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Surto Psicótico, Delírio e Alucinação

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Renata Valadão Bittar – Medicina Unit P6 
 
TUTORIA 1 – UC 16 
 
DELIRIUM, DELÍRIOS E ALUCINAÇÕES 
 
 
 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit P6 
 
 
 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit P6 
 
 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit P6 
 
 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit P6 
 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit P6 
 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit P6 
 
 
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Renata Valadão Bittar – Medicina Unit P6 
 
 
 
SURTO PSICÓTICO 
 
Todos os dias, João vai com seu carrinho para a faculdade. 
O carro já está um tanto fragilizado, mas realiza o percurso 
com sucesso. Um dia, João decide subir a Serra com seu 
carrinho, porém a tarefa exige muito mais do automóvel do 
que ele estava acostumado, e por isso ele quebra. 
Imagine agora que o carrinho do João não é mais um 
automóvel, mas a mente dele. A faculdade é a rotina de João. 
E a subida da Serra é uma situação nova, que exige muito 
mais da mente de João do que ele estava habituado. Assim 
como o carro quebrou, a mente de João pode entrar em 
colapso ao passar por circunstâncias que desestabilizem sua 
psique já comprometida. Este colapso seria o que comumente 
se conhece por surto psicótico. 
Esta é a história de João, mas poderia ser a de qualquer 
pessoa. O surto psicótico não discrimina; atinge a todas 
idades, gêneros, etnias e grupos sociais. Embora a palavra 
'surto' já tenha se tornado uma expressão de uso corriqueiro, 
poucas pessoas compreendem o que ela significa de fato. “O 
surto psicótico ocorre, basicamente, quando uma psique já 
fragilizada entra em colapso, ou seja, em completo 
desequilíbrio”, explica o psicólogo Edílson Pastore da Clínica 
Pinel. 
Para os psicólogos, o surto não é algo isolado; um conjunto 
certo de critérios caracteriza uma crise psicótica. Delírios, 
alucinações, comportamento desorganizado e discurso 
desorganizado são sintomas obrigatórios. Para Pastore, 
devem estar presentes pelo menos dois destes para 
classificar o estado como um surto psicótico. O psicólogo 
também apresenta uma diferenciação entre delírios e 
alucinações, conceitos que são constantemente confundidos. 
“Delírios são alterações do pensamento que se caracterizam 
por idéias que não condizem com a realidade objetiva”, 
enquanto que “alucinações envolvem sempre algum órgão 
senso-perceptivo, como a audição, a visão, o tato, o olfato e 
a sinestesia (sensações internas). Elas não são invenções – 
a pessoa realmente está vendo, ouvindo ou sentindo aquilo”. 
Ou seja, o primeiro ocorre na mente e o segundo atinge os 
sentidos. 
Do ponto de vista psiquiátrico, o surto psicóticos está 
relacionado a uma distorção dos neurotransmissores, ou seja, 
das substâncias químicas produzidas pelos neurônios e que 
são responsáveis pelo envio de informações a outras células. 
“O pensamento tem um curso e um conteúdo, quando o 
conteúdo do pensamento está desagregado, ele perde 
conexão com a realidade ou então ele distorce a realidade, 
ele passa a ser um sintoma de surto psicótico”, explica a 
psiquiatra Clarissa Severino Gama do Hospital de Clínicas de 
Porto Alegre. A dopamina é considerada um 
neurotransmissor chave da teoria neuroquímica da 
esquizofrenia e das psicoses em geral. Além dela, há uma 
série de outros neurotransmissores envolvidos, porém os 
mecanismos destes ainda não são profundamente 
conhecidos, estando em fase de estudos, como o glutomato 
e a serotonina. 
Subindo a Serra (As Causas) 
Os motivos que levam a um surto psicótico são diversos e 
podem variar de pessoa para pessoa. O que é comum entre 
os surtos é o fato de serem “a gota d'água”, de acordo com o 
psicólogo Eduardo Xavier do Hospital Psiquiátrico São Pedro. 
A crise se origina em pessoas que já possuem uma certa 
fragilidade psicológica, ou seja, é algo que vai crescendo. 
Muitas vezes começa de forma incipiente e vai se 
intensificando até que finalmente leva a pessoa a surtar. 
Psicoses como a esquizofrenia, abusos de drogas, crises de 
abstinência de substâncias e alguns transtornos afetivos 
como a bipolaridade (antigo transtorno maníaco-depressivo) 
são causas bastante comuns de surtos. Existem, porém 
circunstâncias pontuais que desencadeiam a crise em 
pessoas as quais aparentemente não seriam um alvo óbvio. 
Fatos marcantes, como a morte de um ente querido, 
distúrbios de estresse pós-traumático e mudanças de rotina 
abruptas podem levar uma pessoa a psicotizar. 
Alguns surtos decorrem de causas orgânicas. “Traumatismo 
crânio-encefálicos, doenças como o lupus ou tumores 
cerebrais podem ser responsáveis por crises. Também 
pacientes com demências como senilidade, Alzheimer e 
Parkinson podem psicotizar, porque essas pessoas começam 
a ficar confusas, desorientadas, agitadas, não reconhecem 
mais a sua casa, a sua família, e isso pode ocasionar uma 
desorganização mais grave”, exemplifica Edílson Pastore. 
Para a psiquiatra Clarissa Gama, a psicose tem um fundo 
neuroquímico bastante importante, embora o ambiente, o 
estresse, a existência de casos de psicose na família, as 
doenças que prejudiquem o funcionamento do cérebro são 
fatores que podem levar a uma crise. 
No geral, os psiquiatras vêem o surto quase sempre como 
parte de uma doença objetiva. Já os psicólogos, acreditam 
que haja uma doença de base, exceto no caso de surtos 
induzidos pelo uso de drogas. 
Os Carrinhos Frágeis (Grupos de Risco) 
O surto pode atingir qualquer pessoa, sem distinção de idade, 
sexo e grupo social, basta que se tenha uma estrutura 
psíquica predisposta a isso. Existem, entretanto, grupos de 
risco, fases na vida em que há maiores chances de entrar em 
crise. O final da adolescência e o início da idade adulta são 
fases mais propícias porque certas doenças mentais 
irrompem tipicamente nesta idade, como a esquizofrenia 
cujos sintomas se manifestam (nos rapazes) entre os 15 e 20 
anos. Nestas fases são típicas grandes mudanças na vida 
como ir morar sozinho, mudar de cidade, servir no quartel, 
começar a trabalhar. Nestes casos, se a pessoa é 
psicologicamente mais frágil, pode haver um surto psicótico. 
O caso dos surtos em rapazes que vão servir no quartel é um 
exemplo recorrente entre os entrevistados. Eduardo Xavier 
explica: “o rapaz faz 18 anos e tem de entrar no quartel. O 
quartel é lugar de homem, lugar de 'macho', toda aquela 
questão de mostrar virtudes e coragem, de ser um entre 
tantos capaz de servir à pátria. São muitas significações que 
convocam a pessoa de uma maneira muito forte”. Se o rapaz 
é uma pessoa mais frágil, a mudança abrupta de rotina e de 
ambiente e, especialmente, o dia-a-dia- de um quartel, podem 
fazê-lo psicotizar. 
Pessoas com retardo mental também podem surtar, de 
acordo com Pastore. “Elas tem pouco desenvolvida a 
capacidade de abstração e simbolização, e podem não 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit P6 
 
conseguir se relacionar com grupos sociais e interpretar 
piadas e brincadeiras, o que os levam a se isolar e 
freqüentemente, entrar em crise”. Crianças e jovens 
submetidos a situações de muito estresse também são alvo 
de crises psicóticas. 
Relação entre o surto e as drogas 
Estudos estão sendo realizadospara descobrir qual a relação 
das drogas com os surtos. Muitas pessoas não possuem 
nenhuma psicose, mas ao utilizarem drogas e outras 
substâncias psicoativas, iniciam uma crise psicótica induzida. 
As drogas desencadeiam comumente crises psicóticas são 
crack, cocaína e ácidos (incluindo o LSD). O álcool e a 
maconha têm menor relação com a decorrência de surtos. No 
caso do álcool, a crise só ocorre quando este é consumido 
em altas doses. A pessoa toma um “porre” e entra em 
agitação psicomotora, fica desorganizada, agressiva. 
O surto induzido pode ocorrer em pessoas que nunca 
utilizaram a substância antes e estão experimentando-a pela 
primeira vez. “Nesses casos, normalmente a pessoa precisa 
já ter uma propensão à doença” lembra Edílson Pastore. A 
droga serve como desencadeante para a perturbação e os 
sintomas duram enquanto a droga estiver no organismo do 
indivíduo. Muitas vezes ela apenas inicia a primeira crise. 
Depois, a pessoa passa a ter surtos mesmo sem a utilização 
da droga. Eduardo Xavier destaca que as drogas têm o 
mesmo poder de ser a “porta” que permite o 
desencadeamento de uma crise assim como o Carnaval e a 
violência, “porque essas são situações que convidam as 
pessoas a usarem parte de suas mentes que elas não usam 
normalmente”. 
Tratamento 
“A primeira preocupação é com a segurança do paciente, ou 
seja, deve-se ajudar a pessoa a se sentir segura. Dizer 'olha, 
alguma coisa perturbou em ti, tem alguém contigo, tu está 
bem, pode dormir'”, aconselha o psicólogo Eduardo Xavier, o 
qual também acredita que, embora neste período de surto a 
pessoa possa falar muitas asneiras, coisas que não condizem 
com a realidade, é importante ouvir porque “o que emerge às 
vezes deste psiquismo alterado são coisas sem sentido, mas 
que mesmo assim precisam serem faladas, precisam serem 
ouvidas”. A medicação é essencial para o controle da crise. 
Os remédios antipsicóticos agem nas vias da dopamina. A 
risperidona, a clozapina, a olanzapina são os antipsicóticos 
mais utilizados. O haloperidol e o haldol, embora ainda sejam 
usados, estão perdendo espaço para os mais modernos 
porque têm alguns efeitos colaterais mais significativos como 
enrijecimento muscular, impregnação (enrijecimento brusco 
de algum membro) e salivação. “Os medicamentos modernos 
provocam sonolência e deixam a pessoa mais prostrada, mas 
são efeitos que não se comparam ao dos antipsicóticos mais 
antigos”, justifica Edílson Pastore. À medida que os sintomas 
vão desaparecendo, a medicação vai sendo retirada. No caso 
da crise psicótica ter sido induzida, não é necessária a 
medicação, bastando afastar a pessoa das drogas para que 
ela se reabilite. Hoje em dia, as internações são breves, 
somente enquanto durar a crise, cerca de dez ou quinze dias. 
Após este primeiro momento, trabalhos em grupo e reuniões 
são acessórios para o tratamento, “o problema é que quando 
a pessoa está muito frágil, ela não agüenta coisas muito 
diferentes das dela”, afirma Eduardo Xavier, por isso nem 
sempre a pessoa surtada pode participar de grupos de apoio. 
“O mais importante são os remédios, pois o surto constituí 
também uma alteração bioquímica grave”, lembra o psicólogo 
Edílson Pastore. 
As sessões de terapia são importantes para identificar se a 
crise está iniciando uma doença mental, como no caso da 
uma esquizofrenia ou de um transtorno afetivo (bipolar, 
obsessivo-compulsivo etc). Se for confirmada a hipótese, a 
pessoa precisará realizar o tratamento a vida inteira, pois 
nestes casos não há cura. 
Se o surto tiver um causa específica, um evento, um 
acontecimento e se esta causa se extinguir, pode ser que a 
pessoa se recupere sozinha (por exemplo: um homem que 
entra em crise após a morte do filho). “Muitas vezes tudo que 
a pessoa precisa é de tempo para se recuperar da 
perturbação”, afirma Pastore, que também acredita na cura 
completa do surto, mas destaca que ela depende de fatores 
como a idade, as condições clínicas, a pessoa em si e o que 
causou o surto. 
A História do Surto 
é o século XVIII, as pessoas que tinham um sofrimento mental 
ficavam presas junto com assassinos, ladrões e 
estupradores. O médico francês Philippe Pinel, em 1792, tirou 
as correntes dos seus pacientes sendo o primeiro a perceber 
que havia diferença entre a perturbação mental e a 
criminalidade, ou seja, entre um louco e um bandido. Com 
isso, baniu tratamentos antigos tais como sangrias, vômitos, 
purgações e ventosas, preferindo terapias que incluíssem a 
aproximação e o contato amigável com o paciente, 
proporcionando-lhes, ainda, um programa de atividades 
ocupacionais, com tratamento digno e respeitoso. Pinel foi o 
primeiro a elaborar uma classificação para as doenças 
mentais, fato este que constituiu extraordinário avanço da 
psiquiatria. 
O psicólogo Eduardo Xavier conta que, apesar de ter sido no 
final do século XVIII e início do XIX o lugar da colocação das 
doenças da alma como uma coisa que podia ser entendida, 
histórias se repetem todos os dias. “Na rede pública, muitas 
vezes os pacientes chegam com histórias de 'possuídos pelo 
diabo', 'encosto', 'bruxaria'. Este é um passo que as pessoas 
precisam dar, compreender que são coisas que acontecem, 
que não é uma vontade maligna de nenhum agente de outra 
espécie, mas sim que a pessoa precisa de ajuda, de apoio, 
precisa falar, se sentir assegurada, porque não está 
entendendo; depois de Freud, nós sabemos que mesmo 
aquilo que não faz sentido, carrega possibilidades de sentido. 
Hoje, psicólogos e psiquiatras são quem pode ajudar alguém 
a sair de uma situação que ela não entende através do 
diálogo”, diz Xavier.

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