” em todas as atividades do dia acabaram, e agora quanto mais discernimento e objetividade o trabalhador demonstrar, melhor; − Espírito de Equipe – Parece um contrassenso falar em espírito de equipe em uma economia canibalizada do capitalismo atual, mas os trabalhadores devem entender que o que vale para as altas esferas do 44 mercado nem sempre vale para o nosso dia-a-dia laboral. Logo, para se conseguir algum êxito nas funções mantenedoras, é preciso ter uma equipe afinada, e sem muros internos que impeçam sua fácil comunicação; para isso é muito importante no perfil do mantenedor a característica de socialização do conhecimento e do trabalho. Isso mesmo, enquanto temos uma alta direção da companhia obedecendo às regras do mercado capitalista, no ambiente de trabalho deve existir relacionamentos e organização na busca de um único objetivo. No que concerne ao PCM, haverá a programação das Especialidades seguindo sua particularidade, mas cada técnico mantenedor deverá possuir uma especialidade secundária, no sentido de o planejamento ter condições de programar da melhor forma possível o HH, evitando o desperdício; por exemplo, se um mantenedor possuir como especialidade principal a de Eletricista, e secundária a de Mecânico, não haverá necessidade de escalar outro técnico em uma OM de desmontagem e envio do motor elétrico para oficina, pois bastará aquele profissional para a perfeita execução do serviço. 4.6.2 O Planejador A função de planejador na manutenção tem uma importância sem igual, já que suas atribuições são a reunião de três cargos que existem há bem pouco tempo, mas que convergem neste novo protagonista; são eles: Planejador, Programador e Coordenador de Materiais. Atualmente as tarefas encaminhadas por estas antigas funções são da alçada do “Neoplanejador”, e houve também o acréscimo de outras tarefas; logo, um profissional do planejamento deve possuir um perfil bem eclético, pois caso contrário o sucesso da Manutenção não será exeqüível. O planejador deverá possuir todos os requisitos elencados para o Técnico Mantenedor, com um ingrediente a mais: uma boa experiência nos trabalhos de manutenção em máquinas. Recomenda-se que um profissional do PCM seja proveniente da área de execução de manutenção, pois esta vivência trará um 45 importante Know-how de conhecimento dos processos e equipamentos envolvidos do mesmo. As atribuições básicas do planejador são as seguintes: − Gerenciamento dos Planos de Manutenção: Será necessário um “manager” para cada conjunto de equipamentos, de forma a ser ele o responsável direto pela geração das OMs provenientes dos Planos de Manutenção já cadastrados no sistema (software), e pelo cadastro,, simulação e geração dos novos planos; − Coordenação e Tratamento das Inspeções: O planejador organizará toda a malha de inspeções da sua área de responsabilidade, dando tratamento a possíveis anomalias detectadas das mesmas, além de realizar ele próprio algumas inspeções, de maneira a cobrir todas as rotas existentes no período não superior a 60 dias; − Coordenação de Materiais: Todo e qualquer material necessário para uma manutenção programada será encaminhado pelo planejador; sua especificação, requisição, follow-up de compras e recebimento serão tratados por este profissional; − Gerenciamento dos Cadastros da Manutenção: Será o planejador a pessoa responsável por toda inclusão, modificação e exclusão de qualquer cadastro gerenciado pelo PCM, como TAG, Códigos de Equipamentos, etc; − Programação de Serviços: Sua função é dispor os serviços no tempo e no espaço de forma a otimizar ao máximo a mão-de-obra disponível e reduzir ao máximo o tempo de equipamento
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